domingo, 8 de março de 2015

CNBB divulga mensagem pelo Dia Internacional da Mulher 2015


Mensagem pelo Dia Internacional da Mulher

“Eu quero a vida de meu povo” (Ester, 5,3)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB saúda com alegria e gratidão todas as mulheres, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Apraz-nos, neste dia, afirmar com o Papa Francisco que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens” (EG 103).

A atuação transformadora das mulheres na Sociedade e na Igreja é responsável pela construção de relações mais humanas e humanizadoras, buscando o fim da discriminação e da desigualdade, especialmente na relação mulher-homem. Recorda-nos o Papa Francisco que esta relação “deveria reconhecer que ambos são necessários, porque possuem uma natureza idêntica, mas com modalidades próprias. Uma é necessária à outra, e vice-versa, para que se cumpra verdadeiramente a plenitude da pessoa” (Discurso ao Pontifício Conselho para a Cultura).

Entristece-nos, no entanto, o cenário de invisibilidade em que se encontra a maioria das mulheres, bem como o impedimento de sua presença em importantes espaços de decisões. Some-se a isso o desafio da pobreza, da exploração do trabalho e tráfico humano, das violações das culturas e suas crenças, que evidencia as graves violações dos direitos das mulheres. Renova nossa esperança a iniciativa do Poder Judiciário que propôs a “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, sugerindo ações, em todo o Brasil, voltadas para a paz nos lares e o fim da violência contra as mulheres. O compromisso com a manutenção de um sadio ambiente familiar é também do homem, pois é dentro da comunhão - comunidade conjugal e familiar - que o homem é chamado a viver o seu dom e dever de esposo e pai (FC, 25).

Jesus tomou vinho ou suco de uva? Se foi vinho, era com álcool ou não?


Mt 11,19: “Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos."

Lc 7,34: "Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores."

Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11)

A palavra grega para vinho é “oinos”. A palavra grega usada no Novo Testamento para “bêbado” ou “bebedor de vinho” é derivada também de “oinos”. Basicamente significa alguém que bebe vinho exageradamente.

O tabu contra o uso do vinho é uma restrição recente feita pelos homens, mas não provém de Deus (ver: Deuteronômio 14,26, se você ainda acredita que Deus proibiu o uso do álcool).

Dt 14,26: "E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;”.

sábado, 7 de março de 2015

Segunda pregação da Quaresma 2015: Oriente e Ocidente Perante o Mistério da Trindade


ORIENTE E OCIDENTE
PERANTE O MISTÉRIO DA TRINDADE

1. Compartilhar o que nos une

A recente visita do papa Francisco à Turquia, que terminou com o encontro entre ele o patriarca ortodoxo Bartolomeu, e, especialmente, a sua exortação a compartilhar plenamente a fé comum do Oriente cristão e do Ocidente latino, me convenceram da utilidade de usar as meditações quaresmais deste ano para atender esse desejo do papa, que é desejo, também, de toda a cristandade.

Este desejo de compartilhar não é novo. O Concílio Vaticano II, na Unitatis Redintegratio, já exortava a uma especial atenção às Igrejas orientais e às suas riquezas (UR, 14). São João Paulo II, na carta apostólica Orientale Lumen, de 1995, escreveu:

"Porque acreditamos que a venerável e antiga tradição das Igrejas orientais é parte integrante do patrimônio da Igreja de Cristo, a primeira necessidade para os católicos é conhecê-la, a fim de poderem nutrir-se dela e favorecer, do modo possível a cada um, o processo da unidade"[1].

