quarta-feira, 20 de abril de 2016

Papa: distinguir entre pecado e pecador




PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 20 de Abril de 2016

A palavra de Deus ensina-nos a distinguir entre o pecado e o pecador: com o pecado, não devemos descer a compromissos, ao passo que os pecadores – isto é, nós todos – são como doentes que necessitam de ser curados e, para isso, o médico precisa de se encontrar com eles, visitá-los, tocá-los. É claro que o doente, para ser curado, tem de reconhecer que tem necessidade do médico. Ouvimos narrar o caso daquela mulher pecadora que veio chorar seus pecados aos pés de Jesus, quando Ele Se encontrava à mesa em casa de um fariseu chamado Simão. Este, embora tenha convidado Jesus, não se quer comprometer nem arriscar a reputação com o Mestre, enquanto a mulher se confia plenamente a Jesus com amor e veneração. Pois bem! Entre o comportamento do fariseu e o da pecadora, o Senhor toma partido por esta. Livre de preconceitos que impeçam a misericórdia de se expressar, o Mestre deixa-a fazer o que lhe dita o coração: Ele, o Santo de Deus, deixa-Se tocar por ela, sem medo de ficar contaminado. Mais ainda, dirigindo-Se à mulher, diz-lhe: «Os teus pecados estão perdoados». E assim põe termo àquela condição de isolamento a que pecadora fora condenada pelos juízos impiedosos de Simão e seus correligionários fariseus. Agora a mulher pode ir «em paz». O Senhor viu a sinceridade da sua fé e da sua conversão. Por isso, acrescenta diante de todos: «A tua fé te salvou». Ressalta à vista de todos a conversão da pecadora, demonstrando que, em Jesus, habita a força da misericórdia de Deus, capaz de transformar os corações.

Jubileu 150 anos: "Mãe do Perpétuo Socorro: ícone do amor".



 
O Ícone de Nossa Mãe do Perpétuo Socorro é, sem dúvida, o Ícone universalmente mais amado na Igreja. Tem um apelo a todas culturas, línguas e mesmo a outras diferentes tradições religiosas. Em 26 de abril de 2016 será celebrado o aniversário de 150 anos da restauração pública do Ícone original de Nossa Mãe do Perpétuo Socorro na Igreja de Santo Afonso em Roma, entregue aos Redentoristas pelo Papa Pio IX, como estas palavras: “Faça-a conhecida no mundo inteiro”.

Este Jubileu de 150 anos pretende ser uma ocasião especial para reacender o amor e a devoção dos redentoristas para com a Mãe do Perpétuo Socorro, “pois ela nos acompanha na missão evangelizadora. Deve também ser um revigoramento do mandato dado aos Redentoristas para ‘Fazê-la conhecida’.

Já são 6 as igrejas católicas destruídas no Chile em 2016

 
Somente durante este ano, seis igrejas católicas e dois templos evangélicos foram destruídos por ocasião do intenso conflito mapuche ocorrido na região sul do Chile.

O último ataque ocorreu na madrugada do dia 12 de abril, na capela da Assunção da Virgem Maria, na cidade de Cañete, onde um grupo de indivíduos ficou completamente queimado.

Nesse mesmo momento, denunciaram o incêndio em uma cabana particular a 43 quilômetros de distância do templo.

O sacerdote encarregado da capela, Pe. Oscar García, comentou à AraucoTV que quando há uma atitude como esta “é o mal o que prevalece na mente”, por isso “temos que continuar procurando o bem e a paz de todos os cidadãos”.

Dom Fernando Chomali, Arcebispo de Concepción – arquidiocese à qual pertence a capela – lamentou o ataque e exortou a “dizer não à violência” para “abrir caminhos de diálogo”.

O Prelado pediu para “gerar maiores e mais reais laços com o povo mapuche, porque é a região mais deprimida do Chile. Os habitantes são pessoas que tiveram escasso acesso ao desenvolvimento do qual nosso país teve”.

 
“Se as pessoas que cometeram este lamentável atentado, que não aprovo sob nenhum ponto de vista, tivessem tido educação e oportunidades de trabalho, não estariam nisto”, acrescentou.

Por sua parte, Dom Jorge Concha Cayuqueo, primeiro Bispo de origem mapuche no Chile e Auxiliar da Arquidiocese de Santiago, disse ao jornal ‘La Terceira’: “O problema é que os afetados são do povo mapuche, são comunidades cristãs aos quais suas capelas foram queimadas”.

“Isto nos causa dor, não só pelo que significa a perda de um templo, mas também porque isto mostra uma situação centenária que não foi resolvida. É um sintoma de um problema mais profundo”, indicou.

