domingo, 28 de agosto de 2016

Carta ao jovem católico sozinho na missa

 
Caro jovem católico,

Só porque você tem que fazer algo, não quer dizer que seja fácil, nem que você tenha que fazê-lo sozinho ou sem apoio. Há ocasiões em que é difícil ser católico. Quando você sente que é a única pessoa em todo o mundo que acredita no que acredita. Ou quando as expectativas depositadas em você são enormes e impossíveis. Há ocasiões em que nadar contra a corrente da sociedade é simplesmente exaustivo, em que a fé é confusa ou em que a santidade parece não ter nenhuma recompensa.

Talvez a sua fé seja uma grande luta nesse momento. Talvez você não consiga ver a relevância dela na sua vida. Talvez tudo esteja indo bem para você, mas a fé pareça ser uma obrigação. Ou talvez, ultimamente, tudo esteja desabando ao seu redor e Deus pareça distante, frio e silencioso. Talvez a raiva e a dor estejam obscurecendo tudo e você não consiga enxergar o seu futuro. Ou talvez você saiba que a sua fé significa tudo para você, mas o preço que paga por ela é maior do que jamais imaginou e não há ninguém além de você para apoiá-lo ou encorajá-lo.

Pode ser que tudo o que você sinta seja autopiedade pelas vezes em que cometeu erros. Talvez você esteja cansado de se explicar, ou de desistir de relacionamentos quando se recusa a comprometer o seu valor próprio. Talvez você tenha experimentado tamanha rejeição pelo fato de ser católico que pense não ter mais nada a oferecer a mais ninguém. Talvez sinta falta de amigos que compartilhem a sua fé, que compreendam quem você é e por que acredita nessas coisas. Talvez você deseje ter alguém com quem possa ir à Missa, com quem possa rezar e para quem possa explicar as suas dúvidas e dificuldades. Talvez você esteja exausto de ter que defender aquilo que é fonte de tanta alegria.

É muito duro quando não há ninguém por perto para lembrá-lo de que todo esse esforço vale a pena. É desencorajador quando mais ninguém compreende o quanto pode ser solitário ir sozinho à Missa. Ou quanta força se requer, e quanta tristeza se produz, quando você se afasta de situações que sabe não serem corretas. Talvez você esteja cansado de repetir sempre os mesmos velhos erros. É duro, eu sei que é! E eu gostaria de encorajá-lo.

Eu quero que você se lembre de que, mesmo que agora se sinta sozinho na sua fé, mesmo que esteja lutando, nós dividimos as mesmas dificuldades. Nós queremos que você se lembre da alegria e da amizade que é conhecer a Cristo. Não importa o estágio da fé em que você se encontra, persevere sempre!

Às vezes, os pequenos passos são tudo de que precisamos. Continue a rezar, mesmo que sejam somente cinco minutos por dia.

Santo Agostinho

 
Aurélio Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354, cidade de Tagaste, na África. Era o primogênito de Patrício e Mônica, uma devota cristã, que procurou criar o filho no seguimento de Cristo.

Aos dezesseis anos de idade foi estudar fora de casa. Se envolveu com a heresia maniqueísta, que pregava a existência de dois princípios que regiam o mundo, um maligno e um benigno. Também nesta época envolveu com uma mulher e recebeu um filho, a quem chamou de Adeodato.
Agostinho era possuidor de uma inteligência rara, centrou-se nos estudos e se formou brilhantemente em retórica. Excelente escritor dedicava-se à poesia e filosofia. Procurando maior sucesso Agostinho foi para Roma e depois para Milão, onde passou a admirar o bispo Ambrósio. Aos poucos a pregação de Ambrósio tocou seu coração e ele se converteu. Foi batizado junto com o filho Adeodato, pelo próprio Bispo Ambrósio com trinta e três anos de idade.

Com a morte do filho, resolve voltar para casa, mas ali também encontra sofrimento, com a morte da mãe. Muda-se então para Tagaste, onde funda uma comunidade monástica. O bispo Ambrósio, preocupado com Agostinho, o convence a tornar-se sacerdote. No fim torna-se bispo de Hipona.

Agostinho foi definido como o mais profundo e importante filósofo e teólogo do seu tempo. Sua obra iluminou quase todos os pensadores dos séculos seguintes. Escreveu livros importantíssimos, entre eles estão sua autobiografia, "Confissões", e "Cidade de Deus".

Depois de uma grave enfermidade ele morreu, aos setenta e seis anos de idade, em 28 de agosto de 430.  


