quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Grande Cisma do Oriente

Os cinco patriarcas no 1º Concílio de Nicéia.

E aí pessoal,

Ao que parece, um dos assuntos que mais fascina e ao mesmo tempo confunde a cabeça dos interessados na história dos primórdios da Igreja é a a questão dos patriarcados primitivos. Principalmente porque essa questão acaba remontando à questão da primazia papal, ou seja, sobre a definição de quem é o patriarca que possui, de fato, a suprema autoridade sobre as diversas Igrejas que compõem a Igreja Católica.

Na nossa série de posts sobre os papas, buscamos a princípio montar uma pequena biografia de cada um desses homens que, em algum momento, estiveram à frente da Igreja Romana. Na cabeça de 99,9% dos católicos, há a ideia de que o bispo de Roma sempre exerceu a sua autoridade máxima sobre a Igreja universal da mesma forma que exerce hoje. Não era bem assim. Em um mundo onde uma carta poderia demorar mais de um ano para chegar ao seu destino, a influência do sucessor de Pedro sobre as igrejas particulares mais distantes de Roma era muito restrita.

Entre os século IV e V, apesar de Pedro ser reconhecido como o chefe universal da Igreja, na prática, a Igreja Católica era governada por cinco bispos, chamados de patriarcas. Então, diferente de hoje, em que o governo da Igreja é uma monarquia, naquela época havia uma pentarquia (do grego: penta – cinco, e arquia – governo ou governante). Eram cinco os patriarcados:

  • Roma;
  • Alexandria;
  • Constantinopla;
  • Antióquia e
  • Jerusalém.
Os patriarcados de Roma e Antióquia têm como fundador São Pedro; o de Alexandria, São Marcos; o de Jerusalém, São Tiago; o de Constantinopla, Santo André.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Estátua de Satanás é inaugurada nos Estados Unidos


O que significa a estátua de Satã recém-inaugurada na cidade de Detroit, nos Estados Unidos?

De acordo com O Globo, a imagem de bronze, com quase 3 metros e mais de 900 quilos, "seria inaugurada inicialmente em Oklahoma, em protesto contra uma escultura sobre os Dez Mandamentos no Capitólio estadual". Ainda segundo a reportagem, "o Satanic Temple defende a separação entre Estado e religião".

Não que se esperasse uma palavra de condenação da mídia à estátua de Bafomet – uma represália assim poderia "ofender" os adoradores de Satanás –, mas, não fosse trágico, seria cômico o modo como eles colocam as coisas: a imagem de Bafomet, na crônica do dia, não passaria de uma defesa da "separação entre Estado e religião", um "protesto" contra uma escultura dos Dez Mandamentos em lugar público. Quem lê a reportagem é tentado a achar que o grande problema não é nem a estátua de Satã, mas sim aquele monumento judaico-cristão no Capitólio de Oklahoma. O valor supremo da modernidade, agora, é o "Estado laico" e, para defendê-lo, até cultuar o demônio está valendo.

Pena que não faltarão pessoas confirmando a frase em negrito. Para alguns, realmente, o Decálogo no Capitólio – e, com ele, os crucifixos nos tribunais, o sinal da cruz nos estádios de futebol, a palavra "Jesus" na cabeça do Neymar – são realmente piores que uma imagem satânica, contanto que ela esteja em um ambiente privado.

Quando as coisas atingem esse ponto, é preciso fazer uma pausa e reajustar a bússola da humanidade – ou, pelo menos, tentar entender desde quando a verdade foi tão negligenciada assim, a ponto de a entidade perversa por excelência ser cultuada no lugar do próprio Deus. 

Igreja celebra em agosto o Perdão de Assis


Nos dias 1 e 2 de agosto de 2015 será celebrado em todas as paróquias do mundo e em todas as igrejas franciscanas o Perdão de Assis, ou, a Indulgência da Porciúncula. A origem desta graça está ligada à história da pequena Porciúncula, dentro da Basílica Santa Maria dos Anjos, em Assis, de São Francisco e de toda a Ordem Franciscana.

A visão

“Na noite do ano do Senhor de 1216, Francisco estava mergulhado na oração e na contemplação na igrejinha da Porciúncula quando, improvisadamente, uma luz muito forte tomou conta do local e Francisco viu sobre o altar o Cristo revestido de luz e à sua direita a sua Mãe Santíssima, circundada por uma multidão de Anjos”.

