quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Mês da Bíblia 2015: Evangelho de João


Caros leitores e leitoras,

Graça e paz!

Neste ano, o livro proposto pela CNBB para aprofundamento no mês da Bíblia é o Evangelho de João. O lema escolhido é “Permanecei no meu amor para produzir muitos frutos”, e o tema, “Discípulos missionários a partir do Evangelho de João”. O mandamento do amor de uns para com os outros, sinal do discipulado, é o principal legado do Evangelho de João. Não se trata de um “amor” qualquer, lembrando que a palavra “amor” é muito banalizada e usada para tudo em nossos dias. Trata-se de amor que tem como meta e como ideal o amor de Cristo. A vivência desse amor nas comunidades cristãs e dos cristãos para com o todo da criação é a principal força missionária. Como tem repetido o papa Francisco, a Igreja cresce não por proselitismo, mas pela força de atração que vem do testemunho.

Aspectos muito concretos do contexto da comunidade de João ocasionaram a ênfase dada ao mandamento do amor e a busca por fortalecer e aprofundar a fé. A comunidade era formada por significativa diversidade: judeus convertidos, samaritanos, pagãos convertidos, galileus, pobres, ricos, membros do grupo de João Batista. Isso exigiu maior abertura para conviver com pessoas de mentalidades diferentes. A convivência e os vínculos de fraternidade foram possíveis por meio do amor, força capaz de ultrapassar as barreiras e preconceitos e ideal de uma nova aliança baseada na solidariedade. A comunidade também era marcada por conflitos e perseguições por parte das autoridades judeu-farisaicas e do império romano, além de manter divergências com outras correntes filosóficas e religiosas. Tanto pela diversidade cultural como pelos conflitos e dificuldades gerados pelas perseguições, a comunidade precisou aprofundar os laços de amor e a fé para resistir e manter-se fiel. 

O esvaziamento da Igreja Católica


Ao contrário do que alguns podem pensar não falarei aqui de esvaziamento de fiéis. O tema deste texto é o esvaziamento de símbolos dentro da Igreja Católica, que foi um dos motivos pelo esvaziamento de fiéis. Conseguiu compreender? Então vamos lá.

Recentemente o Jô Soares entrevistou o excomungado Padre Beto, e quando entraram no assunto sobre o uso de batina, em determinado momento o entrevistador fala:

“Desculpa, não estou querendo entrar em polêmica. É que eu acho fantástico o simbolo. Eu acho que a Igreja Católica perdeu muito exatamente porque abriu mão de vários símbolos. Porque o que atrai na crença é também a simbologia dessa crença… Os padres ficaram mais laicos que os próprios frequentadores (leia-se fiéis).”

Infelizmente Jô Soares tem uma grande razão no que diz, pois vemos que diante de uma tentativa de "modernização" do catolicismo, retiraram a mística e profundidade de muitas coisas. Para ser mais "acessível", banalizaram ou deixaram de lado vários aspectos.

A perda da mística e profundidade se deu de forma muito acentuada no século XX, pois havia uma mentalidade de se afastar do "homem medieval" e buscar o "homem racional e moderno". Não é à toa que São Padre Pio de Pietrelcina foi perseguido e censurado até mesmo dentro da Igreja, e por parte do alto clero no Vaticano. Muitos não aceitavam mais a experiência mística e espiritual, tudo teria que ter uma explicação científica e racional, ainda que para os Papas a visão fosse outra. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Homilética: 23º Domingo Comum - Ano B: "Escutar e anunciar".


O Profeta Isaías, num momento de tribulação, levanta-se para reconfortar o Povo eleito que vive no desterro (Is 35, 4-7). Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus… é Ele que vem para vos salvar. E o Profeta apresenta prodígios que terão o seu pleno cumprimento com a chegada do Messias: Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos; brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. Com Cristo, todos os homens são curados, e as fontes da graça, sempre inesgotáveis, convertem o mundo numa nova criação.

