terça-feira, 19 de abril de 2016

Homilética: 5º Domingo da Páscoa - Ano C: "O amor: estatuto da nova comunidade".







“Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). Talvez um dos propósitos do dia de hoje seja mandar fazer um quadro com essas belas palavras e colocá-lo na nossa sala de estar e, dessa maneira, lê-las frequentemente pedindo a Deus a graça de que a caridade fraterna seja uma realidade na nossa vida. É muito bonito falar do amor ao próximo. Que difícil, porém, é vivê-lo!

Estamos fartos de discursos humanitários retóricos! Gostaríamos de ver solucionada a situação das pessoas com as quais convivemos: “esse vive num barracão, aquele passa fome, fulano não tem trabalho, o outro está com depressão, os grupos estão divididos na minha paróquia, no meu grupo há uma pessoa que sempre quer destacar-se mais que os outros, há críticas… um desastre!”

Será que os não-católicos conhecem os católicos pelo amor mútuo, pela atenção caridosa, pelo carinho, pela boa educação, pela generosidade e pela disponibilidade? Para saber como se vive a caridade é preciso olhar, em primeiro lugar, para Jesus. A regra, a medida da caridade, é ele: “como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Como Cristo amou-nos? Rebaixando-se a si mesmo, sofrendo na cruz e derramando todo o seu Sangue por nós, preocupando-se verdadeiramente com os nossos pequenos e grandes problemas etc. Assim deve ser o nosso amor aos irmãos: será preciso dedicar-lhes tempo, escutá-los, dispor-se para ajudá-los quando for preciso, ser agradecidos para com as pessoas, corrigir com fortaleza e gentileza quando necessário, viver as normas da educação e da prudência, ser discretos, compreendê-los, sorrir também quando não se tem vontade, sacrificar-se discretamente para que os outros passem bons momentos.

E nas paróquias? Quantas rivalidades! Quantos ciúmes! Quanta inveja! Disse alguém que “Cristo mandou que nos amássemos, não que nos amassemos”. Há muitas reuniões, e pouca união! Os problemas na comunidade cristã não são novos, São Paulo escreveu aos Gálatas: “se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5,15). Porque será que os cristãos às vezes se mordem devorando-se uns aos outros? Pelo mesmo motivo que São Paulo identificou entre os gálatas: eram carnais. O que é necessário para viver a caridade? Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e fazer as obras do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Hoje é o dia para que renovemos os bons propósitos de viver opere et veritate, com obras e na verdade, a virtude da caridade, não em geral e em abstrato, mas em particular e concretamente: na família, com o pai, com a mãe, com os irmãos, com os amigos, com o patrão, com o empregado, com o meu irmão de comunidade. Não é fácil porque as pessoas têm problemas, dificuldades, às vezes exalam mau olor, falam demasiado (e às vezes com a boca cheia) ou não falam quase nada, faz calor. Poderíamos enumerar mil e uma razões para não viver a caridade, nenhuma delas é consequente.

O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida.

A proposta cristã resume-se no amor. O amor é o distintivo, que nos identifica… Que em nossos gestos as pessoas possam descobrir a presença do Amor de Deus no mundo!

O lado falso da história de Vitor – o menino de 2 anos assassinado em pleno colo da mãe que o amamentava!


 
Já faz um tempo que o horror aconteceu. Traumatizante, inacreditável, devastador. Já faz uma semana e é tão absurdo e chocante que é como se nem tivesse acontecido – parece uma lenda bizarra, de extremo mau gosto, uma história de terror doentia, inserida em lugares e épocas escuras e bárbaras. Já faz uma semana que um menino de 2 anos, indefeso e frágil, foi assassinado a sangue frio, em pleno colo da mãe, num espaço público, à luz do dia.

O horror indizível que aconteceu já faz uma semana não foi na Síria torturada pelo Estado Islâmico. Não foi na Nigéria martirizada pelo Boko Haram, nem no Afeganistão açoitado pelos Talibãs, nem na Somália destripada pelo Al-Shabaab.

O crime estarrecedor aconteceu no Ocidente democrático do século XXI.

O pequeno Vitor, com sua fome de menino de 2 anos, estava sendo amamentado nos braços da mãe, Sônia, quando um passante fez um carinho em seu rosto infantil. Mas eis que, de repente, o afago comovente daquele estranho de mochila e boné se transformou por absurdo em um terror abominável, em forma de lâmina que penetrou afiada e assassina no pescoço da criança, rasgando de modo covarde, brutal, inimaginável, a vida de um menino de 2 anos, a sangue frio, em pleno colo da mãe, num espaço público, à luz do dia.

