quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Candidato à presidência dos EUA compara o aborto à escravidão e pede pelo seu fim


Benjamin “Ben” Carson, pré-candidato presidencial americano – o qual busca a nominação do Partido Republicano – comparou o aborto à escravidão e ainda pediu o seu fim em quase todas suas causas.

O caso judicial Roe e Wade permitiu a legalização do aborto nos Estados Unidos em janeiro de 1973. Desde então, calculam que praticaram cerca de 55 milhões de abortos nesse país.

Na opinião de Carson, “na situação ideal, a mãe não deveria acreditar que o bebê é o seu inimigo e nem deveria tentar abortá-lo”.

Em declarações ao programa ‘Meet the Press’ da rede NBC em 25 de outubro, Carson recordou que “durante a escravidão – e sei que essa é uma das palavras que se supõe que não deveria dizer, mas a estou dizendo –, durante a escravidão muitos dos donos dos escravos pensavam que tinham o direito de fazer o que quisessem com esse escravo, qualquer coisa que escolhessem fazer”.

“E caso os abolicionistas dissessem ‘bom, não acredito na escravidão. Acho que não está bem, mas vocês podem fazer o que quiserem’, onde estaríamos?”, questionou o político americano.

Carson trabalhou como médico neurocirurgião e alcançou a direção do serviço de Neurocirurgia Pediátrica do importante hospital Johns Hopkins em Maryland (Estados Unidos), entre 1984 e 2013.

Em maio deste ano, anunciou sua pré-candidatura à presidência dos Estados Unidos.

Carson assegurou durante o programa da NBC que “definitivamente gostaria que Roe e Wade fossem revogados”.

“Sou uma pessoa razoável e se as pessoas podem vir com uma explicação razoável de por que gostariam de matar um bebê, escutarei”, ironizou. 

Na catequese, Papa convida a seguir no diálogo inter-religioso


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 28 de outubro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nas audiências gerais sempre há muitas pessoas ou grupos pertencentes a outras religiões; mas hoje essa presença é de tudo particular, para recordar juntos o 50º aniversário da Declaração do Concílio Vaticano II Nostra aetate, sobre as relações da Igreja católica com as religiões não cristãs. Este tema estava fortemente no coração do beato Papa Paulo VI, que já na festa de Pentecostes do ano precedente ao fim do Concílio tinha instituído o Secretariado para os não cristãs, hoje Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Exprimo por isso a minha gratidão e as minhas calorosas boas vindas a pessoas e grupos de diversas religiões, que hoje quiseram estar presentes, especialmente aos que vieram de longe.

O Concílio Vaticano II foi um tempo extraordinário de reflexão, diálogo e oração para renovar o olhar da Igreja católica sobre si mesma e sobre o mundo. Uma leitura dos sinais dos tempos em vista de uma atualização orientada por uma dupla fidelidade: fidelidade à tradição eclesial e fidelidade à história dos homens e das mulheres do nosso tempo. De fato, Deus, que se revelou na criação e na história, que falou por meio dos profetas e totalmente no seu Filho feito homem (cfr Eb 1, 1) se dirige ao coração e ao espírito de todo ser humano, que busca a verdade e os meios de praticá-la.

A mensagem da Declaração Nostra aetate é sempre atual. Retomamos brevemente alguns pontos:

– a crescente inter-dependência dos povos (cfr n.1);

– a busca humana de um sentido da vida, do sofrimento, da morte, interrogações que sempre acompanham o nosso caminho (cfr n.1);

– a comum origem e o comum destino da humanidade (cfr n.1);

– a unicidade da família humana (cfr n. 1);

– as religiões como busca de Deus e do Absoluto, dentro das várias etnias e culturas (cfr n. 1);

– o olhar benevolente e atento da Igreja sobre religiões: essa não rejeita nada nelas que é de belo e verdadeiro (cfr n. 2);

– a Igreja olha com estima os crentes de todas as religiões, apreciando o seu empenho espiritual e moral (cfr n. 3);

– a Igreja, aberta ao diálogo com todos, é ao mesmo tempo fiel à verdade em que acredita, a começar por aquela de que a salvação oferecida a todos tem a sua origem em Jesus, único salvador e que o Espírito Santo está em ação, como fonte de paz e amor. 

Campanha da Fraternidade Ecumênica 2015: Apresentados Texto-Base e Cartaz


Você já pode adquirir o o texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2016 (www.edicoescnbb.com.br/cfe2016), que tem por objetivo o debate de questões relativas ao saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos. O tema escolhido para a Campanha é “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24).

