sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Pesquisadores encontram fortaleza grega em Jerusalém mencionada no livro dos Macabeus, na Bíblia


Após um século de buscas, arqueólogos disseram ter descoberto os resquícios de uma antiga fortaleza grega que já foi um centro de poder em Jerusalém e um bastião usado para conter uma rebelião judaica comemorada no livro bíblico dos Macabeus.

Há tempos os pesquisadores debatem a localização da cidade de Acra, construída mais de dois mil anos atrás por Antíoco Epifânio, rei do império selêucida helênico. Muitos afirmam que ocupava o local onde hoje se encontra a Cidade Velha de Jerusalém, com vista para a Igreja do Santo Sepulcro ou junto à colina onde dois templos judeus estiveram no passado e que hoje abriga o complexo da mesquita de Al-Aqsa.

Mas os restos desenterrados pela Autoridade de Antiguidades de Israel e tornados públicos nesta terça-feira (3) estão do lado de fora dos muros da Cidade Velha e dão vista para um vale ao sul, uma área na qual, segundo os arqueólogos, a construção de Jerusalém se concentrou nos tempos do rei bíblico David.


Antíoco, que viveu entre 215 e 164 a.C., escolheu o local para Acra para poder controlar a cidade e monitorar a atividade no templo judeu, afirmou Doron Ben-Ami, que liderou a escavação.

Com um comprimento estimado em mais de 250 metros e uma largura de 60 metros, ela teria dominado o campo. Debaixo do que uma década atrás era um estacionamento pavimentado, a equipe de Ben-Ami escavou uma colina artificial composta por várias camadas de terra deixadas por sucessivas culturas. 

Carta aberta de um católico homossexual para um sacerdote católico homossexual


Um católico escreve a Krzysztof Charamsa, o padre da Cúria Romana que apresentou à mídia mundial o seu parceiro homossexual.

Caro Krzysztof Charamsa,

Meu irmão,

Estou lhe escrevendo de Lourdes, onde oro por você à nossa Mãe de Misericórdia. Devo dizer que a sua declaração pública de homossexualidade realmente me marcou. Como você, eu sou um homem católico que experimenta a atração homossexual e é por esta razão que gostaria de responder à sua declaração pública.

É verdade que “muitos católicos homossexuais sofrem” diante do imobilismo da Igreja a respeito deles. As linhas que falam sobre a homossexualidade no Catecismo da Igreja Católica não constituem, em si mesmas, um programa pastoral. Nessa atmosfera, é normal que, às vezes, experimentemos “exclusão e estigmatização”.

Eu entendo, em parte, a “homofobia” de alguns de nossos irmãos católicos, porque eles nada sabem sobre a homossexualidade e muito menos como comportar-se diante de uma pessoa que se diz abertamente “gay”. Às vezes, eu me sinto como um marciano. Devemos reconhecer, no entanto, que as coisas estão mudando. Na Relatio Synodalis §76, os padres sinodais declaram: “Reserve-se particular atenção ao acompanhamento das famílias onde vivem pessoas homossexuais”. Percebemos que a Igreja entendeu que precisa envolver-se nesta pastoral. Na França, existe a Courage et Encourage, que presta apoio às pessoas que experimentam a atração pelo mesmo sexo, assim como às suas famílias, na jornada para seguir a Cristo.

Todos nós devemos rejeitar publicamente a violência contra os homossexuais. Não existe nenhuma violência que possa ser justificada. E se, entre nós, na Igreja, surgir alguma violência, peçamos perdão ao nosso Pai misericordioso. Não é abandonando a Igreja que poderemos curar essas feridas; é amando-a. Não devemos criar um cisma: uma “Igreja pró-gay” e uma “Igreja anti-gay”. É necessário avançarmos todos juntos, ouvindo-nos uns aos outros, sem julgamento, se o nosso objetivo comum é mesmo Cristo.

Podemos permanecer juntos? 

