O Arcebispo
Becciu, um dos mais próximos colaboradores do Papa - e que estava presente no
encontro com os jornalistas - disse que Francisco sentiu-se surpreso ao ler os
jornais do dia seguinte nos quais “as suas palavras, voluntariamente expressas
com a linguagem de todos os dias, não tivessem sido plenamente
contextualizadas”, disse Becciu. Francisco teria ainda expresso sua tristeza
“pela desorientação” causada especialmente às famílias numerosas.
“Ao ler as
manchetes dos jornais, o Papa, com quem eu falei ontem, sorriu e ficou um pouco
surpreso com o fato de que suas palavras – propositalmente simples – não
tivessem sido completamente contextualizadas de acordo com um trecho claríssimo
da Encíclica Humanae Vitae sobre a paternidade responsável”,
afirmou Becciu diante da interpretação dos jornais para as palavras do Papa que
dominou as manchetes: “para ser bons católicos não é necessário fazer filhos
como coelhos”.
Pensamento claro
Uma vez que o
raciocínio do Papa era claro, mas a leitura fornecida pelos jornais, isolando uma
só frase, nem tão clara assim, Dom Becciu esclarece: “A frase do Papa deve ser
interpretada no sentido de que o ato de procriação no homem não pode seguir a
lógica do instinto animal, mas deve ser fruto de um ato responsável com raízes
no amor e na doação recíproca de si mesmo. Infelizmente, com muita frequência,
a cultura contemporânea tende a diminuir a autêntica beleza e o valor do amor
conjugal, com todas as consequências negativas que disso derivam”.
Portanto, Dom
Becciu oferece uma interpretação correta sobre a paternidade responsável à luz
da Humanae Vitae: “aquela que nasce do ensinamento do Beato Paulo VI e da
tradição milenar da Igreja reiterada na Casti Connubii (encíclica publicada por
Pio XI, em 1930). Ou seja: que, sem jamais dividir o caráter unitivo e
procriativo do ato sexual, este deve se inserir sempre na lógica do amor na
medida que a pessoa como um todo (física, moral e espiritual) abre-se ao
mistério da doação de si mesma no vínculo do matrimônio.