sexta-feira, 11 de março de 2016

Quarta pregação da Quaresma 2016: "Matrimônio e família na “Gaudium et Spes” e no hoje".


Quarto sermão de Quaresma

MATRIMÔNIO E FAMÍLIA

na “Gaudium et Spes” e no hoje


Dedico esta meditação a uma reflexão espiritual sobre a Gaudium et Spes, constituição pastoral sobre a Igreja no mundo. Dos vários problemas da sociedade abordados neste texto conciliar – cultura, economia, justiça social, paz –, o mais atual e problemático é o do matrimônio e família. A ele a Igreja dedicou os dois últimos sínodos dos bispos. A maioria de nós aqui presentes não vive diretamente esse estado de vida, mas todos temos de conhecer os seus problemas para compreender e ajudar a grande maioria do povo de Deus que vive no matrimônio, especialmente agora que ele está no centro de ataques e ameaças de todas as partes.

A Gaudium et Spes trata a fundo da família no início da segunda parte (núm. 46-53). Não há necessidade de citar as suas declarações, que refletem a doutrina católica tradicional que todos nós conhecemos, além do novo destaque dado ao amor mútuo entre os cônjuges, abertamente reconhecido como um bem do matrimônio, também este primário, junto com a procriação.

Sobre o matrimônio e a família, a Gaudium et Spes, de acordo com o seu bem conhecido procedimento, destaca antes de tudo as conquistas positivas do mundo moderno (“as alegrias e as esperanças”), e, em segundo lugar, os problemas e os perigos (“as tristeza e as angústias”). Eu proponho seguir o mesmo método, tendo em conta, no entanto, as mudanças dramáticas que ocorreram neste campo ao longo do meio século transcorrido desde então. Evocarei rapidamente o desígnio de Deus sobre matrimônio e família, porque é sempre dele que nós, crentes, devemos partir, para em seguida ver o que a revelação bíblica pode trazer para a solução dos problemas atuais. Deliberadamente me abstenho de tocar alguns problemas particulares discutidos no sínodo dos bispos, sobre os quais só o Papa tem agora o direito de ainda dizer alguma palavra.

Matrimônio e família no projeto divino e no Evangelho de Cristo

O livro do Gênesis tem dois relatos diferentes da criação do primeiro casal humano, que remontam a duas tradições diferentes: a javista (século X a.C.) e a mais recente (século VI a.C.), chamada de “sacerdotal”. Na tradição sacerdotal (Gênesis 1, 26-28), o homem e a mulher são criados simultaneamente, não um do outro; há uma relação entre ser homem e mulher e ser à imagem de Deus: “Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. O fim primário da união entre o homem e a mulher é visto no serem fecundos e encherem a terra.

Na tradição javista, que é a mais antigo (Gn 2, 18-25), a mulher vem do homem; a criação dos dois sexos é vista como um remédio para a solidão (“Não é bom que o homem esteja só; vou lhe dar uma ajuda que lhe seja semelhante”); mais que o fator da procriação, acentua-se o fator unitivo (“o homem se unirá à sua mulher e serão os dois uma só carne”); cada um é livre diante da própria sexualidade e da sexualidade do outro: “ambos estavam nus, o homem e sua mulher, mas não se envergonhavam”.

A explicação mais convincente do porquê desta “invenção” divina da distinção dos sexos eu encontrei não num exegeta, mas em um poeta, Paul Claudel:

“O homem é um ser orgulhoso; não havia outra maneira de fazê-lo compreender o próximo senão fazê-lo vir da sua carne; não havia outra maneira de fazê-lo entender a dependência e a necessidade se não mediante a lei sobre ele deste ser diferente [a mulher], devida ao simples fato de que esse ser existe”[1].

Abrir-se ao outro sexo é o primeiro passo para se abrir ao outro que é o próximo, até o Outro com letra maiúscula que é Deus. O matrimônio nasce sob o signo da humildade; é reconhecimento de dependência e, portanto, da própria condição de criatura. Enamorar-se de uma mulher ou de um homem é fazer o ato mais radical de humildade. É tornar-se mendicante e dizer ao outro: “Eu não basto para mim mesmo; eu preciso do teu ser”. Se, como pensava Schleiermacher, a essência da religião consiste no “sentimento de dependência” (Abhaengigheitsgefühl) perante Deus, então podemos dizer que a sexualidade humana é a primeira escola da religião.