A reflexão da CEF 2016 será a partir de um problema que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país. O texto-base está organizado em cinco partes, a partir do método “ver, julgar e agir”. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha de 2016.

Internacionalização

Uma das novidades da CFE é a parceria com a Misereor – entidade episcopal da Igreja Católica na Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina. Também integram a Comissão da Campanha de 2016: Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Igreja Presbiteriana Unida (IPU), Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA), Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil.

Para adquirir outros materiais referentes à CFE, acesse:

Quer mais informações sobre a Campanha?
Encaminhe um e-mail para: cfecumenica2016@gmail.com

A magia oculta de ‘Os Dez Mandamentos’


Telenovela brasileira baseada na Bíblia encanta milhões de telespectadores. Que feitiço esconde a telenovela brasileira “Os Dez Mandamentos”, da TV Record? Desde março, ela encanta milhões de telespectadores e chegou a desbancar em audiência a gigante TV Globo, algo que não ocorria havia mais de 40 anos.

Quem teria imaginado que uma história baseada em quatro livros da Bíblia judaica (Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) poderia ser capaz de conseguir em alguns momentos uma audiência maior que os jogos da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 2018 ou que o Jornal Nacional, da Globo, imbatível em termos de visibilidade por abraçar todas as classes sociais, dos milionários à classe C?

São perguntas que se fazem, perplexos, os autores de novelas e empresários da cultura televisiva, que nunca teriam imaginado um sucesso tão inesperado da primeira telenovela brasileira, e possivelmente mundial, baseada na Bíblia.

A resposta não é fácil, porque talvez se trate de um sucesso forjado por vários fatores que tiveram um encontro feliz e inesperado.

Há quem pretenda fundamentar esse sucesso da telenovela no fato de ser exibida numa rede evangélica, cujo público acolhe com aplausos um tema bíblico como fundo da trama.

Ao mesmo tempo, esse público, crítico com as criações da Globo – consideradas excessivamente liberais em matéria de sexo e outros assuntos que são polêmicos ou tabus para os religiosos –, talvez possa assistir a Os Dez Mandamentos com os filhos sem se escandalizar.

Poderia ser, de fato, que certo conservadorismo evangélico seja um dos fatores para o sucesso. Mas, é pouco para competir e até desbancar em alguns capítulos o inexpugnável castelo de audiência da Globo, com uma experiência de meio século de telenovelas vendidas para o mundo inteiro, sem restrições econômicas que lhe impeçam de contratar os melhores autores e atores.

Talvez o feitiço de Os Dez Mandamentos, que alcança a um público mais amplo que o das igrejas evangélicas, consista em boa parte de algo que ninguém teria imaginado: a magia escondida nas incríveis e apaixonantes histórias contidas na Bíblia, o único livro declarado Patrimônio da Humanidade, que se permite o luxo de se chamar emblematicamente “o Livro” – pois é isso que “a Bíblia” significa em grego.

É a publicação mais vendida no mundo, com cinco bilhões de exemplares, a única traduzida para mais de 2.000 línguas e dialetos, o primeiro livro publicado quando Gutemberg inventou a prensa, a primeira obra da história considerada mais do que um livro e uma das mais citadas na moderna literatura do grande escritor argentino Jorge Luis Borges, que chegou a dizer que depois dela todos os outros livros são versões dela.

É o grande romance da humanidade, com suas derrotas e vitórias, seu desejo de libertação e a constatação de que a vida não é mais do que um punhado de areia que escorre com rapidez. 

De católicos a pentecostais, depois anglo-carismáticos e outra vez católicos, com toda sua paróquia!


Todos os casos de pastores anglicanos casados que se  uniram à Igreja Católica através de um ordinariato anglo-católico implicam numa viagem espiritual e num sentido de "filho pródigo", mas o itinerário do padre Edward Meeks e sua esposa Jan é dos mais tortuosos, e sua acolhida na Igreja católica foi especialmente generosa.

E é porque ambos cônjuges do matrimônio Meeks se criaram como católicos e de fato foram católicos muito comprometidos.

Depois peregrinaram por 3 denominações protestantes distintas até que, com assombro e agradecimento, Ed foi ordenado sacerdote católico em 23 de junho de 2012; no dia seguinte ingressaram na Igreja Católica 140 paroquianos de sua comunidade anglicana, Christ the King.

Um casal católico e generoso


O testemunho deste matrimônio o conta a esposa, Jan. E, 1977, ela tinha 26 anos, e Edward tinha 30. Estavam felizmente casados e tinham dois filhos pequenos. Edward e Jan se tinham criado como católicos. Ele inclusive foi seminarista uns poucos anos.

