A ordem Rosacruz é um grupo que pode ser chamado de
“esotérico”, um termo utilizado tanto em sentido restrito quanto em sentido
geral. Em sentido estrito, ele se aplica a algumas filosofias e escolas gregas.
Já em sentido geral, que é o aplicado ao âmbito das seitas e novos movimentos
religiosos, o termo “esotérico” significa “secreto”, “oculto”, “só para
iniciados”. Nesse tipo de grupo, há uma distinção entre um “saber vulgar”, que
é popular, superficial e pouco adentrado na verdadeira natureza do real, e um
“saber autêntico”, que é único, reservado aos eleitos, aos sábios.
É este último aspecto que entra em choque com o
cristianismo. Jesus não fez nada em segredo e, ao contrário do pensamento dos
esotéricos, privilegiou os mais pobres, ignorantes e fracos da sociedade.
A autodefinição
da Rosacruz
Segundo um dos seus ramos, a ordem Rosacruz “é uma
organização fraternal, não sectária, de homens e mulheres, dedicada à pesquisa,
estudo e aplicação prática das leis naturais e espirituais. O propósito da
organização é permitir que todos vivam em harmonia com as forças cósmicas
criadoras e construtivas, para atingir a saúde, a felicidade e a paz” (cf.
revista El Rosacruz, 5, X – 1957).
Essa autodefinição abrange o que a maioria de
grupos atuais se propõem a oferecer às pessoas.
O problema
das origens da ordem Rosacruz
Existem várias organizações que se proclamam como
“os autênticos rosa-cruzes”. Por exemplo, a Antiga e Mística Ordem da Rosa Cruz
(AMORC), a Sociedade dos Rosa-Cruzes e a Christian Rosenkreuz.
A AMORC é a mais conhecida na América Latina e se
considera continuadora de uma sociedade que teria tido origens numa escola
iniciática do antigo Egito, durante a XVIII Dinastia. Trata-se da dinastia que
governou o Egito entre os anos de 1550 a.C. a 1295 a.C., época considerada de
máximo esplendor da civilização faraônica. Segundo este grupo, o filósofo
Francis Bacon seria o autor das primeiras publicações rosa-cruzes surgidas após
a invenção da imprensa. Para F. Sampedro e J. Elizaga (cf. F. Sampedro, Sectas
y otras doctrinas en la actualidad, Bogotá, 1993, 148; J. Elizaga, Las sectas y
las nuevas religiones a la conquista del Uruguay, Montevidéu, 1988, 168), a
AMORC teria sido fundada por Spencer Lewis (1915), com sede central em San
Jose, na Califórnia (cf. revista oficial da AMORC, El Rosacruz). Segundo estes
autores, Lewis recebeu os segredos dos “Irmãos Maiores da Rosacruz de Paris”.
Entre suas diversas denominações e raízes, os
rosa-cruzes têm templos em cerca de 150 países.
A rosa e a
cruz
Desde tempos muito antigos, mesmo antes da morte de
Cristo, a cruz era usada como símbolo solar. O homem primitivo, em seus
primeiros cultos ao sol, o contemplava de braços abertos. A cruz também
representou os quatro pontos cardeais. É ainda das forças masculinas da
natureza, equivalendo ao “yang” da filosofia chinesa (cf. P. Damian,
Francmasones y Rosacruces, Madri, 1981, 15-35; F. Sampedro – J. Escobar, Las
sectas… núm. 4, 478).
A rosa simboliza o ideal de beleza e delicadeza; a
mulher, o princípio de fecundidade, a mãe natureza. A rosa que começa a se
abrir é a personalidade que começa a brotar para iluminar e dar realidade à
cruz. A conjunção de ambos os símbolos é o encontro de duas forças geradoras,
opostas, da natureza. É a soma do par de contrários que originam a criação, a
união dos polos masculino e feminino. A rosa equivale ao “ying” da filosofia
chinesa (cf. ibid.).
Deus
É a “Alma” universal, que tem mente, inteligência e
poder. É a consciência. A alma de um ser animado não é independente, mas parte
da alma universal. A alma pessoal é manifestação da universal; está no corpo
físico e alcança a sua libertação quando se romper o cordão de prata que a une
ao corpo. Com a morte, consegue-se a libertação do físico.