Nesse sentido, Dom Francisco Javier Stegmeier, Bispo de Villarrica, disse ao Grupo ACI: “É claro que nossas comunidades cristãs estão sofrendo perseguição religiosa por causa de Jesus Cristo. Ele continuará sendo a nossa fortaleza, alegria e esperança. Ele também nos capacita para sempre perdoar e responder com o bem ao que nos faz mal”.

Antes deste último atentado, no documento da 111ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal do Chile, realizada em abril de 2016, os bispos afirmaram que “quando não se respeitam valores tão essenciais para a existência de um povo crente, como são o direito à vida humana, sua segurança e seus espaços sagrados, estão ferindo a própria alma mesma deste povo”.

“Estes fatos, que são rechaçados pela imensa maioria da população, correm o risco de estigmatizar todo o povo mapuche e desacreditar sua busca de reconhecimento e reparação”, sustentaram.

A união natural dos fiéis em Deus pela encarnação do Verbo e pelo sacramento da Eucaristia


Proclamamos como uma verdade que a Palavra se fez carne (Jo 1,14) e que na ceia do Senhor nós recebemos esta mesma Palavra que se fez carne. Então, como se pode negar que permaneça naturalmente em nós aquele que, ao nascer como homem, não só assumiu a natureza da nossa carne como inseparável de si, mas também uniu sua natureza humana à natureza divina no sacramento em que nos dá a comunhão do seu corpo? Deste modo todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está em nós. Portanto, ele está em nós pela sua carne e nós estamos nele; e através dele, o que nós somos está em Deus.

Em que medida estamos nele pelo sacramento da comunhão com sua carne e com seu sangue, o próprio Cristo o afirma quando diz: Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis, pois eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós (Jo 14,19.20). Se com estas palavras o Senhor pretendia apenas significar uma unidade de vontade, por que então estabeleceu uma certa gradação e ordem na realização de tal unidade? Assim procedeu para acreditarmos que ele está no Pai pela natureza divina, e que nós estamos nele pelo seu nascimento corporal; além disso, ele também está em nós pelo mistério dos sacramentos. Ensina-nos desta forma a perfeita unidade estabelecida por meio do único Mediador. Nós estamos unidos a Cristo, que é inseparável do Pai, e Cristo, sendo inseparável do Pai, permanece unido a nós. Deste modo, temos acesso à unidade com o Pai. Porque se Cristo está por natureza no Pai, por ter sido gerado por ele, e se nós por natureza estamos em Cristo, então de certa maneira, também nós estamos por natureza no Pai através de Cristo. 

Até que ponto esta unidade é natural em nós, o mesmo Senhor o declara: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele (Jo 6,56). Realmente, ninguém poderá estar em Cristo, se Cristo não estiver nele; isto é, Cristo somente assume em si a carne daquele que recebe a sua.

O Senhor já havia ensinado antes o mistério desta perfeita unidade, dizendo: Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim (Jo 6,57). Vive, portanto, pelo Pai; e do mesmo modo que vive pelo Pai, também nós vivemos pela sua carne.

Toda a comparação deve ser adaptada à inteligência de tal modo que o exemplo proposto nos ajude a compreender o mistério de que tratamos. Esta é, portanto, a causa da nossa vida: Cristo, pela sua carne, habita em nós, seres carnais, para que nós vivamos por ele como ele vive pelo Pai.


Do Tratado sobre a Trindade, de Santo Hilário, bispo
(Lib. 8,13-16: PL10,246-249)         (Séc.IV)

Lutero e a Carta aos Romanos


Acontece daqui a dois anos o quinto centenário da Reforma Protestante e desde já se observa um renovado interesse por Lutero e pelos temas desse movimento. A próxima edição da revista La Civiltà Cattolica publicará um ensaio do padre Giancarlo Pani sobre a centralidade da carta de Paulo aos Romanos no pensamento de Lutero.

Lutero ensinava a ler e comentar a Bíblia na Universidade de Wittenberg, fundada havia pouco tempo pelo príncipe da Saxônia, Frederico, o Sábio. Depois de se dedicar à explicação dos Salmos, suas palestras focaram na Carta aos Romanos com uma leitura não puramente exegética, mas existencial, encontrando nas palavras de Paulo uma resposta para as suas inquietações.

Ao estudar a obra de Paul e os respectivos comentários de Santo Agostinho, Lutero chega às questões de justificação, graça e fé, centrais na reforma protestante.

O pe. Pani escreve: "Lutero quer destacar o maior pecado no homem. Não é só a rebelião contra a lei de Deus e o apego aos bens materiais, mas o acreditar que se pode vir a ser irrepreensível com os próprios esforços: não é raro ver judeus e hereges renunciarem aos bens materiais, mas poucos sabem renunciar às virtude, bens espirituais e méritos pessoais que são um impedimento muito maior para acolher a graça de Cristo. Esta é recebida apenas na fé e pela misericórdia de Deus. A salvação não vem do esforço do homem, como acham os "iustitiarii": um termo, este, talvez inventado e certamente valorizado extraordinariamente por Lutero, para indicar os que afirmam poder ser justos com o próprio esforço espiritual. A conclusão é lapidar: a santidade é um dom de misericórdia".

