segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Escravidão sexual: Estado Islâmico prossegue a prática sem ser muito incomodado nem sequer pela mídia


"Eu fui estuprada TRINTA VEZES e ainda não é nem meio-dia. Eu não tenho condições de ir ao banheiro. POR FAVOR, BOMBARDEIEM-NOS".

Esta aberração em forma de palavras foi proferida por uma jovem yazidi durante conversa via celular com ativistas do Compassion4Kurdistan. Segundo artigo de Nina Shea no The American Interest, aquela jovem está longe de estar sozinha. Meninas e mulheres continuam sendo vendidas para encher os cofres da abominação autoproclamada “Estado Islâmico” e para atrair homens jovens à barbárie da jihad no Iraque e na Síria.

Nina Shea é diretora sênior do Departamento do Instituto Hudson para a Liberdade Religiosa. Enquanto o mundo recorda nesta semana o primeiro aniversário da expulsão de milhares de cristãos do norte do Iraque, ela afirma que a escravidão sexual de mulheres cristãs e yazidis nas mãos dos militantes do Estado Islâmico permanece largamente ignorada.

O diretor do Wilson Center Middle East, Haleh Esfandiari, observa que "os governos árabes e muçulmanos, embora falem alto ao condenarem o EI como uma organização terrorista, calam a boca sobre o tratamento às mulheres". A reação da Casa Branca também é de espantoso silêncio. O relatório 2015 do Departamento de Estado norte-americano sobre tráfico sexual, lançado em 27 de julho, dedica dois parágrafos, em 380 páginas, à institucionalização da escravidão sexual pelo Estado Islâmico no ano passado.

"Em agosto do ano passado, pouco depois de o EI estabelecer seu ‘califado’, eles começaram a capturar mulheres e meninas não sunitas e a dá-las como prêmio ou vendê-las como escravas sexuais. Na grande maioria, elas eram yazidis, mas, de acordo com relatórios da ONU, também havia cristãs", escreve Shea, entre cujos relatos angustiantes há os de meninas de 9 anos violentadas pelos seus “donos”.
Frank Wolf, ex-deputado norte-americano que entrevistou refugiados no Curdistão em janeiro, ouviu o relato de Du'a, uma adolescente yazidi mantida presa em Mossul com outras 700 meninas da mesma etnia. As reféns eram separadas por cor dos olhos e os membros do EI as escolhiam para si como produtos. O “resto” era separado entre “bonitas” e “feias”. As mais bonitas eram dadas aos membros de alto escalão do EI.

Neste mês, o SITE Intelligence Group, que monitora atividades on-line dos extremistas, descobriu no Twitter um panfleto do EI anunciando que meninas capturadas em batalha seriam os três primeiros prêmios de um concurso de recitação do alcorão realizado em duas mesquitas sírias durante o ramadã. A cobertura do escândalo se limitou a mensagens na internet.

No entanto, o fenômeno é tão inegável que “juristas islâmicos” tiveram de fazer pronunciamentos teológicos sobre ele: o Departamento da Fatwa do Estado Islâmico “esclareceu” que “as fêmeas dos Povos do Livro”, incluindo as cristãs, também podem ser escravizadas para fins de sexo, mas “muçulmanas apóstatas” não podem.

O número de escravas sexuais cristãs é desconhecido. Em março, 135 mulheres e crianças estavam os sequestrados de 35 aldeias cristãs da região do rio Khabour, na Síria. O EI pediu 23 milhões de dólares pelo resgate, que, obviamente, as famílias eram incapazes de pagar. "Elas agora pertencem a nós", finalizaram os fanáticos. As mais velhas foram liberadas; as mais jovens não. Embora ainda não haja confirmação, o mais provável é que elas tenham sido escravizadas.


Esta prática, escreve Shea, "precisa ser vigorosamente condenada como parte de um genocídio religioso tanto quanto as horríveis decapitações".
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Aleteia

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