terça-feira, 4 de agosto de 2015

A santa ira de São João Maria Vianney


Era 1827 e as multidões que chegavam à aldeia de Ars vinham de toda parte. A fama do Padre Vianney já havia se espalhado pelos quatro cantos da França. Barões, clérigos, camponeses, curiosos; todos queriam conhecer aquela figura a qual tinham por santo. Um médico, tomado pelas intrigas dos colegas, decidira visitar o sacerdote, a fim de confirmar suas injustas suspeitas. De volta à capital, Paris, não pôde dizer aos amigos outra coisa sobre o pobre cura senão: "eu vi Deus num homem".

A santidade de João Maria Vianney causava constrangimentos. Apegado desde cedo à oração, agia em tudo conforme à vontade divina, fazendo de sua vida um perpétuo louvor a Deus. Tinha um fervor imensurável. Passava horas à frente do sacrário, gastando-se em severas penitências e na meditação dos santos mistérios: "O meu terço vale mais que mil sermões". Por isso, não poupou esforços no combate às blasfêmias e à libertinagem. Era o zelo pela casa do Pai que o consumia.

Os primeiros anos de Vianney em Ars foram de grandes desafios. A pequena aldeia estava atolada no indiferentismo. Trabalhava-se no domingo, blasfemava-se no campo, a falta de modéstia e os divertimentos profanos reinavam no coração daquela gente. A situação era desesperadora. E para uma alma apaixonada como a do Cura D'Ars, assistir àquele espetáculo de imoralidades era como ver a Cristo sendo crucificado. Com efeito, tratou logo de agir.

Sem fazer concessões, apressou-se em instruir os mais novos na catequese e nas práticas piedosas. Vianney estava convencido de que a ignorância religiosa era a causa de todos os males: "Este pecado condenará mais almas do que todos os outros juntos, porque uma pessoa ignorante quando peca não conhece nem o mal que faz, nem o bem que perde". Do alto do púlpito, atacava a todos pulmões as tabernas e o trabalho no domingo. Começava uma guerra sem tréguas, e o santo não iria recuar enquanto não visse a sua paróquia, de joelhos, diante do Senhor. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Escravidão sexual: Estado Islâmico prossegue a prática sem ser muito incomodado nem sequer pela mídia


"Eu fui estuprada TRINTA VEZES e ainda não é nem meio-dia. Eu não tenho condições de ir ao banheiro. POR FAVOR, BOMBARDEIEM-NOS".

Esta aberração em forma de palavras foi proferida por uma jovem yazidi durante conversa via celular com ativistas do Compassion4Kurdistan. Segundo artigo de Nina Shea no The American Interest, aquela jovem está longe de estar sozinha. Meninas e mulheres continuam sendo vendidas para encher os cofres da abominação autoproclamada “Estado Islâmico” e para atrair homens jovens à barbárie da jihad no Iraque e na Síria.

Nina Shea é diretora sênior do Departamento do Instituto Hudson para a Liberdade Religiosa. Enquanto o mundo recorda nesta semana o primeiro aniversário da expulsão de milhares de cristãos do norte do Iraque, ela afirma que a escravidão sexual de mulheres cristãs e yazidis nas mãos dos militantes do Estado Islâmico permanece largamente ignorada.

O diretor do Wilson Center Middle East, Haleh Esfandiari, observa que "os governos árabes e muçulmanos, embora falem alto ao condenarem o EI como uma organização terrorista, calam a boca sobre o tratamento às mulheres". A reação da Casa Branca também é de espantoso silêncio. O relatório 2015 do Departamento de Estado norte-americano sobre tráfico sexual, lançado em 27 de julho, dedica dois parágrafos, em 380 páginas, à institucionalização da escravidão sexual pelo Estado Islâmico no ano passado.

"Em agosto do ano passado, pouco depois de o EI estabelecer seu ‘califado’, eles começaram a capturar mulheres e meninas não sunitas e a dá-las como prêmio ou vendê-las como escravas sexuais. Na grande maioria, elas eram yazidis, mas, de acordo com relatórios da ONU, também havia cristãs", escreve Shea, entre cujos relatos angustiantes há os de meninas de 9 anos violentadas pelos seus “donos”.

Jesus sacia fome de sentido da vida, explica Papa


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 26 de Julho de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (Jo 6, 1-15) apresenta o grande sinal da multiplicação dos pães, na narração do evangelista João. Jesus está na margem do lago da Galileia, circundado por «uma grande multidão», atraída pelos «sinais que realizava em favor dos doentes» (v. 2). Nele age o poder misericordioso de Deus, que cura todos os males do corpo e do espírito. Mas Jesus não é só alguém que cura, é também mestre: com efeito sobe ao monte e senta-se, na típica atitude do mestre quando ensina: sobe a esta «cátedra» natural criada pelo seu Pai celeste. A este ponto Jesus, que bem sabe o que está para fazer, põe os seus discípulos à prova. Que fazer para matar a fome a toda aquela gente? Filipe, um dos Doze, faz um cálculo rápido: organizando uma colecta, poder-se-ão no máximo recolher duzentos denários para comprar pão, que contudo não seria suficiente para matar a fome a cinco mil pessoas.

