VIAGEM
APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
A
CUBA, AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
E
VISITA À SEDE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
(19-28
DE SETEMBRO DE 2015)
CELEBRAÇÃO
DAS VÉSPERAS COM SACERDOTES, CONSAGRADOS E SEMINARISTAS
HOMILIA
DO SANTO PADRE
Catedral
de Havana
Domingo,
20 de Setembro de 2015
Reunimo-nos nesta histórica Catedral de Havana
para cantar, com os Salmos, a fidelidade de Deus para com o seu povo, dar
graças pela sua presença, pela sua infinita misericórdia. Fidelidade e
misericórdia, de que se faz memória não só nas paredes desta casa, mas também
nalguns aqui presentes com «cabelos brancos», uma memória viva e actualizada de
que «a misericórdia do Senhor é infinita e a sua fidelidade dura para sempre».
Irmãos, juntos, demos graças!
Demos graças pela presença do Espírito com a
riqueza dos seus diferentes carismas no rosto de tantos missionários que vieram
para estas terras, tornando-se cubanos entre os cubanos, sinal de que é eterna
a misericórdia do Senhor.
O Evangelho apresenta-nos Jesus em diálogo com
seu Pai, coloca-nos no centro da intimidade entre o Pai e o Filho feita
oração. Quando se aproximava a sua hora, Jesus rezou ao Pai pelos seus
discípulos, pelos que estavam com Ele e pelos que haviam de vir (cf. Jo 17,
20). Faz-nos bem pensar que, naquela hora crucial, Jesus coloca na sua oração a
vida dos seus, a nossa vida. E pede a seu Pai que os mantenha na unidade e na
alegria. Jesus conhecia bem o coração dos seus, conhece bem o nosso coração.
Por isso, reza, pede ao Pai que não prevaleça neles uma consciência que tenda a
isolar-se, a refugiar-se nas próprias certezas, seguranças, nos próprios
espaços; que tenda a desinteressar-se da vida dos outros, instalando-se em
pequenos «grémios domésticos» que quebram o rosto multiforme da
Igreja. São situações que desembocam numa tristeza individualista;
tristeza que pouco a pouco vai dando lugar ao ressentimento, à lamentação
contínua, à monotonia. «Este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é
a vida no Espírito» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2) a que vos chamou, a que
nos chamou. Por isso, Jesus reza, pede que a tristeza e o isolamento não
prevaleçam no nosso coração. E nós queremos fazer o mesmo, queremos unir-nos à
oração de Jesus, às suas palavras, dizendo juntos: «Pai santo, (…) guarda-os em
ti, para serem um só, como Nós somos (…), e tenham em si a plenitude da minha
alegria» (Jo 17, 11.13).
Jesus reza e convida-nos a rezar, porque sabe que
há coisas que só podemos alcançar como dom, coisas que só podemos viver
como um presente. A unidade é uma graça que só o Espírito Santo nos pode dar; a
nós, compete-nos pedi-la e dar o melhor de nós mesmos para sermos transformados
por este dom.