quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"A esperança cristã é a esperança da salvação", diz Papa


CATEQUESE
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 1º de fevereiro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nas catequeses passadas, começamos o nosso percurso sobre o tema da esperança relendo nessa perspectiva algumas páginas do Antigo Testamento. Agora queremos passar a trazer à luz a importância extraordinária que esta virtude vem a assumir no Novo Testamento, quando encontra a novidade representada por Jesus Cristo e pelo evento pascal: a esperança cristã. Nós cristãos somos homens e mulheres de esperança.

É aquilo que emerge de modo claro desde o primeiro texto que foi escrito, ou seja, a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses. No trecho que ouvimos, se pode perceber todo o frescor e a beleza do primeiro anúncio cristão. A comunidade de Tessalônica é uma comunidade jovem, fundada há pouco; no entanto, apesar das dificuldades e das provações, está enraizada na fé e celebra com entusiasmo e com alegria a ressurreição do Senhor Jesus. O apóstolo então se alegra de coração com todos, enquanto aqueles que renascem na Páscoa tornam-se verdadeiros “filhos da luz e filhos do dia” (5, 5), em força da plena comunhão com Cristo.

Quando Paulo lhes escreve, a comunidade de Tessalônica foi apenas fundada e apenas alguns anos a separam da Páscoa de Cristo. Por isso, o apóstolo procura fazer compreender todos os efeitos e as consequências que este evento único e decisivo, isso é, a ressurreição do Senhor, comporta para a história e para a vida de cada um. Em particular, a dificuldade da comunidade não era tanto de reconhecer a ressurreição de Jesus, todos acreditavam, mas de acreditar na ressurreição dos mortos. Sim, Jesus ressuscitou, mas a dificuldade era acreditar que os mortos ressuscitam. Nesse sentido, esta carta se revela mais do que nunca atual. Toda vez que nos encontramos diante da nossa morte ou de uma pessoa querida, sentimos que a nossa fé é colocada à prova. Aparecem todas as nossas trevas, toda a nossa fragilidade e nos perguntamos: “Mas realmente haverá vida após a morte…? Poderei ainda ver e abraçar as pessoas que amei…?”. Uma senhora me fez essa pergunta há poucos dias em uma audiência, manifestando uma dúvida: “Encontrarei os meus?”. Também nós, no contexto atual, precisamos retornar à raiz e ao fundamento da nossa fé, de modo a tomar consciência do quanto Deus fez por nós em Cristo Jesus e o que significa a nossa morte. Todos temos um pouco de medo por esta incerteza da morte. Lembro-me de um velhinho, um idoso, bravo, que dizia: “Não tenho medo da morte. Tenho um pouco de medo de vê-la vir”. Tinha medo disso. 

O discernimento dos espíritos adquire-se pela sabedoria espiritual


A verdadeira sabedoria consiste em discernir sem erro o bem do mal; quando se adquire, então o caminho da justiça conduz a alma a Deus, sol da justiça, e a introduz no fulgor infinito da ciência, com uma luz que lhe permite avançar daí em diante com toda a confiança em busca da caridade. 

É necessário que, no meio das nossas lutas, conservemos a nossa alma livre de perturbações internas, para que possa discernir os pensamentos que a assaltam, guardando no santuário da memória os que são bons e vêm de Deus, e rejeitando decididamente os que são maus e vêm do demônio. 

Quando o mar está calmo, é tal a sua transparência que permite aos pescadores ver os peixes sob as águas; mas quando está agitado pelos ventos, as águas revoltas impedem aquela visibilidade e tornam-se inúteis todos os recursos de que se valem os pescadores. 

Só o Espírito Santo pode purificar a nossa mente; se Ele não entra, como o mais forte do Evangelho, para vencer o ladrão, nunca a presa será libertada. É necessário, portanto, conservar permanentemente a paz da alma, que favorece a ação do Espírito Santo, e assim teremos sempre acesa em nós a luz da sabedoria; se ela brilha no nosso santuário interior, não só se põem a descoberto as influências nefastas e tenebrosas do demônio, mas também se enfraquece o seu poder, ao serem surpreendidas por aquela luz santa e gloriosa. 