Nem é preciso dizer, é claro, que este escândalo histórico sacudiu imediatamente todos os cantos do Brasil, começando pela indignada população da cidade-palco da cena tétrica, a catarinense Imbituba, que se levantou e saiu às ruas em choque, mas vestida de verde e amarelo, empunhando faixas e brados que exigiam com veemência a paz, a vida, a defesa dos direitos das crianças e das mães! Não houve dia, desde então, sem que todos os jornais e telejornais do país inteiro dedicassem ampla cobertura ao fato absurdo, impossível de se acreditar, e sem que todas as cidades do Brasil se unissem num abraço único, em protesto retumbante diante da violência inconcebível e inaceitável, em solidariedade para com Sônia, em memória do pequeno Vitor, em reflexão profunda sobre o que teria levado uma nação democrática a se tornar cenário, em pleno século XXI, de um ato de tamanha selvageria.

Todos os brasileiros, sem nenhuma exceção que não fosse a do próprio monstro homicida, se manifestaram num misto de choque, incredulidade, trauma, indignação, vontade irrefreável de fazer o que quer que fosse preciso para que tamanha bestialidade jamais pudesse voltar a repetir-se nem sequer remotamente. Da presidência da República ao governo de Santa Catarina, da prefeitura de Imbituba a todas as seções da Ordem dos Advogados do Brasil, do senado federal à última câmara de vereadores do mais longínquo rincão da pátria, ninguém se furtou a chorar em público pelo destino brutal imposto a Vitor em pleno colo da mãe. Missas e rosários foram rezados por todas as dioceses, por todas as paróquias, em intenção fervorosa da alma de Vitor, em súplica ardente pela serenidade da mãe e do pai, em heroico pedido de conversão do coração do assassino. Flores, coroas e velas acesas foram acumuladas nas calçadas da rodoviária de Imbituba, elevadas espontaneamente a santuário e memorial de uma vida extirpada pelo mais estarrecedor dos atos terroristas que poderiam esfaquear um país civilizado em qualquer tempo de sua história. A foto das sandálias infantis do pequeno Vitor, esquecidas na calçada da rodoviária de Imbituba na tarde horrenda do seu assassinato, entraram para o álbum imortal das mais dolorosas imagens históricas do nosso país.

Era 30 de dezembro de 2015. Era meio-dia. O Brasil parou assim que a vida de Vitor foi parada. As celebrações de fim de ano ficaram todas em segundo plano. O horror da história de Vitor, interrompida abruptamente, foi tão descomunal que era quase impossível acreditar que tal história fosse verdadeira.

Acontece que, de fato, essa história não é verdadeira.

Não toda ela. Só uma pequena parte é verdadeira – o resto é todo falso. E as partes falsa e verdadeira não são as únicas duas em que essa história se divide. Ela se divide também numa parte óbvia e numa parte absurda. A parte óbvia é a parte verdadeira, enquanto a parte absurda é a parte falsa, seria de supor-se – mas esta suposição está errada. A parte absurda é que é a verdadeira. A parte óbvia é que é a falsa.

A parte dessa história que vai do Parágrafo 1 até o Parágrafo 4 é absurda – mas verdadeira. A parte da história que vai do Parágrafo 5 ao Parágrafo 7 deveria ser a mais óbvia das continuações dessa absurda história verdadeira – mas é falsa. Escandalosamente falsa.

Câmara dos Deputados do Brasil aprova o processo de impeachment de Dilma Rousseff

 
Levados pela inércia de uma classe política envolvida em muitos escândalos de corrupção os últimos anos do Brasil foram marcados por grandes manifestações pacíficas – lideradas por movimentos de rua, apartidários –  que levaram milhões e milhões de brasileiros a pedir a retirada da atual presidente da república, Dilma Rousseff, e do seu partido, o PT, do poder.

Associados aos governos mais socialistas da América Latina, como Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, o Partido dos Trabalhadores, que fundou em 1990 o Foro de São Paulo, cujos fundadores foram Luis Inácio Lula da Silva e Fidel Castro, encontra-se em um momento de queda brusca da sua popularidade.

