sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Sexta-feira Santa


Hoje queremos acompanhar Cristo na Cruz. Recordo umas palavras de São Josemaria, numa Sexta-Feira Santa. Convidava-nos a reviver pessoalmente as horas da Paixão: desde a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras até à flagelação, a coroação de espinhos e a morte na Cruz. Dizia: atada a omnipotência de Deus por mão de homem levam o meu Jesus de um lado para outro, entre os insultos e os empurrões da multidão.

Cada um de nós pode se ver no meio daquela multidão, porque foram os nossos pecados a causa da imensa dor que se abate sobre a alma e o corpo do Senhor. Sim: cada um de nós leva Cristo, convertido em objeto de troça, de uma a outra parte. Somos nós que, com os nossos pecados, reclamamos aos gritos a sua morte. E Ele, perfeito Deus e perfeito Homem, deixa-nos agir. Tinha-o predito o profeta Isaías: maltratado, não abriu a sua boca; como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante os tosquiadores.

É justo que sintamos a responsabilidade dos nossos pecados. É lógico que estejamos muito agradecidos a Jesus. É natural que procuremos a reparação, porque às nossas manifestações de desamor, Ele responde sempre com um amor total. Neste tempo da Semana Santa, vemos o Senhor mais próximo, mais semelhante aos seus irmãos os homens... Meditemos umas palavras de João Paulo II: Quem crê em Jesus crucificado e ressuscitado leva a Cruz como um triunfo, como prova evidente de que Deus é amor... Mas a fé em Cristo nunca se pode dar por pressuposta. O mistério pascal, que reviveremos nos dias da Semana Santa, é sempre atual. (Homilia, 24-III-2002).

Peçamos a Jesus, nesta Semana Santa, que desperte na nossa alma a consciência de ser homens e mulheres verdadeiramente cristãos, para que vivamos de cara a Deus e, com Deus, voltados a todas as pessoas. 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Ataque a cristãos em universidade no Quênia deixa ao menos 147 mortos


Ao menos 147 cristãos foram mortos e cerca de 80 ficaram feridas nesta quinta-feira (02/04), quando combatentes do grupo radical islâmico Al Shabaab invadiram um campus universitário na cidade de Garissa, no nordeste do Quênia, mantendo cristãos como reféns e trocando tiros com forças de segurança por várias horas.

Segundo a Cruz Vermelha queniana, os atacantes ocuparam e controlam os edifícios da residência universitária, onde residem várias centenas de estudantes.

“Há muitos cadáveres de cristãos no interior da universidade” afirmou, à agência Reuters, um porta-voz do grupo terrorista que diz que “os muçulmanos foram libertados”.

Ainda segundo a Cruz Vermelha, pelo menos 50 estudantes foram libertados.

Collins Wetangula, vice-presidente do diretório estudantil da universidade, relatou que os atiradores invadiram os dormitórios perguntando se os presentes eram cristãos ou muçulmanos. "Quem fosse cristão era baleado ali mesmo", disse. "A cada tiro que ouvia, pensava que iria morrer."


O ataque aconteceu ao amanhecer, quando muitos estudantes ainda estavam nos dormitórios. Esse é o pior ataque no país desde o atentado contra a embaixada dos Estados Unidos, em 1998, quando 213 pessoas morreram.

Permanecei aqui e vigiai comigo!


Há palavras que nascem eternas. Há gritos de dor que, embora tenham ecoado séculos e séculos atrás, continuam inquietando as atuais gerações. Em todos os tempos, muitos homens e mulheres perceberam que seus sofrimentos, sua experiência de abandono e de solidão foram vividos antes por Jesus de Nazaré. Na Semana Santa que está começando seremos confrontados com a observação que o Mestre fez aos amigos, quando eles o abandonaram: “A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo...” (Mt 26,38). Depois, fez um pedido a esses mesmos amigos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”.

Seus apelos não tiveram eco. Por isso, sozinho, dirigiu-se àquele que podia livrá-lo daquele momento: “Meu pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39).

Na dor de Jesus Cristo estava a dor da humanidade. Na entrega que fez de si mesmo ao Pai e na aceitação do cálice que não escolhera, Cristo tinha presente os sofrimentos inesperados da jovem que ficou paralítica, após um acidente de carro, e a dor daquele casal que não conseguia dar aos filhos o pão, a saúde e a escola de que necessitavam. Tinha presente a jovem esposa que perdeu o marido inesperadamente e a criança que viu, impotente, seus pais se separarem. Tinha presente também a angústia e a dor sem limites dos familiares das 150 vítimas do acidente aéreo nos Alpes franceses. É imenso o cálice, é enorme a dor da humanidade, mas infinitamente maiores são o amor e misericórdia do Filho de Deus, ao ver o sofrimento de tantos homens e mulheres, de inúmeros jovens e crianças. 