Por esta razão recomenda o Apóstolo: Não extingais o Espírito, isto é, não entristeçais o Espírito Santo com as vossas más obras e pensamentos, para que Ele não deixe de vos ajudar com o seu esplendor divino. Na realidade, não é possível extinguir o lume eterno e vivificante do Espírito Santo; mas é possível que, entristecendo-O, isto é, ocasionando o seu afastamento, fique a nossa alma privada da sua luz e mergulhada na escuridão. 

O sentido da mente é o gosto perfeito do discernimento espiritual. Assim como pelo sentido corporal do gosto, quando gozamos de boa saúde, temos apetite do que é agradável, discernindo as coisas boas das nocivas sem perigo de errar, assim também o nosso espírito, quando começa a gozar de boa saúde e a libertar-se das preocupações inúteis, pode experimentar abundantemente a consolação divina e conservar a memória do seu sabor suave, para distinguir e desejar sempre os valores mais altos, mediante a virtude da caridade, como diz o Apóstolo: Na minha oração, eu peço que a vossa caridade vá sempre crescendo cada vez mais na verdadeira sabedoria e inteligência, para que possais discernir e escolher os bens superiores.



Dos Capítulos de Diádoco de Foticeia, bispo, sobre a perfeição espiritual (Cap. 6.26.28.30: PG 65, 1169.1175-1176) (Sec. V)

Navegar é preciso


Navegar é preciso! A Imagem de Maria, invocada como Nossa Senhora de Navegantes, nos remete a dois aspectos de nossa fé. Primeiro pelo amor e necessidade de sentir a Mãe de Deus como também nossa Mãe. Mãe que gera a vida em nós. Aquela que, nas mais variadas expressões da devoção popular, é capaz de interceder por nós junto a Deus. Por isso confiamos a ela nossos desejos profundos, nossas necessidades, os pedidos de graças que buscamos para a vida. A ela os fiéis, navegantes no mar da vida, confiam os sinceros pedidos de saúde, da libertação das drogas de um filho, da união da família, a busca de um emprego e tantas intenções e pedidos. Ela expressa os anelos e esperanças de nosso coração. Maria é a mãe dos navegantes. E na vida navegar é preciso. 

Associamos nossa vida como um caminhar ou como um navegar. Momentos calmos, agitados e momentos de tempestades. Dentro dessa compreensão associada à vivência da fé, a Mãe Nossa Senhora dos Navegantes é nosso apoio, nosso alento, nosso refúgio seguro. E quem não se sente mais seguro nos braços de uma mãe cheia de amor? Maria, a Mãe dos navegantes, está conosco. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Como Jesus, manso e humilde de coração


Antes de mais, se queremos ser amigos do verdadeiro bem dos nossos alunos e encaminhá-los para o cumprimento dos seus deveres, é necessário que nunca vos esqueçais de que sois representantes dos pais desta querida juventude, esta juventude que foi sempre o terno objeto das minhas preocupações, dos meus estudos, do meu ministério sacerdotal e da nossa Congregação Salesiana.

Quantas vezes, meus queridos filhos, na minha longa carreira, me tive de convencer desta grande verdade: é mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la; direi mesmo que é mais cômodo, para a nossa impaciência e para a nossa soberba, castigar os recalcitrantes do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e benignidade.

A caridade que vos recomendo é aquela de que usava São Paulo com os recém-convertidos e que muitas vezes o fez chorar e suplicar quando os encontrava menos dóceis e menos dispostos a corresponder ao seu zelo.

Tende cuidado que ninguém possa julgar que procedeis movidos pelo ímpeto da emoção repentina. Dificilmente quem castiga é capaz de conservar aquela calma que é necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou desafogar o nosso mau humor.

