quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Estado Islâmico: O terror como arma




Criança iraquiana que foi decapitada pelos terroristas 
do Estado Islâmico logo após essa foto

Damasco (Prensa Latina) Sinônimo de terror, o Estado Islâmico (EI) agora é o novo inimigo público número um de Washington, criador dessa organização e durante anos um de seus principais patrocinadores como parte de sua geopolítica no Oriente Médio.


Com dezenas de milhares de homens, armamento sofisticado e financiamento abundante, o Daesh (as iniciais do grupo em árabe) passou de uma minúscula formação para representar uma verdadeira ameaça para o Iraque e a Síria.



Ao apoiar e armar os opositores na Síria, criamos um refúgio seguro para os jihadistas, denunciou recentemente o senador norte-americano Rand Paul.



O Estado Islâmico e seu antigo aliado a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda na Síria, foram capazes de crescer graças às doações dos aliados da Casa Branca no Golfo Pérsico, considerou Andrew Tabler, especialista do Instituto Washington para a Política de Oriente Médio.



Também o ex-primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al Maliki, denunciou durante anos o envolvimento da Arábia Saudita e Qatar no financiamento ao terrorismo em seu país.

Ainda que suas origens não estejam de todo claras, considera-se que o germe foi o grupo criado em 2002 pelo jordaniano Abu Musab Al Zarqawi, conhecido como a Yamaat Al Tawhid wal Jihad (Comunidade do Monoteísmo e da Guerra Santa).



Um ano depois da invasão estadunidense ao Iraque, em 2003, jurou lealdade à Al Qaeda e passou a chamar-se Organização da Base da Guerra Santa no País dos Dois Rios (em referência aos rios Eufrates e Tigre) e depois Estado Islâmico do Iraque.



Com a morte de Al Zarqawi, em 2006, o comando passou a Abu Omar Al Baghdadi e a este lhe sucedeu em abril de 2010 Abu Bakr Al Baghdadi, quem ao se envolver na guerra síria mudou seu nome em 2013 para Estado Islâmico do Iraque e dos Países do Sham (ISIS, por suas siglas em inglês).



Algumas versões indicam que os germes da atual estrutura do Estado Islâmico (último da longa lista de nomes) se incubaram na prisão estadunidense em Camp Bucca, no Iraque, onde Al Baghdadi esteve preso faz uma década.





Os partidários dessa tese afirmam que a estância de quatro anos depois das grades ajudou à radicalização do agora auto-proclamado Califa e lhe permitiu conhecer vários reclusos que na atualidade são seus principais lugares-tenente.



O EI logo ganhou uma tenebrosa fama por seus massacres contra as minorias e sua visão mais ortodoxa e radical do Islã entre os próprios fundamentalistas.



Os linchamentos, decapitações, crucificações, fuzilamentos e lapidações nas zonas sob seu controle converteram-se em fatos quotidianos e em um espetáculo para ganhar adeptos e ao mesmo tempo atemorizar seus detratores.



Raqqa, cabeceira da província oriental síria de igual nome, é uma cidade que retrocedeu no tempo depois de sua ocupação total pelo Daesh no início do ano.



Ali se pratica de maneira severa a Sharia (lei islâmica) e é proibido fumar, o consumo de bebidas alcoólicas, escutar música ou qualquer diversão, que não sejam as execuções de “apóstatas” ou “criminosos” nas praças públicas.



Em Raqqa os extremistas controlam todos os aspectos da vida quotidiana, desde a roupa que seus habitantes usam até os alimentos que consomem.



Nessa cidade é obrigatório para as mulheres usar o nikab (véu negro que só deixa ver seus olhos) e até os afiches comerciais de marcas ocidentais foram arrancados.



Ainda que os cafés e lugares similares tenham sido fechados, os fundamentalistas visitam-nos com frequência como evidenciam as fotos que publicam nas redes sociais como Twitter e Facebook.



Fiel a sua visão radical, o EI destruiu os templos de outras religiões ou transformou-os em mesquitas, como a Igreja Armênia da cidade de Deir Ezzor, a 460 quilômetros a noroeste de Damasco.



Como parte do novo sistema educativo ultraconservador foram proibidos diversos programas de ensino: história, esporte, filosofia e psicologia, entre outros, enquanto se abriram escolas e acampamentos que servem para fanatizar os jovens.



Por suas ruas atuam duas brigadas armadas, cada uma integrada por um sexo (Al Jansaa, de mulheres; e a Hesbeh, de homens), que se encarregam de dar sua visão particular da justiça aos seus congêneres.



Ainda que oficialmente sejam voluntários, o salário médio de seus milicianos de base, grande parte deles estrangeiros, oscila entre os 300 e os 500 dólares mensais, uma cifra muito superior à obtida por um trabalhador sírio.



Em uma tentativa de legitimar suas ações e estender seu poder, o EI criou seu próprio governo com numerosos ministérios desde Educação e Água até Defesa e Temas Religiosos.



Com 30 mil combatentes, calcula-se que essa organização, qualificada de terrorista pela comunidade internacional, controla 50 mil quilômetros quadrados de ambos lados da fronteira entre Síria e Iraque, onde vivem seis milhões de pessoas.

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* Corresponsável da Prensa Latina na Síria.
Fonte: Oriente Mídia

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