Integrante
do colegiado de gestão do Instituto de Estudo Econômicos e Sociais (Inesc),
José Antonio Moroni avalia que as manifestações de junho de 2013 tiveram
pouquíssimo impacto no processo eleitoral, já que as candidaturas que pautavam
reformas sociais e democráticas não foram eleitas. O especialista vê com
pessimismo a ascensão conservadora no Congresso Nacional e teme estagnação na
luta pela conquista de direitos.
“Em
relação às eleições, parece que junho de 2013 não aconteceu. As manifestações
tiveram pouco impacto no processo eleitoral. Isso porque, ou nosso sistema
político é tão rígido que é impermeável a qualquer tipo de manifestação
popular, ou por que foi um momento conjuntural que não tinha uma agenda
política clara e não foi capaz de tensionar o sistema político”, diz.
A maior
prova disso, para Moroni, é que as candidaturas mais progressistas, que
pautavam reformas sociais, políticas e democráticas, e que tentaram dar voz as
insatisfações da população saíram enfraquecidas do processo eleitoral. “As
forças políticas que teriam mais condições de dialogar com o processo de junho
de 2013 não saíram fortalecidas. As pautas extremamente conservadoras foram
reforçadas. O Congresso do ano que vem será mais conservador que o de hoje e
assim conseguirá dar menos respostas às demandas de junho. Cristalizou o velho,
no pior sentido da palavra.”
No
Senado, que renovou um terço da Casa, cinco dos novos 27 parlamentares são do
PMDB. O PSDB e o PDT têm quatro cada, o PSB elegeu três, mesmo número do DEM,
enquanto PT, PTB e PSD conseguiram eleger dois cada. PR e PP fizeram um. A
maior bancada a partir de 2015 será a do PMDB, com 19. Em seguida, ficam o PT,
com 13, e o PSDB, com 10.
Para o
especialista, o segundo turno das eleições presidenciais tende a ser mais
conservador do que o primeiro, porque tanto Aécio como Dilma vão disputar o
eleitorado mais reacionário. “Independente disso, todos os direitos que
avançamos na Constituinte de 1988 estarão ameaçados, seja a reforma da
previdência ou a saúde e a educação pública, por exemplo. Acho que se apresenta
uma conjuntura de restrições de direitos por causa do avanço conservador.”
“O
conservadorismo se caracteriza por querer manter as estruturas da sociedade
como estão, baseadas na desigualdade de gênero, de raça, de orientação sexual
e, sobretudo, de renda. É não mexer nos mecanismos de concentração da riqueza.
Os conservadores aceitaram, até certo ponto, alguma distribuição, como o Bolsa
Família, contanto que não mexesse na estrutura dessa sociedade desigual”,
analisa. “Com o fortalecimento desse ponto de vista nas eleições, a tendência
não é só barrar qualquer avanço, mas retroceder, atacando a pauta de direitos
sociais e trabalhistas, e fortalecendo o setor privado, que financia as campanhas.”
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Fonte: INESC
Disponível: CONIC
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