Curiosamente, para Lutero, a Carta aos Romanos era uma espécie de porta para a compreensão de toda a Escritura. "O primeiro mérito de Lutero é ter destacado, ainda que por vias tortuosas, o evangelho de Paulo, o mais antigo escritor do Novo Testamento e o primeiro intérprete da mensagem cristã. Para ele, a carta abre à inteligência de toda a Bíblia, que deve ser entendida toda de Cristo". 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Arquidiocese de São Luís lança cartaz para a festa de Corpus Christi 2016

 
A Arquidiocese de São Luís lançou nesta terça-feira, 19, o cartaz de Corpus Christi 2016. Este ano o evento que acontece dia 26 de maio, no aterro do Bacanga, traz como tema: a Eucaristia nos compromete com o direito e a justiça. O tema recupera a proposta da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, que trata do cuidado com a “Casa Comum”, tema da encíclica do papa Francisco que aborda, sobretudo, a Ecologia.

A festa do Corpo e Sangue de Cristo, é um evento religioso tradicional na capital maranhense, embora seja uma data móvel, o evento ocorre em todo o  mundo. Destacando o Brasil, em vários estados do nosso país, são realizadas procissões por importantes ruas das cidades, e por onde o Santíssimo Sacramento passa costuma-se confeccionar os tapetes de materiais reciclados. O tapete é preparado pelos fieis durante a noite e madrugada anterior, ou mesmo no dia da procissão.

Homilética: 5º Domingo da Páscoa - Ano C: "O amor: estatuto da nova comunidade".







“Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). Talvez um dos propósitos do dia de hoje seja mandar fazer um quadro com essas belas palavras e colocá-lo na nossa sala de estar e, dessa maneira, lê-las frequentemente pedindo a Deus a graça de que a caridade fraterna seja uma realidade na nossa vida. É muito bonito falar do amor ao próximo. Que difícil, porém, é vivê-lo!

Estamos fartos de discursos humanitários retóricos! Gostaríamos de ver solucionada a situação das pessoas com as quais convivemos: “esse vive num barracão, aquele passa fome, fulano não tem trabalho, o outro está com depressão, os grupos estão divididos na minha paróquia, no meu grupo há uma pessoa que sempre quer destacar-se mais que os outros, há críticas… um desastre!”

Será que os não-católicos conhecem os católicos pelo amor mútuo, pela atenção caridosa, pelo carinho, pela boa educação, pela generosidade e pela disponibilidade? Para saber como se vive a caridade é preciso olhar, em primeiro lugar, para Jesus. A regra, a medida da caridade, é ele: “como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Como Cristo amou-nos? Rebaixando-se a si mesmo, sofrendo na cruz e derramando todo o seu Sangue por nós, preocupando-se verdadeiramente com os nossos pequenos e grandes problemas etc. Assim deve ser o nosso amor aos irmãos: será preciso dedicar-lhes tempo, escutá-los, dispor-se para ajudá-los quando for preciso, ser agradecidos para com as pessoas, corrigir com fortaleza e gentileza quando necessário, viver as normas da educação e da prudência, ser discretos, compreendê-los, sorrir também quando não se tem vontade, sacrificar-se discretamente para que os outros passem bons momentos.

E nas paróquias? Quantas rivalidades! Quantos ciúmes! Quanta inveja! Disse alguém que “Cristo mandou que nos amássemos, não que nos amassemos”. Há muitas reuniões, e pouca união! Os problemas na comunidade cristã não são novos, São Paulo escreveu aos Gálatas: “se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5,15). Porque será que os cristãos às vezes se mordem devorando-se uns aos outros? Pelo mesmo motivo que São Paulo identificou entre os gálatas: eram carnais. O que é necessário para viver a caridade? Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e fazer as obras do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Hoje é o dia para que renovemos os bons propósitos de viver opere et veritate, com obras e na verdade, a virtude da caridade, não em geral e em abstrato, mas em particular e concretamente: na família, com o pai, com a mãe, com os irmãos, com os amigos, com o patrão, com o empregado, com o meu irmão de comunidade. Não é fácil porque as pessoas têm problemas, dificuldades, às vezes exalam mau olor, falam demasiado (e às vezes com a boca cheia) ou não falam quase nada, faz calor. Poderíamos enumerar mil e uma razões para não viver a caridade, nenhuma delas é consequente.

O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida.

A proposta cristã resume-se no amor. O amor é o distintivo, que nos identifica… Que em nossos gestos as pessoas possam descobrir a presença do Amor de Deus no mundo!