"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e eu não contigo". Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai Santo, meu Deus Misericordioso. Sois meu bom pastor, meu único Mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu bem-amado de uma beleza maravilhosa, meu guia para a pátria, meu pão vivo, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, minha pura simplicidade e minha paz.

sábado, 27 de agosto de 2016

Dia da/o Catequista


Para que os chefes dos fariseus, os fariseus e seus amigos se convertessem, pois o Evangelho é também Boa Nova oferecida a eles, Jesus convida-os no trecho evangélico da Missa de hoje, conforme o relato de São Lucas - Lc 14,1.7-14 - a praticarem duas virtudes de base: a humildade e a amizade aos pobres. 

Lucas conta que num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Lá, Jesus viu como os convivas escolhiam os primeiros lugares. Então, Ele contou-lhes uma parábola de uma festa de casamento com a intenção de questionar a etiqueta vigente na sociedade daquele tempo. Chamou-lhes a atenção para dizer que nesse tipo de festa, agora a partir do novo ensinamento, a etiqueta evangelicamente correta manda que a pessoa vá ocupar o último lugar. Além da razão teológica que Jesus deixa claro em outra ocasião – O Filho do Homem se fez humilde e obediente ao Pai - pode inclusive vir a acontecer, conforme Ele dizia, uma excelente chance de alcançar um reconhecimento público de destaque. Com efeito, como Ele explicava, quando chegar o que te convidou ele poderá te dizer em público: “Amigo, vem mais para cima”. Então, isso será motivo de honra para ti diante de todos os convidados. Se tivesses ocupado um dos primeiros lugares, poderia acontecer de chegar outro convidado mais importante que criaria para ti uma situação de humilhação pública, caso o dono da festa te dissesse: “Amigo, dá o teu lugar a ele”. Jesus sintetiza a lição sobre a humildade com esta conhecidíssima expressão: “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. 

Na sequência da narrativa, Lucas conta que Jesus passou também outro ensinamento igualmente importante, dirigindo-se diretamente ao que o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos”. Ele explicava que estes poderiam retribuir convidando-o para uma festa igual. Então, essa prática “do dá cá para receber lá”, é uma coisa que até os pagãos faziam entre si, como dissera em outra ocasião, o que não é compatível com o Evangelho. Nessa perspectiva não haveria mérito algum. Mas, tu farás a diferença quando convidares à festa os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos que não poderão fazer o mesmo. Concluindo, Jesus arrematou, dizendo-lhe : “Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. Os pobres são os prediletos do Reino que Jesus veio trazer, ideia forte do seu Evangelho.  

Diminuem as esperanças de achar sobreviventes de terremoto na Itália


As equipes de resgate seguiam buscando intensamente possíveis sobreviventes entre os escombros nos povoados italianos arrasados por um terremoto que deixou ao menos 267 mortos, mas a esperança de encontrar pessoas vivas diminuiu e são retirados apenas cadáveres.

A Itália declarou o sábado dia de luto nacional, quando serão realizados os primeiros funerais de cinquenta vítimas do terremoto em Arquata del Tronto, uma das três aldeias arrasadas pelo forte tremor.

O presidente da República, Sergio Mattarella, participará da cerimônia que será realizada em Ascoli Piceno.

Dezenas de tremores secundários ocorreram durante toda a noite, incluindo um de 4,8 graus de magnitude, que foi registrado depois das 06h00 (01h00 de Brasília) e gerou pânico entre os desabrigados e socorristas, que temiam mais desabamentos.

Segundo o último relatório da Defesa Civil, o número de mortos mais de 48 horas após o terremoto subiu a 267, enquanto 387 feridos estão hospitalizados.

No total, 238 pessoas foram retiradas com vida dos escombros desde a madrugada de quarta-feira, quando às 03h38 (22h38 de Brasília de terça) um terremoto arrasou três povoados montanhosos do centro da Itália.

A porta-voz da Defesa Civil, Immacolata Postiglione, disse que não foram encontrados sobreviventes durante as escavações da noite de quinta-feira e só foram retirados cadáveres.

“Não há ninguém sob os escombros aqui, talvez em Amatrice ainda exista a esperança de encontrar alguém”, disse esperançoso à AFP um sobrevivente, Fabrizio Mecozzi, da aldeia de San Lorenzo Flaviano.

Tanto no frio da noite quanto sob o calor sufocante do dia, os socorristas escavam sem parar sob as montanhas de pedra e destroços.

A incógnita sobre o número de desaparecidos pesa, já que nestes povoados pitorescos e turísticos a população triplica no verão e é difícil estabelecer quantas pessoas estavam presentes no momento da tragédia.