No Evangelho (Mc 7, 31-37) encontramos a realização da profecia de Isaías.

Jesus abre os ouvidos e solta a língua de um surdo-mudo. E o povo, entusiasmado, vê nessa cura um sinal da presença do Poder salvífico do Messias e exclama: “Tudo Ele tem feito bem. Fez os surdos ouvirem e os mudos falarem.”

Nesta cura que o Senhor realizou, podemos ver uma imagem da sua ação nas almas: ela livra o homem do pecado, abre-lhe os ouvidos para que escute a Palavra de Deus e solta-lhe a língua para que louve e proclame as maravilhas divinas. Santo Agostinho, ao comentar esta passagem do Evangelho, diz que a língua de quem está unido a Deus “falará do bem, tornará unido os que estavam divididos, consolará os que choram… Deus será louvado, Cristo será anunciado.” É o que nós faremos se tivermos o ouvido atento às contínuas moções do Espírito Santo e a língua preparada para falar de Deus sem respeitos humanos.

Existe uma surdez da alma que é pior que a do corpo, porque não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir. São muitos os que têm os ouvidos fechados à Palavra de Deus, e são também muitos os que se vão endurecendo cada vez mais ante as inúmeras chamadas da graça! O nosso apostolado paciente, tenaz, cheio de compreensão, acompanhado de oração, fará com que muitos dos nossos amigos ouçam a voz de Deus e se convertam em novos apóstolos que a preguem por toda a parte.

Não podemos  ficar mudos quando devemos falar de Deus e da sua mensagem sem constrangimento algum, antes vendo nisso um título de glória: os pais aos seus filhos; o amigo ao amigo, com sentido de oportunidade, mas sem receios; o colega de escritório aos que trabalham ao seu lado, com o seu comportamento exemplar e alegre e com a palavra que estimula a sair da apatia; o estudante aos colegas de Universidade com quem convive tantas horas por dia…

Peçamos ao Senhor fé e audácia para anunciar com clareza e simplicidade as maravilhas de Deus de que somos testemunhas, como fizeram os Apóstolos depois do dia de Pentecostes. Santo Agostinho aconselha-nos: “Se amais a Deus, atraí para que O amem todos os que se reúnem convosco e todos os que vivem na vossa casa. Se amais o Corpo de Cristo, que é a unidade da Igreja, estimulai a todos para que gozem de Deus e dizei-lhes com Davi: “ Celebrai comigo o Senhor, exaltemos juntos o seu nome” (Sl 33 (34), 4); e nisto não sejais parcos nem tímidos, mas conquistai  para Deus todos os que puderdes e por todos os meios possíveis, conforme a vossa capacidade, exortando-os, suportando-os, suplicando-lhes, conversando com eles e falando-lhes com toda a mansidão e suavidade da razão de ser das coisas que dizem respeito à fé.” Não fiquemos calados quando tantas são as coisas que Deus quer dizer através das nossas palavras.

Cardeal assegura: Sínodo não vai mudar nada na Doutrina da Igreja sobre o matrimônio


“Não pensemos que o Sínodo vai inventar nada novo, a doutrina é a de sempre”, disse o Cardeal Juan Luis Cipriani, Arcebispo de Lima e Primaz do Peru, a respeito do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Família, a ser celebrado entre os dias 4 e 25 de outubro deste ano no Vaticano.

Em declarações ao Grupo ACI, durante o X Congresso Nacional Eucarístico e Mariano, realizado em Piura (Peru) durante o mês de agosto, o Cardeal Cipriani assinalou: “o que se espera do Sínodo é que confirme toda a doutrina que a Igreja sempre mostrou em uma continuidade de seus ensinamentos, isso não mudará nada”.

O Arcebispo de Lima explicou que “desde o ponto de vista pastoral, provavelmente ante tanto divórcio e tanto problema matrimonial e ruptura familiar, tenhamos que dirigir um maior esforço para preparar melhor os noivos, a fim de atender melhor os casos de pessoas em dificuldades, mas em qualquer caso servirá para reforçar a família como uma grande proposta do próprio Deus”.