Centro Islâmico de Madri saúda os cristãos por ocasião da Semana Santa 2015


DEPARTAMENTO CULTURAL DO
CENTRO CULTURAL ISLÂMICO DE MADRID

A SEMANA SANTA E O ISLÃ

Nesta semana, muito importante para todos os cristãos, gostaríamos de manifestar o mais profundo apreço e amizade entre as várias denominações cristãs e muçulmanas. Esperamos que todos os cristãos em todo o mundo celebrem a Semana Santa com paz, tranquilidade e serenidade.

O Messias, Jesus, filho de Maria (que a paz esteja com eles), é admirado pelos muçulmanos.

Sobre o nascimento de Jesus, o Alcorão diz: ‘E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus’ (3:45).

Sobre os cristãos, o Alcorão diz: (...) Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos! Porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma (5:82). Desejamos-lhe uma Semana Santa cheia de bênçãos.
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Mensagem enviada a Zenit pelo Dr. El Mushtawi
Disponível em: ZENIT

Na Missa do Crisma, Papa fala do cansaço dos sacerdotes e como encontrar descanso no Senhor


HOMILIA
Santa Missa do Crisma
Basílica Vaticana
Quinta-Feira, 2 de abril de 2015


«A minha mão estará sempre com ele / e o meu braço há-de torná-lo forte» (Sl 89/88, 22). Assim pensa o Senhor, quando diz para consigo: «Encontrei David, meu servo, / e ungi-o com óleo santo» (v. 21). Assim pensa o nosso Pai cada vez que «encontra» um padre. E acrescenta: «A minha fidelidade e o meu amor estarão com ele / (…) Ele me invocará, dizendo: “Tu és meu pai, / és o meu Deus e o rochedo da minha salvação”» (vv. 25.27).

Faz-nos muito bem entrar, com o Salmista, neste solilóquio do nosso Deus. Ele fala de nós, os seus sacerdotes, os seus padres; na realidade, porém, não é um solilóquio, não fala sozinho. É o Pai que diz a Jesus: «Os teus amigos, aqueles que Te amam, poderão dizer-Me de uma maneira especial: “Tu és o meu Pai”» (cf. Jo 14, 21). E, se o Senhor pensa e Se preocupa tanto com o modo como poderá ajudar-nos, é porque sabe que a tarefa de ungir o povo fiel não é fácil, é dura; causa fadiga e leva-nos ao cansaço. E nós experimentamo-lo em todas as suas formas: desde o cansaço habitual do trabalho apostólico diário até ao da doença e da morte, incluindo o consumar-se no martírio.

O cansaço dos sacerdotes! Sabeis quantas vezes penso nisto, no cansaço de todos vós? Penso muito e rezo com frequência, especialmente quando sou eu que estou cansado. Rezo por vós que trabalhais no meio do povo fiel de Deus, que vos foi confiado; e muitos fazem-no em lugares demasiado isolados e perigosos. E o nosso cansaço, queridos sacerdotes, é como o incenso que sobe silenciosamente ao Céu (cf. Sl 141/140, 2; Ap 8, 3-4). O nosso cansaço eleva-se diretamente ao coração do Pai.

Estai certos de que também Nossa Senhora Se dá conta deste cansaço e, imediatamente, fá-lo notar ao Senhor. Como Mãe, sabe compreender quando os seus filhos estão cansados, e só disso se preocupa. «Bem-vindo! Descansa, filho. Depois falamos… Não estou aqui eu, que sou tua Mãe?»: dir-nos-á ao abeirarmo-nos d’Ela (cf. Evangelii gaudium, 286). E dirá, ao seu Filho, como em Caná: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). 

Há dez anos a morte de João Paulo II emocionou o mundo


"Queridos irmãos e irmãs, às 21:37 o nosso amado santo padre João Paulo II voltou à casa do Pai. Rezemos por ele”, disse o cardeal Sandri no dia 2 de Abril de 2005, para os milhares de fiéis que se reuniram na Praça de São Pedro, sob as janelas do seu apartamento para rezar o terço por ele. Foi na noite anterior ao Domingo da Divina Misericórdia.

Lá havia muitos jovens e pessoas que, desde o dia anterior, estavam reunidos acompanhando a agonia do Papa polonês. Acendia-se a luz de uma janela, apagava-se a luz do seu escritório, todos tentavam entender o que estava acontecendo enquanto se rezava ou os jovens cantavam e faziam coros.

Foi uma morte anunciada. O Papa estava se apagando a cada dia. No dia 24 de fevereiro de 2005 o Papa ingressou novamente no Hospital Gemelli. Já tinha se passado nove dias desde o início deste mês por uma crise respiratória aguda.

