quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Homilética: 21º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Estreita é a porta para entrar no Reino".



Um dos maiores desejos do ser humano é o da salvação. O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvados, curados dos nossos males. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação? De quê? De quem? Isso não acontece somente em ambientes ricos, também há muitos pobres que tendo um barraco e um pouco de comida para ir levando a vida, se contentam: salvação? De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.


Há também misérias espirituais! Pobres e ricos terminam debaixo do chão ou numa caixinha destinada a guardar as suas cinzas; ambos podem pecar e contrair, também aumentar, os vícios; ricos e pobres podem ser – como de fato são – atacados pelo diabo. Essas misérias espirituais – morte, pecado, demônio – não ficam somente ao nível do espírito. No caso da morte está claro! Mas também em relação ao pecado e ao demônio: qualquer afinidade com essas realidades definha não só o nosso espírito, mas também o nosso corpo. O ser humano é uma unidade de alma e corpo inseparavelmente unida. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego e acerto o polegar, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.


A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Ainda percebemos o poder do pecado, do demônio e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu. Nesses tempos, a salvação já realizada espera a consumação na Parusia, na segunda vinda de Cristo. Isso é assim porque se formos ao céu antes da Parusia, lá estaremos somente com a nossa alma, o qual indica que falta algo importantíssimo: o corpo. A consumação daquilo que já foi realizado, a nossa salvação, se dará nos novos céus e na nova terra.


Nesse contexto, entende-se perfeitamente a pergunta daquele incógnito: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” (Lc 13,23). Jesus dá duas respostas que se complementam: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Logo, parece que são poucos: a porta é estreita. “Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29). Logo, parece são muitos: do norte e do sul, do leste e do oeste. Logicamente, o fato de a porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.


Mas do que perguntar se são muitos ou poucos, é muito mais importante perguntar: Senhor, serei salvo? E como Deus “deseja que todos os homens se salvem” (1 Tm 2,4), é muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo? A pergunta não é egoísta. Conscientes de que temos que pedir ao Senhor que nos salve – o homem não se pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa por cada um de nós esteja cada vez mais presente e atuante nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).

Quem perseverar até ao fim será salvo




As angústias e tribulações que por vezes sofremos nesta vida servem‑nos ao mesmo tempo de advertência e correção. De fato, a Sagrada Escritura não nos promete paz, segurança e tranquilidade; o que nos anuncia o Evangelho são aflições, tribulações e provas; mas quem perseverar até ao fim será salvo. Que há de bom nesta vida, desde que o primeiro homem mereceu a morte e a maldição? Pois bem. Dessa maldição nos veio libertar Cristo Senhor. Portanto, não nos lamentemos nem murmuremos, irmãos. O Apóstolo adverte‑nos: Alguns deles murmuraram, e morreram às mãos do exterminador. Os mesmos sofrimentos que hoje suporta o gênero humano foram suportados pelos nossos pais; nisto não há diferença. Ou antes: podemos nós afirmar que sofremos tantos e tão grandes males como sofreram eles? E apesar disso, há muitos que se queixam do seu tempo, como se tivessem sido melhores os tempos dos antepassados. Porventura não murmuravam igualmente se pudessem voltar a viver os tempos dos seus antepassados? Sempre julgas melhor o tempo passado, simplesmente porque não é o teu. Se já estás liberto da maldição, se já acreditas no Filho de Deus, se já foste iniciado ou instruído nas Sagradas Escrituras, muito me surpreende que consideres melhor o tempo em que Adão viveu. Também os teus pais tiveram a herança de Adão, esse Adão a quem foi dito: Comerás o pão com o suor do teu rosto e trabalharás a terra de que foste formado; ela te produzirá espinhos e abrolhos. Eis o que ele conseguiu, o que ele recebeu, o que ele mereceu do justo juízo de Deus. Porque pensas então que os tempos passados foram melhores do que os teus? Desde o primeiro Adão até ao de hoje, só vemos trabalho e suor, espinhos e abrolhos. Terá caído sobre nós o dilúvio? Caíram sobre nós aqueles tempos difíceis de fome e de guerras, que nos foram descritos precisamente para que não nos queixemos do tempo presente contra Deus? Que tempos aqueles! Ao ouvir ou ler a história de tais fatos, não é verdade que todos nos horrorizamos? Portanto, devemos alegrar‑nos com o nosso tempo, em vez de nos queixarmos dele.



