Somente durante
este ano, seis igrejas católicas e dois templos evangélicos foram destruídos
por ocasião do intenso conflito mapuche ocorrido na região sul do Chile.
O último ataque
ocorreu na madrugada do dia 12 de abril, na capela da Assunção da Virgem Maria, na cidade
de Cañete, onde um grupo de indivíduos ficou completamente queimado.
Nesse mesmo
momento, denunciaram o incêndio em uma cabana particular a 43 quilômetros de
distância do templo.
O sacerdote
encarregado da capela, Pe. Oscar García, comentou à AraucoTV que quando há uma
atitude como esta “é o mal o que prevalece na mente”, por isso “temos que
continuar procurando o bem e a paz de todos os cidadãos”.
Dom Fernando
Chomali, Arcebispo de Concepción – arquidiocese à qual pertence a capela –
lamentou o ataque e exortou a “dizer não à violência” para “abrir caminhos de
diálogo”.
O Prelado pediu
para “gerar maiores e mais reais laços com o povo mapuche, porque é a região
mais deprimida do Chile. Os habitantes são pessoas que tiveram escasso acesso
ao desenvolvimento do qual nosso país teve”.
“Se as pessoas
que cometeram este lamentável atentado, que não aprovo sob nenhum ponto de
vista, tivessem tido educação e oportunidades de trabalho, não estariam nisto”,
acrescentou.
Por sua parte,
Dom Jorge Concha Cayuqueo, primeiro Bispo de origem mapuche no Chile e Auxiliar
da Arquidiocese de Santiago, disse ao jornal ‘La Terceira’: “O problema é que
os afetados são do povo mapuche, são comunidades cristãs aos quais suas capelas
foram queimadas”.
“Isto nos causa
dor, não só pelo que significa a perda de um templo, mas também porque isto
mostra uma situação centenária que não foi resolvida. É um sintoma de um
problema mais profundo”, indicou.
Nesse sentido,
Dom Francisco Javier Stegmeier, Bispo de Villarrica, disse ao Grupo ACI: “É
claro que nossas comunidades cristãs estão sofrendo perseguição religiosa por
causa de Jesus Cristo. Ele continuará sendo a nossa fortaleza, alegria e
esperança. Ele também nos capacita para sempre perdoar e responder com o bem ao
que nos faz mal”.
Antes deste
último atentado, no documento da 111ª Assembleia Plenária da Conferência
Episcopal do Chile, realizada em abril de 2016, os bispos afirmaram que
“quando não se respeitam valores tão essenciais para a existência de um povo
crente, como são o direito à vida
humana, sua segurança e seus espaços sagrados, estão ferindo a própria alma
mesma deste povo”.
“Estes fatos,
que são rechaçados pela imensa maioria da população, correm o risco de
estigmatizar todo o povo mapuche e desacreditar sua busca de reconhecimento e
reparação”, sustentaram.
Conflito
na Araucanía
As comunidades
mapuches que habitam no sul do Chile realizaram uma forte campanha pela
recuperação do que consideram suas terras ancestrais e o reconhecimento dos
seus direitos, entre outros.
Consideram que o
Estado não deu importância a estas denúncias ao permitir projetos hidrelétricos
e florestais, o que provocou diversos tipos de violência nas regiões Biobío,
Araucanía e Los Rios.
Entre os atos
violentos estão: a ocupação do Seminário Maior São Fidel, na diocese de
Villarrica, pela comunidade mapuche Trapilhue, desde junho de 2014 e que no
último dia 2 de março foram retirados a força deste local.
Entre 2014 e
2016 foram destruídos 11 templos católicos na região. A estes são somados
diversos ataques contra agricultores, zonas florestais, motoristas de caminhões
e pequenas parcelas durante 2015.
Em 2003, os
bispos do Chile publicaram um extenso documento intitulado “Ao serviço de um
novo acordo com o povo mapuche”, no qual, depois de um exaustivo estudo,
convidam a conhecer as causas e realidade deste povo a fim de chegar a soluções
pelo caminho do diálogo.
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ACI Digital
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