segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Edir Macedo diz que Deus se relaciona conosco no ‘toma-lá-dá-cá”.


O SBT reprisou no Conexão Repórter, neste domingo, dia 3,  uma entrevista com Edir Macedo, o autoproclamado bispo dono da Rede Record e da Igreja Universal do Reino de Deus.

As declarações de Macedo sobre a fé revelam bem o seu pensamento alinhado com a Teologia da Prosperidade, uma corrente que tem atraído neo-pentecostais a acreditarem que uma vida farta de bens sobre a terra é “um direito” do crente, como afirmou o líder religioso a Roberto Cabrini.

Indagado sobre a polêmica que envolveu um vídeo divulgado vinte anos atrás no Jornal Nacional (TV Globo) onde Macedo ensinava os pastores a aumentarem a arrecadação. O dono da Record asseverou que não se arrepende de nada do que foi dito. “Ou dá ou desce”, resume as Escrituras para o homem que fez fortuna à frente da IURD.

“Eu falei aquilo que eu pensava e penso – e vou continuar pensando. Com Deus, meu caro, ou você dá – a sua vida, e sobre pro céu - ou desce para o inferno. É a lei da palavra de Deus. Se você dá, você recebe; se você não dá, você não recebe. Jesus ensinou isso de outra forma, dai e ser-vos-á dado… Quer dizer, toma-lá-dá-cá. Toma-lá-dá-cá. De acordo com o que você oferece a Deus você recebe”, disse o homem que já se posicionou favorável ao aborto, mesmo sendo um líder que se diz cristão. 

Homilética Festa do Batismo do Senhor* - Ano C: "Somos incorporados a Cristo pelo Batismo".


A Festa do Batismo do Senhor encerra o ciclo das Festas da Manifestação do Senhor, o ciclo de Natal. Comemoramos o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão. Sem ter mancha alguma que purificar, Jesus quis submeter-se a esse rito tal como se submetera às demais observâncias legais que também não o obrigavam.

O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 18-19).

O dia em que fomos batizados foi o mais importante da nossa vida, pois nele recebemos a fé e a graça. Antes de recebermos o batismo, todos nós nos encontrávamos com a porta do Céu fechada e sem nenhuma possibilidade de dar o menor fruto sobrenatural.

Devemos agradecer a Deus a Graça do Batismo. Agradecer que nos tenha purificado a alma da mancha do pecado original, bem como de qualquer outro pecado que tivéssemos naquele momento. A água batismal significa e atualiza de um modo real o que é evocado pela água natural: a limpeza e a purificação de toda a mancha e impureza.

“Graças ao sacramento do Batismo tu te converteste em templo do Espírito Santo: não te passe pela cabeça – exorta São Leão Magno – afugentar com as tuas más ações um hóspede tão nobre, nem voltar a submeter-te à servidão do demônio, porque o teu preço é o sangue de Cristo.”

Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. O batismo é a porta por onde se entra na Igreja.

“E na Igreja, precisamente pelo Batismo, somo todos chamados à santidade” (LG 11 e 42), cada um no seu próprio estado e condição. A chamada à santidade e a conseqüente exigência de santificação pessoal são universais: todos, sacerdotes e leigos, estamos chamados à santidade; e todos recebemos, com o batismo as primícias dessa vida espiritual que, por sua própria natureza, tende à plenitude. É importante lembrar o caráter sacramental do Batismo “um certo sinal espiritual e indelével” impresso na alma no momento (Dz, 852). É como um selo que exprime o domínio de Cristo sobre a alma do batizado. Cristo tomou posse da nossa alma no momento em que fomos batizados. Ele nos resgatou do pecado com a sua Paixão e Morte.

Com estas considerações é fácil compreender porque é de desejar que as crianças recebam logo o batismo. Desde cedo a Igreja pediu aos pais que batizassem os seus filhos quanto antes. É uma demonstração prática de fé. Não é um atentado contra a liberdade da criança, da mesma forma que não foi uma ofensa dar-lhe a vida natural, nem alimentá-la, limpá-la, curá-la, quando ela própria não podia pedir esses bens. Pelo contrário, a criança tem direito a receber essa graça. No Batismo está em jogo um bem infinitamente maior do que qualquer outro: a graça e a fé; talvez a salvação eterna. Só por ignorância e por uma fé adormecida se pode explicar que muitas crianças sejam privadas pelos seus próprios pais, já cristãos, do maior dom da sua vida.

