quarta-feira, 22 de julho de 2015

Homilética: 17º Domingo Comum: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.


A partir deste domingo, a liturgia interrompe a leitura do Evangelho de São Marcos e intercala um longo trecho do Evangelho de São João, que contém a narrativa da multiplicação dos pães e o discurso eucarístico de Jesus na sinagoga de Cafarnaum (cf. Jo 6).  Tudo isto tem seu motivo prático: o Evangelho de São Marcos é o mais breve de todos e não chega a preencher todo o ano litúrgico e, por isso, é integrado com o Evangelho de São João, que não é lido no ciclo dos anos litúrgicos.  O importante é que, durante quatro domingos teremos a oportunidade de desenvolver uma catequese sobre o Sacramento da Eucaristia.

Na primeira leitura, o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido com as pessoas que o rodeiam, testemunha a vontade de Deus em saciar a “fome” do mundo; e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha e de generosidade para com os irmãos que os “profetas” são convidados a realizar.

A Palavra de Deus, em Jo 6, 1– 15, mostra-nos Jesus num lugar afastado, junto ao lago de Genesaré, no meio de uma multidão de povos provenientes das cidades vizinhas. Eram, aproximadamente, cerca de cinco mil homens ( cf. Jo 6, 10 ). E enquanto o Senhor falava, ninguém pensou no cansaço, nem nas horas que tinham passado sem comer, nem na falta de provisões e na impossibilidade de obtê-las. As palavras de Jesus tinham cativado a todos e ninguém se lembrou da fome nem da hora de regressar. Mas Jesus compreende nossas necessidades materiais, e por isso compadeceu-se também dos corpos exaustos daqueles que o tinham seguido. E realiza o esplêndido milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.

Depois de mandar que se sentassem na relva, Jesus, tomando os cinco pães e os dois peixes, levantando os olhos ao Céu, pronunciou a bênção e, partindo os pães os deu aos discípulos e os discípulos às multidões. Todos comeram até ficarem saciados. O Senhor cuida dos seus, dos que O seguem!

O relato do Milagre começa com as mesmas palavras e descreve os mesmos gestos com que os Evangelhos e São Paulo nos transmitem a instituição da Eucaristia (Mt 26, 26; Mc 14, 22; Lc 22, 19; 1Cor 11, 25). Esse milagre, além de ser uma manifestação da misericórdia divina de Jesus para com os necessitados, era figura da Sagrada Eucaristia, da qual o Senhor falaria pouco depois, na sinagoga de Cafarnaum ( Jo 6, 26 – 59). Assim o interpretaram muitos Padres da Igreja. O olhar orienta -se para a Eucaristia, o perpetuar- se deste dom: Cristo faz – se Pão de Vida para os homens. Santo Agostinho comenta assim: “Quem, a não ser Cristo, é o Pão do Céu? Mas para que o homem pudesse comer o Pão dos Anjos, o Senhor dos anjos fez-se homem. Se isso não se tivesse realizado, não teríamos o seu Corpo; sem termos o Corpo que lhe é próprio, não comeríamos o Pão do Altar” ( Sermão 130, 2 ). A Eucaristia é o grande encontro permanente do homem com Deus, em que o Senhor se faz nosso alimento, em que se oferece a Si próprio para nos transformar n’Ele mesmo.

O milagre daquela tarde junto do lago, manifestou o poder e o amor de Jesus pelos homens. Poder e amor que hão de possibilitar também, ao longo da história, que o Corpo de Cristo seja encontrado, sob as espécies sacramentais, pelas multidões dos fiéis que O procurarão famintas e necessitadas de consolo. Como diz São Tomás de Aquino: “… tomam-no um, tomam-no mil, tomam-no este ou aquele, mas não se esgota quando O tomam…”.

Se só repartir resolvesse, já não haveria mais fome no mundo. Se Jesus fez tantos outros milagres como a cura de cegos, surdos e tantos mais, por que não poderia multiplicar os pães? É curioso que o termo “multiplicação” não esteja presente no texto deste trecho do Evangelho. O que, em vez, está no texto é a palavra “repartiu”. Mas pelo tanto de comida que havia – poucos pães e peixes, nossa lógica nos obriga a pensar que Ele primeiro multiplicou, para depois dividir entre todos. Cristo tem o poder não só de multiplicar os pães, mas também todos os dons materiais e espirituais que achar necessário.