Até aqui, o projeto de Deus. Não é explicável o resto da própria Bíblia, no entanto, se, junto com o relato da criação, não se leva em conta ainda o da queda, em especial o que é dito à mulher: “Multiplicarei as tuas dores; na dor darás à luz os filhos. Ao teu marido se voltará o teu instinto, mas ele te dominará” (Gn 3,16). O predomínio do homem sobre a mulher faz parte do pecado do homem, não do projeto de Deus; com aquelas palavras, Deus o prenuncia, não o aprova.

A Bíblia é um livro divino-humano não só porque tem como autores Deus e o homem, mas também porque descreve, misturadas entre si, a fidelidade de Deus e a infidelidade do homem. Isto é particularmente evidente quando se compara o projeto de Deus sobre o matrimônio e a família com a sua aplicação prática na história do povo escolhido. Para ficar no livro do Gênesis, o filho de Caim, Lameque, já viola a lei da monogamia tomando duas esposas. Noé, com a sua família, se mostra uma exceção em meio à corrupção geral do seu tempo. Os mesmos patriarcas Abraão e Jacó têm filhos com mais de uma mulher. Moisés autoriza a prática do divórcio; Davi e Salomão mantêm um verdadeiro harém de mulheres.

Mais do que nas transgressões práticas específicas, o afastamento do ideal inicial é visível na concepção de fundo que se tem do matrimônio em Israel. O principal obscurecimento se refere a dois pilares. O primeiro é que o matrimônio, de fim, se torna meio. O Antigo Testamento, como um todo, considera o matrimônio como uma estrutura de autoridade patriarcal, destinada principalmente à perpetuação do clã. Neste sentido, devem ser entendidas as instituições do levirato (Dt 25, 5-10), do concubinato (Gn 16) e da poligamia provisória. O ideal de uma comunhão de vida entre o homem e a mulher, fundada em uma relação pessoal e recíproca, não é esquecido, mas passa a segundo plano em relação ao bem da prole. O segundo grande obscurecimento se refere à condição da mulher: de companheira do homem, dotada de igual dignidade, ela aparece cada vez mais subordinada ao homem e em função do homem.

Um papel importante em manter vivo o projeto inicial de Deus sobre o matrimônio é desempenhado pelos profetas, em especial Oseias, Isaías, Jeremias e o Cântico dos Cânticos. Assumindo a união do homem e da mulher como símbolo da aliança entre Deus e seu povo, eles recolocavam em primeiro plano os valores do amor mútuo, da fidelidade e da indissolubilidade que caracterizam a atitude de Deus para com Israel. 

Autor global critica personagens gays em novelas. “São idealizados”, afirma.


Benedito Ruy Barbosa, 85 anos, é o autor de Velho Chico, próxima novela das 9h, da Rede Globo. O folhetim não apresentará trama gay por opção do autor que falou abertamente sobre o assunto no lançamento da história que estreará nesta segunda-feira, dia 14.

“Odeio história de bicha”, foi taxativo o autor, e acrescentou: “Pode existir, pode aceitar, mas não pode transformar isso em em aula para as crianças. Tenho dez netos, quatro bisnetos e tenho um puto orgulho porque são tudo macho para cacete”.

Benedito Ruy Barbosa ainda falou na entrevista ao jornal Extra que seus colegas noveleiros erram por idealizar os personagens gays. “Só é normal o cara que é bicha, o que não é bicha não é normal. A mulher que é sapatona é perfeita , a que não é sapatona não é legal, é assim que estamos vivendo”, conclui.

A declaração de Benedito Ruy Barbosa foi recebida com  críticas por alguns militantes do movimento LGBT. O escritor Alexandre Borges analisa que o autor apenas deu sua opinião e citou  George Orwell para contextualizar o boicote que estas pessoas sugeriram à novela, “em tempos de mentira generalizada, dizer a verdade é um ato revolucionário”. 