“Enquanto batizado, o homem deve sentir-se enviado pela Igreja a todos os campos de atividade que constituem sua vocação e missão, para dar testemunho como discípulo e missionário de Jesus Cristo…” (nº 460 do Doc. de Aparecida).

Santa Ângela de Foligno


A história de Santa Ângela é emocionante. De uma mulher despreocupada tornou-se uma grande mística cristã. A menina nasceu em Foligno, perto de Assis, no ano de 1248. 

Ainda muito jovem casou-se com um nobre e passou a levar uma vida ainda mais confortável, voltada para as vaidades, festas e recreações mundanas. Assim viveu até os trinta e sete anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida. Em pouco tempo perdeu os pais, o marido e os filhos. 

Entretanto, diante da tragédia, Ângela soube recuperar esperanças perdidas e encontrou em Deus o conforto espiritual. Sozinha, sem a família, fez-se religiosa, doando tudo o que tinha para a Ordem Terceira de São Francisco, trocando a futilidade por penitências e orações. 

Admiradora de São Francisco de Assis, ela procurava imitá-lo na pobreza e no serviço aos irmãos. Foi agraciada com dons místicos, sentindo na carne toda a força do amor de Jesus Cristo. Suas experiências tornaram livros de espiritualidade profunda, sendo usados para a formação espiritual de religiosos e leigos. 

Morreu, em 04 de janeiro 1309, já sexagenária, sendo enterrada na Igreja de São Francisco, em Foligno, Itália. 


ORAÇÃO

Deus, nosso Pai, quando o sofrimento vier nos visitar, e, na aflição, não quisermos aceitá-lo, dai-nos força para não cairmos no desespero. Pela intercessão de santa Ângela, conservai viva e inabalável a nossa esperança. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

Minha mãe era freira, foi estuprada e eu nasci. Hoje quero contar minha história


Este testemunho comovente chegou até nós pelas redes sociais, como resposta ao artigo “Deus quer a vida que vem de um estupro?”. Agradecemos pela coragem da sua autora, que prefere permanecer no anonimato, e esperamos que este relato toque o coração de quem o ler.

Decidi escrever este testemunho depois de ter lido o artigo que vocês publicaram há alguns dias sobre os bebês concebidos em um estupro. Já se passaram 3 anos desde que descobri que fui concebida dessa maneira, e é a primeira vez que falo tão extensamente sobre isso.

No começo, eu tentava negá-lo (ou não pensar muito nisso), pois para mim a primeira impressão foi de que eu não estava nos planos de ninguém da minha família, muito menos nos planos da minha mãe, de verdade! Ela havia planejado uma vida totalmente diferente da que tem agora comigo.

Ela era uma religiosa consagrada no momento do estupro (havia feito os votos perpétuos 5 anos antes do meu nascimento). Sei que ela era uma grande religiosa, e tinha (e ainda tem) a mesma mentalidade do Papa João Paulo II: dar protagonismo aos jovens dentro da Igreja.

Há muitas coisas que ainda desconheço sobre o que aconteceu, porque fiquei sabendo disso por meio de umas cartas velhas que escreveram para a minha mãe na época. Ela passou toda a gravidez longe do seu país, recebendo cartas da sua família, do seu melhor amigo (um sacerdote, que é meu padrinho de Batismo) e de algumas das suas irmãs de comunidade.

Sinto que Deus começou a agir desde o começo, por meio da madre superiora da congregação, cuja única preocupação desde o princípio foi proteger a minha mãe; ela, junto com a família da minha mãe, havia pensado que o melhor seria afastá-la do seu ambiente para que ela pudesse tomar uma decisão sem pressões, e também para proteger a comunidade de freiras. Ela decidiria se me daria em adoção e voltaria à comunidade, ou deixaria o hábito e se tornaria mãe.

Sei que Deus se manifestou por meio das pessoas que estavam com a minha mãe naquele então, e pude palpar como iam crescendo os sentimentos ao longo dos meses (eu não tinha as cartas escritas pela minha mãe, mas as respostas a elas).