Sendo coroinha tinha sentido o "chamado" do altar. Mas deixou o seminário. Antes de casar-se, os dois jovens tinham colaborado como voluntários com o Lar Infantil São Vicente de Paulo. Neste ano eles começaram a acolher bebês "temporalmente" em colaboração com este lar infantil e com Catholic Charities, até que encontrassem uma família adotiva definitiva. Era muito difícil para Jan, que se afeiçoava muito com os bebês e chorava ao entregá-los.

Foi nessa época quando Jan escutou umas pregações gravadas da irmã Briege McKenna (religiosa irlandesa autora do popular livro "Os milagres existem"), que tocaram seu coração com sua exortação: "Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, entregue-se completamente a Ele".

Jan foi uma cristiana "que cumpria", mas agora "meu coração ardia, Jesus estava nas Escrituras, na missa, nos sacramentos, em minha alma e eu não o tinha visto antes". Graças à pregação da irmã Briege McKenna, "essa noite entreguei minha vida completamente a Jesus".

Sua casa se abriu. Adotaram um dos bebês que cuidavam. Acolheram  uma garota grávida e seu bebê em seu lar durante mais de dois anos enquanto se reconciliava com sua família. E depois outras grávidas em apuros. Formaram parte do grupo de oração carismática de sua paróquia, onde aprenderam muito da Bíblia, oração e louvor. 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Conservadores e temporalistas freiam, mas Francisco não vai parar.


O verdadeiro pilar que sustenta tudo na política religiosa do Papa Francisco é o Deus único, uma única Divindade, apoiada pela razão e pela fé. Deus que tudo sustenta e tudo criou e continua criando incessantemente.

O papa não tem um tumor, mesmo que benigno, no cérebro nem outras doenças. Se tivesse, ele diria. Jorge Bergoglio é um homem cujas paixões foram e são a verdade e a fé. A verdade para ele é um valor absoluto; ele aceita o relativismo de todos os outros valores, mas o rejeita firmemente no que diz respeito à verdade. Digo essas coisas porque discutimos várias vezes sobre elas nos nossos encontros. E, como eu não acredito na verdade absoluta, ele captou qual era a diferença que nos dividia: para ele, a verdade absoluta coincide com Deus, para um crente a verdade própria é absoluta, mas apenas a própria, bem sabendo que pode não coincidir com a dos outros.

Lembro-me dessas conversas porque me dão a certeza de que, se estivesse doente, o papa diria. Além disso, há alguns meses, foi justamente ele que disse publicamente: "Não terei muito tempo para levar a cabo o trabalho que devo cumprir, que é a realização dos objetivos prescritos pelo Vaticano II e, em particular, o do encontro da Igreja com a modernidade".

Essa declaração, pela parte que diz respeito ao "pouco tempo disponível", despertou uma grande surpresa e também uma forte preocupação entre aqueles que consideram essencial o seu pontificado para uma renovada mensagem da Igreja. A sua resposta pública foi esta: "Por sorte minha, eu não tenho nenhum mal, mas entrei em uma idade em que as possibilidades de vida tornam-se cada vez menores enquanto o tempo corre. Eu só espero que a transição não seja fisicamente dolorosa. Mas, dito isso, está tudo nas mãos de Deus".

Portanto, o Papa Francisco hoje não está doente. Resta entender por que "os abutres voam sobre ele", como escreveu Vito Mancuso de movo eficaz na quinta-feira passada no nosso jornal. Abutres que lançam falsidades contra Francisco, esperando que ele se torne pontificalmente cadáver, que o Sínodo sobre a família e o Jubileu sobre a Misericórdia sejam dois fracassos, assim como a sua política religiosa em relação ao encontro com a modernidade e a desconstrução – segundo eles – da Igreja.

Os abutres construíram tudo isso e estão cheios de consequências. Nos nossos artigos dos últimos dias, as suas intervenções foram examinadas e conectadas a uma lógica perversa umas às outras. Razões de poder religioso e temporalista os animam e uma visão completamente diferente da Igreja. Eles não querem uma Igreja aberta como Francisco quer; não querem a sua Igreja missionária, não querem o fim do temporalismo. Eles consideram Francisco um intruso, uma espécie de alienígena, de revolucionário incompatível com a tradição.

Por isso, eles combatem, jogam lama, divulgam notícias falsas, revelam supostos documentos, desvelam posições internas no episcopado católico. Uma verdadeira guerra. Francisco vai vencê-la ou perdê-la? E quais são os pilares da sua pregação e quais são as suas armas (se é que se pode falar de armas) nesse embate entre Igreja temporalista e Igreja missionária?