7ª Dor de Nossa Senhora: Maria deposita Jesus no Sepulcro


1. Queixa da Mãe dolorosa 

Uma mãe, que se acha presente aos sofrimentos e à morte do filho, sente e sofre incontestavelmente todas as suas dores. Mas depois, quando o vê morto e prestes a ser sepultado, oh! então, o pensamento de deixá-lo, para nunca mais tornar a vê-lo, causa-lhe uma dor que excede todas as outras dores. Eis a sétima e última espada de dor que hoje vamos meditar. A Mãe Santíssima vira o Filho morrer na cruz, recebera-O depois de morto, e agora vê-Se obrigada a deixá-lO finalmente no sepulcro, para não mais gozar de Sua amável presença. Compreenderemos melhor esta última dor da Senhora, se subirmos ao Calvário e aí contemplarmos a desolada Mãe, ainda abraçada com o Filho morto. Então bem podia repetir com Jó: Meu Filho, mudastes-vos em cruel comigo (Jó 30, 21). Todas as Vossas belas prendas, Vossa beleza, Vossa graça, Vossas virtudes, Vossas amáveis maneiras: todos os Vossos testemunhos de especial amor, todos os singulares favores que Me dispensastes, - tudo, em outras tantas penas, se Me tem mudado. Quanto mais Vossos benefícios em Vosso amor me inflamaram, tanto mais agravam agora a perda Vossa. Ah! Filho dileto, tudo perdi em Vos perdendo! Ó verdadeiro Filho de Deus, - assim a faz queixar-se Bernardino de Busti com Pseudo-Bernardo - Vós me éreis pai, filho e esposo e vida; agora estou sem pai, sem esposo, sem filho; perdi tudo, numa palavra. 

2. Maria acompanha Jesus à sepultura 

Deste modo expandia a Mãe a Sua dor, abraçada ao Filho sem vida. Mas os santos discípulos receavam Lhes expirasse de dor a pobre Mãe, e por isso se apressam em tirar-Lhe do regaço o Filho sem vida. Fazendo-Lhe, pois, respeitosa violência, tiram-lhO dos braços, O embalsamam com aromas, envolvem-nO numa mortalha, preparada de propósito para Ele. Nela quis o Senhor deixar impressa Sua imagem, como hoje ainda se vê em Turim. 

Levam o Sagrado Corpo à sepultura. Forma-se o cortejo fúnebre e os discípulos acompanham-no, juntamente com as santas mulheres. Entre as últimas, caminha a Mãe dolorosa, levando também Ela o Filho à sepultura. Ter-se-ia a Senhora de boa mente sepultado viva com o Filho, como reza uma Sua revelação a S. Brígida. Mas, esta não sendo a divina vontade, acompanhou resignada o sacrossanto corpo de Jesus ao sepulcro, no qual, como refere Barônio, depositaram também os cravos e a coroa de espinhos. No momento de fechá-lo com a pedra, voltaram-se os discípulos para Maria com as palavras:Eia, Senhora, vai ser fechado o túmulo. Ânimo! contemplai Vosso Filho pela última vez e dai-Lhe um derradeiro adeus! Assim, pois, ó dileto Filho, - teria então dito talvez a Senhora, - assim, pois, não mais Vos tornarei a ver? Recebe com Meu último olhar o último adeus de Vossa aflita Mãe; recebe Meu coração, que deixo conVosco no sepulcro! - Era-lhe ardente o desejo de sepultar também sua alma com o Filho, observa Vulgato Fulgêncio. A pobre Virgem assim falou a S. Brígida: Na sepultura de Meu Filho estavam sepultados dois corações. - Finalmente, os discípulos tomaram a pedra e fecharam no túmulo o corpo de Jesus, aquele tesouro que não tem igual nem no céu nem na terra. 