Papa preside Missa em memória de bispos e cardeais falecidos


SANTA MISSA EM SUFRÁGIO
PELOS CARDEAIS E BISPOS FALECIDOS DURANTE O ANO

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana, Altar da Cátedra
Terça-feira, 3 de Novembro de 2015


Hoje recordamos os irmãos Cardeais e Bispos falecidos durante o último ano. Nesta terra amaram a Igreja, sua esposa, e nós rezamos para que em Deus possam gozar da plena alegria, na comunhão dos santos.

Voltamos a pensar com gratidão também na vocação destes Ministros sagrados: como indica a palavra, consiste antes de tudo em ministrar, ou seja, servir. Enquanto pedimos para eles a recompensa prometida aos «servos bons e fiéis» (cf. Mt 25, 14-30), somos chamados a renovar a escolha de servir na Igreja. É quanto nos pede o Senhor que, como um servo, lavou os pés aos seus discípulos mais próximos a fim de que, como Ele fez, também nós o façamos (cf. Jo 13, 14-15). Deus serviu-nos primeiro. O ministro de Jesus, que veio para servir e não para ser servido (cf. Mc 10, 45), não pode deixar de ser, por sua vez, um Pastor pronto a dar a vida pelas ovelhas. Aos olhos do mundo quem serve e doa parece um perdedor. Na realidade, é quando perdemos a vida que voltamos a encontrá-la. Porque uma vida que se desprende de si mesma, perdendo-se no amor, imita Cristo: vence a morte e dá vida ao mundo. Quem serve, salva. Ao contrário, quem não vive para servir, não serve para viver.

O Evangelho recorda-nos isto. «Deus amou de tal modo o mundo», diz Jesus (Jo 3, 16). Trata-se verdadeiramente de um amor muito concreto, tão concreto que Ele chegou a assumir sobre si a nossa morte. Para nos salvar, Ele alcançou-nos onde fomos parar, afastando-nos de Deus, doador da vida: na morte, num sepulcro sem saída. Este é o abaixamento que o Filho de Deus levou a cabo, inclinando-se como um servo sobre nós para assumir tudo o que é nosso, a ponto de nos abrir de par em par as portas da vida.

No Evangelho, Cristo compara-se com a «serpente elevada». A imagem evoca o episódio das serpentes venenosas, que no deserto atacavam o povo a caminho (cf. Nm 21, 4-9). Os israelitas que tinham sido mordidos pelas serpentes não morriam, mas permaneciam vivos se fitassem a serpente de bronze que Moisés, por ordem de Deus, tinha elevado num poste. Uma serpente salvava das serpentes. A mesma lógica está presente na cruz, à qual Cristo se refere falando com Nicodemos. A sua morte salva-nos da nossa morte.

No deserto as serpentes provocavam uma morte dolorosa, precedida pelo medo e causada por mordidas venenosas. Inclusive aos nossos olhos, a morte parece sempre obscura e angustiante. Do mesmo modo como a experimentavam, ela entrou no mundo por causa da inveja do diabo, recorda-nos a Escritura (cf. Sb 2, 24). No entanto, Jesus não a evitou mas assumiu-a plenamente sobre si mesmo com todas as suas contradições. Agora nós, olhando para Ele, acreditando nele, somos salvos por Ele: «Quem acreditar no Filho terá a vida eterna», repete duas vezes Jesus no breve trecho do Evangelho de hoje (cf. vv. 15.16). 

Papa indica o caminho da santidade e da felicidade


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Cemitério Verano, Roma
Domingo, 1° de Novembro de 2015

No Evangelho ouvimos Jesus que ensina os seus discípulos e a multidão reunida na colina nos arredores do lago da Galileia (cf. Mt 5, 1-12). A palavra do Senhor ressuscitado e vivo indica-nos, também a nós hoje, o caminho para alcançar a verdadeira felicidade, a vereda que conduz para o Céu. Trata-se de um caminho difícil de compreender, porque vai contra a corrente; contudo, o Senhor diz-nos que quem percorre esta estrada é feliz, mais cedo ou mais tarde será feliz.

«Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus». Podemos perguntar-nos como pode ser feliz uma pessoa pobre de coração, cujo único tesouro é o Reino dos Céus. Mas o motivo é precisamente este: porque, tendo o coração despojado e livre de muitas coisas mundanas, esta pessoa é «esperada» no Reino dos Céus.

«Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados». Como podem ser felizes, aqueles que choram? E no entanto, quantos na vida nunca experimentaram a tristeza, a angústia e o sofrimento, jamais conhecerão a força da consolação. Ao contrário, felizes podem ser aqueles que têm a capacidade de se comover, de sentir no coração a dor que existe na sua própria vida e na existência dos outros. Eles serão felizes, uma vez que a mão terna de Deus Pai os consolará e acariciará.

«Bem-aventurados os mansos». Quanto a nós, ao contrário, quantas vezes somos impacientes, nervosos, sempre prontos para reclamar! Temos tantas pretensões em relação aos outros, mas quando nos tocam, reagimos erguendo a voz, como se fôssemos os senhores do mundo, enquanto na realidade somos todos filhos de Deus. Pensemos sobretudo naquelas mães e naqueles pais que são tão pacientes com os seus filhos, que «os perturbam». Este é o caminho do Senhor: a vereda da mansidão e da paciência. O próprio Jesus percorreu esta senda: quando era criança suportou a perseguição e o exílio; mais tarde, quando era adulto, as calúnias, as ciladas, as falsas acusações no tribunal; e suportou tudo com mansidão. E por amor a nós, chegou a suportar inclusive a cruz. 

Extremistas hindus contra o aumento da população cristã e muçulmana


Verificar o “desequilíbrio demográfico” controlando o presumível incremento da população de cristãos e muçulmanos na Índia: com este objetivo, o grupo extremista hindu “Rashtriya Swayamsevak Sangh” , rede amplamente difundida, promotora da ideologia exclusivista do Hindutva e de numerosos atos de violência contra minorias religiosas, mobilizou seus membros acusando as minorias não-hindus de “infiltração no território indiano” e de “políticas de conversão”. Citando dados do último censo, o movimento afirma: “A cota da população de religião hinduísta que era 88% – ressalta – desceu para 83,8%, enquanto a população muçulmana que era 9,8% passou para 14,23% de 1951-2011”. 

Nota da Arquidiocese de Mariana sobre a tragédia em Bento Rodrigues


NOTA DA ARQUIDIOCESE DE MARIANA

Somos atribulados, mas não desanimamos; postos em dificuldade, mas não vencidos; prostrados por terra, mas não aniquilados (cf. 1Cor 4,8s)

A Arquidiocese de Mariana lamenta profundamente a tragédia ocorrida na tarde desta quinta-feira, 5 de novembro, no Distrito de Bento Rodrigues, neste Município de Mariana, provocada pelo rompimento da barragem de rejeitos Fundão, da empresa Samarco Mineradora, vitimando centenas de pessoas. Manifestamos nossa mais sentida solidariedade às famílias que tiveram suas casas e seus bens destruídos e às que choram a morte de seus entes queridos, vítimas dessa catástrofe de proporções incalculáveis.

O momento é de unir esforços para minimizar a aflição e o sofrimento de todos os que foram atingidos por essa tragédia. Exortamos nossas comunidades a prestarem sua solidariedade às vítimas, acolhendo-as, doando alimentos e roupas, confortando-as, oferecendo-lhes suas preces. A generosidade de todos será bálsamo a atenuar a aguda dor que toma o coração dos irmãos e irmãs que sofrem com essa terrível catástrofe.

A apuração das responsabilidades por tamanha tragédia é uma exigência da justiça e condição para que tal situação nunca mais se repita. 

O que fazer com o sentimento de culpa?


Desde a era mais primitiva, a culpa ou o sentimento de culpa existiram. O homem, consciente de si e dotado de liberdade, tem como distintivo o chamado à responsabilidade. A característica do ser humano que o chama a ser responsável é a compreensão de si próprio e daquilo que é necessário fazer segundo a sua consciência. A Logoterapia, abordagem psicológica proposta por Viktor Frankl, entende que o homem possui capacidade de escolher em quaisquer circunstâncias o que ele quer ser, e o afirma responsável por essas escolhas. Isso engloba estar atento aos desacordos de suas próprias decisões. Tais desacordos podem gerar a culpa por algo que aconteceu como consequência de um ato.