O lado falso da história de Vitor – o menino de 2 anos assassinado em pleno colo da mãe que o amamentava!


 
Já faz um tempo que o horror aconteceu. Traumatizante, inacreditável, devastador. Já faz uma semana e é tão absurdo e chocante que é como se nem tivesse acontecido – parece uma lenda bizarra, de extremo mau gosto, uma história de terror doentia, inserida em lugares e épocas escuras e bárbaras. Já faz uma semana que um menino de 2 anos, indefeso e frágil, foi assassinado a sangue frio, em pleno colo da mãe, num espaço público, à luz do dia.

O horror indizível que aconteceu já faz uma semana não foi na Síria torturada pelo Estado Islâmico. Não foi na Nigéria martirizada pelo Boko Haram, nem no Afeganistão açoitado pelos Talibãs, nem na Somália destripada pelo Al-Shabaab.

O crime estarrecedor aconteceu no Ocidente democrático do século XXI.

O pequeno Vitor, com sua fome de menino de 2 anos, estava sendo amamentado nos braços da mãe, Sônia, quando um passante fez um carinho em seu rosto infantil. Mas eis que, de repente, o afago comovente daquele estranho de mochila e boné se transformou por absurdo em um terror abominável, em forma de lâmina que penetrou afiada e assassina no pescoço da criança, rasgando de modo covarde, brutal, inimaginável, a vida de um menino de 2 anos, a sangue frio, em pleno colo da mãe, num espaço público, à luz do dia.

Nem é preciso dizer, é claro, que este escândalo histórico sacudiu imediatamente todos os cantos do Brasil, começando pela indignada população da cidade-palco da cena tétrica, a catarinense Imbituba, que se levantou e saiu às ruas em choque, mas vestida de verde e amarelo, empunhando faixas e brados que exigiam com veemência a paz, a vida, a defesa dos direitos das crianças e das mães! Não houve dia, desde então, sem que todos os jornais e telejornais do país inteiro dedicassem ampla cobertura ao fato absurdo, impossível de se acreditar, e sem que todas as cidades do Brasil se unissem num abraço único, em protesto retumbante diante da violência inconcebível e inaceitável, em solidariedade para com Sônia, em memória do pequeno Vitor, em reflexão profunda sobre o que teria levado uma nação democrática a se tornar cenário, em pleno século XXI, de um ato de tamanha selvageria.

Todos os brasileiros, sem nenhuma exceção que não fosse a do próprio monstro homicida, se manifestaram num misto de choque, incredulidade, trauma, indignação, vontade irrefreável de fazer o que quer que fosse preciso para que tamanha bestialidade jamais pudesse voltar a repetir-se nem sequer remotamente. Da presidência da República ao governo de Santa Catarina, da prefeitura de Imbituba a todas as seções da Ordem dos Advogados do Brasil, do senado federal à última câmara de vereadores do mais longínquo rincão da pátria, ninguém se furtou a chorar em público pelo destino brutal imposto a Vitor em pleno colo da mãe. Missas e rosários foram rezados por todas as dioceses, por todas as paróquias, em intenção fervorosa da alma de Vitor, em súplica ardente pela serenidade da mãe e do pai, em heroico pedido de conversão do coração do assassino. Flores, coroas e velas acesas foram acumuladas nas calçadas da rodoviária de Imbituba, elevadas espontaneamente a santuário e memorial de uma vida extirpada pelo mais estarrecedor dos atos terroristas que poderiam esfaquear um país civilizado em qualquer tempo de sua história. A foto das sandálias infantis do pequeno Vitor, esquecidas na calçada da rodoviária de Imbituba na tarde horrenda do seu assassinato, entraram para o álbum imortal das mais dolorosas imagens históricas do nosso país.

Era 30 de dezembro de 2015. Era meio-dia. O Brasil parou assim que a vida de Vitor foi parada. As celebrações de fim de ano ficaram todas em segundo plano. O horror da história de Vitor, interrompida abruptamente, foi tão descomunal que era quase impossível acreditar que tal história fosse verdadeira.

Acontece que, de fato, essa história não é verdadeira.

Não toda ela. Só uma pequena parte é verdadeira – o resto é todo falso. E as partes falsa e verdadeira não são as únicas duas em que essa história se divide. Ela se divide também numa parte óbvia e numa parte absurda. A parte óbvia é a parte verdadeira, enquanto a parte absurda é a parte falsa, seria de supor-se – mas esta suposição está errada. A parte absurda é que é a verdadeira. A parte óbvia é que é a falsa.

A parte dessa história que vai do Parágrafo 1 até o Parágrafo 4 é absurda – mas verdadeira. A parte da história que vai do Parágrafo 5 ao Parágrafo 7 deveria ser a mais óbvia das continuações dessa absurda história verdadeira – mas é falsa. Escandalosamente falsa.