DIA MUNDIAL DA ÁGUA
“Quero ver o
direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”
(Am
5,24).
Nas
comemorações do Dia Mundial da Água, a Comissão Episcopal para o Serviço da
Caridade, da Justiça e da Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), une-se a todos que trabalham pela preservação deste bem natural, fonte
da vida em todas as suas expressões. A água é um direito humano, por isso, deve
ser assegurada de forma universal e gratuita a todas as populações.
Com 12%
da água potável do mundo, o Brasil é um país privilegiado em recursos hídricos.
Ainda assim, convive com o drama da falta de água em inúmeras regiões. O
desmatamento da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia para a expansão do
agronegócio; o aumento do uso de agrotóxicos; o uso de fontes, córregos, rios,
poços artesianos para irrigação com vistas à produção e ao lucro; a ausência de
ações de saneamento básico nas cidades e comunidades rurais são alguns fatores
do desequilíbrio no ciclo da geração e da qualidade da água.
A
tragédia ocorrida em Mariana, em novembro do ano passado, com o rompimento da
barragem de rejeitos da mineradora Samarco, ceifando vidas e contaminando toda
a Bacia do Rio Doce, é um alerta para os riscos de atividades que exploram o
solo sem levar em conta a preservação do meio ambiente e o respeito à vida.
É urgente
estancar esses problemas que comprometem os cursos d´água e sua qualidade,
atingindo especialmente os mais pobres. Agrava essa situação a ameaça de
privatização da água como nos alerta o papa Francisco. “Enquanto a qualidade
da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência
para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às
leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um
direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a
sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros
direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que
não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida,
radicado na sua dignidade inalienável” (Laudato Si, 30).