quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

E os escândalos, hein?


Caro Leitor meu, gostaria de propor-lhe algumas reflexões sobre Lc 17,1-6. Tenha a paciência de ler. Penso que possa lhe ser útil... Mas, aviso logo que não estou aqui pensando em alguma situação concreta; desejo apenas propor o que o Evangelho nos ensina como bússola para nossa vida de cristãos. Lá vai, portanto!

"Naquele tempo, Jesus disse a Seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos.

Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”.

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”

Não lhe parece muito assunto neste texto do Evangelho, coisas diversas mal arranjadas na mistura? E, no entanto, veja como têm sentido!

Papa completa 79 anos e segue decidido na reforma da Cúria, diz Card. Castelló


Nesta quinta-feira, 17 de dezembro, o Papa Francisco completa 79 anos. Mensagens de felicitações já chegam de todo o mundo. Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, os fieis cantaram o “Parabéns”, enquanto uma jornalista mexicana presenteava o Papa com uma torta especial, em forma de “sombrero”, doada pelo povo mexicano, que o aguarda com expectativa em fevereiro de 2016. Ouçamos as felicitações ao Santo Padre do Cardeal Santos Abril y Castelló, Arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa “é quase de casa”:

“É uma grande alegria poder expressar ao Santo Padre a mais calorosa felicitação de um feliz aniversário e acrescentamos a isto também a fervorosa oração ao Senhor para que o ajude neste seu delicadíssimo e importantíssimo papel para a Igreja. Vemos que ele está cumprindo com grande dedicação, total, absoluta, este papel e por isto o acompanhamos com a oração, com o afeto e com o desejo de que o Senhor e que Nossa Senhora, a qual ele é muito devoto, possam ajudá-lo a continuar a desempenhar esta missão na maneira como a desempenhou até agora”.

RV: O Papa já veio tantas vezes à Santa Maria Maior, para venerar a Virgem...

“Sim, é muito, muito devoto de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”, não somente agora, como Papa. Recordo que quando eu era Núncio na Argentina, frequentemente, depois das suas visitas a Roma, que fazia algumas vezes, sempre me dizia que vinha fazer uma visitinha para saudar Nossa Senhora e confiar a ela também as suas intenções pelas necessidades da Igreja e para poder desenvolver a sua missão da melhor maneira possível. Mais tarde, já como Papa, veio 28 vezes.  Isto revela muito o seu amor, a sua devoção. Sempre o faz quando está para realizar alguma viagem ao exterior e depois quando retorna, vem para saudá-la. Como ele me disse tantas vezes: “Não podia deixar de vir saudar a Senhora”.

RV: Como o senhor falou, o Papa está realizando uma ação muito forte, muito particular para a Igreja. Quais pontos principais o senhor destacaria desta ação, deste seu ministério?

“Evidentemente, é um ministério muito, muito rico, que tem tantos, tantos diferentes aspectos a serem considerados. Eu acredito que seja muito importante, antes de tudo, o seu papel de continuador da missão de Pedro na Igreja e como Bispo de Roma: ele fala frequentemente de seu papel como Bispo da Igreja de Roma. Como Papa, guia da Igreja, acredito que esteja dando à Igreja um exemplo de uma dedicação absoluta, completa, extraordinária, de um amor a esta Igreja, de maneira tal que isto o leva a não poupar nem mesmo forças, nem energias, nem riscos – porque sabe que às vezes se expõe a riscos – e o está fazendo precisamente com uma dedicação absoluta. E acredito que aquilo que está impressionando muito o mundo, é a maneira como ele está realizando esta sua missão: com uma grande delicadeza, com uma grande confiança no Senhor e ao mesmo tempo, também, com aquela simplicidade com a qual sabe se aproximar de todos. Prega muito a misericórdia: mas acredito que esteja demonstrando com o seu modo de agir, que esta misericórdia é uma norma, para ele, para com todos. Para aqueles que lhe são próximos e pela Igreja universal.”. 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Papa fala sobre sinais que caracterizam o Ano da Misericórdia