Este é o início da história, atestada pelo Diploma de Teobaldo (FF 3391 – 3399), que deu início a este evento celebrado no início de agosto. Prostrado com a visão mística, Francisco pediu a Jesus uma graça: "Senhor, peço que todos aqueles que, arrependidos e confessados, entrando nesta igrejinha, tenham o perdão de todos os seus pecados e a completa remissão das penas devidas às suas culpas".

Jesus respondeu a ele: "Grande é a graça que me pedes, ó Francisco; todavia, a concedo a ti, se minha Mãe me pedir". Francisco então pediu a mediação da Virgem Maria, a qual com sua súplica, seu Divino Filho concedeu a graça. Porém, quis que apresentasse ao seu Vigário, o Sumo Pontífice, para obter a sua confirmação.

Papa Honório III

Dito isto, cessou a visão e Francisco imediatamente foi ao Papa Honório III e ele, depois de várias dificuldades, lhe confirmou a graça, limitando-a, porém, a um dia somente, por todos os anos e fixando para esta o dia 2 de agosto, a começar das Vésperas da Vigília.

Indulgência estendida a todas igrejas franciscanas

Mais tarde, com a Bula do dia 4 de julho de 1622, o Papa Gregório XV estendeu esta grande indulgência a todas as Igrejas da Ordem Franciscana e prescreveu que, além da confissão, era necessária a comunhão e a oração pelo Sumo Pontífice. Em 12 de janeiro de 1678, o Papa Inocêncio XI declarou que a dita indulgência estava aplicada também às almas do Purgatório. 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Homilética: 18º Domingo Comum - Ano B: "Maior Tesouro da Igreja".


No Evangelho deste domingo (Jo 6,24-35), depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus se apresenta como o “Pão da Vida”, a Eucaristia.

Entusiasmado com o milagre, o povo procura Jesus. Vê-se que o povo não entendeu o sentido daquele gesto. Quando viram que não conseguiam encontrar nem a Jesus nem aos seus discípulos, subiram às barcas e foram a Cafarnaum.

Quando O encontraram novamente, Jesus disse-lhes: “Em verdade, em verdade, Eu vos digo: estais Me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”(Jo 6,26). Comenta Santo Agostinho: “Buscais-me por motivos da carne, não do espírito. Quantos há que procuram Jesus, guiados unicamente pelos seus interesses materiais! Só se pode procurar Jesus por Jesus”. Jesus quer ajudar a multidão a ir além da satisfação imediata das próprias necessidades materiais, por mais importantes que sejam. Deseja abrir a um horizonte da existência que não é simplesmente o das preocupações quotidianas do comer, do vestir, da carreira. Jesus fala de um alimento que não perece, que é importante procurar e receber. Ele afirma: “Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas por aquele que dura até à vida eterna, que o Filho do Homem vos dará” (v. 27).

A multidão não compreende, e julga que Jesus pede a observância de preceitos para obter a continuação daquele milagre, e pergunta: “Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?” (v.28). A resposta de Jesus é clara: “A obra de Deus é esta: que acrediteis naquele que Ele enviou” (v. 29). O centro da existência, aquilo que dá sentido e esperança firme ao caminho muitas vezes difícil da vida é a fé em Jesus, o encontro com Cristo. Também nós perguntemos: “Que devemos fazer para ter a vida eterna?”. E Jesus diz: “Acreditai em mim”. A fé é o elemento fundamental. Não se trata aqui de seguir uma ideia, um programa, mas de encontrar Jesus como uma Pessoa viva, de se deixar comprometer totalmente por Ele e pelo seu Evangelho. Jesus convida a não se limitar ao horizonte puramente humano e a abrir-se ao horizonte de Deus, ao horizonte da fé. Ele exige uma única obra: aceitar o plano de Deus, ou seja, “acreditar naquele que Ele enviou” (v. 29). Moisés tinha dado a Israel o maná, o pão descido do céu com que o próprio Deus alimentara o seu povo. Jesus não concede algo, doa-se a Si mesmo: Ele é o “Pão Verdadeiro, descido do Céu”, Ele, a Palavra viva do Pai; e é no encontro com Ele que acolhemos o Deus vivo.

“Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?” (v. 29), pergunta a multidão, pronta a agir, para que o Milagre do Pão continue. Mas Jesus, verdadeiro Pão de Vida que sacia a nossa fome de sentido, de verdade, não se pode “ganhar” com o trabalho humano; Ele chega a nós somente como Dom do Amor de Deus, como Obra de Deus que devemos pedir e acolher.