“Acho que a família será recuperada, mas teremos que pôr mais atenção e ajudar a tanta gente que está divorciada, vive separada, não para que a doutrina seja modificada, mas para que ponhamos mais esforço em ajudá-los”, indicou o Arcebispo de Lima.

Lombardi: ‘Perdoar o aborto não significa minimizá-lo’


A prerrogativa que concedeu o papa Francisco, durante o Ano Jubilar da Misericórdia, para que os sacerdotes possam perdoar o pecado do aborto não significa minimizar este crime, mas dar a entender, àqueles que o cometeram, a gravidade do mesmo.

Foi o que disse nesta terça-feira o Pe. Federico Lombardi, em algumas declarações realizadas na Sala de Imprensa do Vaticano, apontando que no texto o Papa é claro, pois indica aos sacerdotes que “devem preparar-se para esta grande tarefa” sabendo conjugar “palavras de genuína acolhida com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido”.

Além do mais, os sacerdotes, continuou o porta-voz, deverão “indicar um caminho de conversão verdadeira para chegar a acolher o autêntico e generoso perdão do Pai que tudo renova com a sua presença”.

E precisou que, normalmente, o perdão do pecado para aqueles que cometeram ou participaram de alguma forma em um aborto, pode ser dispensado apenas pelo bispo local ou pelo sacerdote por ele indicado.

Para comemorar este evento, o Papa "decidiu conceder a todos os sacerdotes, neste Ano Jubilar, não obstante qualquer questão contrária, a faculdade de absolver do pecado do aborto aqueles que o praticaram e arrependidos de coração pedem, por isso, perdão”.

Lombardi observou ainda que o Santo Padre indica em sua carta enviada a Mons. Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, que “um dos graves problemas do nosso tempo é, certamente, a mudança da relação com a vida. Uma mentalidade muito generalizada que causou uma perda da devida sensibilidade pessoal e social para a aceitação de uma nova vida. Alguns vivem o drama do aborto com uma consciência superficial, quase sem perceber o dano gravíssimo que envolve um ato desse tipo".

Por isso insistiu o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o perdão tem de abrir as portas para a conversão daqueles que cometeram esse pecado.

O Papa explica o Jubileu da Misericórdia e o perdão do aborto


CARTA DO SANTO PADRE A MONS. FISICHELLA,
ESCLARECENDO A INDULGÊNCIA, A ABSOLVIÇÃO DE PECADOS GRAVES
 E A POSSIBILIDADE DOS MEMBROS DA COMUNIDADE SÃO PIO X
DE CONFESSAR-SE VÁLIDA E LICITAMENTE


Ao Venerado Irmão
D. Rino Fisichella
Presidente do Pontifício Conselho
para a Promoção da Nova Evangelização

A proximidade do Jubileu Extraordinário da Misericórdia permite-me focar alguns pontos sobre os quais considero importante intervir para consentir que a celebração do Ano Santo seja para todos os crentes um verdadeiro momento de encontro com a misericórdia de Deus. Com efeito,  desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz.

O meu pensamento dirige-se, em primeiro lugar, a todos os fiéis que em cada Diocese, ou como peregrinos em Roma, viverem a graça do Jubileu. Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como Jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro. 

Palavra de Vida: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22,39).


Essa frase do Evangelho é de aplicação imediata, clara, límpida – e exigente. Vejamos o seu contexto. Jesus responde a um escriba, um estudioso da Bíblia, que lhe perguntou qual é o maior dos mandamentos, entre os 613 preceitos da Sagrada Escritura a serem observados.

Um dos grandes mestres, o rabi Shamai, tinha-se recusado a dar a sua opinião. Outros, como o rabi Hilel, já consideravam que o centro de tudo é o amor: “Não faças aos outros aquilo que não gostarias que fizessem a ti. Essa é toda a lei. O resto é só comentário”.