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Domingo passado foi aberta a Porta Santa na Catedral de Roma, a Basílica de São João Latrão, e se abriu a Porta da Misericórdia na Catedral em todas as dioceses do mundo, também nos santuários e nas igrejas indicadas pelos bispos. O Jubileu é em todo o mundo, não somente em Roma. Quis que este sinal da Porta Santa fosse presente em cada Igreja particular, para que o Jubileu da Misericórdia possa se tornar uma experiência partilhada por cada pessoa. O Ano Santo, deste modo, tomou o caminho em toda a Igreja e é celebrado em todas as dioceses, como em Roma. Também, a primeira Porta Santa foi aberta justamente no coração da África. E Roma, bem, é o sinal visível da comunhão universal. Possa essa comunhão eclesial se tornar sempre mais intensa, para que a Igreja seja no mundo o sinal vivo do amor e da misericórdia do Pai.

Também a data de 8 de dezembro quis destacar essa exigência, relacionando, a 50 anos de distância, o início do Jubileu com a conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II. De fato, o Concílio contemplou e apresentou a Igreja à luz do mistério da comunhão. Espalhada em todo o mundo e articulada em tantas Igrejas particulares é, porém, sempre e somente a única Igreja de Jesus Cristo, aquela que Ele quis e pela qual ofereceu a Si mesmo. A Igreja “una” que vive da comunhão própria de Deus.

Este mistério de comunhão, que torna a Igreja sinal do amor do Pai, cresce e amadurece no nosso coração, quando o amor, que reconhecemos na Cruz de Cristo e no qual nos imergimos, nos faz amar como nós mesmos somos amados por Ele. Trata-se de um Amor sem fim, que tem a face do perdão e da misericórdia.

Porém a misericórdia e o perdão não devem permanecer belas palavras, mas realizar-se na vida cotidiana. Amar e perdoar são os sinais concretos e visíveis de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a vida própria de Deus. Amar e perdoar como Deus ama e perdoa. Este é um programa de vida que não pode conhecer interrupções ou exceções, mas nos leva a ir sempre além sem nunca nos cansarmos, com a certeza de sermos sustentados pela presença paterna de Deus. 

Arquidiocese do RJ: Carta Pastoral "Com misericórdia olhou para ele e o escolheu".


Carta Pastoral

«Com misericórdia olhou para ele e o escolheu»



Aos irmãos e irmãs cujas vidas estão marcadas pelo sofrimento, 

particularmente a todos os que estão privados da liberdade nos presídios,

aos que vivem presos ao seu leito hospitalar ou doentes em suas residências,

aos mais esquecidos das periferias de nossas metrópoles, 

aos que já não conseguem vislumbrar uma centelha da misericórdia, vivendo fora da comunhão de Deus e da ação pastoral da Santa Igreja,

aos que experimentam cotidianamente a violência,

aos que deixaram de acreditar no amor e na bondade,

a todos os leigos e leigas que levam adiante com alegria a missão,

aos sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas

e aos irmãos bispos auxiliares,

que tanto auxiliam na minha missão na 

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

1. Pela quarta vez, dirijo-me aos irmãos e irmãs desta amada Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro através de uma Carta Pastoral. Tendo manifestado o que penso e sinto a respeito de minha missão como pastor desta parcela da Igreja de Deus , tendo expressado a felicidade da consagração  e tendo manifestado minha alegria de que «a esperança não decepciona» , em sintonia com o Santo Padre, o Papa Francisco, agora quero dirigir-me a todos os homens e mulheres de boa vontade para compartilhar minhas alegrias pelo Ano Santo Extraordinário: a misericórdia. Vamos, intensamente, viver o ano santo que se iniciou no dia 08 de dezembro de 2015 na Basílica de São Pedro, com a abertura da Porta Santa pelo Papa Francisco. «Atravessar hoje a Porta Santa nos compromete a adotar a misericórdia do bom samaritano» : este é o espírito com o qual se deve viver o Jubileu Extraordinário, afirmou o Papa Francisco ao transpor a Porta Santa da Basílica de São Pedro, fazendo explícita ligação às comemorações dos impulsos missionários que há cinquenta anos abriram as portas da Igreja, no espírito samaritano, para todos os homens e mulheres de boa vontade, adotando a misericórdia do bom samaritano, conforme nos pede o Concílio Ecumênico Vaticano II .