Li todas as cartas mais de uma vez, e minhas favoritas sempre foram 3. Cada uma tem alguns meses de diferença; as emoções de cada momento são diferentes, e acho que me ajudarão a dar um testemunho melhor.

Pude notar como, no começo, tudo estava nublado para ela; havia sentimento de culpa (isso é muito comum, pelo que entendi, entre as vítimas de estupro, ao achar que ele poderia ser evitado) e nenhuma solução parecia ser a correta; na verdade, a única resposta clara era confiar em Deus. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Santíssimo Nome de Jesus


E seu nome será: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz" (Is 9, 5).

Sim, quanto é maravilhoso, rico e simbólico este nome que, segundo o Profeta Isaías, significa "Deus conosco"! Como o Arcanjo Gabriel deve ter enlevado a Santíssima Virgem Maria - que ponderava todas as coisas em seu coração - com estas palavras no momento da Anunciação: "E Lhe porás o nome de Jesus"! (Lc 1,31).

Esta frase, que ficou indelevelmente gravada no Imaculado Coração de Maria, chega aos ouvidos dos fiéis de todos os tempos, no orbe terrestre inteiro, fecundando os bons afetos de todo homem batizado. Ao longo dos séculos, diversas almas monásticas e contemplativas foram inspiradas por ela a tal ponto que inúmeras composições de canto gregoriano versam sobre o suave nome do Filho de Deus.

Há uma misteriosa e insondável relação entre o nome de Jesus e o Verbo Encarnado, não sendo possível conceber outro que lhe seja mais apropriado.

É o mais suave e santo dos nomes. Ele é um símbolo sacratíssimo do Filho de Deus, e sumamente eficaz para atrair sobre nós as graças e favores celestiais. O próprio Nosso Senhor prometeu: "Qualquer coisa que peçais a meu Pai em meu nome, Ele vo-la concederá" (Jo 14,13). Que magnífico convite para repeti-lo sem cessar e com ilimitada confiança!

A Santa Igreja, mãe próvida e solícita, concede indulgências a quem invocá-lo com reverência, inclusive põe à disposição de seus filhos a Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus, incentivando-os a rezá-la com freqüência.

No século XIII, o Papa Gregório X exortou os bispos do mundo e seus sacerdotes a pronunciar muitas vezes o nome de Jesus e incentivar o povo a colocar toda sua confiança neste nome todo poderoso, como um remédio contra os males que ameaçavam a sociedade de então. O Papa confiou particularmente aos dominicanos a tarefa de pregar as maravilhas do Santo Nome, obra que eles realizaram com zelo, obtendo grandes sucessos e vitórias para a Santa Igreja.

Um vigoroso exemplo da eficácia do Santo Nome de Jesus verificou-se por ocasião de uma epidemia devastadora surgida em Lisboa em 1432. Todos os que podiam, fugiam aterrorizados da cidade, levando assim a doença para todos os recantos de Portugal. Milhares de pessoas morreram. Entre os heróicos membros do clero que davam assistência aos agonizantes estava um venerável bispo dominicano, Dom André Dias, o qual incentivava a população a invocar o Santo Nome de Jesus.

Ele percorria incansavelmente o país, recomendando a todos, inclusive aos que ainda não tinham sido atingidos pela terrível enfermidade, a repetir: Jesus, Jesus! "Escrevam este nome em cartões, mantenham esses cartões sobre seus corpos; coloquem-nos, à noite, sob o travesseiro; pendurem-nos em suas portas; mas, acima de tudo, constantemente invoquem com seus lábios e em seus corações este nome poderosíssimo".

Maravilha! Em um prazo incrivelmente curto o país inteiro foi libertado da epidemia, e as pessoas agradecidas continuaram a confiar com amor no Santo Nome de nosso Salvador. De Portugal, essa confiança espalhou-se para a Espanha, França e o resto do mundo.

O ardoroso São Paulo é o apóstolo por excelência do Santo Nome de Jesus. Diz ele que este é "o nome acima de todos os nomes", e louva seu poder com estas palavras: "Ao nome de Jesus dobrem-se todos os joelhos nos céus, na terra e nos infernos" (Fil 2,10).