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermão Caillau‑Saint‑Ives 2, 92: PLS 2, 441-442) (Sec. V)

A Igreja católica usa o termo “Jeová” como nome de Deus?


Desde o século XIII, a palavra “Jeová” foi utilizada em diversos escritos e traduções católicas da Bíblia e chegou a adornar espaços em igrejas e catedrais.

A primeira referência escrita da palavra “Jeová” como o nome de Deus mencionado em Ex 3, 14-15 é o livro “Pugio Fidei Christianae”, do padre Raimundo Martí (c. 1220- c. 1284), escrito em latim e hebraico. O padre Martí foi um sacerdote dominicano catalão que teve notável influência na difusão do termo latino “Iehova” pelo mundo católico. Em português, o termo originado foi “Jeová”, enquanto em espanhol a palavra respectiva é “Jehová”.

Em alguns filmes mexicanos, é possível observar que, entre os católicos, era frequentemente usado o termo “Jehová” como o nome próprio de Deus:

·  Em “Los Tres Huastecos”, com Pedro Infante, numa cena em que se está dando catecismo às crianças (especialmente em 1:36:37).

·  Em “Jesús Nuestro Señor”, na cena que apresenta o Menino Jesus perdido e achado no templo.

·  Em “Los Tres Reyes Magos”, que foi o primeiro filme de animação da América Latina, se usa o termo “Jehová” quando o rei Herodes faz rimas sobre como atacar o Menino Jesus.

Em antigos catecismos e manuais de liturgia ou teologia também aparece o termo Jeová como o nome de Deus revelado no Antigo Testamento.

São Jacinto




Batizado com o nome de Jacó, ele nasceu em 1183, na antiga Kramien, hoje Cracóvia, na Polônia. Desde cedo aprendeu a bondade e a caridade, despertando assim sua vocação religiosa. Numa viagem para Roma conheceu Domingos de Gusmão e ingressou na Ordem dos Pregadores de São Domingos.

Depois de um breve noviciado ele tomou o nome de frei Jacinto. Na ocasião foi o próprio São Domingos que o enviou de volta à sua pátria. Assim iniciou sua missão de grande pregador. Jacinto fundou em Cracóvia um mosteiro da Ordem de São Domingos.

Jacinto foi um incansável pregador da Palavra de Cristo e um dos mais pródigos colaboradores do estabelecimento da igreja nas regiões tão distantes de Roma. Foram quarenta anos de intensa vida missionária.

No ano dia 15 de agosto 1257, ele morreu no mosteiro de Cravóvia, aos setenta e dois anos de idade.  


Concedei-nos, Senhor, a proteção para nossos dias, e dai-nos o fervor apostólico como o de Vosso servo, São Jacinto, introdutor da Ordem Dominicana na Polônia. Por Jesus, o Cristo de Deus, amém.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Santo Estevão da Hungria



 
A grande alegria de Deus é ver os Seus projetos realizados na vida de Seus filhos, sendo assim os santos não foram aqueles que não tinham defeitos, mas pessoas pecadoras que se abriram e cooperaram com a obra do Espírito Santo em suas vidas. O santo de hoje, nascido no ano de 979, foi filho do primeiro duque húngaro convertido ao Cristianismo através da pregação de Santo Adalberto, Bispo de Praga.

Voik era o seu nome, até ser batizado na adolescência, recebendo o nome de Estevão, o primeiro mártir cristão, tendo sempre como guia e mestre o Bispo de Praga. Santo Estevão casou-se com a piedosa e inteligente Gisela, a qual muito lhe ajudou no governo do povo húngaro, já que precisou unificar muitas tribos dispersas e até mesmo bem usar a ação militar para conter oposições internas e externas.

Ele, até entrar no Céu em 1038, não precisou preocupar-se com a evangelização inicial do povo, mas ocupou-se do aprofundamento do seu povo na graça chamada Cristianismo. De todo o coração, alma e espírito, estreitou cada vez mais a comunhão com o Papa e a Igreja de Roma, isto sem esquecer de ajudar na formação de uma hierarquia eclesiástica húngara, assim como na construção de igrejas, mosteiros e na propagação da Sã Doutrina Católica e devoção a Nossa Senhora.

Santo Estevão, por ser “o primeiro Rei que consagrou a sua nação a Nossa Senhora”, tem uma estátua na Basílica de Nossa Senhora de Fátima e um vitral na capela do Calvário húngaro.

Santo Estevão da Hungria, rogai por nós!


