quinta-feira, 10 de março de 2016

CNBB divulga nota sobre o momento atual do Brasil


NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO BRASIL

“O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”
(Tg 3,18)

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 8 a 10 de março de 2016, manifestamos preocupações diante do grave momento pelo qual passa o país e, por isso, queremos dizer uma palavra de discernimento. Como afirma o Papa Francisco, “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião a uma intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (EG, 183).

Vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade. A busca de respostas pede discernimento, com serenidade e responsabilidade. Importante se faz reafirmar que qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça.

A superação da crise passa pela recusa sistemática de toda e qualquer corrupção, pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo que resulte num compromisso entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. É inadmissível alimentar a crise econômica com a atual crise política. O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade. 

As suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a transparência e retoma o clima de credibilidade nacional. Reconhecemos a importância das investigações e seus desdobramentos. Também as instituições formadoras de opinião da sociedade têm papel importante na retomada do desenvolvimento, da justiça e da paz social. 

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais


CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
CARTA CIRCULAR

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A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO
DAS FESTAS PASCAIS

16 de janeiro de 1988

PROÊMIO

1. O Ordo da solenidade pascal e de toda a Semana Santa, renovado pela primeira vez por Pio XII, em 1951 e 1955, em geral foi acolhido favoravelmente por todas as Igrejas de rito romano.[1]

O Concílio Vaticano II, principalmente na Constituição sobre a sagrada Liturgia, pôs em evidência muitas vezes, segundo a tradição, a centralidade do mistério pascal de Cristo, recordando como dele deriva a força de todos os sacramentos e dos sacramentais.[2]

2. Assim como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do domingo, marcado pela característica pascal, assim também o ápice de todo o ano litúrgico resplandece na celebração do sagrado tríduo pascal da paixão e ressurreição do Senhor[3], preparada na Quaresma e estendida com júbilo por todo o ciclo dos cinqüenta dias sucessivos.

3. Em muitas partes do mundo os fiéis, juntamente com os seus pastores, têm em grande consideração estes ritos, nos quais participam com verdadeiro fruto espiritual. Ao contrário, em algumas regiões, com o passar do tempo, começou a esmorecer aquele fervor de devoção, com que foi acolhida, no início, a renovada vigília pascal. Em alguns lugares foi ignorada a noção mesma da vigília, a ponto de ser considerada como uma simples missa vespertina, celebrada como as missas do domingo antecipadas para as vésperas do sábado.

Noutros lugares não são respeitados, de modo devido, os tempos do tríduo sagrado. Além disso, as devoções e os pios exercícios do povo cristão são colocados freqüentemente em horários mais cômodos, tanto que os fiéis neles participam em maior número do que nas celebrações litúrgicas.

Sem dúvida, tais dificuldades provêm sobretudo de uma formação não ainda suficiente, do clero e dos fiéis, acerca do mistério pascal, como centro do ano litúrgico e da vida cristã.[4]

4. Hoje, em várias regiões o tempo das férias coincide com o período da Semana Santa. Esta coincidência, unida às dificuldades próprias da sociedade contemporânea, constitui um obstáculo à participação dos fiéis nas celebrações pascais.

5. Tendo isto em consideração, pareceu oportuno a este dicastério, levando em conta a experiência adquirida, recordar alguns pontos doutrinais e pastorais e também diversas normas estabelecidas a respeito da Semana Santa. Por outro lado, tudo o que nos livros se refere ao tempo da Quaresma, da Semana Santa, do tríduo pascal e do tempo da Páscoa, conserva o seu valor, a não ser que neste documento seja interpretado de maneira diversa. As normas mencionadas são agora aqui de novo propostas com vigor, com a finalidade de fazer celebrar do melhor modo os grandes mistérios da nossa salvação e para facilitar a frutuosa participação de todos os fiéis.[5]