O mesmo santo pontífice formulou um princípio que eu considero fundamental para o caminho da unidade: "compartilhar as muitas coisas que nos unem e que certamente são mais numerosas do que as coisas que nos dividem"[2]. A ortodoxia e a Igreja católica compartilham a mesma fé na Trindade, na encarnação do Verbo, em Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem numa só pessoa, que morreu e ressuscitou para a nossa salvação, que nos deu o Espírito Santo; acreditamos que a Igreja é o seu corpo animado pelo Espírito Santo, que a Eucaristia é "fonte e ápice da vida cristã", que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus, que temos como destino a vida eterna. O que pode haver de mais importante do que isto? As diferenças se manifestam na maneira de entender e de explicar alguns desses mistérios e, portanto, são secundárias, não primárias.

No passado, as relações entre a teologia oriental e a teologia latina se caracterizavam por um notável matiz apologético e polêmico. Insistia-se especialmente (talvez com um tom mais conciliador nos tempos mais recentes) naquilo que distingue e que cada lado acreditava ter de diferente e de mais correto do que o outro. É hora de inverter essa tendência, deixando de insistir obsessivamente nas diferenças (baseadas muitas vezes em uma leitura forçada, quando não deformada, do pensamento do outro) e juntar o que temos em comum e o que nos une em uma única fé. É uma exigência peremptória do dever comum de anunciar a fé em um mundo profundamente mudado, com perguntas e interesses diferentes dos que havia no tempo em que nasceram as divergências, e que, em sua grande maioria, já não incluem sequer o sentimento de tantas das nossas sutis distinções, estando a anos-luz de distância delas.

Até agora, no esforço de promover a unidade entre os cristãos, prevaleceu uma linha que pode ser formulada assim: "resolver primeiro as diferenças para depois compartilhar o que temos em comum". Já a linha que se reforça cada vez mais nos círculos ecumênicos é: "compartilhar o que temos em comum para depois resolver as diferenças, com paciência e respeito mútuo".

O resultado mais surpreendente desta mudança de perspectiva é que as próprias diferenças doutrinárias reais, em vez de aparecerem como um "erro" ou "heresia" do outro, começam a se mostrar cada vez mais como compatíveis com a própria posição e, muitas vezes, até como um necessário corretivo e um enriquecimento. Um exemplo concreto, em outra frente, veio do acordo de 1999 entre a Igreja Católica e a Federação Mundial das Igrejas Luteranas sobre a justificação pela fé.

Um sábio pensador pagão do século IV, Quinto Aurélio Símaco, recordava uma verdade que assume todo o seu valor quando aplicada às relações entre as diferentes teologias do Oriente e do Ocidente: "Uno itinere non potest perveniri ad tam grande secretum"[3]: "A um mistério assim tão grande não se pode chegar por uma única estrada". Nestas nossas meditações, tentaremos mostrar não só a necessidade, mas também a beleza e a alegria de nos encontrarmos no topo, contemplando a mesma vista maravilhosa da fé cristã, mesmo se chegados de lados diferentes.

Os grandes mistérios da fé, em que procuraremos verificar as concordâncias de fundo apesar da diversidade das duas tradições, são o mistério da Santíssima Trindade, a pessoa de Cristo, a do Espírito Santo, a doutrina da salvação. Dois pulmões, um só fôlego: esta será a convicção que nos guiará nesta jornada de reconhecimento. O papa Francisco fala, neste sentido, de "diferenças reconciliadas": não silenciadas ou banalizadas, mas reconciliadas. Tratando-se de simples prédicas quaresmais, é claro que abordarei estes problemas tão complexos sem nenhuma pretensão de exaustividade, com uma intenção mais prática e de orientação do que especulativa.

Empreendo este propósito com muita humildade e quase na ponta dos pés, sabendo o quanto é difícil abrir mão das próprias categorias para assumir as dos outros. Um fato que me conforta é que os Padres gregos, juntamente com os latinos, foram durante anos o meu pão de cada dia nos estudos e muitos autores ortodoxos posteriores (Simeão, o Novo Teólogo; Cabasilas; a Filocalia; Serafim de Sarov) me inspiraram constantemente no ministério da pregação, para não falar dos ícones, que são as únicas imagens diante das quais eu consigo rezar.