Olhemos como filhos nossos para aqueles sobre os quais exercemos alguma autoridade. Ponhamo-nos ao seu serviço como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens, envergonhando-nos de tudo o que nos possa dar a aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, há de ser apenas para os servir melhor.

Assim fazia Jesus com os seus Apóstolos, tolerando-os na sua ignorância e rudeza, e inclusivamente na sua pouca fidelidade; era tal a familiaridade e afeição com que tratava os pecadores que a alguns causava espanto, a outros escândalo, e em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus; por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.

Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda a cólera quando devemos censurar as suas falhas, ou ao menos moderemo-la de tal modo que pareça totalmente dominada.

Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; mas tenhamos compaixão no presente e esperança no futuro: então seremos verdadeiros pais e conseguiremos uma verdadeira correção. 

Em certos momentos muito graves ajuda mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante Ele, do que uma tempestade de palavras, que só fazem mal a quem as ouve e de nenhum proveito servem para quem as merece.


Das Cartas de São João Bosco, presbítero (Epistolario, Torino 1959. 4, 201-203) (Sec. XIX)

Catecismo Anticomunista

Diabos vermelhos: detalhe de um afresco de pecadores no inferno na nova Igreja da Ressurreição de Cristo em Podgorica mostra abaixo um demônio e os filósofos comunistas alemães Karl Marx (centro) e Friedrich Engels (direita) e o líder comunista iugoslavo Josip Broz Tito.

Uma raridade... o livrinho  O "Catecismo Anticomunista", escrito por D. Geraldo, foi sucesso numa época (anos 60), em que este país era muito mais Católico, onde as palavras e ensinamentos do citado sacerdote alcançavam notável repercussão! Mas trata-se de tema bem atual; afinal, hoje vemos uma inegável expansão neocomunista.


CATECISMO ANTICOMUNISTA

I. O QUE É O COMUNISMO E O QUE ELE ENSINA

1 Que é o comunismo?

O comunismo é uma seita internacional, que segue a doutrina de Karl Marx, e trabalha para destruir a sociedade humana baseada na, lei de Deus e no Evangelho, bem como para instau­rar o reino de Satanás neste mundo, implantando um Estado ímpio e revolucionário, e organizando a vida dos homens de sorte que se esqueçam de Deus e da eternidade.

2 Qual é a doutrina que a seita comunista ensina?

A seita comunista ensina a doutrina do mais completo materialismo.

3 Que ensina o materialismo comunista a, respeito de Deus?

O materialismo comunista ensina que Deus não existe, e que só existe a matéria.

4 Contenta-se a seita comunista em ensi­nar que não há Deus e que só existe a matéria?

A seita comunista dá grande importância a um materialismo pratico, em que o homem cogita se Deus existe ou não, mas procede, pensa e organiza sua vida sem se incomodar com Deus nem se lembrar dEle. Assim; aos poucos chega também ao materialismo teórico.

O comunista verdadeiro é materialista teórico e prático, para poder levar seus prosélitos ao caminho aludido.

5 Que pensa a seita comunista a respeito da alma?

Para a seita comunista o homem é só matéria, e a alma não existe.

6 Que pensa a seita comunista a respeito da eternidade?

Para a seita comunista o homem desaparece totalmente após a morte. Não há Céu nem inferno, não há felicidade nem castigo depois desta vida.

7 Que pensa a seita comunista a respeito da natureza humana?

Para a seita comunista o homem é um simples animal; embora mais evoluído do que o boi e o macaco, não passa de animal.

8 Qual e a primeira conseqüência prática desta doutrina?

A primeira conseqüência prática deste materialismo é que o homem deve procurar sua felicidade somente nesta terra, e no gozo dos prazeres que a vida terrena oferece.