I. O TEMPO DA QUARESMA

6. “O anual caminho de penitência da Quaresma é o tempo de graça, durante o qual se sobe ao monte santo da Páscoa. Com efeito, a Quaresma, pela sua dúplice característica, reúne catecúmenos e fiéis na celebração do mistério pascal. Os catecúmenos, quer por meio da ‘eleição’ e dos ‘escrutínios’ quer mediante a catequese, são admitidos aos sacramentos da iniciação cristã; os fiéis, ao contrário, por meio da escuta mais freqüente da Palavra de Deus e de uma oração mais intensa são preparados, com a Penitência, para renovar as promessas do Batismo”.[6]

a) Quaresma e iniciação cristã

7. Toda a iniciação cristã tem uma índole pascal, sendo a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Cristo. Por esta razão, a Quaresma deve alcançar o seu pleno vigor como tempo de purificação e de iluminação, especialmente mediante os “escrutínios” e as “entregas” (o símbolo da fé e a oração do Senhor); a própria vigília pascal deve ser considerada como o tempo mais adaptado para celebrar os sacramentos da iniciação.[7]

8. Também as comunidades eclesiais, que não têm catecúmenos, não deixem de orar por aqueles que noutros lugares, na próxima vigília pascal, receberão os sacramentos da iniciação cristã. Os pastores, por sua vez, expliquem aos fiéis a importância da profissão de fé batismal, em ordem ao crescimento da sua vida espiritual. Estes serão convidados a renovar tal profissão de fé, “no final do caminho penitencial da Quaresma”.[8]

9. Na Quaresma, cuide-se de ministrar a catequese aos adultos que, batizados quando crianças, não a receberam e, portanto, não foram admitidos aos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia. Neste mesmo período sejam realizai. das as celebrações penitenciais, a fim de os preparar para o sacramento da Reconciliação.[9]

10. O tempo da Quaresma é, além disso, o tempo próprio para celebrar os ritos penitenciais correspondentes aos escrutínios para as crianças ainda não batizadas, que atingiram a idade adequada à instrução catequética, e para as crianças há tempo batizadas, antes de serem admitidas pela primeira vez ao sacramento da Penitência.[10]

O bispo promova a formação dos catecúmenos tanto adultos como crianças e, segundo as circunstâncias, presida aos ritos prescritos, com a participação assídua por parte da comunidade local.[11]

b) As celebrações do tempo quaresmal

11. Os domingos da Quaresma têm sempre a precedência também nas festas do Senhor e em todas as solenidades. As solenidades, que coincidem com estes domingos, são antecipadas para o sábado.[12] Por sua vez, os dias feriais da Quaresma têm a precedência nas memórias obrigatórias.[13]

12. Sobretudo nas homilias do domingo seja ministrada a instrução catequética sobre o mistério pascal e sobre os sacramentos, com explicação mais cuidadosa dos textos do Lecionário, sobretudo as perícopes do Evangelho, que ilustram os vários aspectos do Batismo e dos outros sacramentos e também a misericórdia de Deus.

13. Os pastores expliquem a Palavra de Deus de modo mais freqüente e mais amplo nas homilias dos dias feriais, nas celebrações da Palavra, nas celebrações penitenciais[14], em particulares pregações, durante a visita às famílias ou a grupos de famílias para a bênção. Os fiéis participem com freqüência nas missas feriais e, quando não for possível, sejam convidados a ler pelo menos os textos das leituras correspondentes, em família ou em particular.

14. “O tempo da Quaresma conserva a sua índole penitencial”.[15] Na catequese aos fiéis seja inculcada, juntamente com as conseqüências sociais do pecado, a natureza genuína da penitência, com a qual se detesta o pecado enquanto ofensa a Deus.[16]

A virtude e a prática da penitência permanecem partes necessárias da preparação pascal: da conversão do coração deve brotar a prática externa da penitência, quer para os cristãos individualmente quer para a comunidade inteira; prática penitencial que, embora adaptada às circunstâncias e condições próprias do nosso tempo, deve porém estar sempre impregnada do espírito evangélico de penitência e orientada para o bem dos irmãos.

