O sacerdote espanhol Joan Enric Reverté canta rock
durante a celebração...
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Talvez me chamem de cafona ou me qualifiquem com
qualquer outro adjetivo juvenil da moda, por me indispor a certos ritmos
populares nas celebrações litúrgicas. Nunca, nem em minha juventude, gostei de
rock, especialmente do chamado “rock pesado”. Para mim é gritaria e
agressividade sonora sem graça. Mas, reconheço que se trata de gosto pessoal,
que defendo com o conhecido provérbio latino “de gustibus et coloribus non
disputandum est”. (“A respeito de cores e gostos não se discute”).
Há quem defenda o ritmo roqueiro nas Missas para
atrair jovens. Discordo deste princípio pastoral; se música fosse a solução
para atrair jovens para as celebrações, tudo seria bem mais fácil. A música
tem, sim, sua função evangelizadora, mas não a solução no quesito presença e
participação em celebrações litúrgicas. Não gosto do barulho agressor do rock;
entendo que promove dispersão e dificulta a oração, impedindo o recolhimento
silencioso que, ao meu ver, é essencial para uma participação consciente, ativa
e efetiva na celebração.
Os jovens que curtem rock e outros ritmos
semelhantes têm muitos (e tantos) outros locais para ouvir sua música
barulhenta. Disto a Liturgia pode sentir-se dispensada. Invés de oferecer
barulho, é mais pastoral que a Igreja ofereça-lhes espaço e oportunidades onde
possam silenciar, neste mundo tão barulhento, no qual vivem e convivem. Os
jovens podem, sim, ser atraídos para a celebração pela música, desde que esta
seja um diferencial, uma música diferente, capaz de transmitir uma mensagem
diferente, a ponto de acalmar e cantar em seus corações com acordes de ternura
e de paz, de prece e de consolo.