Jesus Cristo é o verdadeiro alimento que nos transforma e nos dá forças para realizarmos a nossa vocação cristã. Exorta vivamente São João Paulo II: “Só mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heroicas do cristianismo: a caridade até o perdão dos inimigos, até o amor pelos que nos fazem sofrer, até a doação da própria vida pelo próximo; a castidade em qualquer idade e situação de vida; a paciência, especialmente na dor e quando estranhamos o silêncio de Deus nos dramas da história ou da nossa existência. Por isso, sede sempre almas eucarísticas para poderdes ser cristãos autênticos”.

A igreja vive da Eucaristia. O concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã” (LG, 11). Com efeito, “na Santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo” (PO, 5).

A Igreja vive de Jesus Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús:  “Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no” (Lc 24,31).

Referindo-se à Eucaristia, ensinava São Josemaría Escrivá: “O maior louco que já houve e haverá é Ele (Jesus). É possível maior loucura do que entregar-se como Ele se entrega, e àqueles a quem se entrega?

Porque, na verdade, já teria sido loucura ficar como um Menino indefeso; mas, nesse caso, até mesmo muitos malvados se enterneceriam, sem atrever-se a maltratá-Lo. Achou que era pouco: Quis aniquilar-se mais e dar-se mais. E fez-se comida, fez-se Pão. Divino Louco! Como é que te tratam os homens?… E eu mesmo?”  (Forja, 824).

Na Eucaristia, a comunhão é tão perfeita que conduz ao apogeu de todos os bens: nela alcançamos a Deus e Ele une-Se conosco pela união mais perfeita. A comunhão eucarística foi-nos dada para nos alimentarmos de Deus sobre esta terra, à espera da saciedade plena no Céu. Esta relação de íntima e recíproca permanência permite antecipar de algum modo o Céu na terra. É verdadeiramente um pedaço de Céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho. A Divina Eucaristia é penhor de vida eterna. É a continuação e ampliação real e universal do mistério do Deus que se fez carne e habitou entre nós, mistério de Deus que ama o seu povo a ponto de morar com eles. A presença de Jesus em nossos sacrários é por si um reflexo e uma ampliação desse fato: Deus se fez carne e mora entre nós. É de justiça que pelo menos de vez em quando façamos visita ao Senhor no Sacrário.

Da Eucaristia brotam todas as graças e todos os frutos de vida eterna – para cada alma e para a humanidade – porque neste Sacramento “está contido todo o bem espiritual da Igreja” (PO, 5).

Quando nos aproximamos da mesa da Comunhão, podemos dizer: “Senhor, espero em Ti; adoro-Te, amo-Te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas” (Forja, 832).

Façamos nosso (no bom sentido) o pedido do povo citado no Evangelho: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6, 34).

“Eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28,20). Jesus não se contentou em dar a vida por nós na Cruz, não quis separar-se materialmente de nós. Eis Jesus aqui, sempre conosco. Permanece acessível, próximo. Mais acessível e mais próximo do que na Palestina há dois mil anos, quando se dizia que estava ora em Nazaré, ora em Jerusalém, ora em Betânia. Agora está materialmente aqui, com seu Corpo, com seu Sangue, com sua Alma, com sua Divindade. Aquele mesmo que as multidões buscavam encontrar e tocar.

Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com Ele.

“Feliz daquela que acreditou” (Lc 1,45): Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo ela serve de “sacrário” – o primeiro “sacrário” da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, se presta à adoração de Isabel, como que “irradiando” a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e o estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?” Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e os restantes apóstolos as palavras da Última Ceia: Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós” (Lc 22,19). Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o dela e reviver o que tinha pessoalmente experimentado junto da Cruz. (Carta Encíclica Ecclesia De Eucharistia , São João Paulo ll,  55 – 56 ).

O primeiro domingo de agosto é dedicado à vocação Sacerdotal.

Rezemos pelos padres! Rezemos ao Senhor para que continue enviando sacerdotes para a Igreja. Que Ele continue abençoando e plenificando a vida de todos os sacerdotes.

Graus de precedência dos dias litúrgicos


01 - Um dado importante e que deve ser considerado na pastoral litúrgica é o grau de importância e a precedência dos dias litúrgicos. Como a Igreja é hierárquica, em três graus, entendendo essa hierarquia como serviço prestado ao povo de Deus, essa dimensão da Igreja se estende também à liturgia. Entendamos: na liturgia, não só os ritos se distinguem entre si por graus de importância, como também as próprias celebrações se distinguem entre si quanto à sua importância litúrgica.