A Missa que assistimos é inválida? Aham, Cláudia, senta lá!


Como muitos de vocês já sabem, o rito da missa atual é diferente do rito antigo. De 1570 a 1969 – ou seja, por 400 anos – toda a Igreja celebrou de acordo com o Rito Tridentino (estabelecido no Concílio de Trento). A missa era toda rezada em latim (exceto o sermão) e não permitia qualquer inculturação.

Durante o papado de Paulo VI, a Igreja entendeu que era necessário reformar a liturgia, para favorecer a participação mais ativa e piedosa dos fiéis. Então, durante o Concílio Vaticano II, o rito da Missa foi simplificado, conservando a sua estrutura essencial. E a língua empregada poderia ser o idioma local, sem, contudo, deixar de lado o latim.

Alguns leitores têm nos cobrado um artigo sobre as comparações entre Missa Nova – aquela que celebramos atualmente – e a Missa Tridentina. Vamos começar retomando uma mensagem que a leitora Mariele nos enviou (já faz um tempinho):

“Venho pedir uma ajuda, sobre um assunto que está me confundindo muito a cabeça. “O que acontece tem uns amigos meus que são católicos, e (…) vieram com a ideia de que as Missas que participamos hoje estão todas erradas, que a Missa certa é a Tridentina, e que o Concilio Vaticano II, está destruindo a igreja. Como aqui na minha cidade não tem a Missa Trindentina, eles disseram que não vão mais participar da ‘Missa Nova’. Eles estudam um monte de documentos da Igreja, e são contra o Concilio Vaticano II. Gente, será que tem como vocês me explicarem melhor isso?”

Os tais amigos da Mariele estudam um monte de documentos da Igreja e se acham espertos… Esses caras querem saber mais do que os papas? Acham que têm mais razão do que o pastor que Cristo escolheu para guiar o Seu rebanho? Não creem na Santa Igreja Católica, que aprovou o rito atual da Missa? Então não são católicos, são um bando de cismáticos! Não são melhores em nada do que os filhos de Lutero.

O fato é: a Missa Nova é válida, e trouxe mudanças necessárias para um novo momento histórico. Alguns pontos do rito são passíveis de discussão e podem ser melhorados? Talvez… mas ele é válido e santificante. Quem não crê nisso não está em comunhão com a Igreja e, portanto, não está em comunhão com Cristo.

Recentemente, o Pe. Paulo Ricardo realizou uma aula sobre a Missa Nova. Para falar sobre isso, pedimos a ajuda do nosso amigo David A. Conceição, do blog Apostolado Tradição em Foco com Roma.

Fala aí David!

sexta-feira, 6 de março de 2015

A mulher, coração da família


8 de março é o dia internacional da mulher, razão de falarmos da dignidade especial daquela que é o coração da família. Sua dignidade há que ser ressaltada, pois a crise atual da família atinge especialmente a mulher. “Na nossa época, o matrimonio e a família estão em crise. Vivemos numa cultura do provisório, na qual cada vez mais pessoas renunciam ao matrimonio como compromisso público. Esta revolução nos costumes e na moral agitou com frequência a ‘bandeira da liberdade’, mas na realidade trouxe devastação espiritual e material a numerosos seres humanos, de maneira especial aos mais vulneráveis. É cada vez mais evidente que o declínio da cultura do matrimonio está associado a um aumento de pobreza e a uma série de numerosos outros problemas sociais que atingem em medida desproporcional as mulheres, as crianças e os idosos. E são sempre eles quem mais sofre nesta crise” (Papa Francisco, Discurso aos participantes no encontro internacional sobre a complementaridade entre homem e a mulher, 17/11/2014).

