NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO BRASIL
“O fruto da
justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”
(Tg 3,18)
Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 8 a 10 de
março de 2016, manifestamos preocupações diante do grave momento pelo qual
passa o país e, por isso, queremos dizer uma palavra de discernimento. Como
afirma o Papa Francisco, “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião
a uma intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (EG,
183).
Vivemos uma profunda crise política, econômica e
institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e
morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade. A busca de
respostas pede discernimento, com serenidade e responsabilidade. Importante se
faz reafirmar que qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos
interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos
mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça.
A superação da crise passa pela recusa sistemática
de toda e qualquer corrupção, pelo incremento do desenvolvimento sustentável e
pelo diálogo que resulte num compromisso entre os responsáveis pela
administração dos poderes do Estado e a sociedade. É inadmissível alimentar a
crise econômica com a atual crise política. O Congresso Nacional e os partidos
políticos têm o dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade.
As suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente
apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a transparência
e retoma o clima de credibilidade nacional. Reconhecemos a importância das
investigações e seus desdobramentos. Também as instituições formadoras de
opinião da sociedade têm papel importante na retomada do desenvolvimento, da
justiça e da paz social.
O momento atual não é de acirrar ânimos. A situação
exige o exercício do diálogo à exaustão. As manifestações populares são um
direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. Devem ser
pacíficas, com o respeito às pessoas e instituições. É fundamental garantir o
Estado democrático de direito.
Conclamamos a todos que zelem pela paz em suas
atividades e em seus pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar soluções
para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir
um país justo e fraterno.
Inspirem-nos, nesta hora, as palavras do Apóstolo
Paulo: “trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, tende o mesmo sentir
e pensar, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco” (2 Cor
13,11).
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil,
continue intercedendo pela nossa nação!
Brasília, 10 de março de 2016.
Dom Sergio
da Rocha
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo
de Brasília-DF Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Presidente da CNBB
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo
Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
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