No livro
do Gênesis encontramos a história da criação do mundo e dos seres viventes. Diz
o Gênesis que "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e
inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente"
(Gn 2,7).
Neste
versículo encontramos a primeira prova da natureza dualística do homem: a carne
formada “do barro da terra” e seu espírito que é "um sopro de vida".
Somente depois de dadas as duas coisas, diz o Gênesis que "o homem se
tornou um ser vivente".
Com
efeito, sopro em hebraico é "nashamah". É a mesma palavra usada no
Deuteronômio onde lemos: "Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão
te dá o Senhor, teu Deus, não deixarás nelas alma viva [nashamah]" (Dt
20,16). Ver também 1 Reis 15,29.
Muitos
são os exemplos na Escritura onde "nashmah" denota claramente o
espírito que Deus deu ao homem, infiltrado no corpo humano através das suas
narinas (cf. Gn 2,7) no momento da criação.
A
inteligência da alma
Não é por
acaso que a Psicologia estuda as faculdades intelectuais humanas. A palavra que
no português conhecemos por "alma" não existe no hebraico.
"Alma" vem do grego "psychein" que significa
"soprar". Deste verbo grego vem a palavra "psique" que
significa "sopro", que é raiz da palavra "psicologia".
A
etimologia da palavra "psicologia" nos remete à inteligência presente
no espírito humano ("sopro"), pela qual recebemos nossas faculdades
intelectuais.
Com
efeito, a própria Revelação de Deus mostra que é pelo seu espírito que o homem
possui inteligência, conforme vimos em Prov 20,27. A mesma verdade encontramos
em Jó: "mas é o Espírito de Deus no homem, e um sopro [nashmah] do
Todo-poderoso que torna inteligente" (Job 32,8).
Embora as
faculdades do corpo como tato, olfato, audição e visão sejam responsáveis pela
nossa interação com o mundo, é pelo espírito que temos inteligência; é dele que
vem a nossa razão.
Por isso,
sobre o espírito humano escreveu Salomão: "O espírito [nashamah] do homem
é uma lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das
entranhas" (Prov 20,27).
Concordando
com Salomão, São Paulo ao escrever aos Romanos faz a relação entre espírito e
razão: "Assim, pois, de um lado, pelo meu espírito, sou submisso à
lei de Deus; de outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do
pecado" (Rm 7,26).
As
referências acima provam que o espírito humano é dotado de faculdades
intelectuais.