Jesus não só reafirma a centralidade do amor, mas reúne em um único mandamento o amor a Deus (cf. Dt 6,4) e o amor ao próximo (cf. Lv 19,18). Basta ver a resposta dada ao escriba: “O primeiro [mandamento] é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ E o segundo mandamento é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro mandamento maior do que estes.”

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

Essa segunda parte do único mandamento é expressão da primeira parte, o amor a Deus. A melhor maneira de demonstrar o nosso amor a Deus é amarmos os outros de tal modo que eles encontrem em nós a expressão do amor de Deus para com eles. Assim como os pais ficam felizes vendo seus filhos em harmonia, ajudando-se, estando unidos, Deus – que para nós é como um pai e uma mãe – se alegra em ver que amamos o próximo como a nós mesmos, contribuindo assim à unidade da família humana.

Há séculos os profetas explicavam ao povo de Israel que Deus quer o amor e não os sacrifícios e os holocaustos (cf. Os 6,6). O próprio Jesus o relembra, quando diz: “Ide, pois, aprender o que significa: Misericórdia eu quero, não sacrifícios” (Mt 9,13). De fato: como se pode amar Deus que não se vê, quando não se ama o irmão que se vê? (cf. 1Jo 4,20). Nós o amamos, servimos, honramos, na medida em que amamos, servimos, honramos qualquer pessoa, amiga ou desconhecida, da nossa raça ou de outra, e de modo especial os “pequenos”, os mais necessitados. É o convite a transformarmos o culto em vida: ao sairmos das igrejas onde adoramos, amamos, louvamos a Deus, ir ao encontro dos outros, para atuar o que compreendemos na oração. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Jesus oferece as chaves pra superar as dificuldades, diz Papa.



PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 23 de Agosto de 2015


Queridos irmãs e irmãs, bom dia!

Conclui-se hoje a leitura do capítulo seis do Evangelho de João, com o discurso sobre o «Pão da vida», pronunciado por Jesus no dia seguinte ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. No final daquele discurso, o grande entusiasmo do dia anterior apagou-se, porque Jesus tinha afirmado ser Pão descido do céu, e que teria dado a sua carne como alimento e o seu sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício da sua própria vida. Aquelas palavras suscitaram desilusão nas pessoas, que as julgaram indignas do Messias, não «vencedoras». Portanto, alguns olhavam para Jesus: como um Messias que devia falar e agir de forma que a sua missão tivesse sucesso, imediatamente. Mas precisamente sobre isso eles enganavam-se: acerca do modo de conceber a missão do Messias! Nem sequer os discípulos conseguem aceitar aquela linguagem inquietante do Mestre. E o trecho de hoje refere as suas apreensões: «Isto é muito duro! — diziam — Quem o pode admitir?» (Jo 6, 60).

Na realidade, eles compreenderam bem o discurso de Jesus. Tão bem que não queriam ouvi-lo, porque é um discurso que põe em crise a sua mentalidade. As palavras de Jesus sempre nos põem em crise, por exemplo diante do espírito do mundo, da mundanidade. Mas Jesus oferece a chave para superar as dificuldades: uma chave composta por três elementos. Primeiro, a sua origem divina: Ele desceu do céu e subirá «para onde estava antes» (v. 62). Segundo: as suas palavras só podem ser compreendidas através da acção do Espírito Santo, Aquele «que dá a vida» (v. 63) é precisamente o Espírito Santo que nos faz entender bem Jesus. Terceiro: a verdadeira causa da incompreensão das suas palavras é a falta de fé: «Mas há alguns entre vós que não crêem» (v. 64), diz Jesus. Com efeito, desde então, está escrito no Evangelho, «muitos dos seus discípulos se retiraram e voltaram atrás» (v. 66). Perante estas deserções, Jesus não faz concessões e não atenua as suas palavras, aliás obriga a fazer uma escolha específica: estar com Ele ou separar-se d’Ele, e diz aos Doze: «Quereis vós também retirar-vos?» (v. 67).