sexta-feira, 3 de março de 2017

Qual é a diferença entre vícios e pecados e qual é a estratégia para atacá-los e vencer?


A prática constante cria os hábitos. A prática constante de bons atos cria os hábitos virtuosos. A prática constante de maus atos cria os hábitos pecaminosos. Por isso, junto com a oração para pedir a graça de Deus e com a confissão para pedir a sua misericórdia, é indispensável insistir na prática constante dos bons atos, para formar o hábito da virtude, e perseverar na abstenção constante dos atos ruins, para combater o hábito do pecado.

Talvez esta seja a receita mais óbvia do mundo, mas o fato é que tendemos a nos esquecer de colocá-la em prática!

É comum não deixarmos de pecar porque não mudamos alguns péssimos hábitos e não exercitamos alguns hábitos ótimos. Por exemplo, costumamos elogiar o bem com muito menos intensidade do que lamentamos o mal; costumamos agradecer pelas realidades boas e belas com muito menos frequência do que deploramos as realidades más e feias; e, principalmente, costumamos esperar (e exigir) que Deus faça tudo ou quase tudo sozinho em vez de realizarmos atos de caridade voluntários, conscientes, gratuitos, ocultos e diários em prol do nosso próximo.

A conquista dos hábitos virtuosos e o combate aos hábitos pecaminosos se transformam numa estratégia muito mais clara, objetiva e efetiva quando entendemos que existem certos vícios pecaminosos que causam a maioria dos outros vícios e pecados: são os vícios ou pecados capitais, que, portanto, devem estar entre os prioritários a ser combatidos.

Sobre os pecados e vícios capitais, o Catecismo de São Pio X nos ensina: “O vício é uma disposição má da alma, causada pela frequente repetição dos atos maus, que a leva a fugir do bem e a fazer o mal. Entre pecado e vício há esta diferença: o pecado é um ato pontual, enquanto o vício é o mau hábito contraído de cair em algum pecado”. 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Palavra de Vida: “Reconciliai–vos com Deus” (2 Cor 5,20).


Em muitos lugares do Planeta, há guerras sangrentas que parecem intermináveis, e atingem famílias, tribos e povos. A Glória, de 20 anos, conta-nos: «Recebemos a notícia de que uma aldeia tinha sido queimada e muitas pessoas tinham ficado sem nada. Com os meus amigos, iniciamos imediatamente uma recolha de coisas indispensáveis: colchões, roupas, víveres… Partimos. Após oito horas de viagem, encontramos pessoas completamente desoladas. Ouvimos os seus lamentos, enxugamos as suas lágrimas, abraçamos, consolamos… Uma família confidenciou-nos: “A nossa menina estava dentro da casa que nos queimaram e foi como se morrêssemos com ela. Agora, no vosso amor, encontramos a força para perdoar àqueles que nos fizeram isto!”».

Também o apóstolo Paulo fez uma experiência semelhante: precisamente ele, o perseguidor dos cristãos (1), encontrou no seu caminho, de maneira totalmente inesperada, o amor gratuito de Deus. E Deus enviou-o como embaixador da reconciliação, em Seu nome (2).

Deste modo, ele tornou-se a testemunha apaixonada e credível do mistério de Jesus, morto e ressuscitado. Jesus que reconciliou em si o mundo, a fim de que todos pudessem conhecer e experimentar a vida de comunhão com Ele e com os irmãos (3). E, mediante a ação de Paulo, a mensagem evangélica propagou-se e fascinou os pagãos, considerados os mais afastados da salvação: deixai-vos reconciliar com Deus! 

Medjugorje: Bispo local se pronuncia sobre autenticidade de aparições da Virgem Maria


Dom Ratko Peric, Bispo de Mostar-Duvno, a Diocese na Bósnia-Herzegovina que inclui Medjugorje, manifestou em um artigo a sua opinião sobre o que está acontecendo em sua jurisdição, escreveu que “a Virgem Maria não apareceu em Medjugorje” e explicou uma série de pontos para justificar a sua afirmação.

O Prelado fez esta declaração duas semanas depois que o Papa Francisco nomeou Dom Henryk Hoser, Arcebispo-Bispo de Warszawa-Praga (Polônia), como “enviado especial” a Medjugorje com um objetivo pastoral.

Em um longo artigo, Dom Peric falou sobre as supostas aparições, não reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica e cuja história começou em 1981neste povoado da antiga Iugoslávia, onde seis crianças disseram que viram a Virgem Maria.