Não se esqueça a parte da Igreja na ação penitencial e seja solicitada a oração pelos pecadores, inserindo-a com mais freqüência na oração universal.[17]

15. Recomende-se aos fiéis mais intensa e frutuosa participação na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais. Seja-lhes recomendada sobretudo a freqüência, neste tempo, ao sacramento da Penitência, segundo a lei e as tradições da Igreja, para poderem participar nos mistérios pascais com espírito purificado. É muito oportuno no tempo da Quaresma celebrar o sacramento da Penitência segundo o rito para a reconciliação de mais penitentes, com a confissão e absolvição individual, como vem descrito no Ritual Romano.[18]

Por sua vez, os pastores estejam mais disponíveis para o ministério da Reconciliação e, ampliando os horários para a confissão individual, facilitem o acesso a este sacramento.

16. O caminho de penitência quaresmal em todos os seus aspectos seja orientado para pôr em mais evidência a vida da Igreja local, e para lhe favorecer o progresso. Por isto se recomenda muito conservar e favorecer a forma tradicional de assembléia da Igreja local, segundo o modelo das “estações” romanas. Estas assembléias de fiéis poderão reunir-se, especialmente sob a presidência do pastor da diocese, junto dos túmulos dos santos ou nas principais igrejas e santuários da cidade, ou nos lugares de peregrinação mais freqüentados na diocese.[19]

17. “Na Quaresma não se colocam flores no altar e o som dos instrumentos é permitido só para sustentar o canto”[20], no respeito da índole penitencial deste tempo.

18. De igual modo, omite-se o Aleluia em todas as celebrações, desde o início da Quaresma até a Vigília pascal, também nas solenidades e nas festas.[21]

19. Sobretudo nas celebrações eucarísticas, mas também nos pios exercícios, sejam escolhidos cânticos adaptados a este tempo e correspondentes, o mais possível, aos textos litúrgicos.

20. Sejam favorecidos e impregnados de espírito litúrgico os pios exercícios de acordo com o tempo quaresmal, como a Via-sacra, para com mais facilidade conduzir os ânimos dos fiéis à celebração do mistério pascal de Cristo.

c) Particularidades de alguns dias da Quaresma

21. Na quarta-feira antes do primeiro domingo da Quaresma os fiéis, recebendo as cinzas, entram no tempo destinado à purificação da alma. Com este rito penitencial, surgido da tradição bíblica e conservado na práxis eclesial até os nossos dias, é indicada a condição do homem pecador, que exteriormente confessa a sua culpa diante de Deus e exprime assim a vontade de conversão interior, na esperança que o Senhor seja misericordioso para com ele. Por meio deste mesmo sinal inicia o caminho de conversão, que alcançará a sua meta na celebração do sacramento da Penitência nos dias antes da Páscoa.[22] A bênção e imposição das cinzas são realizadas durante a missa ou também fora da missa. Nesse caso, permite-se a liturgia da Palavra, concluída com a oração dos fiéis.[23]

22. A Quarta-feira de Cinzas é dia obrigatório de penitência na Igreja toda, com a observância da abstinência e do jejum.[24]

23. O I domingo da Quaresma assinala o início do sinal sacramental da nossa conversão, tempo favorável para a nossa salvação.[25] Na missa deste domingo não faltem os elementos que sublinham tal importância; por exemplo, a procissão de entrada, com a ladainha dos santos.[26] Durante a missa do I domingo da Quaresma, o bispo celebre oportunamente na igreja catedral, ou noutra igreja, o rito da eleição ou da inscrição do nome, segundo as necessidades pastorais.[27]

24. Os Evangelhos da Samaritana, do cego de nascença e da ressurreição de Lázaro, assinalados respectivamente para os domingos III, IV e V da Quaresma no ano A, pela sua grande importância em ordem à iniciação cristã, podem ser lidos também nos anos B e C, sobretudo onde há catecúmenos.[28]

25. No IV domingo da Quaresma (“Laetare”) e nas solenidades e festas permite-se o som dos instrumentos, e o altar pode ser ornado com flores. E neste domingo podem ser usados os paramentos de cor rósea.[29]