O crime principal do qual se acusa a chefe de governo do Brasil, nesse processo de impedimento, foi o de esconder da nação uma dívida de mais de 60 bilhões de reais, realizar gastos sem a aprovação da Câmara, e levar à ruína a economia do Brasil, assim, induzindo o povo a votar nela nas últimas eleições de 2014.

Sê tu sacrifício e sacerdote de Deus


Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos (Rm12,1). Paulo exorta, ou melhor, é Deus que por intermédio de Paulo nos exorta, pois deseja ser mais amado que temido. Deus exorta-nos, porque quer ser mais Pai do que Senhor. Deus exorta-nos, pela sua misericórdia, para não ter de nos castigar com o seu rigor. 

Ouve como o Senhor exorta: Vede, vede em mim o vosso corpo, os vossos membros, o vosso coração, os vossos ossos, o vosso sangue. E se temeis o que é de Deus, por que não amais o que também é vosso? Se fugis do Senhor, por que não recorreis ao Pai? 

Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos causados por vós. Não tenhais medo. Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte. Estes cravos não me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós. Estas chagas não me fazem soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração. O meu corpo, ao ser estirado na cruz, não aumenta o meu sofrimento, mas dilata os espaços do coração para vos acolher. Meu sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate. 

Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim experimentareis a bondade do Pai, que paga os males com o bem, as injúrias com amor, tão grandes chagas com tamanha caridade. 

Ouçamos, porém, a insistência do Apóstolo: Eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo (Rm 12,1). Pedindo deste modo, o Apóstolo ergueu todos os seres humanos à dignidade sacerdotal: a vos oferecerdes em sacrifício vivo. 

Ó inaudito mistério do sacerdócio cristão, em que o ser humano é para si mesmo vítima e sacerdote! O ser humano não precisa ir buscar fora de si a vítima que deve oferecer a Deus; traz consigo e em si o que irá sacrificar a Deus. Permanecem intactos tanto a vítima como o sacerdote; a vítima é imolada mas continua viva, e o sacerdote que oferece o sacrifício não pode matar a vítima. 

Admirável sacrifício em que o corpo é oferecido sem imolação e o sangue sem derramamento! Pela misericórdia de Deus eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo. Irmãos, este sacrifício é imagem do sacrifício de Cristo que, para dar a vida ao mundo, imolou o seu corpo, permanecendo vivo; na verdade, ele fez de seu corpo um sacrifício vivo, porque tendo morrido, continua vivo. Num sacrifício como este, a morte teve a sua parte, mas a vítima permanece; a vítima vive,enquanto a morte é castigada. Por isso, os mártires nascem com a morte, no fim da vida é que começam a vivê-la; coma sua imolação revivem e brilham agora nos céus os que na terra eram tidos como mortos.  

Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo. É o que também cantava o Profeta: Tu não quiseste nem vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo (cf. Sl 39,7; Hb 10,5). 

Ó homem, sê tu sacrifício e sacerdote de Deus; não percas aquilo que te foi dado pelo poder do Senhor. Reveste-te com a túnica da santidade, cinge-te com o cíngulo da castidade; seja Cristo o véu de proteção da tua cabeça; que a cruz permaneça em tua fronte como defesa. Grava em teu peito o sinal da divina ciência; eleva continuamente a tua oração como perfume de incenso; empunha a espada do Espírito; faze de teu coração um altar. E assim, com toda confiança, oferece teu corpo como vítima a Deus. 

Deus não quer a morte, mas a fé; ele não tem sede do teu sangue, mas do teu sacrifício; não se aplaca com a morte violenta, mas com a vontade generosa.



Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo
(Sermo 108: PL 52,499-500)        (Séc.V)

Pio XII, o papa odiado por Hitler


Uma ação sistemática de ataques e calúnias ao longo das décadas tem pintado o papa Pio XII como cúmplice da perseguição nazista. Recentemente, no entanto, a névoa do preconceito covarde, que há muito tempo tenta encobrir a imagem do papa Pacelli, está começando a se dissipar, graças à pesquisa de historiadores que vêm estudando o último papa nascido em Roma.

É neste contexto que surge “O Terceiro Reich contra Pio XII”, do historiador Pier Luigi Guiducci, que analisou durante sete anos documentos nazistas, alguns inéditos, conservados nos arquivos de vários países, revelando qual era a ideia que o nazismo tinha de Pio XII e, mais em geral, do cristianismo.