Os discípulos raciocinam em termos de «mercado», mas Jesus substitui a lógica do comprar com a outra lógica, a lógica do doar. E eis que André, outro Apóstolo, irmão de Simão Pedro, apresenta um jovem que põe à disposição tudo aquilo que possui: cinco pães e dois peixes; mas — diz André — que é isso para tanta gente (cf. v. 9). Jesus esperava precisamente isto. Ordena aos discípulos que façam sentar aquela multidão, depois tomou aqueles pães e peixes, deu graças ao Pai e distribuiu-os (cf. v. 11). Estes gestos antecipam os da Última Ceia, que conferem ao pão de Jesus o seu significado mais verdadeiro. O pão de Deus é o próprio Jesus. Tomando a Comunhão com Ele, recebemos a sua vida em nós e tornamo-nos filhos do Pai celeste e irmãos entre nós. Recebendo a comunhão encontramo-nos com Jesus realmente vivo e ressuscitado! Participar na Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus, a lógica da gratuitidade, da partilha. E por mais pobres que sejamos, todos podemos oferecer alguma coisa. «Receber a Comunhão» significa também obter de Cristo a graça que nos torna capazes de partilhar com os outros aquilo que somos e o que possuímos.

A multidão fica admirada com o prodígio da multiplicação dos pães; mas o dom que Jesus oferece é a plenitude de vida para o homem faminto. Jesus sacia não só a fome material, mas aquela mais profunda, a fome do sentido da vida, a fome de Deus. Perante o sofrimento, a solidão, a pobreza e as dificuldades de tantas pessoas, o que podemos fazer? Lamentar-nos nada resolve, mas podemos oferecer aquele pouco que temos, como o jovem do Evangelho. Certamente temos algumas horas à disposição, algum talento, competência... Quem não tem os seus «cinco pães e dois peixes»? Todos os temos! Se estivermos dispostos a pô-los nas mãos do Senhor, serão suficientes para que no mundo haja um pouco mais de amor, paz, justiça e sobretudo alegria. Como é necessária a alegria no mundo! Deus é capaz de multiplicar os nossos pequenos gestos de solidariedade e tornar-nos participantes do seu dom.

Que a nossa oração ampare o compromisso comum para que nunca falte a ninguém o Pão do céu que dá vida eterna e o necessário para uma vida digna, e se afirme a lógica da partilha e do amor. A Virgem Maria nos acompanhe com a sua materna intercessão.

Nossa Senhora Aparecida no samba?


Segundo a imprensa noticiou recentemente, certa escola de samba da cidade de São Paulo manifestou o interesse de “homenagear” nossa Senhora Aparecida no carnaval de 2017, quando serão comemorados os 300 anos da invenção (descoberta) de uma imagem de Maria santíssima no Rio Paraíba.

Por mais bem-intencionados que estejam os carnavalescos, o carnaval, festa pagã por excelência, não se compagina com a pureza de santa Maria. Como conciliar a sensualidade inerente ao carnaval com a castidade da mãe de Jesus, virgem antes, durante e depois de parir o salvador do mundo?

Nossa Senhora Aparecida não é simplesmente “patrimônio” da cultura popular; ela é um ser humano, que vive no céu com os bem-aventurados, donde medeia todas as graças. A devoção à padroeira do Brasil pertence, isto sim, à religiosidade popular.

Há alguns anos, sua eminência, dom Eugênio Salles, de saudosa memória, proibiu que uma escola de samba do Rio de Janeiro levasse à avenida uma imagem do Cristo Redentor, porque não se pode misturar o sagrado com o profano, principalmente no carnaval, notoriamente conhecido pela lascívia e pelos excessos de variegado jaez.  

Dia de oração pelos cristãos perseguidos


A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), entidade com sede no Vaticano que apoia projetos da Igreja Católica em mais de 140 países no mundo, promoverá no próximo 6 de agosto o Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos no Oriente Médio.

A ação, que acontecerá no Brasil e países da Europa e da Ásia, conta com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e será marcada por uma celebração presidida pelo Cardeal Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer, na Catedral da Sé, em São Paulo, às 17h, precedida por uma breve introdução ao tema. Serão celebradas também Missas em diversas paróquias do país.

Há um ano, na noite de 6 para 7 de agosto, milhares de cristãos fugiram do norte do Iraque, quando o grupo Estado Islâmico tomou a planície de Nínive. A região concentrava 25% dos cristãos do país e também reunia algumas minorias muçulmanas ameaçadas. A Fuga ocorreu à noite, com milhares de pessoas caminhando pelas estradas em direção às cidades curdas de Erbil e Dohuk.