26. O uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília. pascal.[30] 

6ª Dor de Nossa Senhora: Maria recebe Jesus descido da Cruz


1. Maria saúda as chagas de Jesus, como fontes de nossa salvação

Ó vós que passais pela estrada, atendei e vede, se há dor semelhante à minha dor (Jr 1,12). Almas devotas, escutai o que hoje vos diz a Mãe dolorosa: Filhas diletas, não quero que procureis consolar-Me, porque Meu coração já não pode achar consolação na terra, depois da morte de Meu caro Jesus. Se quereis dar-Me gosto, vinde e vede se houve no mundo dor semelhante à Minha, ao ver como Me arrebataram com tanta crueldade Aquele que era todo o Meu amor. Mas, Senhora, já que não buscais consolo, mas antes sofrimento, eu Vos direi que nem com a morte de Vosso Filho findaram as Vossas dores. Ainda hoje, daqui a pouco, sereis ferida dolorosamente por uma espada. Vereis uma lança cruel transpassar o lado de Vosso Filho, já sem vida. E depois tereis de receber, em Vossos braços, Seu corpo descido da cruz. 

Estamos na sexta dor da pobre Mãe de Jesus. 

Contemplemo-la com atenção e lágrimas de piedade. Até então vieram as dores cruciar Maria, uma a uma. Mas agora assaltaram-nA todas juntas. Basta dizer a uma mãe que seu filho morreu, para toda inflamá-la o amor ao filho que a deixou. Para consolo das mães atribuladas com a perda de algum filho, costumam pessoas recordar-lhes os desgostos que deles receberam. Porém eu, ó minha Rainha, se quisesse consolar-Vos pela morte de Jesus onde acharia algum desgosto dado por Ele, para vo-lo recordar? 

Ah! Ele sempre Vos amara, sempre Vos obedecera e respeitara. Agora O perdestes. Quem há que possa exprimir Vossa aflição? Exprimi-a Vós mesma, que cruelmente a sofrestes!

Morto nosso Redentor, diz um piedoso autor, acompanharam-Lhe a alma santíssima os amorosos afetos da excelsa Mãe, para apresentá-la ao Eterno Pai. Disse talvez o seguinte: "Apresento-Vos, ó meu Deus, a alma imaculada do Meu e Vosso Filho, que Vos obedeceu até a morte; recebei-a em Vossos braços. Eis satisfeita a Vossa justiça e executada a Vossa vontade; eis consumado o grande sacrifício para eterna glória Vossa". Voltando-Se depois para o corpo inanimado de Seu Jesus: " Ó chagas, disse então, chagas amáveis, congratulo-Me convosco, porque por meio de vós foi dada a salvação ao mundo. Permanecereis abertas no corpo de Meu Filho, como refúgio de todos quantos recorrem a vós. Quantos por vós hão de receber o perdão de seus pecados e inflamar-se no amor do Sumo Bem! 

2. A dolorosa cena do lanceamento 

Por que não ficasse desfeita a festa do dia seguinte, sábado pascal, exigiram os judeus fosse logo retirado da cruz o corpo do Senhor. Mas como não podiam retirar o sentenciado antes de estar certamente morto, vieram alguns algozes, com pesadas clavas de ferro, e quebraram as pernas aos dois ladrões crucificados. Aproximaram-se também do corpo de Jesus. Enquanto chorava a morte de Seu Filho, vê Maria esses homens armados que se chegam a Jesus. Estremece de terror, mas logo Lhes diz:Ai! Meu Filho já está morto: deixai de ultrajá-lO ainda mais, e de ainda mais Me atormentar o pobre coração de mãe desolada! 

Pediu que não Lhe quebrassem as pernas, observa Boaventura Baduário. Mas enquanto assim falava, ó Deus! vê um soldado erguer com ímpeto a lança e com ela abrir o lado de Jesus. "Um dos soldados lhe abriu (a Jesus) o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água" (Jo 19,34). A esse golpe de lança tremeu a cruz e o Coração de Jesus foi dividido, como por revelação o soube S. Brígida. Saiu sangue e água, pois do primeiro restavam apenas essas últimas gotas. Quis o Salvador derramá-las para nos mostrar que já não tinha sangue que nos dar. Foi para Jesus a injúria desse golpe de lança, mas a dor sentiu-a a Virgem Mãe, diz Landspérgio. Querem os Santos Padres que tenha sido propriamente essa a espada predita à Virgem por Simeão. Não foi uma espada de aço, mas de dor que transpassou a Sua alma bendita, no Coração de Jesus onde sempre morava. Entre outros, diz S. Bernardo: A lança, que abriu o lado de Jesus, transpassou a alma da Virgem, que não podia separar-Se do Filho. Ao ser retirada a lança - revelou a Mãe de Deus a S. Brígida - o sangue de Meu Filho tingia-Lhe a ponta; parecia-Me nesse momento que Meu coração estava transpassado, ao ver que o do Meu Filho fora rasgado pelo golpe. E à mesma santa disse o anjo, que só por um milagre escapou Maria de morrer naquela ocasião. Nas outras dores, a Virgem tinha o Filho a seu lado, mas nem semelhante conforto lhe resta agora.  