Intercalemos aqui uma digressão. Maria deixa Seu coração sepultado com Jesus, porque Lhe é Jesus o único tesouro. "Porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração" (Lc 12,34). E nós onde sepultaremos o nosso? Nas criaturas, talvez? no desprezível pó? Por que não em Jesus? Ainda que haja subido ao céu, quis entretanto permanecer no meio de nós no Sacramento, justamente para possuir e guardar nossos corações. Voltemos, porém, a Maria. Antes de se afastar do sepulcro, bendisse aquela pedra sagrada, como refere Boaventura Baduário: "Ó pedra feliz, que agora encerras Aquele que tive nove meses no seio, eu te bendigo e invejo. Deixo-te guardando este Meu Filho que é todo o Meu bem, todo o Meu amor". E dirigindo-Se ao Pai Eterno, rezou: Meu Pai, a Vós encomendo este Filho, que e Vosso e Meu.  

Papa Francisco aprova nova gestão na Congregação das Causas dos Santos


O Pontífice aprovou, em fase experimental por três anos, as novas “Normas sobre a administração dos bens das Causas de beatificação e canonização”, anulando aquelas precedentes aprovadas por São João Paulo II, em 1983.

O documento recorda que, por suas complexidades, as Causas de beatificação e canonização requerem muito trabalho e comportam despesas. A partir de agora, a intenção é que a administração de tais bens seja mais transparente, clara e funcional. Os promotores das Causas e os bispos diocesanos competentes terão ainda um envolvimento maior no processo.

Contenção das despesas

Dada a natureza peculiar de bem público das Causas, a Sé Apostólica custeará a fase romana, para a qual os promotores participarão por meio de uma contribuição.  A Santa Sé também supervisionará os honorários e as despesas para que estes estejam contidos e não sejam obstáculos para o bom andamento dos processos.

Os promotores constituem um fundo de bens para as despesas da Causa, proveniente de ofertas de pessoas físicas e jurídicas, que será considerado, em razão de sua natureza particular, “fundo de Causa pia”. O administrador do fundo deve respeitar minuciosamente a intenção dos doadores, manter uma contabilidade regularmente atualizada, preparar balanços anuais a serem apresentados ao promotor para a devida aprovação e enviar uma cópia ao postulador. 

O mistério pascal reúne na unidade da fé os que se encontram fisicamente afastados


É muito belo, meus irmãos, passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado.

Do seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma se delicia como Sangue precioso de Cristo como numa fonte. E, contudo, temos sempre sede desse Sangue, sempre o desejamos ardentemente. Mas o nosso Salvador está perto daqueles que têm sede, e na sua bondade convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba (Jo 7,37).

Sempre que nos aproximamos dele para beber, ele nos mata a sede; e sempre que pedimos, podemos nos aproximar dele. A graça própria desta celebração festiva não se limita apenas a um determinado momento; nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam dia e noite sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o salmo proclama feliz, quando afirma: Feliz aquele homem que não anda conforme o conselho dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar (Sl 1,1-2).

Por outro lado, amados irmãos, o Deus que desde o princípio instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Esta festa nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo. Por ela Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. E nos conduz a uma única assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar, concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como se deve fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados. 


Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo
(Ep.5,1-2:PG26,1379-1380)

(Séc.IV)

Os sofrimentos morais de Nosso Senhor na Paixão


As dores físicas padecidas por Cristo na sua Paixão podem ser representadas em crucifixos, quadros e mesmo filmes. Entretanto, só faremos uma vaga ideias da dores que sofreu na sua alma, ainda maiores que o sofrimento físico, à custa de muita meditação. E disto que o Venerável Cardeal Newman (1801-1890) trata neste sermão, pregado em 1849.

Cada uma das passagens da vida de Nosso Senhor possui uma profundidade imensa e proporciona matéria inesgotável de meditação. Tudo o que lhe diz respeito é infinito; e o que à primeira vista divisamos não é mais que a superfície do que começa na eternidade e na eternidade acaba. Seria, pois, temerário, para quem não é santo nem doutor, querer comentar os seus atos e as suas palavras a não ser por via da meditação. Mas a meditação e a oração mental são tão necessárias aos que desejam alimentar em si a fé e o amor verdadeiros, que nos será sem dúvida permitido, caros irmãos, deter aqui a nossa atenção, e, tomando por guia os santos que nos precederam nesta reflexão, discorrer sobre temas que na verdade mais convidam à adoração do que ao exame.