2. O Papa Francisco proclamou o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia no dia 11 de abril passado, com a Bula Misericordiae Vultus — «O Rosto da misericórdia do Pai é Jesus Cristo…» . O Ano Santo já iniciado na solenidade da Imaculada Conceição será concluído na festa de Cristo Rei, aos 20 de novembro de 2016. 

3. Será muito importante que todos façam uma leitura atenta e uma reflexão bem meticulosa da Misericordiae Vultus, bula de proclamação do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia . Esse é o texto-base do Jubileu da Misericórdia onde o Papa apresenta as grandes motivações para a celebração deste Ano Santo extraordinário, além de indicações importantes sobre como celebrar este tempo especial da graça de Deus.

ANOS JUBILARES

4. Anos Santos, ou Jubileus, são celebrados ordinariamente a cada 25 anos; fora dessa sequência, eles são Jubileus extraordinários . Por isso, o jubileu que estamos vivendo é um jubileu extraordinário, que tem como motivo especial para a sua celebração do cinquentenário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, encerrado em 08 de dezembro de 1965. Além disso, o Papa Francisco coloca o Jubileu extraordinário da Misericórdia na perspectiva da «nova evangelização», com o objetivo de anunciar e testemunhar a misericórdia de Deus, que faz parte da essência do Evangelho. 

5. O Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para nos voltarmos para Deus de todo coração, para louvar e agradecer com alegria («júbilo» «yobel» ) pelas graças recebidas; mas é também um “tempo favorável” para acolher graças especiais de Deus, através do serviço da Igreja, e para buscar mais intensamente o encontro com Ele e com os irmãos.

6. A conclusão do Ano Jubilar, o 29º jubileu na história da Igreja Católica, que foi marcada para a festa da solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, nos faz refletir a importância de peregrinar viva e verdadeiramente este Ano Santo. Afinal, toda a nossa vida e toda a história da humanidade estão sob o signo da misericórdia de Deus, manifestada a nós por meio de Jesus Cristo. No final de nossa peregrinação terrena encontraremos Jesus Cristo glorificado, Senhor e Juiz da história e também de cada um de nós. E todos, esperamos que Ele seja um juiz clemente e misericordioso .

7. No Ano Santo somos chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com o próximo e a renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus, que abre «os tesouros de sua misericórdia» (Ef 2,4), sendo indulgente para conosco, pecadores.  O processo de conversão é amplo, mas precisa dar sinais de que está em andamento.

O QUE LEVOU O PAPA A DECLARAR UM ANO DA MISERICÓRDIA?

8. O Papa Francisco marcou, não por acaso, o início do Ano Jubilar extraordinário para o dia 08 de dezembro. Nesse dia, além de se comemorar a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, também se recorda que há 50 anos era encerrado o Concílio Ecumênico Vaticano II pelo Papa Paulo VI . O Santo Padre Francisco lembra-nos que o Concílio foi uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade e que ele já produziu muitos frutos ao longo desses 50 anos. Portanto, temos muito a agradecer a Deus. 

9. O Papa Francisco explicou que a iniciativa nasceu da sua intenção de tornar «mais evidente» a missão da Igreja de ser «testemunha da misericórdia» . O Papa recordou que «ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus»  e que a Igreja «é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém» . «As suas portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem» .