Contemplemos a paixão do Senhor


Quem venera realmente a paixão do Senhor deve contemplar de tal modo, com os olhos do coração, Jesus crucificado, que reconheça na carne do Senhor a sua própria carne.

Trema a criatura perante o suplício do seu Redentor, quebrem-se as pedras dos corações infiéis e saiam para fora, vencendo todos os obstáculos, aqueles que jaziam debaixo de seus túmulos. Apareçam também agora na cidade santa, isto é, na Igreja de Deus, como sinais da ressurreição futura e realize-se nos corações o que um dia se realizará nos corpos.

A nenhum pecador é negada a vitória da cruz e não há homem a quem a oração de Cristo não ajude. Se ela foi útil para muitos dos que o perseguiam, quanto mais não ajudará os que a ele se convertem?

Foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à verdadeira luz.

O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à fé do ladrão arrependido.

Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam na ansiedade e no orgulho, de tal modo que não procuremos, com todo o afeto do coração, conformar-nos a nosso Redentor na perfeita imitação de seus exemplos. Tudo o que ele fez ou sofreu foi para a nossa salvação, a fim de que todo o Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça.

Aquela sublime união da nossa natureza com a sua divindade, pela qual o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), não exclui ninguém da sua misericórdia senão aquele que recusa acreditar. Como poderá ficar fora da comunhão com Cristo quem recebe aquele que assumiu a sua própria natureza e é regenerado pelo mesmo Espírito por obra do qual nasceu Jesus? Quem não reconhece nele as fraquezas próprias da condição humana? Quem não vê que alimentar-se, buscar o repouso do sono, sofrer angústia e tristeza, derramar lágrimas de compaixão, eram próprios da condição de servo?

Foi precisamente para curar a nossa natureza das antigas feridas e purificá-la das manchas do pecado, que o Filho Unigênito de Deus se fez também Filho do Homem, de modo que não lhe faltasse nem a humanidade em toda a sua realidade, nem a divindade em sua plenitude.

É nosso, portanto, o que esteve morto no sepulcro, o que ressuscitou ao terceiro dia e o que subiu para a glória do Pai, no mais alto dos céus. Se andarmos pelos caminhos de seus mandamentos e não nos envergonharmos de proclamar tudo o que ele fez pela nossa salvação na humildade do seu corpo, também nós teremos parte na sua glória. Então se cumprirá claramente o que prometeu: Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus (Mt 10,32).


Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 15, De passione Domini,3-4: PL 54,366-367)

(Séc.V)

A ordem Rosacruz é compatível com a fé cristã?


A ordem Rosacruz é um grupo que pode ser chamado de “esotérico”, um termo utilizado tanto em sentido restrito quanto em sentido geral. Em sentido estrito, ele se aplica a algumas filosofias e escolas gregas. Já em sentido geral, que é o aplicado ao âmbito das seitas e novos movimentos religiosos, o termo “esotérico” significa “secreto”, “oculto”, “só para iniciados”. Nesse tipo de grupo, há uma distinção entre um “saber vulgar”, que é popular, superficial e pouco adentrado na verdadeira natureza do real, e um “saber autêntico”, que é único, reservado aos eleitos, aos sábios.

É este último aspecto que entra em choque com o cristianismo. Jesus não fez nada em segredo e, ao contrário do pensamento dos esotéricos, privilegiou os mais pobres, ignorantes e fracos da sociedade.