Certos tempos do ano convidam-nos a estudar detidamente, e o mais perto possível, as passagens mais sagradas da história evangélica. E o da Semana Santa em particular. Prefiro correr o risco de tratá-la de modo insuficiente ou convencional a furtar-me à sugestão deste tempo sagrado. Vou hoje, portanto, voltar as vossas atenções, segundo o piedoso costume da Igreja, para um tema que faria recuar muitos pregadores – mas que convém particularmente a estes dias, e no qual sem dúvida muitos jamais pensaram: os sofrimentos padecidos pelo Senhor na sua alma sem mancha.

Bem sabeis, caros irmãos, que o Senhor, sendo Deus, era também perfeito homem; que tinha portanto não somente um corpo, mas uma alma igual à nossa, embora isenta de toda a mancha. Não se encarnou num corpo sem alma – Deus seja louvado! –, pois isso não teria sido tornar-se homem. Como teria santificado a nossa natureza, se não a tivesse assumido de verdade? O homem destituído de alma estaria no mesmo nível dos animais selvagens; mas o Senhor vinha salvar uma raça capaz de obedecer-lhe e glorificá-lo, dotada de imortalidade, embora tivesse perdido o acesso à eterna bem-aventurança.

O homem foi criado à semelhança de Deus e essa semelhança encontra-se na alma; quando, pois, o seu Criador, por uma condescendência inexprimível, quis revestir-se da natureza humana, tomou uma alma a fim de tomar um corpo; para unir-se a um corpo de homem, tomou primeiro uma alma. Tomou os dois ao mesmo tempo, mas nessa ordem: primeiro a alma e depois o corpo. Criou Ele próprio a alma que tomou; mas o corpo, tomou-o da sagrada carne da sua Mãe, a Virgem.

Tornou-se, portanto, perfeito homem, com corpo e alma. E assim como tomou um corpo de carne e nervos sujeito ao sofrimento e à morte, tomou uma alma sensível não só aos sofrimentos físicos, mas capaz de experimentar as dores e tristezas peculiares aos homens. A sua missão expiatória não foi apenas sofrida no seu corpo; também o foi – pensemos nisto! – na sua alma, na sua alma de homem.

Nos dias solenes que se vão seguir, seremos especialmente chamados, caros irmãos, a considerar os sofrimentos corporais de Cristo, a sua prisão, as suas idas e vindas de um lugar a outro; os golpes que recebeu, as feridas, a flagelação; os espinhos, a cruz, os cravos... Todas essas coisas estão resumidas para nós no crucifixo, todas a um só tempo se acham representadas na carne sagrada que pende diante dos nossos olhos: a meditação torna-se fácil. Não acontece o mesmo com os sofrimentos da alma do Senhor. Não poderão ser pintados aos nossos olhos, não poderão ser devidamente sondados, pois excedem os sentidos e o pensamento ao mesmo tempo; e, contudo, precederam os seus sofrimentos corporais. A agonia – sofrimento da alma e não do corpo – foi o primeiro ato do seu terrível sacrifício: Minha alma está triste até a morte (1), disse Ele. Sim, se Ele sofreu no seu corpo, na realidade sofreu na sua alma, pois o corpo não faz mais que transmitir o sofrimento à verdadeira sede e recipiente da angústia. 

(1) Mt 26, 38. 

Cerca de duas mil pessoas acompanham sepultamento de Frei Antônio Moser


A missa de corpo presente e o cortejo de Frei Antônio Moser, 75 anos, foi acompanhado por mais de duas mil pessoas, que ao longo do caminho, da Catedral de Petrópolis ao Cemitério Municipal de Petrópolis, não escondiam a emoção e carinho pelo frade, que entre muitos trabalhos dedicava-se a defesa do ensinamento de Cristo.