Foi o cristianismo que salvou a dignidade da mulher! A história, nos testemunhos de Juvenal e Ovídio, nos conta que a moral sexual e a fidelidade conjugal, antes do cristianismo, estavam em extrema degradação. Constatamos isso, vendo atualmente a situação da mulher nos povos que não têm o cristianismo. No começo do século II, Tácito afirmava que uma mulher casta era um fenômeno raro. Galeno, o médico grego do século II, ficava impressionado com a retidão do comportamento sexual dos cristãos. Os próprios historiadores são obrigados a confessar que foram os cristãos que restauraram a dignidade do matrimônio.

O cristianismo estendeu o conceito de adultério também à infidelidade do marido, pois no mundo antigo ele só se limitava à infidelidade da esposa. O cristianismo santificou o matrimônio, elevando-o à ordem de sacramento, proibindo o divórcio, que prejudica, sobretudo, a mulher. O cristianismo, ao contrário da mentalidade machista, iguala o pecado do homem e da mulher: o sexto e o nono mandamentos valem igualmente para os dois. 

"A nossa única culpa é carregar o nome de nosso Senhor Jesus".


Apresentamos a íntegra da carta entregue esta manhã ao papa Francisco, após a missa na Casa Santa Marta, por Padre Rifat Bader, diretor do Catholic Center for Studies and Media de Amã e pároco em Naour, na Jordânia, em nome de algumas famílias iraquianas refugiadas há vários meses em sua paróquia. Na ocasião, Padre Rifat doou ao Pontífice uma pintura realizada por um desses refugiados.

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Pai bondoso,

Nós, cristãos iraquianos agora presentes na Jordânia, forçados a emigrar de nossas terras por causa do poder demoníaco das trevas e da escravidão, mesmo não tendo cometido qualquer mal que justificasse a nossa fuga.

Nossa única culpa é carregar o nome de nosso Senhor Jesus Salvador e nossas boas obras de amor e de paz a todas as criaturas.

Depois de nos terem confrontado na escolha de sermos cristãos ou sermos mortos, tivemos que fugir de nossas terras com o nosso Cristo, com a nossa fé, com nossos princípios.

Escolhemos ir para longe de nossas casas e do país que amamos, preferindo nos tornar estrangeiros em uma terra estrangeira, com toda a dor e o sofrimento inerentes a esta decisão, antes que tomar parte naquele mal e naquela violência desumana contra os inocentes.

Escolhemos fugir deixando tudo o que era caro para nós, casas, terras, propriedades para sermos parte do santo rebanho de Cristo, seguindo, com convicção e alegria, as etapas da Via Crucis com Jesus Crucificado, para sermos dignos de estar entre os cordeiros membros de seu santo rebanho. 

A possibilidade da participação política direta dos presbíteros, segundo o Código de Direito Canônico.


Diversos Presbíteros Diocesanos e Religiosos de diferentes Institutos são plenamente engajados na vida pastoral de suas comunidades e vivem na própria carne os dramas muito sofridos de gestões de prefeitos municipais não comprometidos com a causa dos últimos. Nasce então neles o desejo de prestar um serviço maior ao povo estando diretamente presentes nas estruturas políticas do executivo municipal, conseguindo desta forma, pensam muitos, ter condições de interferir a favor dos excluídos exercendo o poder do lado de dentro.

É possível um religioso, presbítero ou não, ser candidato a prefeito municipal ?

A matéria que rege a questão se encontra no Código de Direito Canônico de 1983 especificamente nos cânones 285 § 3º e 287 § § 1º e 2º

A) O cânon 285 diz no §1º: “Os clérigos se abstenham de tudo aquilo que é inconveniente ao próprio estado, segundo as disposições do direito particular”.

§ 2º- Evitem aquilo que, mesmo não sendo indecoroso, é alheio ao estado clerical.

§ 3º- Os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos, que implicam participação no exercício do poder civil.