Vimos no relato do milagre que aquelas pessoas até se esqueceram da comida para não perderem o contato com Jesus. Peçamos a graça de sempre procurarmos o Mestre, desejar recebê-Lo na Eucaristia. Nós O encontramos na Sagrada Comunhão. Ele nos espera a cada um! Não fica na expectativa de que lhe peçamos alguma coisa: antecipa-se e cura-nos das nossas fraquezas, protege-nos contra os perigos, contra as vacilações que pretendem separar-nos dEle, e dá vida ao nosso caminhar. Cada Comunhão é uma fonte de graças, uma nova luz e um novo impulso que, às vezes sem o notarmos, nos dá fortaleza para enfrentarmos com garbo humano e sobrenatural a vida diária, a fim de que os nossos afazeres nos levem até Ele.

Peçamos ao Senhor que nos faça redescobrir a importância de nos alimentarmos não só de Pão, mas de Verdade, de Amor, de Cristo, do Corpo de Cristo, participando fielmente e com grande consciência na Eucaristia, para estarmos cada vez mais intimamente unidos a Ele. Com efeito, “não é o Alimento Eucarístico que se transforma em nós, mas somos nós que acabamos misteriosamente mudados por Ele. Cristo alimenta-nos, unindo-nos a Si; ‘atrai-nos para dentro de Si’” ( Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 70 ).

Jesus, realmente presente na Sagrada Eucaristia, dá a este sacramento uma eficácia sobrenatural infinita. A Santíssima Eucaristia é a doação máxima que Jesus Cristo fez de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem. Na Eucaristia, Jesus não dá “alguma coisa”, mas dá-se a Si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue. Graças à Eucaristia, a Igreja renasce sempre de novo! Quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio de uma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos.

Na segunda leitura, Paulo lembra aos crentes algumas exigências da vida cristã. Recomenda-lhes, especialmente, a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preconceito em relação aos irmãos.

Jesus é, além de Salvador, Nosso Mestre. Além de fazer milagres, como o da multiplicação dos pães, preocupou-Se em nos ensinar a recolher e guardar os pedaços que sobraram. A lição que quis nos dar é a de que não podemos viver somente de milagres. Cristo não é um mágico a quem recorremos em cima da hora dos nossos compromissos para que Ele dê uma solução fantástica e imediata. Diante deste texto sagrado da Liturgia de hoje nós deveríamos nos perguntar se estamos tendo fé suficiente a fim de acreditarmos que Jesus, Nosso Senhor, tem poder para nos dar Seus dons em abundância e se cuidamos destes dons colocando-os a serviço da Igreja e da humanidade.

Durante cinco domingos seguidos lemos no capítulo seis de São João, onde se narra o discurso-catequese de Jesus sobre o Pão da vida. João é o teólogo da Eucaristia. A vida cristã tem o seu centro na Eucaristia. Sem a Eucaristia não podemos viver. A Eucaristia exige e nos compromete a compartilhar também os nossos diversos pães com os irmãos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Sim, dar o nosso pão para o povo (1ª leitura). E dá-lo com humildade, amabilidade, compreensão (2ª leitura).

Precisa-se de Padres: últimas cifras revelam crescimento da Igreja no mundo e urgente necessidade de clérigos.


Uma nova investigação sobre tendências na Igreja no mundo demonstrou que a população católica mundial está crescendo tão rapidamente que o número de sacerdotes e paróquias simplesmente já não é o suficiente.

Esta realidade expõe um desafio: com um crescimento global no número de católicos, especialmente na África e Ásia, mas com um crescimento insuficiente no número de paróquias e sacerdotes, os católicos têm menos oportunidades de receberem os sacramentos e de participarem da vida paroquial.

"A Igreja ainda enfrenta um problema global do século XXI, relacionado ao compromisso permanente dos católicos com a paróquia e a vida sacramental", assinala a investigação realizado pelo Centro de Investigação Aplicada no Apostolado (CARA, na sigla em inglês) da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.

A investigação intitulada Global Catholicism (Catolicismo global) recolheu estatísticas do Vaticano e outras pesquisas a partir de 1980, para indagar sobre os lugares nos quais a Igreja Católica cresceu ou diminuiu a nível paroquial e para divulgar os dados demográficos para a Igreja nas próximas décadas.