***

ZENIT – Prof. Guiducci, como começar a entender a realidade histórica ligada a Pio XII e ao nazismo?

Com a existência de uma lenda negra ligada ao mundo nazista. Berlim, por um lado, bloqueou toda a ajuda do Vaticano à Polônia. A ordem era desviar as ajudas para o exército alemão. Formalmente, os auxílios deviam ser entregues à Cruz Vermelha alemã, mas este organismo tinha sido inserido entre as organizações do regime, submetido aos líderes da época. Ao mesmo tempo, os oficiais nazistas que operavam na Polônia transmitiam continuamente à população invadida pela Wehrmacht uma mensagem: "O papa se esqueceu de vocês. O Vaticano não se mexeu. Vocês foram abandonados".

Muitas pessoas se convenceram de que existia essa passividade do pontífice e até um acordo entre ele e as forças de ocupação. Essa ideia errônea foi reforçada pela máquina de extermínio nazista (Shoah). A documentação que pode ser consultada (incluindo as atas do primeiro julgamento de Nuremberg) mostra que toda mensagem transmitida pela Santa Sé (para a abertura de canais de assistência humanitária) ou pelos seus representantes era sistematicamente arquivada. Eu encontrei um informe de um espião para Berlim dizendo que o papa estava fortemente contrariado porque toda iniciativa do Vaticano era sempre neutralizada. Mas há também outra lenda negra, ligada ao mundo comunista. Pio XII tinha recebido no Vaticano um número significativo de relatórios diplomáticos (além de boletins e informações verbais) que listavam as sistemáticas ações de demolição do cristianismo na Rússia. Esta realidade, hoje vastamente documentada, inclusive com gravações em vídeo, se estendeu aos países-satélites de Moscou até atingir uma presença global. Com essa documentação, Pio XII reagiu com firmeza ao comunismo. Primeiro, confirmou a condenação do ateísmo e da sua propaganda. Depois, procurou conter a presença dos comunistas na Itália e em outros países. Evidentemente, a reação soviética foi duríssima.

ZENIT – E como ela se manifestou?

Os serviços secretos da Alemanha Oriental pediram aos colegas de Moscou que recebessem a cópia de um dossiê sobre Pio XII para implantar uma estratégia de destruição da sua imagem, especialmente no âmbito moral. O caso é que eles não encontraram elementos que sustentassem acusações contra o papa. Por isso, decidiram, no fim, insistir em projetos de desinformação, inclusive através de publicações e peças teatrais. Essa dinâmica foi descoberta pelos historiadores após a reunificação da Alemanha, em 1990. Os arquivos da Stasi foram inseridos num único sistema estatal de conservação (e acessível para os estudiosos). 

Santo Expedito


Expedito era chefe da Legião Romana numa das províncias romanas da Armênia. Ocupava esse alto posto porque, o imperador Diocleciano, tinha-se mostrado, no começo de seu reinado, favorável aos cristãos, confiando-lhes postos importantes na administração e no exército.

Santo Expedito estava à frente de uma das mais gloriosas legiões, encarregada de guardar as fronteiras orientais contra os ataques dos bárbaros asiáticos.

"Expedito" ficou sendo o nome do chefe, apelido dado por exprimir perfeitamente o traço dominante de seu caráter: a presteza e a prontidão com que agia e se portava então, no cumprimento de seu dever de estado e, também, na defesa da religião que professava. Era assim que os romanos davam frequentemente a certas pessoas um apelido, que designava um traço de seu caráter.

Desse modo, Expedito designa, para nós, o chefe Legião Romana, martirizado com seus companheiros no dia 19 de abril de 303, sob as ordens do imperador Diocleciano. Seu nome, qualquer que seja a origem de sua significação, é suficiente para ser reconhecido no mundo cristão, pois condiz, com a generosidade e com o ardor de seu caráter, que fizeram desse militar um mártir.

Desde seu martírio, Expedito tem se revelado um santo que continua atraindo devotos em todo o mundo. Além de padroeiro das causas urgentes, Santo Expedito também é conhecido como padroeiro dos militares, dos estudantes e dos viajantes.

Conta-se que, assim que resolveu se converter, uma tentação se manifestou em forma de corvo. O animal gritava "Crás! Crás!", que significa em latim "Amanhã! Amanhã!". O que se esperava era que ele adiasse o batismo, mas Expedito teria pisoteado o corvo e gritado, de volta: "Hodie! Hodie!", ou seja "Hoje! Hoje!". E assim agiu.


