No dia 21
de janeiro celebramos o dia de luta contra a intolerância religiosa, iniciativa
que está originariamente ligada a Fé Bahia, mas que quer unir a todas as
religiões na busca do diálogo e da paz mundial. Este ano a data está
indubitavelmente focalizada no bárbaro e cruel atentado a revista Charlie Hebdo
em Paris e ao assassinato de seus jornalistas e cartunistas.
Mais uma
vez se verifica a letalidade do fanatismo e fundamentalismo religioso, que como
disse o Papa Francisco antes de excluírem pessoas contrárias a seu credo do
direito a vida expulsam e atentam contra o próprio Deus. Momento propício para
fazer ponderações e reflexões oportunas, começando a manifestar que não devemos
identificar este terrorismo jihadista com a religião islâmica, pois a grande
maioria dos dirigentes e fieis muçulmanos expressaram o repúdio ao ato. Tampouco
deve criminalizar-se a migração, ou culpar as etnias não européias pela
violência o que significaria um juízo preconceituoso.
Mais,
torna-se importante ampliar o foco da indignação e da resistência contra a
intolerância, abraçando os cristãos crucificados e banidos em mais de 70
países, os próprios adeptos da Fé Bahá'i, perseguidos e massacrados, deter o
anti semitismo virulento, ampararas religiões africanas desprezadas e
marginalizadas, e todos aqueles que em razão de credo ou filosofia de vida são
discriminados e coagidos.
Também
como afirmava Ghandi o fruto é resultado da semente, se queremos superar e
eliminar a intolerância, os meios escolhidos devem ser não violentos, que levem
ao diálogo, a compreensão e a empatia compassiva, pois devemos respeitar e
tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Faz se necessário, conjugar
liberdade de expressão e liberdade religiosa, respeito pelos valores e
princípios identitários do outro, sem ridicularizá-lo, pois não há humor e
alegria quando debochamos e desconsideramos a sua personalidade, cultura e
religião.
Aprender
com o Mestre e Salvador divino que quando estava na Cruz, intercedeu ao Pai,
pelos que o injuriavam e o levaram ao patíbulo, dizendo: "Pai,
perdoai-lhes porque não sabem o que estão fazendo!" Sou cristão e nada do
que é humano me é alheio, estamos profundamente unidos com todos/as as vitimas
da intolerância e a discriminação religiosa , pois configuram atentados contra
a dignidade humana e ofendem o Deus amor. Deus seja louvado!
Dom
Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo
de Campos (RJ)
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