A investigação assinala que “este crescimento foi analisado a nível paroquial, pois em última instância a paróquia é o “tijolo e o cimento” da Igreja, a partir do qual os católicos recebem os sacramentos, relacionam-se com outros fiéis e levam uma vida de fé ativa.

A investigação destacou o crescimento no número de católicos, sacerdotes, religiosos, paróquias, recepção dos sacramentos, seminaristas e instituições católicas, como hospitais e escolas em cinco regiões: África, Ásia, Europa, Oceania e América.

A conclusão geral do relatório aponta a que a Igreja está em meio de um "dramático realinhamento". Experimenta uma diminuição do número de católicos no centro histórico da Europa, depois passa por uma desaceleração na América e na Oceania, mas seu auge está concentrado na Ásia e na África.

Também é projetado um deslocamento católico longe dos centros tradicionais da Europa e da América para o "Sul Global", majoritariamente aos países em vias de desenvolvimento, nos quais se incluem América Central e América do Sul, África subsaariana, Oriente Médio, Ásia do Sul, Oceania e grande parte do Extremo Oriente.

Em entrevista com o Grupo ACI, o Dr. Mark Gray, grande investigador associado ao CARA, explicou as implicações desta mudança.

Um problema destacado pela pesquisa é que a maioria das paróquias do mundo ainda está localizada na Europa e na América, lugares no qual a Igreja experimenta um declive ou estancamento populacional. O mundo em vias de desenvolvimento está somando mais católicos, mas não existem suficientes paróquias para servi-los.

"Existem paróquias lindas" na Europa, afirmou Gray. "Não podemos pegá-las e mudá-las de lugar de um lado do mundo a outro tão facilmente. Desse modo, em um lugar a Igreja vai ter que fechar paróquias e em outro vai ter que construir muitíssimas, além de ter que encontrar a maneira de organizar seu clero".

Outra descoberta aponta que os católicos estão participando menos na Igreja à medida que ficam mais velhos, o que se observa claramente nas taxas de participação sacramental.

Em todas as regiões, o número de batismos infantis a cada mil católicos é maior que o número de primeiras comunhões, o qual supera o número de crismas e está acima do número de matrimônios celebrados dentro da Igreja.

Embora fosse inegável em regiões como a Europa, onde existe uma baixa geral de números de sacerdotes e religiosos, isto também acontece nas demais regiões, onde o número de membros da Igreja está em crescimento.

A América tem uma taxa de assistência à Missa e um número de matrimônios por cada mil católicos inferiores à Europa, apesar de a população católica no “continente da esperança” ser cada vez maior. Gray sublinhou que estes resultados ainda devem ser analisados.

Por outro lado, o número de sacerdotes, religiosos e religiosas diminuiu na América desde a década de 1980, apesar de o número de católicos e sacerdotes diocesanos ter aumentado nesta região.

Inclusive na África, continente que possui o mais alto crescimento da Igreja, existe uma forte queda na participação sacramental do batismo ao matrimônio. A taxa de matrimônio é, na realidade, muito pequena tanto na África como na América.

Isto pode explicar-se devido à rapidez do crescimento demográfico que supera rapidamente o crescimento das suas paróquias. Pois este continente é o líder mundial com mais de 13 mil católicos por paróquia.

"Na África, mais do que em qualquer outro lugar, a Igreja precisa estudar a possibilidade de que alguns renunciem ou atrasem a atividade sacramental devido à falta de acesso à uma paróquia próxima", sustenta o relatório do CARA.

A Ásia, entretanto, lidera a participação sacramental e supera todas as outras regiões nas taxas de primeiras comunhões, crismas e matrimônios.

"Algo que acontece na Ásia é evidente. Pois a tendência deste continente é oposta as demais regiões", assinalou Gray, que adicionou que os líderes católicos deveriam prestar atenção ao que está acontecendo ali.

Com exceção da China continental, região da qual o Vaticano não proporcionou dados, a população católica na Ásia aumentou em aproximadamente 63% desde 1980. Em geral, a assistência à Missa também diminuiu significativamente, embora alguns países asiáticos reportaram uma assistência à Celebração Eucarística mais alta do que nos outros.