9 O homem, segundo pendi de Deus e da sua lei?

Não. Uma vez que só há mataria, o homem não depende de Deus, que não existe; ele é supremo senhor de si mesmo.


II. ATITUDES DO COMUNISMO 
PERANTE A RELIGIÃO

10 A seita comunista dá importância à Religião?

Embora negue a existência de Deus, e afirme que a Religião é coisa quimérica, o comu­nismo dá grande importância ao fato de que existe Religião no mundo, porque vê nela o seu maior inimigo. Lenine a chama de “ópio do povo”.

11 Por que a Religião é inimiga do comunismo?

A verdadeira Religião, que é a Religião Católica, é inimiga mortal do comunismo, porque ensina exatamente o contrario do que ele ensina, e inspira os fieis a preferirem a morte às doutrinas e ao regime comunista.

12 Que faz o comunismo com a Religião?

Com a Religião Católica a luta do comu­nismo é de morte: só poderia cessar se chegasse a destruir em todo o mundo a Igreja verdadeira (o que e impossível). Quanto às outras religiões, a seita usa de duas táticas: quando sente que uma delas é um empecilho para a sua vitoria, ataca-a; mas se vem a perceber que se pode servir de alguma religião para se propagar, ou mesmo pala matá-la, então a tolera e até favorece na aparência, para a destruir mais radicalmente.

13 Para conquistar o poder, que faz a seita comunista com referência à Igreja Católica?

Para conquistar o poder, a seita comu­nista procede da seguinte maneira com relação à Igreja Católica:

a) Procura persuadir os católicos de que não há oposição entre os objetivos da seita e a doutrina da Igreja. Procura até apresentar as idéias comunistas como a realização da doutrina do Evangelho.

b) Procura criar urna corrente intitulada de “católicos progressistas”, “católicos socialistas” ou “católicos comunistas”, para desorientar e desunir os católicos.

c) Procura atirar as organizações católicas contra os outros adversários naturais do comunismo, como os proprietários, os militares, as autoridades constituídas, para dividir e destruir os que se opõem a conquista do poder pelo Partido Comunista.

d) Favorece as modas e costumes imorais para minar a família e portanto a civilização cristã da qual a família é viga mestra.

e) Mantém nas nações cristãs a sociedade em constante agitação, fomentando antagonismo entre as classes, as regiões do mesmo pais, etc.

14 Depois de conquistado o poder, que faz a seita comunista com a Igreja Católica?

Sua tática com a Igreja Católica, depois de conquistado o poder, varia de acordo com as circunstâncias. Mas os passos da luta em geral são os seguintes:

a) envolver os católicos nos movimentos promovidos pelo Partido Comunista;

b) afastar os Bispos, Sacerdotes e Religiosos que resistem; se preciso, matá-los;

c) liquidar os líderes católicos;

d) separar a Igreja do país, da obediência ao Santo Padre.


15 Pode um católico colaborar com os movimentos comunistas?

A coisa que os comunistas mais desejam é que os católicos colaborem com eles. Quem começar a colaborar, terminará comunista. “Cola­borou? Morreu!”

16 Se o comunismo ensinasse que Deus existe, e tolerasse a Religião, os católicos poderiam ser comunistas?

No dia em que o comunismo admitisse que Deus existe, e que ele é Senhor nosso, já não seria propriamente comunismo. 

Primícias da ressurreição em Cristo


O Verbo de Deus se fez homem. O Filho de Deus tornou-se Filho do homem para que o homem, unido ao Verbo de Deus, recebesse a adoção e se tornasse filho de Deus.

Nunca poderíamos obter a incorrupção e a imortalidade a não ser unindo-nos à incorrupção e à imortalidade. Mas como poderíamos realizar esta união sem que antes a incorrupção e a imortalidade se tornassem aquilo que somos, a fim de que o corruptível fosse absorvido pela incorrupção e o mortal pela imortalidade e,deste modo, pudéssemos receber a adoção de filhos?