São Bernardo era tomado de inefável alegria e consolação ao repetir o nome de Jesus. Ele sentia como se tivesse mel em sua boca, e uma deliciosa paz em seu coração. São Francisco de Sales não hesita em dizer que quem tem o costume de repetir com freqüência o nome de Jesus, pode estar certo de obter a graça de uma morte santa e feliz. Outro imenso favor!

Mas este grande dom não nos pede alguma retribuição?

Sim. Além de muita confiança e gratidão, o desejo sincero de viver em inteira consonância com as infinitas belezas contidas no santíssimo Nome de Jesus. E também - a exemplo do venerável bispo português Dom André Dias - o empenho em divulgá-lo aos quatro ventos. Digna de honra e louvor é a mãe verdadeiramente católica, que ensina seus filhos a pronunciar os doces nomes de Jesus e de Maria mesmo antes de dizer mamãe e papai, bem como a pautar sua vida pela desses dois modelos divinos.


SENHOR, tende piedade de nós.
JESUS CRISTO, tende piedade de nós.
SENHOR, tende piedade de nós.
JESUS CRISTO, ouvi-nos.
JESUS CRISTO, atendei-nos.

PAI CELESTE, que sois DEUS, tende piedade de nós.
FILHO, Redentor do mundo, que sois DEUS, …
SANTÍSSIMA TRINDADE, que Sois um só DEUS,
JESUS, filho de DEUS vivo,
JESUS, pureza da luz eterna,
JESUS, rei da glória,
JESUS, sol de justiça,
JESUS, filho da Virgem Maria,
JESUS amável,
JESUS, admirável,
JESUS, DEUS forte,
JESUS, pai do futuro século,
JESUS, anjo do grande conselho,
JESUS, poderosíssimo,
JESUS, pacienciosíssimo,
JESUS, obedientíssimo,
JESUS, manso e humilde de coração,
JESUS, amante da castidade,
JESUS, amador nosso,
JESUS, DEUS da Paz,
JESUS, autor da vida,
JESUS, exemplar das virtudes,
JESUS, zelador das almas,
JESUS, nosso refúgio,
JESUS, pai dos pobres,
JESUS, tesouro dos fiéis,
JESUS, boníssimo pastor,
JESUS, luz verdadeira,
JESUS, sabedoria eterna,
JESUS, bondade infinita,
JESUS, nosso caminho e nossa vida,
JESUS, alegria dos anjos,
JESUS, rei dos patriarcas,
JESUS, mestre dos apóstolos,
JESUS, doutor dos evangelistas,
JESUS, fortaleza dos mártires,
JESUS, luz dos confessores,
JESUS, pureza das virgens,
JESUS, coroa de todos os santos.

Sede-nos propício, perdoai-nos, JESUS.
Sede-nos propício, ouvi-nos, JESUS.
De todo o mal, livrai-nos, JESUS.
De todo o pecado, livrai-nos, JESUS.
De Vossa ira,
Das ciladas do demônio,
Do espírito da impureza,
Da morte eterna,
Do desprezo das Vossas inspirações,
Pelo mistério da Vossa Santa Encarnação,
Pela Vossa natividade,
Pela Vossa infância,
Pela Vossa santíssima vida,
Pelos Vossos trabalhos,
Pela Vossa agonia e paixão,
Pela Vossa cruz e desamparo,
Pelas Vossas angústias,
Pela Vossa morte e sepultura,
Pela Vossa ressurreição,
Pela Vossa ascensão,
Pela Vossa instituição da Santíssima Eucaristia,
Pelas Vossas alegrias,
Pela Vossa glória,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Jesus.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.


Senhor Jesus Cristo, que dissestes: “Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á”, nós Vos suplicamos que concedei a nós, que Vos pedimos, os sentimentos afetivos de Vosso divino amor, a fim de que nós Vos amemos de todo o coração e que esse amor transcenda por nossas ações. Permiti que tenhamos sempre, Senhor, um igual temor e amor pelo Vosso Santo Nome, pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do Vosso amor. Vós que viveis e renais para todo o sempre. Amém.