O verdadeiro pilar que sustenta tudo na política religiosa do Papa Francisco é o Deus único, uma única Divindade, apoiada pela razão e pela fé. Deus que tudo sustenta e tudo criou e continua criando incessantemente. Não existe e não pode existir um Deus próprio de cada religião: se Deus é tudo e tudo criou, Ele é de todos e de cada um e continua criando, porque, se parasse, seria uma Divindade que parou e continua sendo espectadora de uma realidade em contínuo movimento, um Deus que se retirou para o alto dos céus, não mais criador, mas testemunha da contínua evolução da sociedade.

Portanto, um Deus criador que as suas criaturas sentem dentro delas, porque uma centelha divina existe em todos, e não importa se são conscientes disso ou não. Essa centelha divina opera nas criaturas através dos instintos, e esses instintos são a vida, o espaço que ocupam, o tempo criativo das partículas elementares que vorticosamente giram pelo universo e as leis às quais obedecem. O Universo e os Universos se modificam continuamente, e essas modificações são guiadas por Deus.

Tudo isso, de fato, é eterno, e a centelha de Divindade dá a cada criatura as suas leis: os átomos têm as suas leis, os astros, as galáxias, os campos magnéticos, as estrelas. Todas essas formas nascem e morrem, e é tempo que as desgasta.

Essa é a visão da realidade que nós, animais pensantes, somos capazes de perceber. Nós temos um planeta que gira em torno de uma estrela. A nossa centelha divina nos deu uma mente que está dentro de um corpo; nós temos pensamentos que brotam da mente, criada, por sua vez, pelo corpo, e esse corpo tem uma vida própria e uma morte própria.

Essas realidades visíveis descrevem as leis evolutivas que nós, animais que veem a si mesmos, imaginamos e descobrimos. Deus está muito além de como nós o pensamos, mas, para aqueles de nós que são crentes, essa é a visão que eles têm. Para aqueles não crentes, a visão é diferente em apenas um ponto: eles não acreditam em um Deus personalizado. Eles pensam em um Ser que gera Entes, ou seja, formas, cada uma com leis próprias. Entre as leis que guiam as criaturas, não existe a de se interpretar, e a interrogação principal é saber quem somos e de onde viemos. Uma das respostas é a religião, isto é, a crença em um Deus e em um eventual além da morte. 

Homilética: Solenidade de Todos os Santos (1º de Novembro*): A Igreja Santa, na Terra e no Céu


Celebrando a Solenidade de Todos os Santos de Deus, comungamos com aqueles que já se encontram na casa do Pai e vivem em plenitude as bem-aventuranças. Nós também somos proclamados felizes, porque formamos a grande família de Deus e procuramos seguir a multidão dos que nos deixaram exemplo de fidelidade e amor. Encontramos em cada um dos santos e das santas um mesmo perfil. Poderíamos mesmo desenhar o seu retrato-robô comum. Por muito frequentarem Cristo, deixaram-se modelar pelos seus traços.

Somente Deus é santo! A ele toda a glória e adoração! É isso que nós dizemos em cada celebração eucarística: Santo, Santo, Santo! Desta maneira nós celebramos a transcendência de Deus, que está acima de tudo e do qual tudo depende. Diante do Deus Santo e, neste sentido, do Totalmente Outro, a nossa proclamação acaba por emudecer-se, pois diante dele cessam as palavras humanas: “à medida que nos aproximamos do cimo, as nossas palavras diminuirão e, no final da subida a essa montanha, nós estaremos totalmente mudos e plenamente unidos ao Inefável” (Pseudo-Dionísio Areopagita, Teologia Mística, c. 3).

Não obstante, Deus quis fazer-nos participantes da sua santidade. Por seu desígnio salvador, nós fomos consagrados no momento do nosso batismo e nos aproximamos da montanha da santidade. A partir daquele momento, a santidade para nós pode ser descrita como um processo no qual confluem a graça de Deus e a generosa correspondência humana. Neste processo tem lugar uma luta constante na qual um filho de Deus vai se parecendo cada vez mais com o seu Pai-Deus à espera que um dia se manifeste a plena semelhança com a divindade no próprio ser da criatura.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: “desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é” (1 Jo 3,2).

Como Jesus, os santos tiveram que viver muitas vezes em sentido contrário às ideias recebidas e aos comportamentos do seu tempo. Viver as Bem-aventuranças não é evidente: ser pobre de coração num mundo que glorifica o poder e o ter; ser suave num mundo duro e violento; ter o coração puro face à corrupção; fazer a paz quando outros declaram a guerra…

Os santos foram pessoas “em marcha” (segundo uma tradução judaizante de “bem-aventurado”), isto é, pessoas ativas, apaixonadas pelo Evangelho… Os santos foram homens e mulheres corajosos, capazes de reagir e de afirmar a todo o custo aquilo que os fazia viver. Eles mostram-nos o caminho da verdade e da liberdade.