A autodefinição da Rosacruz

Segundo um dos seus ramos, a ordem Rosacruz “é uma organização fraternal, não sectária, de homens e mulheres, dedicada à pesquisa, estudo e aplicação prática das leis naturais e espirituais. O propósito da organização é permitir que todos vivam em harmonia com as forças cósmicas criadoras e construtivas, para atingir a saúde, a felicidade e a paz” (cf. revista El Rosacruz, 5, X – 1957).

Essa autodefinição abrange o que a maioria de grupos atuais se propõem a oferecer às pessoas.

O problema das origens da ordem Rosacruz

Existem várias organizações que se proclamam como “os autênticos rosa-cruzes”. Por exemplo, a Antiga e Mística Ordem da Rosa Cruz (AMORC), a Sociedade dos Rosa-Cruzes e a Christian Rosenkreuz.

A AMORC é a mais conhecida na América Latina e se considera continuadora de uma sociedade que teria tido origens numa escola iniciática do antigo Egito, durante a XVIII Dinastia. Trata-se da dinastia que governou o Egito entre os anos de 1550 a.C. a 1295 a.C., época considerada de máximo esplendor da civilização faraônica. Segundo este grupo, o filósofo Francis Bacon seria o autor das primeiras publicações rosa-cruzes surgidas após a invenção da imprensa. Para F. Sampedro e J. Elizaga (cf. F. Sampedro, Sectas y otras doctrinas en la actualidad, Bogotá, 1993, 148; J. Elizaga, Las sectas y las nuevas religiones a la conquista del Uruguay, Montevidéu, 1988, 168), a AMORC teria sido fundada por Spencer Lewis (1915), com sede central em San Jose, na Califórnia (cf. revista oficial da AMORC, El Rosacruz). Segundo estes autores, Lewis recebeu os segredos dos “Irmãos Maiores da Rosacruz de Paris”.

Entre suas diversas denominações e raízes, os rosa-cruzes têm templos em cerca de 150 países.

A rosa e a cruz

Desde tempos muito antigos, mesmo antes da morte de Cristo, a cruz era usada como símbolo solar. O homem primitivo, em seus primeiros cultos ao sol, o contemplava de braços abertos. A cruz também representou os quatro pontos cardeais. É ainda das forças masculinas da natureza, equivalendo ao “yang” da filosofia chinesa (cf. P. Damian, Francmasones y Rosacruces, Madri, 1981, 15-35; F. Sampedro – J. Escobar, Las sectas… núm. 4, 478).

A rosa simboliza o ideal de beleza e delicadeza; a mulher, o princípio de fecundidade, a mãe natureza. A rosa que começa a se abrir é a personalidade que começa a brotar para iluminar e dar realidade à cruz. A conjunção de ambos os símbolos é o encontro de duas forças geradoras, opostas, da natureza. É a soma do par de contrários que originam a criação, a união dos polos masculino e feminino. A rosa equivale ao “ying” da filosofia chinesa (cf. ibid.). 

São Simplício


O Santo deste dia foi um excelente Papa da Igreja Católica, num período difícil da história da Igreja, pois ocorria a queda do Império Romano. São Simplício liderou o rebanho universal de Cristo do ano de 468 a 483.

Simplício viveu num período em que toda a Roma e toda a Itália foram invadidas por vários povos bárbaros: visigodos, hunos, vândalos. Nosso santo foi elevado à Cátedra de Pedro e como Papa viu a ruína do Império, mas experimentou a assistência do Espírito Santo contra as heresia que invadiam o mundo cristão: Nestorianismo, que dizia ser o Cristo Homem diferente do Cristo Deus e o Monofisismo, que pregava duas naturezas do Cristo, onde a divina suprimia a humana.

Com a queda do Império Romano em 476, Roma tornou-se a cidade dos Papas. Em meio aos conflitos dos bárbaros por causa do poder, foram os Papas as autoridades máximas no campo moral e jurídico, promovendo a paz e a justiça.

Por fim, São Simplício faleceu no ano de 483, na cidade de Roma. Ele soube conciliar a luta diária no interno e externo da Igreja militante e entrou vitorioso na Igreja Triunfante.  