O Deus rosa-cruz é a “meta universal” que
encontramos no pensamento de Pitágoras. Equivale à natureza, ao universo, o que
nos leva ao panteísmo. Os rosa-cruzes também falam do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, mas de modo diferente do cristianismo. O Pai é o iniciado mais
elevado entre a humanidade do período saturnino. O Filho é o iniciado mais
elevado do período solar. O Espírito Santo é o iniciado mais elevado do período
lunar (cf. ibid., 475-476).
Para os rosa-cruzes, existiriam sete mundos
inter-relacionados, pelos quais as pessoas passam. São períodos de
renascimento. Trata-se de Saturno, Solar, Lunar, Terrestre, Júpiter, Vênus e
Vulcano. Não são planetas, mas períodos de renascimento, de acesso à divindade,
de percurso para ser igual a Deus, onipotente e onisciente (cf. ibid.).
Jesus
Segundo os rosa-cruzes, Jesus teve várias
encarnações. O espírito de Cristo era um raio cósmico que entrou em seu corpo.
Jesus é o maior ciclo de evolução do homem, é a luz que conduz ao reino. Ele
não só escolheu e formou discípulos, como ainda preparou um grupo secreto de
120 pessoas que foram doutrinadas em conhecimentos esotéricos aprendidos por
Jesus no Egito e com os essênios (cf. J. Cabral, Religiones, núm. 4, 79-81).
A pessoa
humana
A pessoa é divina, como o Pai dos Céus, e por isso
não pode ter limitações. Por meio de encarnações superiores e sucessivas, ela
passa a níveis mais altos e se liberta totalmente. O “ego”, que entra no corpo
através dos cônjuges, faz com que exista a prole.
Mediante a reencarnação, cada alma, que faz parte
da essência universal cósmica ou divina, se incorpora fisicamente. Depois da
morte, a alma se transfere para o plano cósmico. O ciclo de reencarnações se
repete até a libertação total (cf. F. Sampedro – J. Escobar, Las sectas… núm.
4, 477; B. Kloppenbrug, Sectas en América Latina, Bogotá, 1981, 196-197).
Organização
É parecida com a da maçonaria, com juramento de
segredo, iniciação e graus progressivos na ordem. A AMORC tem cerimônias
fechadas para os diferentes graus, com características como o juramento de não
revelar nada, a rigorosa investigação de cada membro ao entrar na ordem, o uso
de termos como loja, mestre, grão-mestre, soberano mestre, supremo conselho e
grande loja, além da existência de símbolos, palavras-chave etc (cf. ibid.).
Conclusão
Embora afirmem não ser um grupo religioso, os
rosa-cruzes têm na sua doutrina, manuais e revistas uma série de aspectos
religiosos, como ritos, orações, bênçãos, altares, templos. Muitas de suas
doutrinas entram em choque com a revelação bíblica e com os principais
postulados cristãos: é o caso da sua ideia de Deus, de Cristo, da pessoa
humana, da reencarnação, do panteísmo, entre muitos outros exemplos. Eles
chegam a usar a seu modo a bíblia cristã para “provar” suas crenças.
Devemos reconhecer que as pessoas que entram nesta
ordem têm interesse pelo espiritual e procuram seguir uma vida moral exemplar.
É muito provável que não tenham encontrado uma resposta em nossa Igreja por
falha nossa própria. Em vez de julgá-las, devemos compreender os seus motivos e
dialogar como irmãos, na certeza de que não precisamos temer a verdade.
Juntamente com a caridade e o acolhimento, porém, não podemos perder de vista
que a doutrina rosa-cruz é claramente incompatível com o cristianismo.
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Aleteia
nada a comentar! Paz profunda!
ResponderExcluirDialogar… como dialogar se tudo que fazem é denegrir os católicos
ResponderExcluirFalta muita sabedoria nessa página!!!
ResponderExcluirPor isso abandonei a fé fundamentalista, buscando hoje na paz verdadeira e sabendo que ela pode vir de qualquer caminho que leve ao bem, sem preconceitos e aprisionamentos em apenas uma crença.
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