A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo lê-se
estes dias, como é costume, segundo cada um dos livros do santo Evangelho. Na
leitura de hoje ouvimos Jesus Cristo censurando os discípulos, primeiros
membros seus, companheiros seus: porque não criam estar vivo aquele mesmo por
cuja morte choravam. Pais da fé, mas ainda não fiéis; mestres - e a terra
inteira haveria de crer no que pregariam, pelo que, aliás, morreriam - mas
ainda não criam. Não acreditavam ter ressuscitado aquele que haviam visto
ressuscitando os mortos. Com razão, censurados: ficavam patenteados a si
mesmos, para saberem o que seriam por si mesmos os que muito seriam graças a
ele.
E foi deste modo que Pedro se mostrou quem era:
quando iminente a Paixão do Senhor, muito presumiu; chegada a Paixão, titubeou.
Mas caiu em si, condoeu-se, chorou, convertendo-se a seu Criador.
Eis quem eram os que ainda não criam, apesar de já
verem. Grande, pois, foi a honra a nós concedida por aquele que permitiu
crêssemos no que não vemos! Nós cremos pelas palavras deles, ao passo que eles
não criam em seus próprios olhos.
A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é a
vida nova dos que crêem em Jesus, e este é o mistério da sua Paixão e
Ressurreição, que muito devíeis conhecer e celebrar. Porque não sem motivo
desceu a Vida até a morte. Não foi sem motivo que a fonte da vida, de onde se
bebe para viver, bebeu desse cálice que não lhe convinha. Por que a Cristo não
convinha a morte.