O número de sacerdotes diocesanos aumentou em mais do que dobro na Ásia desde 1980 e o número tanto de sacerdotes, como de religiosos e religiosas, aumentou quase o dobro, durante este período. 

As 6 imagens mais antigas de Jesus Cristo


O Santo Sudário do Turim é o manto que segundo a tradição e dezenas de provas científicas envolveu o corpo morto do Senhor Jesus. O mesmo leva a imagem detalhada de frente e costas de um homem que foi crucificado da mesma forma que Jesus de Nazaré tal como descrevem as Escrituras. Esta é a imagem mais antiga de Jesus que se tem notícia, porém somente em 1898 se pôde contemplar pela primeira vez sua imagem em negativo no revés de uma placa fotográfica. Embora a Bíblia não dê uma descrição detalhada do aspecto físico de Jesus, desde os primeiros séculos foram feiras imagens de Cristo. Estas são seis das mais antigas que se conservam de Jesus, todas elas recolhidas pelo site Churchpop.com

1.    Grafite de Alexamenos (Séculos I ao III)

Public Domain /Wikimedia Commons/
Dominio Público /Wikimedia Commons

Esta é a representação de Jesus (embora, em tom de burla) mais antiga que existe? É uma pergunta que ainda paira sobre o grafite de Alexámenos.  A imagem está esculpida em gesso em uma parede em Roma que data entre os séculos I e III. Representa um homem diante de uma pessoa com cabeça de burro que está sendo crucificado, com a inscrição: "Alexámenos adora a Deus". Acredita-se que com este grafite caçoavam da fé de um cristão de nome Alexámenos.

O grafite foi encontrado em um muro no monte Palatino, em Roma. É considerado como a primeira representação pictórica conhecida da crucificação de Jesus. Atualmente se conserva no Museu Antiquarium Forense e Antiquarium Palatino de Roma e para alguns se trata da blasfêmia mais antiga da história.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Estátua do futuro santo Junípero Serra permanecerá no Capitólio dos EUA "até o fim dos tempos", assegura Governador da Califórnia.


O Governador do estado da Califórnia, Jerry Brown, assegurou que a estátua do Beato Frei Junípero Serra – que será canonizado pelo Papa Francisco durante sua visita aos Estados Unidos em setembro deste ano – permanecerá no Capitólio dos Estados Unidos “até o fim dos tempos”.

Brown, membro do Partido Democrata, fez esta promessa em uma entrevista à página Crux durante sua viagem à Roma (Itália), onde participa do encontro “Escravidão moderna e mudança climática: o compromisso das cidades”, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências nos dias 21 e 22 de julho.

As declarações de Brown, que foi seminarista jesuíta, respondem à campanha orquestrada por Ricardo Lara, senador do parlamento de Califórnia abertamente homossexual e também integrante do Partido Democrata.

Lara expressou reiteradamente sua desconsideração pela Igreja Católica e promove que a imagem de Frei Junípero Serra – considerado o Padre de Califórnia – seja substituída pela imagem da astronauta lésbica Sally Ride.

O projeto de Ricardo Lara foi aprovado pelo senado de Califórnia no dia 13 de abril, por 22 votos contra 10. Um comitê da assembleia estatal também aprovou a proposta de Lara no início de julho, mas ainda deve ser aprovada pelo governador de Califórnia, Jerry Brown, e toda a assembleia do estado. 

Entrevista com Mons. Georg Gänswein, o secretário de "dois Papas"


As salas do vaticano impressionam. Ao contrário do que acontece com os aparelhos de televisão, lá tudo é maior do que se vê nas imagens: a porta de Santa Ana, o Palácio Apostólico, as majestosas escadarias, o Átrio de São Dâmaso... Magnificência histórica – com cantos de mais de 500 anos –; esplêndido, mas – diferentemente do que alguns insistem em dizer – sem ostentação: eu diria que exatamente o oposto. Mons. Georg Gänswein (1956) nos recebeu em uma dessas salas: não muito grande, vermelha, bem iluminada, antiga, elegante. Como elegante é sempre o comportamento desse monsenhor.