Alepo: "As bombas estão caindo em torno de nós!"


"A situação é complicada e estamos ouvindo muitas histórias contraditórias. A única verdade que sabemos é que as pessoas aqui estão sofrendo e morrendo”. Estas foram as palavras da Irmã Anne-Françoise, uma religiosa francesa das Carmelitas Descalças Apostólicas de Clausura da cidade de Alepo, para a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), sobre o martírio desta cidade síria, que nas últimas semanas tornou-se palco de violentos confrontos entre o governo sírio e grupos rebeldes de oposição.

O convento dessas religiosas contemplativas está situado na cidade universitária, periferia de Alepo, numa das área mais afetadas pelos combates. "Quando o exército sírio tenta evitar que a oposição e outros grupos entrem na cidade, os bombardeios ficam muito próximos de nós. Graças a Deus, eles ainda não nos atingiram, mas estamos constantemente ouvindo as bombas passando sobre nossas cabeças”.

As freiras carmelitas, quatro das quais são sírias e duas francesas, receberam famílias de refugiados em um edifício anexo ao seu convento. Mesmo com pouco recursos elas ainda ajudam outras famílias. "Neste momento, somente as pessoas mais pobres ainda estão aqui em Alepo. Muitos cristãos deixaram a cidade durante estes anos de guerra. Não temos água, nem eletricidade, e a guerra continua sem parar. Quem poderia voltar para cá nessas condições?”

Não é preciso dizer que as seis freiras também estão com medo. Mas apesar disso, elas querem ficar perto das pessoas. "Como podemos abandonar essas pessoas no seu sofrimento? O testemunho de nossa presença é importante para elas. Nós conseguimos ter força e coragem através da oração; esta é a nossa proteção. As soluções diplomáticas não funcionaram. Nós simplesmente oramos ao Senhor para que esta guerra possa terminar”.

Voluntários em fila para ajudar as vítimas do terremoto na Itália


Mais uma vez, acordamos no meio da noite, como em 1997 e em 2009; novamente fomos despertados pela força da terra e torcemos para que a oscilação acabasse o mais rápido possível. Depois, corremos para o quarto de nossos filhos, pais e irmãos, telefonamos para os amigos, os colegas, abraçamos quem passou o mesmo susto e nos confortamos com igual medo.

Às 3h38 da manhã desta quarta-feira, meia Itália estava de pé. O terremoto é uma face cruel da natureza, não poupa ninguém e nada, não tem piedade das crianças nem misericórdia pelos idosos. Este é um território sísmico, está comprovado, mas falta ainda e há muito tempo a decisão política para impor controles mais eficazes, usar a tecnologia, monitorar as construções novas e antigas. É provável e também demonstrado que o país não dispõe de recursos econômicos suficientes para isso.

'Belpaese', sísmico e sem recursos econômicos

Mas esta é uma terra que sabe também despertar a solidariedade, como já aconteceu em Assis, em Aquila, e em tantos desastres naturais do passado. O chamado ‘Belpaese’ é sim, exposto ao risco sísmico, mas triunfa em solidariedade.

Ouvimos muitos relatos: uma avó em Arquata salvou dois netinhos protegendo-se com eles em baixo da cama, muitos sobreviveram porque se refugiaram em baixo de vigas de casa. Gerações de italianos souberam superar a carência de meios e de treinamento com o conhecimento e a sabedoria herdados de tragédias passadas.

O cidadão é italiano por nascimento ou por atestado, mas se sente italiano quando participa de gestos comuns, quando se compacta pela justiça. A empatia e o esforço solidário neste momento são marcos deste povo na ajuda aos voluntários que se defrontam com o sofrimento.

Nas madrugadas, as buscas por possíveis sobreviventes não cessaram. Usando equipamentos de iluminação ou até mesmo velas, voluntários, bombeiros e agentes da Defesa Civil escavavam nos escombros em busca de vida.

Em Monteprandone, vinte refugiados hóspedes em uma estrutura de acolhimento nas proximidades do epicentro do terremoto, partiram para trabalhar. "Foram eles que pediram para dar uma mão neste momento trágico para a região que os abriga", disse o dirigente do Grupo de Solidariedade Humana (GUS), órgão criado para atender aos milhares de solicitantes de refúgio que entram no país todos os anos.

Dia de Luto: Itália chora seus 284 mortos


Neste sábado, dia de Luto Nacional, a Itália começa a sepultar seus mortos, que chegaram a 284, a maior parte deles em Amatrice, sempre mais isolada pelos danos nas vias e na ponte de acesso. São 2.100 os desabrigados.