Frei Antônio Moser morreu na manhã de quarta-feira, vítima de assalto na Estrada Washington Luís, que se dirigia para o aeroporto onde pegaria um avião para São Paulo, quando gravaria sua participação num programa da Tv Canção Nova.

A missa de corpo presente, celebrada por cinco bispos, na Catedral de Petrópolis, foi presidida pelo bispo franciscano da Diocese de Santa Amaro, Dom Fernando Antônio Figueiredo. Entre os bispos presentes na missa estava Dom Gregório Paixão, OSB, Bispo de Petrópolis. Ele falou sobre o legado deixado por Frei Moser, seja na área social como na educação e em diversos trabalhos que desenvolvia, como a direção da Editora Vozes. “É uma grande perda para Igreja e para cidade. Era um homem de profunda fé e por isso cuidava com zelo dos mais pobres”.

Dom Fernando Figueiredo iniciou sua homilia lembrando que Frei Moser era incansável e chegou a brincar dizendo que “ele era apressadinho”, o que fez com que todos rissem, apesar da tristeza pela morte do amigo. “Ele era um amigo sincero. Com sua morte ele assumiu a vida eterna e pela esperança temos a certeza do encontro com este irmão amoroso, carinhoso e cheio de fé”, disse.

Durante a homilia, um dos momentos de emoção, foi quando Dom Fernando ao se aproximar do caixão onde estava o corpo de Frei Moser, agradeceu pela sua amizade. Ao final, o bispo franciscano pediu uma salva de palmas em homenagem ao frei e emocionado encerrou sua homilia.

Ao final da missa, o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel disse que os frades e toda família franciscana estava muito triste pela perda de Frei Moser. Frei Fidêncio, assim como outros frades, não escondeu as lágrimas e emoção ao falar de Frei Moser. “Confesso que nós estamos muito tristes, que nós frades necessitamos de um tempo de silêncio para nessa hora discernir a vontade de Deus. Precisamos do silêncio para entender porque tamanha brutalidade”, comentou o Ministro Provincial. 

Santos Rufo e Zózimo


Segundo o Martirológio Romano Rufo e São Zózimo estiveram entre os discípulos que fundaram a primitiva Igreja de Filipos, entre os judeus e os gregos. Eles pertenciam ao número dos discípulos do Senhor.

Filipos era cidade célebre da Macedônia, nos limites com a Trácia. A composição étnica da comunidade cristã era majoritariamente ex-pagã, enquanto os provenientes do judaísmo eram minoria. O cristianismo fora levado aos filipenses pelo próprio São Paulo: era a primeira comunidade por ele fundada em solo europeu, e talvez também por isso a comunidade dos filipenses esteve sempre mais perto do seu coração, como mostram as várias expressões da carta que São Paulo lhes escreveu da prisão romana, ou com maior probabilidade de uma prisão de Éfeso.

Conta-se que esses dois mártires estavam na companhia de São Paulo e Santo Inácio quando fundaram a primitiva Igreja entre os judeus e gregos, em Filipos, na Macedônia. Nada mais sabemos de suas biografias.

São Policarpo, passando por Filipos, a caminho do martírio, assim exortou os cristãos daquela comunidade: “Exorto-vos a buscar a paciência, virtude que tendes visto em Rufo e Zózimo e nos outros apóstolos. Estejam certos que eles não têm corrido em vão, mas na justiça acompanham os passos de Senhor Jesus. Eles não amam o século presente, mas somente aquele que por nós morreu e ressuscitou”.

São Rufo e Zózimo provavelmente sofreram martírio entre o ano de 107 e o ano 118, em Filipos, na Macedônia. 

ORAÇÃO


Senhor, pelos méritos de São Rufo e São Zózimo, nós vos pedimos a graça do entendimento de que nessa vida somos peregrinos rumo ao céu. Tomai-nos pela mão e conduzi-nos, iluminai nossos caminhos. Abençoa nossas famílias, nosso trabalho, nossa caminhada espiritual. Que saibamos, em todas as nossas atividades, viver na humildade, simplicidade e caridade, segundo os ensinamentos do Vosso Filho Jesus. Amém.