02 - Podemos afirmar então que existem graus e precedência nas celebrações, e se dizemos genericamente "festas", três na verdade são os graus da celebração litúrgica: "solenidade", "festa" e "memória", podendo esta última ser ainda obrigatória ou facultativa. Neste subsídio, a palavra "festa" não será usada no sentido genérico, mas de qualificação litúrgica, a fim de evitar mal-entendidos.

Vejamos então:

SOLENIDADE

03 - É o grau máximo da celebração litúrgica, isto é, aquele que admite, como o próprio nome sugere, todos os aspectos solenes e próprios da liturgia. Na "solenidade", então, três são as leituras bíblicas, canta-se o "Glória" e faz-se a profissão de fé. Pode ainda haver incensação, quando for conveniente. Para a maioria das solenidades existe também prefácio próprio. Embora no mesmo grau, as solenidades distinguem-se ainda, entre si, quanto à precedência. Somente o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor está na liturgia em posição única. As demais solenidades portanto se acham na tabela oficial distinguindo-se apenas quanto ao lugar que ocupam no mesmo nível. Assim, depois do Tríduo Pascal, temos: Natal, Epifania, Ascensão e Pentecostes, o que equivale a dizer que estas quatro solenidades são as mais importantes depois do Tríduo Pascal, mas Natal sobressai em primeiro lugar, depois do Tríduo sacro. Também as solenidades, como os domingos, começam no dia precedente, com as I Vésperas, seguindo a tradição judaica, e nelas canta-se o Te Deum na Liturgia das Horas. Os demais dias litúrgicos começam à meia-noite e terminam à meia-noite.

04 - As “solenidades” são sempre celebradas, ou seja, não podem ser omitidas, como acontece com as “festas” e as “memórias”, nos casos específicos. Porém, a “solenidade” que venha a cair nos domingos da Quaresma, nos dias da Semana Santa ou nos dias da oitava da Páscoa vai ser sempre transferida: se em domingo da Quaresma, para o dia seguinte; se nos outros dias acima citados, para a segunda-feira após a oitava da Páscoa. Atente-se ainda para o que diz o n° 13 deste trabalho sobre as situações em que, no mesmo dia, devem celebrar-se as Vésperas do Ofício corrente e as Vésperas do Ofício seguinte.

As duas maiores “solenidades”, Natal e Páscoa, são celebradas com oitava, isto é, têm seu prolongamento festivo por oito dias. No Ofício Divino, em todos os dias, canta-se ou recita-se o Te Deum.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Liturgia, entre o sagrado e o profano


O que é o sagrado dentro do contexto pós-moderno que vivemos? Qual o espaço que ele ocupa dentro do profano da vida? Estas distinções são traiçoeiras e muitas vezes, corre-se o risco de pecar por serem rasas.

O sagrado é Deus em si; pois Ele é o criador. De Deus viemos e para Ele retornaremos. Isto é, tudo lhe pertence. “Cristo  ontem e hoje... Princípio e fim ... Alfa e ômega... A Ele o tempo e a eternidade...A glória e o poder... Pelos séculos sem fim. Amém”. Nós, seres humanos, somos criaturas. Reconhecer esta condição é propiciar que sejamos capazes de crescer e estabelecer com Deus um relacionamento marcado pela intimidade.

Recorda-nos São Paulo, “não somos filhos de uma escrava, mas filhos de uma mulher livre. Cristo nos libertou para que fossemos realmente livres.” (Gl 4, 31 – 5,1). Resgatados para uma condição de filhos de Deus tornamo-nos Povo Régio e Sacerdotal.  “Vós, porém, constituís uma geração escolhida, um sacerdócio régio, uma gente santa, um poço conquistado, a fim de proclamar as grandezas daquele que das trevas vos chamou para a sua luz admirável. Outrora não éreis objeto de misericórdia. Agora sim, sois objeto de misericórdia” ( 1Pe 2, 9-10). Nas vicissitudes da história e da vida cada cristão é convidado a reconhecer a gratuidade do amor. Se assim caminha passa-se a elevar a Deus um “cântico novo” (Sl 33,3) que brota dos lábios como expressão de louvor ao Criador.