O Filho de Deus, nosso Senhor, Verbo do Pai, tornou-se Filho do homem. Filho do Homem porque pertencia ao gênero humano, tendo nascido de Maria, que era filha de pais humanos e ela mesma uma criatura humana.

O próprio Senhor nos deu um sinal que se estende do mais profundo da terra ao mais alto dos céus. Um sinal que não foi pedido pelo homem,pois nem sequer ele poderia pensar que uma virgem, permanecendo virgem, pudesse conceber e dar à luz um filho. Nem mesmo supor que este filho, Deus-conosco, descesse ao mais baixo da terra, em busca da ovelha perdida – que ele próprio criara – e subisse às alturas para oferecer ao Pai aquele mesmo homem que viera encontrar, realizando, deste modo, em si próprio, as primícias de ressurreição do homem. De fato, assim como a cabeça ressuscitou dos mortos, assim todo o corpo (dos homens que participam de sua vida, passado o tempo do castigo da desobediência) ressuscitará, unido por suas junturas e articulações, firme no crescimento em Deus, possuindo cada membro sua posição adequada. São muitas as mansões na casa do Pai porque muitos são os membros do corpo.

Tendo falhado o homem, Deus foi magnânimo, pois previa a vitória que pelo Verbo lhe seria restituída. Porque a força se perfez na fraqueza, revelou-se então a benignidade de Deus e seu esplêndido poder.


Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 3,19,1.3-20,1:SCh34,332.336-338)             (Séc.II)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Papa Francisco detalha qual é o legado que quer deixar


O Papa Francisco concedeu uma entrevista a ‘El Sembrador – ESNE’, na qual explicou sobre o legado que quer deixar ao povo cristão.

No diálogo com Noel Díaz no último dia 22 de novembro, divulgado em 29 de janeiro, o Santo Padre afirmou que “o que eu gostaria de deixar em cada lar cristão, em cada família cristã, em cada povo cristão é a consciência de que o espírito do mundo não é de Deus, é a antítese de Deus”.

O Pontífice ressaltou que “nós devemos estar no mundo, não somos monges de clausura, devemos estar bem metidos no mundo”, sempre tendo cuidado para que “a mundanidade não nos corrompa”.

“A mundanidade começa pelo dinheiro, o diabo entra pelo bolso, no dinheiro. Jesus chamou o dinheiro de senhor, quando diz que ninguém pode servir a dois senhores, a dois patrões, serve a Deus ou serve ao dinheiro, não diz ao diabo, ao dinheiro, ou seja, é senhor, senhor do mundo”.

Francisco explicou que “servir a Deus significa não estar dependendo do dinheiro, o Senhor está no centro da minha vida, não o dinheiro. Essa passagem do Evangelho sempre me impressionou, Jesus diz o senhor dinheiro é um senhor, mas quando manda, destrói, quando é usado para utilizar as pessoas”.

O Papa indicou que o dinheiro dá uma “segurança que não é a de Deus. Uma pessoa simplesmente precisa do seu salário inteiro de todos os meses, mas deve vivê-lo com certa sobriedade, austeridade”. 

Homilética: 5º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Com sua vida, o discípulo dá sabor ao mundo e o ilumina!".


As três leituras de hoje nos mostram a condição do discipulado de Cristo: encarnar o próprio Jesus e agir em conformidade com ele. Só assim podemos dar sabor ao mundo e iluminá-lo.

Paulo, em sua primeira carta aos cristãos de Corinto, com sua teologia da cruz, sustenta que a salvação provém da gratuidade do Pai. Não há mérito em nós que faz com que mereçamos a salvação. Diante da cruz de Cristo, toda pretensão humana de julgar conhecer Deus e, através desse saber, poder salvar a si mesmo encontra-se destruída. A cruz nos remete à nossa situação de criatura totalmente dependente do seu criador. Permitir que a graça de Deus aja em mim: eis a misericórdia divina operando em mim a salvação!

Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta-nos o jejum que agrada a Deus: atos de misericórdia totalmente voltada ao nosso irmão! Repugna a Deus atos intimistas com o coração carregado de interesses próprios: deixo de comer, mas me alimento todos os outros dias do suor do meu irmão; faço longas orações a Deus, mas, em vez de dialogar com o outro, ordeno; mostro-me totalmente dependente do Criador, mas nego o direito de viver dignamente aos meus semelhantes. O ouvido de Deus volta-se para aqueles que se voltam para os pobres! Não esqueçamos: os pobres que nos procuram fazem isso porque Deus nos recomendou a eles!

Cristo deixou-nos a sua doutrina e a sua vida para que os homens encontrassem o sentido da sua existência e achassem a felicidade e a salvação. “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens…” E para isso é necessário, em primeiro lugar, o exemplo de uma vida reta, a pureza de conduta, o exercício das virtudes humanas e cristãs na vida simples de todos os dias. A luz, o bom exemplo, deve abrir caminho.

Perante a onda de materialismo e de sensualidade que sufoca os homens, o Senhor “quer que das nossas almas saia outra onda – branca e poderosa, como a mão do Senhor –, que afogue com a sua pureza a podridão de todo o materialismo e neutralize a corrupção que inundou o mundo: é para isso que vêm – e para mais – os filhos de Deus”: para levar Cristo a tantos que convivem conosco, para que Deus não seja um estranho na sociedade.

Transformaremos verdadeiramente o mundo – a começar por esse pequeno mundo em que se desenvolve a nossa atividade – na medida em que o ensinamento começar com o testemunho da nossa própria vida.

O exemplo prepara a terra em que a palavra frutificará. Sem cairmos em atitudes grotescas, impróprias de um cristão corrente, podemos mostrar ao mundo o que significa seguir verdadeiramente o Senhor na tarefa cotidiana, tal como fizeram os primeiros cristãos. São Paulo dizia aos cristãos de Éfeso: “Eu vos exorto a que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados…” (Ef 4, 1).

Devemos ser conhecidos como homens e mulheres leais, simples, verazes, alegres, trabalhadores, otimistas; devemos comportar-nos como pessoas que cumprem retamente os seus deveres e que sabem atuar a todo o momento como filhos de Deus, que não se deixam arrastar por qualquer vento. A vida do cristão constituirá então um sinal claro da presença do espírito de Cristo na sociedade.

Por isso devemos refletir e perguntar-nos com frequência se os nossos colegas de trabalho, os nossos familiares e amigos se vêem levados a glorificar a Deus quando presenciam as nossas ações, porque vêem nelas a luz de Cristo. Seria um bom sinal de que em nós há luz e não escuridão, amor a Deus e não tibieza.

Outro aspecto importante em que os cristãos devem ser sal e luz é a temperança, a sobriedade. A nossa época “caracteriza-se pela busca do bem-estar material a qualquer custo, e pelo correspondente esquecimento — melhor seria dizer medo, autêntico pavor— de tudo o que possa causar sofrimento. Com esta perspectiva, palavras como Deus, pecado, cruz, mortificação, vida eterna…, são incompreensíveis para um grande número de pessoas, que desconhecem o seu significado e o seu conteúdo” ( Beato Álvaro del Portillo, Carta, 25-12-1985, n. 4 ).

Por isso é urgente dar testemunho generoso de temperança e de sobriedade, que manifestam o espírito senhoril dos filhos de Deus e levam a utilizar os bens “segundo as necessidades e deveres, com a moderação de quem os usa, e não de quem os valoriza excessivamente e se vê arrastado por eles” ( Santo Agostinho ).

As nossas boas obras! Não vamos fazer o bem para nos orgulhar, mas para a glória de Deus.

As boas ações, este colocar-se a serviço do próximo, passa pelo mistério da Cruz (1Cor 2, 1-5).