Aqueles que frequentaram os santos – aqueles que os frequentam hoje – afirmam que, junto deles, sentimos que nos tornamos melhores. O seu exemplo ilumina. A sua alegria é o seu testemunho mais belo. A sua felicidade é contagiosa.

As três leituras da solenidade de Todos os Santos nos apresentam um fato: Deus, o Santo, quer fazer de nós imagens suas. A santidade não é uma realidade só para alguns, mas para todos. Não é um tema simplesmente da vida privada, mas, envolvendo nosso ser mais pessoal, faz parte de nosso testemunho diante do mundo. Ela também não é algo a ser vivido só na outra vida, mas começa agora o que depois se plenificará.

Apelo de cardeais e bispos católicos de todo o mundo à COP 21 - Para um acordo justo e vinculante sobre o clima


Um apelo inspirado pela carta encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco foi assinado por cardeais, patriarcas e bispos, representantes das conferências episcopais continentais das diversas partes do mundo, e dirigido à COP 21, à Conferência das partes sobre a mudança climática que terá lugar em Paris de 30 de Novembro a 11 de Dezembro próximos, com o convite a trabalhar pela aprovação de um acordo sobre o clima que seja equitativo, juridicamente vinculante e que leve a uma mudança verdadeira.

Representando a Igreja Católica dos cinco continentes, nós, Cardeais, Patriarcas e Bispos, juntámo-nos para expressar, em nosso próprio nome e em nome das populações ao nosso cuidado, a esperança muito difusa de que um acordo climático justo e juridicamente vinculativo será alcançado nas negociações da COP 21, em Paris. Apresentamos uma proposta de linhas de orientação com dez pontos, a partir da experiência concreta de pessoas de todos os continentes, e estabelecendo um elo entre as alterações climáticas e a injustiça social e exclusão social dos nossos cidadãos mais pobres e mais vulneráveis.

Alterações Climáticas: desafios e oportunidades

Na sua carta encíclica, Laudato Si’ (LS), dirigida ‘a cada pessoa que habita neste planeta’ (LS 3), o Papa Francisco sustenta que ‘as mudanças climáticas constituem atualmente um dos principais desafios para a humanidade’ (LS 25). O clima é um bem comum, que pertence a todos e a todos se destina (LS 23). ‘O meio ambiente é um bem coletivo, património de toda a humanidade e responsabilidade de todos’ (LS 95).

Quer sejamos crentes ou não, estamos hoje de acordo que a terra é essencialmente uma herança comum, cujos frutos se destinam ao benefício de todos. Para os crentes, trata-se de uma questão de fidelidade ao Criador, uma vez que Deus criou o mundo para todos. Por conseguinte, qualquer abordagem ecológica deve integrar uma perspetiva social que tenha em atenção os direitos fundamentais dos pobres e mais desfavorecidos (LS 93).

Os danos provocados no clima e no meio ambiente têm enormes repercussões. O problema gerado pela dramática aceleração das alterações climáticas tem efeitos globais. Constitui um desafio à redefinição das nossas noções de crescimento e de progresso. Coloca uma questão de estilo de vida. É imperativo que encontremos uma solução que seja consensual, devido à escala e à natureza global do impacto do clima, pelo que se exige uma solidariedade que seja universal, uma ‘solidariedade entre as gerações’ e ‘entre os indivíduos da mesma geração’ (LS 13, 14, 162).

O Papa define o nosso mundo como ‘a nossa casa comum’ e, no exercício do nosso ofício de administradores, temos de dar atenção à degradação humana e social que é consequência de um meio ambiente deteriorado. Apelamos a uma abordagem ecológica integral, apelamos a que a justiça social ocupe um lugar central, ‘para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres’ (LS 49).

O desenvolvimento sustentável deve incluir os pobres

Enquanto deplora o impacto dramático das rápidas alterações climáticas no nível dos oceanos, em fenómenos climáticos extremos, nos ecossistemas em deterioração e na perda de biodiversidade, a Igreja é também testemunha de como as alterações climáticas estão a afetar as comunidades e populações vulneráveis, que são gravemente prejudicadas. O Papa Francisco alerta-nos para o impacto irreparável das alterações climáticas desenfreadas em muitos países em desenvolvimento do mundo. Além disso, no seu discurso às Nações Unidas, o Papa afirmou que o abuso e a destruição do meio ambiente são também acompanhados de um persistente processo de exclusão1.