Plenitude do tempo chegou através do sim de Maria, diz Papa


HOMILIA
Santa Missa na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
Basílica Vaticana
Sexta-feira, 1º de janeiro de 2016


Ouvimos as palavras do apóstolo Paulo: «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Gl 4, 4).

Que significa Jesus nasceu na «plenitude do tempo»? Se o nosso olhar se fixa no momento histórico, podemos imediatamente ficar decepcionados. Sobre grande parte do mundo conhecido de então, dominava Roma com o seu poderio militar. O imperador Augusto chegara ao poder depois de cinco guerras civis. Também Israel fora conquistado pelo Império Romano e o povo eleito estava privado da liberdade. Por conseguinte, aquele não era certamente o tempo melhor para os contemporâneos de Jesus. Portanto, se queremos definir o clímax do tempo, não é para a esfera geopolítica que devemos olhar.

É necessária uma interpretação diferente, que entenda a plenitude a partir de Deus. No momento em que Deus estabelece ter chegado a hora de cumprir a promessa feita, realiza-se então, para a humanidade, a plenitude do tempo. Por isso, não é a história que decide acerca do nascimento de Cristo; mas, ao invés, é a sua vinda ao mundo que permite à história chegar à sua plenitude. É por isso que se começa, do nascimento do Filho de Deus, o cálculo duma nova era, ou seja, a que vê o cumprimento da antiga promessa. Como escreve o autor da Carta aos Hebreus, «muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo. Este Filho é resplendor da sua glória e imagem fiel da sua substância e tudo sustenta com a sua palavra poderosa» (1, 1-3). Assim, a plenitude do tempo é a presença de Deus em pessoa na nossa história. Agora, podemos ver a sua glória que refulge na pobreza dum estábulo, e ser encorajados e sustentados pelo seu Verbo que Se fez «pequeno» numa criança. Graças a Ele, o nosso tempo pode encontrar a sua plenitude.

Este mistério, porém, sempre contrasta com a dramática experiência histórica. Cada dia, quereríamos ser sustentados pelos sinais da presença de Deus, mas o que constatamos são sinais opostos, negativos, que fazem antes senti-Lo como ausente. A plenitude do tempo parece esboroar-se perante as inúmeras formas de injustiça e violência que ferem diariamente a humanidade. Às vezes perguntamo-nos: Como é possível que perdure a prepotência do homem sobre o homem? Que a arrogância do mais forte continue a humilhar o mais fraco, relegando-o para as margens mais esquálidas do nosso mundo? Até quando a maldade humana semeará na terra violência e ódio, causando vítimas inocentes? Como pode ser o tempo da plenitude este que coloca diante dos nossos olhos multidões de homens, mulheres e crianças que fogem da guerra, da fome, da perseguição, dispostos a arriscar a vida para verem respeitados os seus direitos fundamentais? Um rio de miséria, alimentado pelo pecado, parece contradizer a plenitude do tempo realizada por Cristo. 

Santa Genoveva


Santa Genoveva nasceu em Nanterre, próximo de Paris, na França, no ano de 422, dentro de uma família muito simples. Desde cedo, ela foi discernindo o chamado de Deus a seu respeito. Quando tinha apenas 8 anos, um bispo chamado Dom Jermano estava indo da França para a Inglaterra em missão. Passou por Nanterre para uma celebração e, ao dar a bênção para o povo, teve um discernimento no Espírito Santo e chamou aquela menina de oito anos para a vida consagrada. A resposta dela foi de que não pensava em outra coisa desde pequenina.

Santa Genoveva queria ser totalmente do Senhor. Não demorou muito tempo, ela fez um voto a Deus para viver a virgindade consagrada. Com o falecimento dos pais, dirigiu-se a Paris para morar na casa de uma madrinha. Ali, vida de oração, penitência de oferta a Deus para a salvação das almas. Então, ela foi ficando conhecida pelo seu ardor, pelo seu amor e pelo desejo de testemunhar Jesus Cristo a todos os corações.

Incompreendida pelas pessoas, ela chegou ao ponto de de ser defendida pelo mesmo Bispo que a chamou para a vida de consagração. Em Paris, ela ficou gravemente enferma; na doença, na dificuldade, chegou a ficar 3 dias em coma. Mas, em tudo, entregava-se à vontade de Deus. E o seu coração ia se dilatando e acolhendo a realidade de tantos. Uma mulher de verdade.