Ó Santo Estêvão, possamos todos nós nos apaixonar pelo cristianismo com os pés na realidade em que vivemos! Queira abençoar não só a sua Hungria mas, também, o Brasil, para que ele possa unido a outros países, construir a ordem e o progresso! Amém.

Preparada pelo Altíssimo, prometida pelos Profetas




Não convinha que Deus nascesse senão da Virgem; e convinha que da Virgem não nascesse senão Deus. Por isso o Criador dos homens, que tinha decidido fazer‑Se homem e nascer do homem, teve de escolher, ou melhor, de formar uma tal mãe que fosse digna d’Ele e Lhe agradasse plenamente. Quis, portanto, nascer de uma virgem: o Imaculado quis nascer da Imaculada, porque Ele vinha purificar os homens de toda a mácula. Quis que sua Mãe fosse humilde, porque Ele, manso e humilde de coração, devia oferecer a todos o exemplo destas virtudes tão necessárias à salvação. Concedeu à Virgem o dom da maternidade, Ele que Lhe tinha inspirado o propósito da virgindade e a tinha enriquecido com o mérito da perfeita humildade. De outro modo, como poderia depois o Anjo proclamá‑la cheia de graça, se nela houvesse alguma coisa, por pouco que fosse, que não lhe viesse da graça? Assim aquela que havia de conceber e dar à luz o Santo dos Santos, recebeu o dom da virgindade para que fosse santa no corpo e o dom da humildade para que fosse santa no espírito. Adornada com as pérolas preciosas destas virtudes e resplandecente com a dupla beleza da sua alma e do seu corpo, a Virgem real foi conhecida nas moradas celestes em todo o esplendor da sua formosura e atraiu sobre Si o olhar dos cidadãos do Céu; e o Rei, encantado com a sua beleza, enviou‑Lhe lá do alto um mensageiro celeste. Foi enviado um Anjo à Virgem. Virgem no seu corpo, virgem na sua alma, virgem por sua decisão, virgem santa de alma e corpo, como a descreve o Apóstolo; e não foi encontrada recentemente ou por acaso, mas eleita desde a eternidade, predestinada e preparada pelo Altíssimo, guardada pelos Anjos, prefigurada pelos Patriarcas, prometida pelos Profetas.


Das Homilias de São Bernardo, abade, «Em louvor da Virgem Mãe»
(Hom. 2, 1-2.4:Opera Omnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 21-23) (Sec XII)

Como surgiram os seminários?


No dia 15 de julho de 1563, os bispos reunidos no Concílio de Trento (1545-1563) aprovaram por unanimidade o decreto “Cum Adolescentium Aetas“, que recomendava a criação de seminários em cada diocese.

A medida, de grande relevância na época, dotava a Igreja de um instrumento para o cuidado das vocações ao sacerdócio ordenado, ainda hoje um elemento fundamental e imprescindível. Parece útil, portanto, reviver os acontecimentos e os personagens que determinaram o nascimento dos seminários, na certeza de que a reflexão sobre o nosso passado oferece subsídios importantes para a Igreja de hoje.

Sem exagero, pode-se afirmar com segurança que o Concílio de Trento representou uma das viradas mais importantes na história da Igreja moderna, porque, recolhendo e canalizando os impulsos positivos provenientes de vários setores do mundo católico de uma forma concreta e sistemática, apesar das numerosas dificuldades e inconvenientes, passou-se a aspirar a uma reforma da Igreja e a uma renovação geral, o que acabou ativando uma sucessiva e gradual formação de um modelo eclesial destinado a perdurar nos séculos. Mas a nenhum sujeito eclesial mais do que ao clero foi dirigida a urgência reformadora dos padres tridentinos. Esta peculiar atenção respondia a uma convicção – que era também uma esperança – particularmente difundida: uma virada moral e espiritual para toda a Igreja só seria realmente possível a partir de uma mudança radical que, antes de tudo, investisse nos pastores do rebanho, isto é, nos bispos e nos sacerdotes.

Como observou sobre a revolução protestante o grande historiador Hubert Jedin, “a crise do cisma foi, em última análise, a crise da formação sacerdotal”. Ao instituir os seminários, o Concílio de Trento deu à Igreja um importante legado que não é uma relíquia do passado. O Concílio Vaticano II reafirmou a sua necessidade, como um lugar onde “toda a educação dos alunos deve ter o objetivo de formar verdadeiros pastores de almas, seguindo o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo, Mestre, Sacerdote e Pastor”.