10. O Papa Francisco quer dar importância de viver a misericórdia de Deus através do sacramento da Reconciliação, como «sinal da bondade do Senhor»  e do «abraço» de Jesus. «Ser tocados com ternura pela sua mão e plasmados pela sua graça permite que nos aproximemos do sacerdote sem medo por causa das nossas culpas, mas com a certeza de ser acolhidos por ele em nome de Deus» . O Papa sublinhou que o julgamento de Deus é o da «misericórdia», numa atitude de amor que «vai para lá da justiça», e desafiou os fiéis a não ficar pela «superfície das coisas», sobretudo quando está em causa uma pessoa.

11. Deus responde com a plenitude do perdão. Esse ano santo lembra, também, o encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, há 50 anos (cinquentenário), o qual foi um verdadeiro sopro renovador do espirito na Igreja! O Papa Francisco, assim como os seus predecessores, quer a Igreja Católica nas trilhas do Concílio Vaticano II. Assim pronunciou São João XXIII na abertura do Concílio: «Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia ao da severidade...» .  O ano santo é, portanto, um indicativo para a Igreja e todo fiel cristão agirem sempre na linha da misericórdia em relação aos irmãos. Porquanto, «a misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa» .

12. Na tradição atual, os Jubileus ordinários acontecem a cada 25 anos.  Na história da Igreja aconteceram 26 jubileus ordinários e 3 jubileus extraordinários . Em 1585, o Papa Sisto V, para inaugurar o seu pontificado convocou um jubileu que se estendeu até 1590, e muitos o enumeram como o primeiro extraordinário. Depois tivemos os de 1933, com o Papa Pio XI, para celebrar os 1.900 anos da redenção realizada por Jesus na Cruz, no ano 33. O último até agora foi em 1983, com São João Paulo II, para celebrar os 1.950 anos da redenção cristã. Temos agora o novo jubileu extraordinário iniciando neste ano de 2015 com o Papa Francisco, para lembrar os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II (1962-1965), marco de renovação da Igreja, que abriu seu diálogo com o mundo.

13. O Papa apresenta em poucas palavras o fundamento e razão do ano santo: «Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai» (n.1) . A misericórdia é, pois, «o coração pulsante do evangelho» (n.12). O lema escolhido para esse jubileu é um chamado à vivência concreta da fé e a misericórdia: «Misericordiosos como o Pai» (Lc 6,36). O Papa estabelece que em todas as Dioceses, Santuários, Paróquias, Comunidades cristãs aconteça a celebração deste Ano Santo como um acontecimento extraordinário de graça e renovação espiritual. Além disso, o santo Padre recomenda a revitalização das obras de misericórdia corporal e espiritual fixadas pela Igreja para entrarmos no coração do evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. As traduções são diferentes, porém podemos assim enumerar as obras de misericórdia corporal: dar comida aos famintos, bebida aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, visitar os doentes e enterrar os mortos. E também as obras de misericórdia espiritual: «Aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas inconvenientes, rezar pelos vivos e defuntos» (n.15). Aprendamos, portanto, no Ano Santo da Misericórdia, a ser misericordiosos uns com os outros para merecermos a misericórdia de Deus. 

Onde foram parar todos aqueles padres pedófilos?


Você reparou que a avalanche de denúncias de abusos sexuais cometidos por clérigos praticamente desapareceu da mídia nos últimos meses? Você não acha estranho que, quase de repente, não se toque mais no assunto?

UMA ONDA CONCENTRADA

É inegável e tragicamente verdadeiro que houve, sim, uma quantidade escandalosa de comprovados abusos sexuais praticados por religiosos - um único abuso sexual já teria sido escandaloso e trágico, afinal. Também é fato que, ao longo de décadas, esses crimes cometidos por sacerdotes, religiosos e freiras ficaram escondidos sob uma camada complexa de medo e vergonha por parte das vítimas, chantagem e ameaças por parte dos criminosos, pressão e hipocrisia por parte de cúmplices poderosos.