Perguntei se o incomodava o fato de alguns o conhecerem como o “George Clooney do Vaticano”, e riu: “Sinceramente, no começo tive que procurar na Internet quem era e falei pra mim mesmo: ‘Oh!’. De qualquer forma, não exageremos...; sim ouço coisas, mas deixo passar e, com o tempo, desaparecem”. Sem a arrogância que talvez se esperaria de alguém com a sua posição, tão próximo de duas das pessoas mais influentes do mundo. Simples. Pedi desculpas pelo meu itanholo, mas ele me disse que o seu é italemão. Na minha opinião ele fala a língua de Dante com grande distinção e que os mais de vinte anos na Cidade Eterna – chegou em 1993 – certamente são causa disso. Em 1996, colocou-se nas mãos de Joseph Ratzinger, na Congregação para a Doutrina da Fé e, desde 2003, como seu secretário pessoal, cargo que manteve quando o cardeal virou o Papa Bento XVI. Em 2012 foi nomeado prefeito da Casa Pontifícia, e com o novo pontificado, Francisco o confirmou no cargo. Era o ano 2013, bem no mês do intenso calor para Roma, mas não para o Papa Bergoglio: 31 de Agosto. Então, Mons. Gänswein é, hoje, a única pessoa na história da Igreja que serve dois papas ao mesmo tempo. Digamos que mora com o alemão – celebram Missa juntos, rezam o terço, caminham trinta minutos todos os dias... – , e, pela tarde, trabalha com o argentino. 

O verdadeiro significado do Estado laico


Atualmente, o termo Estado laico vem sendo utilizado no Brasil como fundamento para a insurgência contra a instituição de feriados nacionais para comemorações de datas religiosas, a instituição de monumentos com conotação religiosa em logradouros públicos e contra o uso de símbolos religiosos em repartições públicas. A mais recente foi a decisão do Tribunal de Justiça gaúcho acatando pedido da liga brasileira de lésbicas e de outras entidades sociais sobre a retirada dos crucifixos e símbolos religiosos nos espaços públicos dos prédios da Justiça gaúcha.

Antes de tudo, devemos observar que é natural a presença de símbolos religiosos cristãos em repartições públicas num país de formação eminentemente cristã. Quanto a isso, pensemos um pouco: a quem ofende a presença de um crucifixo num lugar público? Para os agnósticos, por exemplo, ele nada representa, é mera figura decorativa; no máximo, uma escultura, uma obra de arte. Para os não cristãos, nada significa.

Significado de Estado Laico

É importante ressaltar que o conceito de Estado laico não deve ser confundido com Estado ateu, já que o ateísmo e seus assemelhados também se incluem no direito à liberdade religiosa. Trata-se do direito de não ter uma religião; como afirmou o grande jurista Pontes de Miranda, “a liberdade de crença compreende a liberdade de ter uma crença e a de não ter uma crença”. Assim sendo, confundir Estado laico com Estado ateu é privilegiar esta crença (ou melhor, não crença) em detrimento das demais, o que afronta os princípios da igualdade e da liberdade.

Estado laico, secular ou não confessional é aquele que não adota uma religião oficial e no qual há separação entre o Clero e o Estado, de modo que não haja envolvimento entre os assuntos de um e de outro, muito menos sujeição de um em relação ao outro. Portanto, Estado laico não é sinônimo de Estado antirreligioso; é até o contrário. O Estado laico foi a primeira organização política que garantiu a liberdade religiosa. A liberdade de crença, de culto e a tolerância religiosa foram aceitas graças ao Estado leigo, e não como oposição a ele. A laicidade não pode se expressar na eliminação dos símbolos religiosos, mas na tolerância a eles. Já o ateísmo militante – como essas iniciativas cristofóbicas – não é arreligioso, mas sim antirreligioso; é, sim, uma corrente de opinião em assuntos religiosos, é uma espécie de “teologia”; assim sendo, por que deve predominar em relação às demais??? 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Católicos e pentecostais: passos em frente no diálogo franco e frutífero


“Os carismas na Igreja: significado espiritual, discernimento e implicações pastorais” é o título da V Sessão da sexta fase do Diálogo Internacional Católico-Pentecostal, encerrado na última sexta-feira, em Roma. Os trabalhos desta sessão tinham começado em 10 de julho.

Segundo o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, participaram católicos nomeados pelo dicastério vaticano e algumas Igrejas e líderes pentecostais. O vice-presidente católico do diálogo é o bispo dom Michael F. Burbidge, de Raleigh, EUA, e o pentecostal é o reverendo Cecil M. Robeck, da Assembleia de Deus e também dos EUA.

