No dia 15 de
julho de 1563, os bispos reunidos no Concílio de Trento (1545-1563) aprovaram
por unanimidade o decreto “Cum Adolescentium Aetas“, que recomendava a
criação de seminários em cada diocese.
A medida, de
grande relevância na época, dotava a Igreja de um instrumento para o cuidado
das vocações ao sacerdócio ordenado, ainda hoje um elemento fundamental e
imprescindível. Parece útil, portanto, reviver os acontecimentos e os
personagens que determinaram o nascimento dos seminários, na certeza de que a
reflexão sobre o nosso passado oferece subsídios importantes para a Igreja de
hoje.
Sem exagero,
pode-se afirmar com segurança que o Concílio de Trento representou uma das
viradas mais importantes na história da Igreja moderna, porque, recolhendo e
canalizando os impulsos positivos provenientes de vários setores do mundo
católico de uma forma concreta e sistemática, apesar das numerosas dificuldades
e inconvenientes, passou-se a aspirar a uma reforma da Igreja e a uma renovação
geral, o que acabou ativando uma sucessiva e gradual formação de um modelo
eclesial destinado a perdurar nos séculos. Mas a nenhum sujeito eclesial mais
do que ao clero foi dirigida a urgência reformadora dos padres tridentinos.
Esta peculiar atenção respondia a uma convicção – que era também uma esperança
– particularmente difundida: uma virada moral e espiritual para toda a Igreja
só seria realmente possível a partir de uma mudança radical que, antes de tudo,
investisse nos pastores do rebanho, isto é, nos bispos e nos sacerdotes.
Como observou
sobre a revolução protestante o grande historiador Hubert Jedin, “a crise do
cisma foi, em última análise, a crise da formação sacerdotal”. Ao instituir os
seminários, o Concílio de Trento deu à Igreja um importante legado que não é
uma relíquia do passado. O Concílio Vaticano II reafirmou a sua necessidade,
como um lugar onde “toda a educação dos alunos deve ter o objetivo de formar
verdadeiros pastores de almas, seguindo o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo,
Mestre, Sacerdote e Pastor”.
Passados já 450
anos, o seminário aparece ainda como um instrumento indispensável no cuidado e
na promoção das vocações ao sacerdócio. Desde então, como é natural, ocorreram
muitas mudanças tanto na sociedade quanto na família e na Igreja. A Igreja, em
particular, percorreu um longo caminho em que teve de se atualizar várias
vezes, mantendo, no entanto, a fidelidade ao coração de Cristo. Os modelos de
formação ao sacerdócio também precisaram ouvir as exigências dos contextos em
contínua mudança – e semelhante caminho deverá ser constantemente percorrido.
Isto é verdadeiro também para o nosso tempo, marcado pela grande rapidez de
mudanças culturais, sociais e antropológicas.
Se é verdade que
o seminário continua a ser uma estrutura e um recurso essencial para a vida da
Igreja, é também verdade que a reflexão sobre os velhos e novos problemas de
formação sacerdotal – em particular, a disciplina interna e as formas de
interação entre o seminário e a vida diocesana e civil – é e continuará a ser
necessária e urgente, no consciência de que a verdadeira reforma da Igreja deve
partir sempre de dentro: dos sacerdotes e dos consagrados; por isso mesmo,
também daqueles que, nos seminários, se preparam para estar “à altura dos
tempos”.
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A partir de texto de Vincenzo Bertolone, em L’Osservatore Romano
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