Mesmo assim, é chamativo que, num espaço relativamente curto de tempo, tenham explodido milhares de denúncias contra padres a ponto de o assunto se transformar num escândalo global de dimensões inéditas. Chegou-se a produzir uma onda de generalizações que reduziu a palavra “sacerdote” a sinônimo de “pedófilo”, como se todos os padres cometessem “por natureza” esse crime, e os seminários e conventos católicos a antros de homossexualismo e orgias, como se tivessem ocorrido esses casos escabrosos dentro de todos eles.

UMA ONDA “SELETIVA”

Mais chamativo ainda, porém, é que não houve o mesmo frenesi na hora de abordar a realidade do abuso sexual em outras confissões cristãs, como as evangélicas ou a anglicana, só por citar dois exemplos, nem nas religiões não-cristãs, muito embora várias delas acumulem um histórico milenar de cumplicidade e incentivo à exploração sexual de crianças (meninas e meninos) e de mulheres adultas, inclusive dentro do casamento (monogâmico ou poligâmico), ou convivam com estupros em massa quase que com naturalidade.

Igualmente chamativa é a mínima intensidade com que se tratou e se trata da recorrência de abusos e assédios sexuais no âmbito corporativo, no mundo do esporte e da moda, no universo do cinema e da televisão e, principalmente, no dia-a-dia das famílias, que concentram a esmagadora maioria dos casos de abuso sexual. Nas ocasiões em que foram destapados alguns desses escândalos em contextos alheios à Igreja católica, a repercussão midiática foi notavelmente menor e mais breve do que no caso dos clérigos acusados de pedofilia. E isso que há casos envolvendo senadores, deputados e vereadores, governadores e prefeitos, juízes e autoridades policiais e do exército, além de figurões do mundo das finanças internacionais e dos impérios da mídia, no Brasil e fora dele. O silêncio é quase tão grande quanto o poder de silenciar que esses personagens exercem.

Falso primeiro selfie do Papa viraliza na internet: este NÃO é o primeiro selfie do Papa.


Diversos meios de comunicação caíram no truque de uma conta que falsamente se apresenta como o perfil oficial do Vaticano no Insta00gram e difundiram em redes sociais uma curiosa imagem do Papa Francisco como se se tratasse de seu primeiro “selfie oficial”.

A imagem não corresponde a uma fotografia do Pontífice mas a uma captura de tela de uma videoconferencia difundida em 2014 na que o Papa Francisco solta uma gargalhada ante o comentário de um menino com quem conversava através da plataforma Google Hangouts.


A conta falsa do Instagram @Vatican__ se apresenta como oficial do Vaticano sem sê-lo. A única conta da Santa Sé na popular rede social é @Newsva. O Papa Francisco não tem conta no Instagram.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2016, Papa destaca a indiferença como ameaça à  paz e convida a manter esperança mesmo em meio a conflitos


Mensagem do Papa Francisco para o 49º Dia Mundial da Paz
– 1º de janeiro de 2016
Terça-feira, 15 de dezembro de 2015


VENCE A INDIFERENÇA E CONQUISTA A PAZ

1. Deus não é indiferente; importa-Lhe a humanidade! Deus não a abandona! Com esta minha profunda convicção, quero, no início do novo ano, formular votos de paz e bênçãos abundantes, sob o signo da esperança, para o futuro de cada homem e mulher, de cada família, povo e nação do mundo, e também dos chefes de Estado e de governo e dos responsáveis das religiões. Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo.

Conservar as razões da esperança

2. Embora o ano passado tenha sido caracterizado, do princípio ao fim, por guerras e actos terroristas, com as suas trágicas consequências de sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos, prevaricações, multiplicando-se cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela que se poderia chamar uma «terceira guerra mundial por pedaços», todavia alguns acontecimentos dos últimos anos e também do ano passado incitam-me, com o novo ano em vista, a renovar a exortação a não perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença. Tais acontecimentos representam a capacidade de a humanidade agir solidariamente, perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a apatia e a indiferença.