A sessão deste ano tratou da redação do relatório conclusivo, fruto de cinco anos de diálogo. A publicação está prevista para 2016. Os temas debatidos foram “Carismas - nosso terreno comum”, “Discernimento”, “Cura” e “Profecia”.

O objetivo deste diálogo, iniciado em 1972, é promover o respeito e a compreensão recíproca nas questões de fé e de prática. As conversações aconteceram com um debate franco sobre as posições e práticas das duas tradições, intercaladas pela oração cotidiana, conduzida alternadamente por católicos e pentecostais.

Durante os trabalhos em Roma, o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho, se reuniu com o grupo para participar do diálogo, observar os pontos de vista e responder a perguntas. Os participantes também tiveram um encontro informal com o bispo secretário do dicastério, dom Brian Farrell, que confirmou em entrevista à Rádio Vaticano que “foi um diálogo muito interessante, franco e frutífero”.

Os progressos no diálogo católico-pentecostal são mérito também do papa Francisco, que “traz a novidade do seu modo de viver o cristianismo como experiência e não só como doutrina”. Os pentecostais “entendem isto muito bem e sentem uma particular proximidade”. 

Quatro razões porque acredito na Trindade


Como é Deus?

Você pode compor seu próprio deus, um deus que se ajusta a todas suas preconcepções. Ou você pode estudar o que Deus revela sobre ele, e dos dados que nos revelam mais sobre ele.

Desde criança, estudando a Bíblia, me disseram que você não pode entender Deus, especialmente no Novo Testamento, a menos que você entenda corretamente a relação entre Deus o Pai, Jesus o Filho e o Espírito Santo. Temos que lidar com isto, e as respostas simplistas não irão ajudar. Felizmente, Deus não segue nossa lógica; devemos ser humildes o bastante para seguir a sua. Convenceram-me que o Novo Testamento ensina a natureza trinitária de Deus – uma unidade essencial de Deus que é composto de três Pessoas distintas.

Vou explicar por que eu acredito nisto da melhor forma que puder, mas não deixe minha simplicidade ocultar o fato que este é um assunto complexo. Muitos livros foram escritos sobre isto. É complexo, não se engane. E francamente, me sinto como uma criança que tenta vadear no oceano. Sou dependente do que a Bíblia revela para explorarmos Deus.

Você certamente ouvirá detratores do cristianismo dizerem: “a palavra ‘Trindade’ não está em nenhum lugar na Bíblia”. E isso é verdade. Mais espere aí. As pessoas também dizem coisas como “três não podem ser um” e elas têm razão – se estivéssemos falando sobre simples matemática. Estamos falando, porém, de uma relação complexa, não de uma simples equação. Assim, proponho que juntemos nossa compreensão da própria Bíblia, não da caricatura que os detratores fazem dela.

Esta não é uma questão de se você ou eu podemos envolver nossas mentes no  conceito da Trindade. Os elétrons fazem a luz se acender mesmo que uma criança só saiba como ligar um interruptor. Agora mesmo, em sua volta, estão passando milhares de ondas de TV e de rádio por você e só poderá captá-las se tiver um receptor adequado. Só porque você não pode ver essas ondas, não significa que elas não estão lá. A questão é: o que a Bíblia ensina sobre a relação entre o Pai, o Filho, e o Espírito Santo?

Uma definição 

Primeiro, deixe-me definir o que queremos dizer sobre “Trindade”. A Trindade se refere a “unidade do Pai, Filho, e Espírito Santo como três pessoas” [1]. A palavra “trindade” é claro, é formada das palavras “tri” e “unidade” e descreve “o estado de ser tríplice”. Em outras palavras, acreditar na Trindade significa acreditar que o Pai, Filho e Espírito santo são essencialmente um Deus, mesmo enquanto eles têm suas próprias características e diferenças (começa a sentir uma névoa começando a se formar?)

João Calvino definiu assim: “o Pai, o Filho e o Espírito são um Deus, mas o Filho não é o Pai, nem o Espírito o Filho, mas são diferenciados por uma qualidade particular” [2]. Os teólogos discutem conceitos complexos como “uma substância” (em grego, homoousios) fazer distinções importantes. Mas vou deixar isso de lado.

Acredito na Trindade por quatro boas razões – razões bíblicas. Por favor, estude-as comigo.