ORAÇÃO


Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Simplício governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Frei Antônio Moser morre assassinado no RJ, durante assalto


Frei Antônio Moser, frade da Província da Imaculada Conceição, foi morto a tiros na manhã desta quarta-feira, 9 de março, após ser abordado por assaltantes na Rodoviária ia Washington Luiz, na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O crime aconteceu por volta das 6h10 na pista sentido Rio de Janeiro. Mesmo ferido, o religioso, de 75 anos, ainda conseguiu dirigir o carro até o acostamento. Os bandidos, que estariam de moto, conseguiram fugir. Equipes da Concer foram até o local e chegaram a chamar uma ambulância, mas o frade já estava morto.

Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) isolaram o local para a realização da perícia. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

O Ministro Provincial, segundo informou o site dos Franciscanos no Brasil, Frei Fidêncio Vanboemmel, pediu orações e lamentou a morte trágica de Frei Moser:

“A dura realidade que povoa com frequência os nossos noticiários bate à nossa porta. Com susto e tristeza recebemos a notícia da partida repentina de um irmão, vítima da violência que infelizmente tem se tornado cada vez mais comum. (…) Hoje, infelizmente, devolvemos a Deus a vida deste irmão, vítima de assassinato na mesma Baixada que tanto amou”. 

5ª Dor de Nossa Senhora: Maria aos pés da Cruz


1. Maria assistiu à agonia de Seu Filho na cruz 

Aqui temos a contemplar uma nova espécie de martírio. Trata-se de uma Mãe condenada a ver morrer diante de Seus olhos, no meio de bárbaros tormentos, um Filho inocente e diletíssimo. "Estava em pé junto à cruz de Jesus, sua Mãe " (Jo 19,25). É desnecessário dizer outra coisa do martírio de Maria, quer com isso declarar S. João; contemplai-A junto da cruz, ao lado de Seu Filho moribundo e vede se há dor semelhante à Sua dor. 

Demoraremo-nos a considerar essa quinta espada de dor que transpassou o coração de Maria: a morte de Jesus. 

Quando nosso extenuado Redentor chegou ao alto do Calvário, despojaram-nO os algozes de Suas vestes, transpassaram-Lhe as mãos e os pés com cravos, não agudos, mas obtusos (segundo a observação de um autor), para maior aumento de Suas dores, e pregaram-nO à cruz. Tendo-O crucificado, elevaram e fixaram a cruz e O abandonaram à morte. Abandonaram-nO os algozes, mas não O abandonou Maria. Antes ficou mais perto da cruz para Lhe assistir à morte, como Ela mesma revelou a S. Brígida. 

Mas de que servia, ó Senhora minha, irdes presenciar no Calvário a morte de Vosso Filho? pergunta S. Boaventura. Não Vos deveria reter o vexame, já que o opróbrio dEle era também o Vosso, que Lhe éreis a Mãe? Pelo menos não deveria reter-Vos então o horror ao delito de criaturas que crucificavam o Seu próprio Deus? Mas, ah! o Vosso coração não cuidava então da própria, e sim da dor e da morte do Filho querido. Por isso quisestes assisti-lO e acompanhá-lO com Vossa compaixão. Ó Mãe verdadeira, diz o Vulgato Boaventura, ó Mãe amante, que nem o horror da morte pode separar do Filho amado! 

Mas, ó meu Deus, que doloroso espetáculo! Na cruz, agonizando, está o Filho e junto à cruz a Mãe agoniza também, toda compadecida das penas desse Filho. O lastimoso estado em que viu Seu Jesus moribundo na cruz, revelou-o Maria a S. Brígida, dizendo: "Estava Meu Jesus pregado ao madeiro, saturado de tormentos e agonizante. Seus olhos encovados estavam quase cerrados e extintos; os lábios pendentes e aberta a boca; as faces alongadas, afilado o nariz, triste o semblante. Pendia-lhe a cabeça sobre o peito; Seus cabelos estavam negros de sangue, o ventre unido aos rins, os braços e as pernas inteiriçados, e todo o resto do corpo coalhado de chagas e de sangue". 

Todas essas penas de Jesus eram outras tantas chagas no coração de Maria, observa o Pseudo-Jerônimo.