A liturgia que em grego leit (de ‘laós’, povo) e urgia (de érgon, ação, obra). Assim a liturgia é uma ação, obra que se realiza em favor do povo, da comunidade, da vida das pessoas. Para os cristãos, é atualização da entrega de Cristo para a salvação. A liturgia faz o memorial da entrega redentora de Cristo na cruz. Através da ação litúrgica se é inserido nas realidades da salvação. Dessa forma, percebe-se claramente a raiz cristológica da liturgia. Cristo rompe um simples ritualismo e faz a liturgia um “culto agradável e perfeito” ( Rm 12, 1-2). Porém, a liturgia não se restringe a uma realidade de espaço e tempo determinado, mas prolonga-se como experiência vital. E mesma a liturgia conduzida pelo ritual advém de uma experiência transcendental dos antepassados e dos contemporâneos. Ela é meio do qual Deus se utiliza para expressar plenificamente todo o realismo de Sua Palavra e de Sua carne. Por isso, é preciso educar-se para aprender dEle a bem viver e nos alimentar dEle. 

domingo, 26 de julho de 2015

Iniciação e perseverança


Estimados Diocesanos! A missão primeira da Igreja é evangelizar, levar a todos o Evangelho de Jesus Cristo, apresentando o senhor Jesus como o Messias anunciado, esperado e enviado pelo Pai na plenitude dos tempos.

Como discípulos e missionários do Senhor Jesus, não podemos nos acomodar, achando que tê-lo conhecido é o suficiente para alimentar a nossa vida de fé. Em cada tempo e em cada lugar, devemos ter a ousadia de viver a dimensão missionária da nossa fé anunciando Jesus Cristo às pessoas. O encontro com o mestre Jesus proporciona ao discípulo não só admiração, mas uma resposta, uma adesão a uma caminhada de fé que se alimenta do pão da Palavra e do pão da Eucaristia em comunidade.

A família e a comunidade foram os lugares que favoreceram ao longo da história o processo de iniciação à vida cristã e de transmissão de valores. Nos últimos anos, a família passou por um grande processo de transformação, perdendo em algumas realidades sua capacidade de ser o lugar ideal e privilegiado da iniciação cristã das crianças e dos jovens, onde o testemunho de fé dos pais contagiava os corações dos filhos.

A comunidade, lugar de celebração da fé, passou e continua passando por um grande processo de transformação social e religioso. No entanto, para manter sua identidade de comunidade cristã, as pessoas que dela fazem parte, devem continuamente colocar-se na escuta de Deus como discípulas, para poderem anunciar Jesus como missionárias pelo testemunho e pela palavra. 

sábado, 25 de julho de 2015

Um mundo onde não cabem nem “Bergoglios” e nem “Ratzingers”.


"Tu és Petrus et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam"

O discurso contemporâneo tenta colocar a figura de Jesus Cristo como figura subversiva que, atualizada a nossos tempos, acabaria por ser a favor de certas “pautas”, e irremediavelmente incomodaria aqueles que estão contra essas “pautas”.

De fato, Jesus Cristo mesmo tomado apenas como ser histórico é aquele que dá claridade e visibilidade à lei e “rompe” – seria mais correto falar de amadurecimento e perfeição da lei -, de certa forma, com a lei dada por Moisés aos homens, segundo o coração duro daqueles que estavam com ele. Mas Cristo vai muito além do que isso: Ele incomodaria a você e a mim mesmo, Ele diria coisas e colocaria diante de nós questões que nos tirariam do eixo. Jesus não esteve e nem está comprometido com uma pauta ideológica, mas sim com a verdade, e como diria Santo Agostinho, "a verdade tem poucos amigos".

Por dizer a verdade, sabemos onde Cristo foi parar, e hoje acabaria morrendo da mesma forma, não por causa de um lado conservador ou um lado progressista, não por uma direita ou uma esquerda, mas por que a verdade incomoda o ser humano, tira-o do seu eixo de estagnação. Queremos enfim, a preguiça das ideias relativas, das opiniões infundadas e das relações superficiais; Cristo quer dinâmica das verdades concretas, das opiniões cheias de sentido (significado e também DIREÇÃO) e das relações pessoais e íntimas (empatia, fraternidade, caridade, justiça).

Não seria surpresa que os dois últimos papas de nossa Igreja tenham sido ao mesmo tempo tão louvados e odiados pela maioria das pessoas. Esse misto entre admiradores e perseguidores de ambos acabou por criar um clima nada católico dentro da Igreja. Considero-a uma divisão que só existe nos olhos daqueles que insistem em criar uma profunda cisão no seio da Igreja. Bento XVI e Francisco podem ter perfis diferentes, mas, fica claro a qualquer observador atento que ambos sempre tiveram e têm o mesmo objetivo: mostrar o perigo do pensamento moderno para a fé e para a dignidade humana.