Em carta enviada à AIS, o chefe da Igreja Católica Caldeia, o Patriarca Louis Raphael Sako, descreveu a crise humanitária que se seguiu à tomada da região pelo grupo extremista: "Cerca de 100 mil cristãos, aterrorizados e em pânico, fugiram de suas casas sem nada, somente com as roupas do corpo." Ele citou o evento como "uma verdadeira via crucis", e acrescentou: "Os cristãos estão andando a pé no calor do verão escaldante do Iraque para as cidades curdas. Entre eles, há doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas, enfrentando uma catástrofe humana e com risco de se tornar um verdadeiro genocídio. Eles precisam de água, comida, abrigo”, disse. 

domingo, 2 de agosto de 2015

Padre: uma bela vocação e missão


O mês de agosto, dedicado às vocações, se inicia com o dia do padre. Isto porque no dia 04 de agosto recordamos S. João Maria Vianney, ardoroso pároco de Ars, na França, no século XIX. É o padroeiro dos padres, pela exemplaridade de sua vida doada no seu ministério pastoral. Durante 40 anos doou sua vida pelo seu rebanho. Permanecia até 18 horas diárias no confessionário atendendo os fiéis, vivendo no despojamento.

Conhecido por vários nomes

Os vários modos como o padre é conhecido e chamado indicam as diferentes missões que lhe são confiadas: o padre, porque é o pai espiritual; o presbítero, porque é o mestre, guia e sinal de comunhão nas comunidades; sacerdote, porque participa do sacerdócio de Cristo e preside as celebrações litúrgicas; homem de oração, porque místico e especialista nas coisas de Deus; o servo, porque, como Jesus, busca fazer de sua vida uma entrega, por amor; o profeta, porque é o mensageiro da Palavra viva de Jesus; o pastor, porque procura espelhar em seu agir as atitudes do Bom Pastor, no cuidado, na misericórdia e no amor, sobretudo pelos mais sofridos. 

Uma bela forma de vida

“Um homem tirado por Deus do meio do povo e colocado a serviço desse mesmo povo nas coisas de Deus!” (Hb 5,1). Sim, o padre é um homem do nosso tempo, com suas alegrias e seus dramas. Por isso, também os padres encontram dificuldades, desafios e incompreensões. Sentem em si as fraquezas, pecados e, infelizmente, até escândalos. Às vezes, bate-lhes à porta o cansaço e o desânimo. Não deixam nunca de serem humanos. Mas tudo isso não tira sua beleza. É bela a vida do padre! Isto nos disse o Papa Francisco, ao afirmar que a missão do padre “são compromissos nos quais o nosso coração estremece e se comove. Alegramo-nos com os noivos que vão casar; rimos com a criança que trazem para batizar; acompanhamos os jovens que se preparam para o matrimônio e para ser família; entristecemo-nos com quem recebe a unção dos enfermos no leito do hospital; choramos com os que enterram uma pessoa querida...” E quando a missão traz o cansaço, diz o Papa, “este cansaço é bom, é saudável. É o cansaço do sacerdote com o cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que contempla os seus filhos ou os seus netinhos.” (Homilia da Missa do Crisma – 02/04/15). 

sábado, 1 de agosto de 2015

Caritas Italiana: mais de 100 milhões os cristãos perseguidos


«Perseguidos»: é explícito o título do dossiê publicado pela Cáritas italiana, dedicado a mais de cem milhões de cristãos vítimas, juntamente com outras minorias, de discriminações, perseguições e violências perpetradas por regimes totalitários ou adeptos de outras religiões.

Só na Coreia do Norte calcula-se que estão presos nos campos de detenção entre 50 e 70.000 cristãos. Existe também a realidade dos países africanos e do Próximo e Médio Oriente onde os cristãos são perseguidos com uma violência evidente. A Cáritas calcula que de Novembro de 2013 a 31 de Outubro de 2014 os cristãos assassinados por razões estreitamente ligadas à sua fé foram 4.344, ao passo que as igrejas atacadas pela mesma razão foram 1.062. 

Cinquentenário da presença dos coroinhas malteses na basílica de São Pedro - Fidelidade ao serviço


Passaram cinquenta anos desde quando os primeiros coroinhas malteses chegaram a Roma para prestar serviço no período de Verão na basílica de São Pedro. Corria o ano de 1965, o concílio Vaticano II ainda não se tinha concluído e aqueles jovens vivazes corriam de um altar para o outro para servir a missa. 

Até oito celebrações por dia! Aqueles jovens tornaram-se jornalistas, médicos, advogados, sacerdotes, operários e professores; mas todos conservam a recordação daqueles longos dias do Verão romano, quando cansados mas contentes iam visitar a cidade depois que acabavam o trabalho como ministrantes. Aqueles coroinhas de então, juntamente com os trinta e seis que iniciam o seu serviço neste período, encontraram-se em Roma para dois dias celebrativos do aniversário. E naturalmente iniciaram participando na manhã de quinta-feira, 30 de Julho, na missa celebrada pelo cardeal arcipreste Angelo Comastri na capela do coro da basílica vaticana.