§ 4 º – Sem a licença do Ordinário próprio não se incumbam da administração de bens pertencentes a leigos ­nem exerçam ofícios seculares que implicam obrigação de prestar contas;

B) O cânon 287 diz: §1º “Os clérigos sempre favoreçam de modo máximo a manutenção entre os homens da paz e da concórdia fundada na justiça”

§ 2º “Os clérigos não tenham parte ativa nos partidos políticos e na direção de associações sindicais,a não ser que a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”.

Na interpretação abaixo são focalizados somente os aspectos canônico-jurídicos não sendo levados em conta, embora fundamentais, a dimensão eclesiológica do Povo de Deus, o lugar que deve ocupar o leigo na sociedade e nem mesmo o papel, a função e a identidade do presbítero no mundo de hoje.

Observa-se que o texto canônico latino em todos os parágrafos citados emprega diferentes verbos com significados específicos, que nos ajudam na interpretação.

Fraternidade: Igreja e sociedade – uma perspectiva bíblico-teológica


A obra de Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos) oferece elementos inspiradores para o tema proposto pela Campanha da Fraternidade neste ano de 2015. A proposta de Jesus de Nazaré assumida pelas comunidades cristãs primitivas precisa ser permanentemente resgatada pela Igreja, tendo em vista a sua missão evangelizadora em cada contexto histórico-cultural. 

O que mais falta aos homens da Igreja é o Espírito de Cristo, a humildade, o despojamento de si mesmo, a acolhida desinteressada, a capacidade de ver o melhor do outro. Nós temos medo, queremos manter o que caducou, porque disso temos o hábito, queremos ter razão contra os outros. Dissimulamos, sob o vocabulário de humildade estereotipada, o espírito de orgulho e de poder. Brincamos de pôr a vida à parte. Da Igreja fizemos uma organização como as outras. Empregamos todas as nossas forças para organizá-la e agora as empregamos para fazê-la funcionar. E ela caminha mais ou menos, menos do que mais, mas caminha. O problema é que ela caminha como uma máquina, e não como a vida.

Essa afirmação do patriarca ecumênico de Constantinopla, Atenágoras, feita há mais de quatro décadas, possui caráter exortativo também para a Igreja na atualidade. Por aquela mesma época, o Concílio Vaticano II, por meio da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, formulou princípios orientadores para a missão da Igreja num mundo em acelerada transformação. De lá para cá, foram inúmeras as iniciativas, em todos os âmbitos, para organizar uma Igreja mais humana e solidária, respondendo aos clamores da sociedade, especialmente das pessoas abandonadas.

Peregrina neste mundo, a Igreja precisa avançar sempre mais, rompendo com a tentação de acomodar-se. E para avançar com liberdade evangélica, há necessidade de abandono de tudo o que a impede de ser verdadeiramente discípula missionária do Senhor. O documento da CNBB n. 100 – Comunidade de comunidades: uma nova paróquia –chama-nos à conversão pastoral e nos orienta a sair “de uma Igreja distante, burocrática e sancionadora” para uma Igreja mais evangélica, comunitária, participativa, realista e mística (n. 37). O papa Francisco, atento às demandas que emergem das comunidades pelo mundo afora, abraçou essa causa com determinação. Seus ensinamentos, corroborados por seu testemunho, inspiram-se na prática da Igreja das origens, seguidora de Jesus Cristo, servidora do seu evangelho e, por isso mesmo, promotora da vida digna sem exclusão. A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium apresenta o caminho a ser seguido pela Igreja em sua obra evangelizadora no mundo atual. É a proposta do evangelho que precisa ser retomada com coragem. “A proposta é o Reino de Deus (cf. Lc 4,43); trata-se de amar a Deus que reina no mundo. À medida que ele conseguir reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos” (EG 180).

Nesse sentido, propõe-se aqui uma reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade numa perspectiva bíblico-teológica, buscando compreender a dimensão social da fé cristã assumida pelas primeiras comunidades cristãs. Para isso, toma-se a obra de Lucas como referência, pontuando alguns aspectos.