Frankl (2005) escreveu: “o homem tem o direito de ser considerado culpado e de ser punido. Encontrar uma explicação para a culpa considerando-o como vítima das circunstâncias significa também tirar-lhe a dignidade humana” (p. 45). A Logoterapia ressalta que não se pode tornar ninguém escravo de suas “determinações”, tentando justificar as ações de outrem pondo culpa em fatores externos ou até mesmo internos, ou seja, fazendo vitimizações. É o caso dos crimes em que se procura investigá-los e até mesmo explicá-los pondo a culpa inteiramente nos fatores sociais, biológicos, ambientais, etc., como se o homem fosse uma marionete dos condicionamentos biopsicossociais. Até mesmo o sentimento de culpa pode transformar-se em conquista, pois ele ajuda a rever os caminhos e tomar decisões. 

Vatileaks: O Papa desfez equilíbrios atávicos, talvez corruptos, e há reações pesadas.


Mais uma vez temos a fuga de notícias. Parece que nada mudou...

Um velho vaticanista commo Benni Lai dizia que no Vaticano há muita fofoca porque os padres não tem em casa mulher para poder conversar sobre o que ocorreu no trabalho... mas, é claro, trata-se de uma explicação muito leve para descrever o que realmente está acontecendo. Desenha-se um cenário, que me parece, não corresponde ao que é verdadeiro, que visa dar uma ideia de um Vaticano sem um governo forte, ou então, que seja impossível reformar.

Acho que aconteceram coisas graves, mas circunscritas. E, sobretudo, relativas à esfera econômica sobre a qual se abateu a foice de Francisco. O Pontífice mexeu com equilíbrios atávicos, algumas vezes, corruptos, e isto suscitou reações pesadas no interior da Cúria. Os documentos que estão no centro das fugas de notícias são todas de tipo econômico e isto confirma que o desafio se dá neste terreno. É aqui que está a areia movediça. Daqui é que se fala de uma crise de governo ou de um Papa que não sabe escolher as pessoas certas. O Papa governa de maneira forte e com sucesso, mas podem acontecer incidentes.

As duas pessoas presas foram nomeadas durante o seu pontificado...

A senhora Chaoqui não tinha uma posição tão importante que tivesse ser escolhida pelo Pontífice. Quando ao padre Vallejo Balda, ele já estava na Cúria e o seu nome foi sugerido pelo então arcebispo de Madri (cardeal Rouco). Mas o Papa não o quis como número dois de Pell (o 'ministro da Economia do Vaticano'). Assim, não se pode falar de nomeações erradas, ainda que isto também pode acontecer...

Mas parece haver uma forte contradição entre a espiritualidade da Igreja de Francisco e estes fatos tão terrenos...

A contradição existe. O Vaticano é uma grande administração internacional, feita por homens, uma grande instituição com as suas debilidades. Mais ainda: é composta por tipos humanos muito diferentes, filhos de culturas, mentalidades e hábitos diferentes. Uma Cúria muito variada, filha de uma internacionalização que susbtitui a precedente, toda italiana. Uma instituição sujeita às mesmas leis das classes dirigentes e burocráticas do mundo, que nem sempre são de tão alto nível... acrescento que esta Cúria não está no Céu mas em Roma, e o clima que se respira nesta cidade, certamente, não é o melhor...

Antes o senhor falava da reforma da Cúria. Em que direção se moverá esta reestruturação?

Não é necessária somente uma reforma das estruturas ou do seu conjunto, mas também de uma revolução no recrutamento: é preciso ter a presença de mais mulheres e leigos na máquina administrativa. A burocracia é ainda muito clerical.

A senhora Chaouqui é uma mulher e leiga, mas o seu perfil, inclusive nas colunas sociais, parece ser pouco idôneo para a Igreja...

Não a conheço, mas recordo que ela não tinha um posto importante. Até agora o recrutamento é feito por cooptação clerical e isto é um limite. São necessárias regras: se numa grande empresa são revelados documentos reservados, imediatamente se demite.