Nós Vós pedimos, Senhor, que orienteis, com Vossa graça, todos os nossos pensamentos, palavras e ações, para que eles encontrem em Vós, seu princípio e sejam por intercessão de Santo Expedito levados com coragem, fidelidade e prontidão em tempo próprio e favorável, a bom e feliz fim. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Espírito vivifica

 
O Senhor que nos concede a vida, estabeleceu conosco a aliança do batismo, como símbolo da morte e da vida. A água é imagem da morte e o Espírito nos dá o penhor da vida. Assim, torna-se evidente o que antes perguntávamos: por que a água está unida ao Espírito? É dupla, com efeito, a finalidade do batismo: destruir o corpo do pecado para que nunca mais produza frutos de morte, e vivificá-lo pelo Espírito, para que dê frutos de santidade. A água é a imagem da morte porque recebe o corpo como num sepulcro; e o Espírito, por sua vez, comunica a força vivificante que renova nossas almas, libertando-as da morte do pecado e restituindo-lhes a vida. Nisto consiste o novo nascimento da água e do Espírito: na água realiza-se a nossa morte, enquanto o Espírito nos traz a vida.

O grande mistério do batismo realiza-se em três imersões e três invocações, para que não somente fique bem expressa a imagem da morte, mas também a alma dos batizados seja iluminada pelo dom da ciência divina. Por isso, se a água tem o dom da graça, não é por sua própria natureza mas pela presença do Espírito. O batismo, de fato, não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso de uma consciência pura perante Deus. Eis por que o Senhor, a fim de nos preparar para a vida que brota da ressurreição, propõe-nos todo o programa de uma vida evangélica, prescrevendo que não nos entreguemos à cólera, sejamos pacientes nas contrariedades e livres da aflição dos prazeres e do amor ao dinheiro. Isto nos manda o Senhor, para nos induzir a praticar, desde agora, aquelas virtudes que na vida futura se possuem como condição natural da nova existência.

O Espírito Santo restitui o paraíso, concede-nos entrar no reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna, numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos tanto na vida presente quanto na futura. Dá-nos ainda contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que pela fé esperamos usufruir como se já estivessem presentes. Ora, se é assim o penhor, qual não será a plena realidade? E, se tão grandes são as primícias, como não será a consumação de tudo?


Do Livro Sobre o Espírito Santo, de São Basílio, bispo
(Cap 15,35-36: PG 32,130-131)        (Séc.IV)

Os três padres jesuítas mártires, na época da colonização.


Padre Roque Gonzalez (1576-1628), nasceu de família da alta sociedade do Paraguai. Veio trabalhar entre os índios no Caaró, atual Rio Grande do Sul (Brasil), para catequizar os indígenas, ensinando-lhes os princípios cristãos, formando também núcleos de resistência indígena contra a brutalidade que lhes era praticada por alguns colonizadores europeus.

Cuidou da parte religiosa e social. Criou as reduções, que consistiam numa praça central com a igreja, a escola, e outras repartições para orientar sobre o cultivo da terra, o trato dos rebanhos, etc.

Não só o Padre Roque, mas também o Padre Afonso Rodrigues e o Padre João del Castillo, todos jesuítas, se dedicavam muito na sua missão de conversão e proteção dos índios.

Era um trabalho pioneiro e comunitário que se estendeu por muitas regiões. Infelizmente encontrou oposição de gente gananciosa e invejosa. O pajé, sentindo abalada sua liderança, açulou um pequeno grupo de revoltosos contra o dedicado missionário. Algo de trágico ia acontecer.

No dia 19 novembro de 1628, na aldeia dos índios Guaicurus, no Caaró, ia ser inaugurado o sino da igreja da aldeia. O povo se aglomerou ao redor. Estava tudo indo muito bem. O Padre Roque Gonzalez e o Padre Afonso Rodrigues estavam felizes.

Mas o seu assassinato tinha sido tramado à surdina pelo pajé da aldeia. Um pequeno grupo de revoltosos misturou-se no meio dos fiéis na hora da bênção. Quando Padre Roque abaixou-se para levantar o sino, um deles desferiu dois golpes de machado de pedra na sua cabeça. Padre Afonso teve a mesma sorte cruel. Em seguida atearam fogo na igreja, retalharam os corpos dos dois mártires e os atiraram no meio das chamas.