Por causa da invasão do Hunos em várias regiões, chegou, em Paris, uma história que estava amedrontando toda gente: os Hunos estava chegando para invadir e destruir a capital. Não era verdade e ela o soube. Então, fez questão de falar a verdade para o povo. Eles a perseguiram e quiseram queimá-la como feiticeira. Mas a sua fidelidade a Deus sempre foi a melhor resposta.

Numa outra ocasião, de fato, os Hunos estavam para invadir e destruir Paris. Santa Genoveva chamou o povo para a oração e penitência; e não aconteceu aquela invasão. A sua fama de santidade e sua humildade para comunicar Cristo Jesus iam cada vez mais longe. Santa Genoveva ia ao encontro de povos, e a influência que tinha era para socorrer os doentes, os famintos, uma mulher de caridade, uma santa. Quantas jovens puderam ser despertadas para uma vocação de virgindade consagrada a partir do testemunho de santa Genoveva! Ela faleceu com quase 90 anos.

Santa Genoveva, rogai por nós!


ORAÇÃO:

Ó Deus, nosso Pai, por intercessão de Santa Genoveva, afastai de nós as doenças, a fome, as guerras, as incompreensões e o ódio entre irmãos. Jamais nos falte, Senhor, a vossa proteção e auxílio nas dificuldades e provações pelas quais passamos. Nós Vos louvamos e Vos damos graças, por Cristo nosso Senhor. Amém.
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CN

A Festa da Fé


A Igreja celebra hoje a manifestação de Jesus ao mundo inteiro. Epifania significa “manifestação”; e os Magos representam os povos de todas as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus.

Na Vinda dos Magos a Belém, Jesus inicia a reunião de todos os povos (Ev. Mt 2, 1-12).

O Profeta Isaías (Is 60, 1-6) descreve a glória de Jerusalém para quem se levanta uma grande luz. Esta luz é Cristo, o Messias Salvador. Ele será luz para Jerusalém e para a nova Jerusalém, a Igreja e toda a humanidade.

A festa da Epifania incita todos os fiéis a partilharem dos anseios e fadigas da Igreja que “ora e trabalha ao mesmo tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo” (LG. 17). Aqui temos o plano de Deus de fazer toda a humanidade participante da salvação em Cristo! Esta é a boa-nova, o Evangelho. Por isso, devemos hoje dar graças a Deus por nossa vocação cristã.

Para que isso aconteça é preciso que trilhemos o caminho dos Magos. Qual será este caminho? Primeiramente é preciso estarmos atentos aos sinais de Deus e termos o desejo de adorá-Lo.

“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2). Em segundo lugar, é preciso procurá-Lo, onde Ele se encontra! Depois, é preciso partir sempre de novo, recomeçar, sair à procura! Então, a estrela há de aparecer e pousar sobre o lugar onde se encontra o Menino. Serão momentos de grande alegria!

Quem encontra Jesus Cristo muda de caminho. Toma outro caminho. Um caminho novo, o caminho de

Jesus Cristo que se apresenta como o Caminho (Jo 14,6).

Importa seguir a estrela que pousará onde está Jesus Cristo. Precisamos estar atentos à estrela! A estrela são todos os sinais de Deus para que encontremos o Messias Salvador. A Palavra de Deus, os Sacramentos, o Magistério da Igreja, uma palavra do sacerdote ou de pessoas amigas, os acontecimentos da vida. Devemos estar atentos para perceber a presença da estrela. E mais: somos chamados a sermos estrelas, que vão indicando o caminho ao próximo para que ele encontre o Messias Salvador. Há muitas maneiras de sermos estas estrelas, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na família, na Igreja e na sociedade.

Cada pessoa humana necessita de estrelas que iluminem o seu caminho para o bem, para Deus.

Os Magos, ao chegarem a Belém, ajoelharam-se diante do Menino e O adoraram. Abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes… Não voltaram a Herodes, retornaram por outro caminho (Mt. 2, 11-12).

O encontrar Deus no menino transforma a vida das pessoas (um chamado à conversão). Já não podem voltar a Herodes (mal). Voltarão por outro caminho à sua região (Vida nova!).