Dentre tais acontecimentos, quero recordar o esforço feito para favorecer o encontro dos líderes mundiais, no âmbito da Cop21, a fim de se procurar novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum. E isto remete para mais dois acontecimentos anteriores de nível mundial: a Cimeira de Adis-Abeba para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo; e a adopção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que visa assegurar, até ao referido ano, uma existência mais digna para todos, sobretudo para as populações pobres da terra.

O ano de 2015 foi um ano especial para a Igreja, nomeadamente porque registou o cinquentenário da publicação de dois documentos do Concílio Vaticano II que exprimem, de forma muito eloquente, o sentido de solidariedade da Igreja com o mundo. O Papa João XXIII, no início do Concílio, quis escancarar as janelas da Igreja, para que houvesse, entre ela e o mundo, uma comunicação mais aberta. Os dois documentos – Nostra aetate e Gaudium et spes – são expressões emblemáticas da nova relação de diálogo, solidariedade e convivência que a Igreja pretendia introduzir no interior da humanidade. Na Declaração Nostra aetate, a Igreja foi chamada a abrir-se ao diálogo com as expressões religiosas não-cristãs. Na Constituição pastoral Gaudium et spes – dado que «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo»[1] –, a Igreja desejava estabelecer um diálogo com a família humana sobre os problemas do mundo, como sinal de solidariedade, respeito e amor.[2]

Nesta mesma perspectiva, com o Jubileu da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de «perdoar e dar», de abrir-se «àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática», sem cair «na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói».[3]

Variadas são as razões para crer na capacidade que a humanidade tem de agir, conjunta e solidariamente, reconhecendo a própria interligação e interdependência e tendo a peito os membros mais frágeis e a salvaguarda do bem comum. Esta atitude de solidária corresponsabilidade está na raiz da vocação fundamental à fraternidade e à vida comum. A dignidade e as relações interpessoais constituem-nos como seres humanos, queridos por Deus à sua imagem e semelhança. Como criaturas dotadas de inalienável dignidade, existimos relacionando-nos com os nossos irmãos e irmãs, pelos quais somos responsáveis e com os quais agimos solidariamente. Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso mesmo que a indiferença constitui uma ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar a todos para que reconheçam este facto a fim de se vencer a indiferença e conquistar a paz. 

O mal do catolicismo no Brasil


Querem saber qual o grande mal do catolicismo no Brasil? Ele tem nome, endereço, CEP, CPF, etc. Tem identidade! O grande mal se chama "'teologia' da libertação" (com letras minúsculas mesmo), entendida como tem sido entendida por muitos, no Brasil.

Tudo deriva deste câncer. Muitos homens e mulheres da Igreja fizeram e ainda fazem ouvidos de mercador aos Documentos oficiais sobre a correta impostação desta "teologia": "Libertatis Nuntio", de 06 de agosto de 1984 e "Libertatis conscientia" de 22 de março de 1986. Este mal esteve, de certa forma, dissimulado durante os pontificados de João Paulo II e Bento XVI. Agora, ressurge com sua monstruosidade, produzindo as mais extravagantes situações, causando confusão entre os fiéis católicos. Especialmente a primeira Instrução (Libertatis Nuntio) é de uma clareza meridiana. Vale a pena reproduzir um parágrafo da Introdução:

“A Congregação para a Doutrina da Fé não pretende tratar aqui o vasto tema da liberdade cristã e da libertação em si mesmo. Propõe-se fazê-lo num documento posterior, no qual porá em evidência, de maneira positiva, toda a sua riqueza, tanto para a doutrina como para a prática.

A presente Instrução tem uma finalidade mais precisa e mais limitada: quer chamar a atenção dos pastores, dos teólogos e de todos os fiéis, para os desvios e perigos de desvio, prejudiciais à fé e à vida cristã, inerentes a certas formas da teologia da libertação que usam, de maneira insuficientemente crítica, conceitos assumidos de diversas correntes do pensamento marxista.