No Evangelho do
domingo passado, João falava do novo céu e da nova terra como morada de Deus.
No de hoje - Jo 14, 23-29 – prossegue narrando que Jesus disse a seus
discípulos: “Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e o meu Pai o amará, e
nós (Eu e o Pai) viremos e faremos nele a nossa morada”. De novo aparece a
palavra “morada”, agora aplicada aos homens. As coisas, terra e céu, e as
pessoas se tornam morada de Deus quando elas acolhem o amor e vivem segundo o
novo mandamento do amor. Onde existe o amor divino e fraterno tudo se torna
novo, tudo vira morada de Deus. Jesus continua dizendo que o Pai, a seu
pedido, enviará e deixará na pessoa que o ama o Espírito Santo, que recordará
tudo o que Ele tem dito. Guardar as palavras de Jesus no coração é demonstrar
amor a Ele e criar no seu interior as condições para receber a paz que o mundo
não é capaz de dar. Por isso, Jesus afirma aos discípulos: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; embora não a dê como o faz o mundo”. A paz que Jesus dá vem
do seu amor e produz uma alegria verdadeira, conforme suas palavras: “Não se
perturbe nem se intimide o vosso coração... Se me amásseis, ficaríeis alegres
porque vou para o Pai”. Três palavras se repetem sinalizando serem muito
importantes, uma que já foi dita acima; são: morada, novo e amor. Dentre estas,
a mais importante é o amor. O amor faz tudo ser novo, o mundo com todas as
coisas, o homem todo e todos os homens, as estruturas sociais, a Igreja, a
história, a vida, e, por conseguinte, transforma todas as coisas e todas as
pessoas na morada de Deus. A proposta evangélica do mandamento novo é uma
proposta de vida nova que se tece no amor. A vida nova em Cristo que recebemos
desde o nosso batismo consiste em amar como Jesus amou. Deste modo, com estes
destaques, estou focalizando a mensagem evangélica da Missa de hoje.
Preciso
continuar uma reflexão que venho fazendo a conta-gotas. Tenho dito que nós
cristãos precisamos defender as nossas verdades da fé cristã, não por serem
nossas, nem novas nem velhas, mas por serem verdades, que estão sendo
esquecidas ou que pouco ou nada contam na vida de hoje. Acompanho aqueles que
dizem que precisamos voltar ao Catecismo. Com isso é preciso, sim, combater o
pensamento da pós-modernidade, tido como politicamente correto pela sociedade
burguesa, consumista, hedonista, o qual se baseia na ideia de que não há mais
verdades que devem ser aceitas nem por todos nem por inteiro, senão por aqueles
que livremente a elas aderirem no todo ou na parte que melhor lhes aprouver, e
que tudo parece ser provisório, descartável, líquido. Então, dever-se-á admitir
a liberdade individual para cada pessoa redigir o seu código pessoal de
verdades, crenças, valores, princípios, aceitando como exceção obedecer a
algumas regras mínimas de conduta social que garantam uma conveniente
convivência interpessoal pacífica, a fim de que cada um possa tirar o melhor
proveito da vida, levar a maior vantagem possível na vida, alcançar no mais
alto grau a satisfação dos seus interesses para o bem de sua vida e da dos
seus. Essa filosofia moderna na aparência, mas velha na ambição, tem diversos
nomes: relativismo, individualismo, materialismo, secularismo, liberalismo, e
outros ismos. No fundo, é puro egoísmo, idolatria contra o primeiro mandamento,
está na base do pecado original. Pessoas que pensam assim fazem parte dos
estratos mais instruídos da sociedade. Mesmo os que não sejam muito instruídos,
atraídos que são pela miragem das promessas, se deixam levar por eles e todos
juntos se organizam em diferentes frentes de atuação nos setores estratégicos
de influência da sociedade. Apresentam-se como progressistas, modernos,
protagonistas de ideias e comportamentos avançados, os inspirados construtores
de um mundo finalmente emancipado e livre, de uma sociedade nova pós-cristã e
de uma vida autônoma e feliz.