O Presidente da República Sergio Mattarella visitará algumas das áreas atingidas, para então dirigir-se a Ascoli para os funerais de Estado das vítimas na região das Marcas, aos quais tomará parte também o Premier Renzi. Na terça-feira, 30, por sua vez, será realizado um rito fúnebre em Amatrice.

Os Patriarcas da Rússia, Kirill, e de Constantinopla, Bartolomeu I, uniram-se em oração ao difícil momento vivido pelos italianos, expressando ao Premier Matteo Renzi suas condolências e invocando a todos "fortaleza de ânimo e coragem".

E a terra não para de tremer na região central do país. Foram 1.332 os abalos secundários e réplicas que se seguiram ao grande tremor da madrugada de quarta-feira, 92 somente nas últimas horas, entre as quais um de magnitude 4.0 na Escala Richter, às 4h50min.

Trata-se quase que do golpe final para algumas construções já devastadas, mas sobretudo para ponte em Ter Occhi, na importante via de acesso a Amatrice, que corre o risco de desabar.

O balanço parcial dos mortos, até o momento, é de 284, 11 em Accumoli e 224 somente em Amatrice, onde no entanto  ainda existem pessoas desaparecidas. 388 são os feridos e 238 as pessoas resgatadas com vida.

Procuremos alcançar a sabedoria eterna




Ao aproximar-se o dia em que ela ia partir desta vida – dia que Vós conhecíeis, mas nós ignorávamos – sucedeu, segundo creio, por disposição de vossos secretos desígnios, que nos encontrámos sozinhos, eu e ela, encostados a uma janela, cuja vista dava para o jardim interior da casa que nos hospedava, em Óstia, onde, afastados das multidões, depois da fadiga de uma longa viagem, retemperávamos as forças, antes de embarcarmos. Conversávamos a sós muito suavemente e, esquecendo o passado e voltando-nos para o futuro, interrogávamo-nos mutuamente, à luz da Verdade presente, que sois Vós, qual seria a vida eterna dos Santos, que nem os olhos viram nem os ouvidos escutaram nem jamais passou pelo pensamento do homem. Mas os nossos corações suspiravam pela corrente celeste, que brota da vossa fonte, a fonte de vida, que está em Vós.

Assim falava eu, embora não por este modo e por estas palavras; contudo bem sabeis, Senhor, quanto o mundo e os seus prazeres nos pareciam vis naquele dia em que assim conversávamos. Minha mãe acrescentou ainda: «Filho, quanto a mim, já nada me dá gosto nesta vida. Não sei o que faço ainda aqui, porque já nada espero deste mundo. Havia só uma razão pela qual eu desejava prolongar um pouco mais esta vida: ver-te cristão católico, antes de eu morrer. Deus concedeu-me esta graça de modo superabundante, pois vejo que já desprezas a felicidade terrena para servires o Senhor. Que faço eu ainda aqui?».

Não me lembro bem do que lhe respondi a respeito destas palavras. Entretanto, passados cinco dias ou pouco mais, ela caiu de cama com febre. Num daqueles dias da sua doença, perdeu os sentidos e durante um curto espaço de tempo não dava acordo dos presentes. Acorremos logo e depressa recuperou os sentidos. Vendo-nos de pé, junto de si, a mim e ao meu irmão, disse-nos como quem procura alguma coisa: «Onde estava eu?».

Depois, vendo-nos atónitos de tristeza, disse: «Sepultareis aqui a vossa mãe». Eu estava calado e tentava conter as lágrimas. Meu irmão, porém, proferiu algumas palavras, mostrando a preferência de que ela não morresse em país estranho, mas na sua pátria. Ouvindo isto, fixou nele um olhar cheio de angústia, censurando-o por pensar assim e, olhando depois para mim, disse: «Repara no que ele diz». E em seguida disse para ambos: «Sepultai este corpo em qualquer parte e não vos preocupeis com ele. Só vos peço que vos lembreis de mim diante do altar do Senhor, onde quer que estejais». Tendo feito esta recomendação com as palavras que pôde, calou-se. Entretanto agravava-se a enfermidade e o sofrimento prolongava-se.

Finalmente, no nono dia da sua doença, aos cinquenta e seis anos de idade e no trigésimo terceiro da minha vida, aquela alma piedosa e santa libertou-se do corpo.


Das Confissões de Santo Agostinho, bispo
(Lib. 9, 10-11: CSEL 33, 215-219) (Sec. V)