sábado, 27 de agosto de 2016

Alepo: "As bombas estão caindo em torno de nós!"


"A situação é complicada e estamos ouvindo muitas histórias contraditórias. A única verdade que sabemos é que as pessoas aqui estão sofrendo e morrendo”. Estas foram as palavras da Irmã Anne-Françoise, uma religiosa francesa das Carmelitas Descalças Apostólicas de Clausura da cidade de Alepo, para a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), sobre o martírio desta cidade síria, que nas últimas semanas tornou-se palco de violentos confrontos entre o governo sírio e grupos rebeldes de oposição.

O convento dessas religiosas contemplativas está situado na cidade universitária, periferia de Alepo, numa das área mais afetadas pelos combates. "Quando o exército sírio tenta evitar que a oposição e outros grupos entrem na cidade, os bombardeios ficam muito próximos de nós. Graças a Deus, eles ainda não nos atingiram, mas estamos constantemente ouvindo as bombas passando sobre nossas cabeças”.

As freiras carmelitas, quatro das quais são sírias e duas francesas, receberam famílias de refugiados em um edifício anexo ao seu convento. Mesmo com pouco recursos elas ainda ajudam outras famílias. "Neste momento, somente as pessoas mais pobres ainda estão aqui em Alepo. Muitos cristãos deixaram a cidade durante estes anos de guerra. Não temos água, nem eletricidade, e a guerra continua sem parar. Quem poderia voltar para cá nessas condições?”

Não é preciso dizer que as seis freiras também estão com medo. Mas apesar disso, elas querem ficar perto das pessoas. "Como podemos abandonar essas pessoas no seu sofrimento? O testemunho de nossa presença é importante para elas. Nós conseguimos ter força e coragem através da oração; esta é a nossa proteção. As soluções diplomáticas não funcionaram. Nós simplesmente oramos ao Senhor para que esta guerra possa terminar”.

Após anos de luta e de um êxodo cristão incessante, a irmã Anne-Françoise está com medo de que mais e mais famílias cristãs abandonem Alepo – que outrora foi símbolo do cristianismo na Síria. Dados da própria ACN apontam que em 2011 Alepo tinha uma população de mais de 160.000 cristãos, mas que atualmente apenas 40.000 ainda permanecem. "O Oriente Médio, a terra de Cristo, agora corre o risco de se tornar uma terra sem cristãos. E mesmo para aqueles que vão embora, a crise não termina. Eles encontram-se arrancados de sua própria terra e, por vezes, perdem a identidade, sobretudo espiritual”.

As irmãs apelam para a comunidade internacional e para os cristãos em todo o mundo: "Por favor, tenham pena destas milhares de vidas, arrasadas pela guerra. Por favor, não se esqueçam de nós. Precisamos de suas orações e da sua ajuda”!
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ACN Brasil

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