Aquele que então estivesse presente no Calvário, diz Arnoldo de Chartres, veria dois altares onde se consumavam dois grandes sacrifícios: um era o corpo de Jesus, outro era o coração de Maria. Mais me agradam, porém, as palavras de S. Boaventura, declarando que só havia um altar: a cruz do Filho onde a Mãe era sacrificada juntamente com o Cordeiro Divino. Por isso, pergunta-Lhe: "Ó Maria, onde estáveis? Junto à cruz? Ah! com muito maior razão digo que estáveis na mesma cruz, imolando-Vos crucificada com Vosso Filho". O Pseudo-Agostinho assevera: A cruz e os cravos feriram ambos, o Filho e a Mãe; juntamente com o primeiro foi também crucificada a segunda. O que faziam os cravos no corpo de Jesus, prossegue o Vulgato Bernardo, operava o amor no coração de Maria. De modo que, enquanto o Filho sacrificava o corpo, a Mãe sacrificava a alma, como se expressa S. Bernardino.

2. Maria não pode aliviar as penas de Seu Filho

Fogem as mães da presença dos filhos moribundos. 

Quando, porém, uma mãe é obrigada a assistir um filho em agonia, procura dar-lhe todo alívio possível. Ajeita-o na cama, para que fique mais a gosto, e dá-lhe algum refresco. Desse modo a pobrezinha vai disfarçando sua dor. Ah! Mãe de todas a mais aflita! ó Maria, a Vós é imposto assistir Jesus moribundo, mas não Vos é facultado procurar-Lhe alívio algum. 

Maria ouve o Filho dizer que tem sede, sem que Lhe seja permitido dar-Lhe um pouco de água para dessedentá-lO. Pode dizer-Lhe apenas, conforme as palavras de S. Vicente Ferrer: Meu Filho, tenho tão somente a água de minhas lágrimas. Vê como Seu pobre Jesus, pregado àquele leito de dores por três cravos de ferro, não podia achar repouso. Queria abraçá-lO para consolá-lO, e para que ao menos expirasse em Seus braços, mas não o podia fazer. Nota que Seu Filho, mergulhado num mar de angústias, procura quem O conforte, segundo a predição de Isaías: Eu calquei o lagar sozinho... Eu olhei em roda e não havia auxiliar; busquei e não houve quem me ajudasse (63, 3 e 5). Mas que consolação podia Ele achar entre os homens, se todos Lhe eram inimigos? Mesmo pregado na cruz, uns blasfemavam dEle e outros O escarneciam: E os que iam passando blasfemavam dele (Mt 27, 39). Outros Lhe diziam no rosto: Se és Filho de Deus, desce da cruz (27, 40). Desafiavam-nO alguns:Salvou a todos e a si mesmo não se pode salvar... Se é o rei de Israel, desça agora da cruz (27, 42). 

Além disso, a Santíssima Virgem revelou a S. Brígida: "Ouvi alguns dizerem do Meu Filho que era um ladrão; outros, que era um impostor; outros, que ninguém merecia tanto a morte como Ele. Esses insultos eram para Mim espadas de dor". 

O que mais aumentou, contudo, a dor de Maria, na Sua compaixão para com o Filho, foi ouvir-Lhe a queixa: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes? (Mt 27, 46). Palavras foram essas que nunca mais Me saíram da mente, disse a divina Mãe a S. Brígida. Assim a aflita Mãe via Jesus atormentado por todos os lados. Queria aliviá-lO e não podia fazê-lo. Maior era ainda o sofrimento, ao ver que com Sua presença aumentava a pena do Filho. Daí, pois, a frase do Vulgato Bernardo: "A plenitude das dores do coração de Maria derramou-se como uma torrente no Coração de Jesus. Sim, Jesus na cruz sofria mais pela compaixão de Sua Mãe, que por Suas próprias dores. Junto a cruz estava a Mãe, muda de dor; vivia morrendo, sem poder morrer".

Jesus Cristo, assim refere Passino, revelou à Bem-aventurada Batista Varano de Camerino, que nada O fez sofrer tanto como a comiseração de Sua Mãe ao pé da cruz, e que por isso morreu sem consolação. E conhecendo a bem-aventurada, por uma luz sobrenatural essa dor de Jesus, exclamou: Senhor, não me faleis dessa Vossa pena, que eu não posso mais!