Esteve hospitalizado por mais 18 dias, fizeram-lhe uma traqueostomia, a sua situação praticamente não melhorava, e no dia 14 de Março voltou ao Vaticano apesar dos médicos dizerem o contrário. Voltou sentado na frente de um pequeno ônibus que lentamente fez o percurso. Muitos se reuniram na rua para vê-lo passar, intuindo a gravidade da situação.

No dia 30 de março, durante a audiência geral, foi quando o papa santo de 84 anos impressionou a multidão reunida na praça. O Papa que com as suas palavras fez rachar no meio o império soviético não conseguia proferir palavras apesar de seus esforços para fazê-lo, e sua bênção foi silenciosa.

Já no dia 20 de março, domingo de Ramos, mal conseguia segurar a palma da mão. Pela primeira vez não presidia a cerimônia e da janela do seu escritório somente pôde dar a benção. 

A Quinta-feira Santa


A liturgia de Quinta-Feira Santa é riquíssima de conteúdo. É o grande dia da instituição da Sagrada Eucaristia, dom do Céu para os homens; o dia da instituição do sacerdócio, nova prenda divina que assegura a presença real e atual do Sacrifício do Calvário em todos os tempos e lugares, tornando possível que nos apropriemos dos seus frutos.

Aproximava-se o momento em que Jesus ia oferecer a sua vida pelos homens. Tão grande era o seu amor, que na sua Sabedoria infinita encontrou o modo de ir e de ficar, ao mesmo tempo. São Josemaria, ao considerar o comportamento dos que se vêem obrigados a deixar a sua família e a sua casa, para procurar emprego em outro lugar, comenta que o amor humano costuma recorrer aos símbolos. As pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, talvez uma fotografia… Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas uma realidade. Fica Ele mesmo. Embora vá para o Pai, permanece entre os homens. Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o seu Corpo, o seu Sangue, a sua Alma e a sua Divindade.

Como responderemos a esse amor imenso? Assistindo com fé e devoção à Santa Missa, memorial vivo e atual do Sacrifício do Calvário. Preparando-nos muito bem para comungar, com a alma bem limpa. Visitando Jesus com freqüência, escondido no Sacrário. 

A primeira leitura da Missa, recorda o que Deus estabeleceu no Antigo Testamento, para que o povo israelita não se esquecesse dos benefícios recebidos. Desce a muitos detalhes: desde como devia ser o cordeiro pascoal, até aos pormenores que tinham de cuidar para recordar a passagem do Senhor. Se isso se prescrevia para comemorar alguns acontecimentos históricos, que eram só uma imagem da libertação do pecado realizada por Jesus Cristo, como deveríamos comportar-nos agora, quando verdadeiramente fomos resgatados da escravidão do pecado e feitos filhos de Deus!

Esta é a razão por que a Igreja nos inculca um grande esmero em tudo o que se refere à Eucaristia. Assistimos ao Santo Sacrifício todos os domingos e festas de guarda, sabendo que estamos participando numa ação divina?

São João relata que Jesus lavou os pés dos discípulos, antes da Última Ceia. Temos de estar limpos, na alma e no corpo, e aproximarmos para recebê-lo com dignidade. Para isso nos deixou o Sacramento da Penitência.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Palavra de Vida: “Para todos eu me fiz tudo” (1Cor 9,22).


Na primeira carta à comunidade de Corinto, Paulo se vê obrigado a defender-se da pouca consideração de alguns cristãos, que colocam em dúvida ou negam a sua identidade de apóstolo. Paulo reivindica a pleno direito esse título, por ter “visto Jesus” (cf 9,1), e explica o porquê de sua atitude humilde e simples, que renuncia a todo tipo de retribuição pelo seu trabalho. Embora tendo a autoridade e os direitos de apóstolo, a sua estratégia evangélica é fazer-se “servo de todos”.

Ele se solidariza com todo tipo de pessoas, até tornar-se uma delas, com o objetivo de levar-lhes a novidade do Evangelho. Cinco vezes repete “me fiz” um com o outro: por amor aos judeus, submete-se à lei de Moisés, embora sabendo não estar mais vinculado a ela; com os que não seguem essa lei, também ele vive como se não a tivesse, embora possuindo uma lei exigente: o próprio Jesus; com os fracos (talvez cristãos escrupulosos, incertos de comer ou não carnes imoladas aos ídolos) ele se faz fraco, embora sendo “forte” e livre: faz-se “tudo a todos”.

Age assim para “ganhar” todos a Cristo, para “salvar” a qualquer custo ao menos alguns. Não tem expectativas triunfalistas: bem sabe que só alguns corresponderão; mas ama a todos seguindo o exemplo do Senhor, que veio “para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mt 20,28). Quem se fez um conosco mais do que Jesus? Ele que era Deus, “despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fil 2,7).