O então sacerdote Tomislav Vlasic, atualmente retirado do estado clerical, se apresentou como o diretor espiritual dos “videntes” e assinalou que a Virgem os visitou pelo menos 40 mil vezes.

O Bispo de Mostar-Duvno, que em 2009 proibiu os párocos de promover estas “aparições”, recordou as investigações realizadas pela Igreja local e pela Santa Sé, desde o principio, entre 1982 e 1984 por uma comissão diocesana de Mostar, até o estudo encomendado pela Comissão da Congregação para a Doutrina da Fé entre 2010 e 2014 e a valorização da mesma congregação entre 2014 e 2016, estabelecida por Bento XVI.

“Acreditamos que tudo foi entregue nas mãos do Papa Francisco”, expressou e acrescentou que “a posição da cúria ao longo deste período foi clara e firme: não se tratam de verdadeiras aparições da Santíssima Virgem Maria”. 

Mensagem do Papa Francisco sobre Campanha da Fraternidade 2017


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO 
AOS FIÉIS BRASILEIROS 
POR OCASIÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2017

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Desejo me unir a vocês na Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2017, tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, lhes animando a ampliar a consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade local, como aliás enfatizei em diversos pontos na Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado de nossa casa comum.

O criador foi pródigo com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da degradação da natureza também estão presentes. Entre vocês, a Igreja tem sido uma voz profética no respeito e no cuidado com o meio ambiente e com os pobres. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para a sua superação. Entre tantas iniciativas e ações, me apraz recordar que já em 1979, a Campanha da Fraternidade que teve por tema “Por um mundo mais humano” assumiu o lema: “Preserve o que é de todos”. Assim, já naquele ano a CNBB apresentava à sociedade brasileira sua preocupação com as questões ambientais e com o comportamento humano com relação aos dons da criação.

O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem do Livro do Gênesis (cf. Gn 2,15), é cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho. Como “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas” (LS, 43), esta Campanha convida a contemplar, admirar, agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos biomas do Brasil – um verdadeiro dom de Deus - através da promoção de relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Este é, precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais. 

Por que é importante respeitar a autoridade do papa e dos bispos?


Que nada exista entre vós que vos divida; mas uni-vos ao vosso bispo e aos que presidem a vós como prova da vossa imortalidade.
– Santo Inácio de Antioquia

O papa e os bispos são humanos. Como muitos de vocês, eu tive que lutar de maneira pessoal e muito direta com a realidade da humanidade defeituosa dos pastores da nossa Igreja.

Quando eu deixei a Igreja, tive um profundo sentimento de rebelião contra toda e qualquer autoridade. Senti que não havia razão para viver debaixo de ninguém – nem de um papa, nem de um bispo e, certamente, de nenhum Deus imaginário.

Mas, depois de viver as minhas próprias regras, voltei à Igreja. A vida sob minha própria direção tinha deixado meu coração em farrapos. Vi que, como ser humano, eu precisava aceitar a autoridade de Cristo. Eu quis unificar minha mente, meu comportamento e meu coração em um modo de vida que me levaria à felicidade.

Santo Agostinho escreveu certa vez: “Eu não acreditaria no Evangelho se a autoridade da Igreja Católica não me obrigasse a fazê-lo”. Como Agostinho, encontrei harmonia de vida e paz ao submeter-me à autoridade legítima da Igreja.

Desde o meu retorno, o Senhor me ajudou a ver que ele está sempre trabalhando, não apenas na hierarquia, mas em todos nós. Apesar de nossas falhas, de nossos erros e, em alguns casos, de nossos terríveis pecados, ainda permanecemos, em certo sentido, dentro da Igreja e do Corpo Místico de Cristo.

Felizmente, Deus não espera até que a Igreja esteja cheia de santos para estar presente entre nós. Ele trabalha em toda a Igreja, inclusive através da hierarquia, apesar de nossos pecados. Jesus Cristo permanece sempre na sua Igreja.

Mas nós rejeitamos Jesus na Igreja dele quando nós não respeitamos e não aceitamos a legítima autoridade que ele colocou naquele lugar.

É fácil observar essa rejeição da autoridade entre os católicos, que, facilmente, ignoram o ensinamento da Igreja. Mas isso está presente em outros lugares também. A rejeição da autoridade está enraizada no orgulho, o que o Livro de Eclesiástico chamou de “o começo de todo pecado” (10,13). Portanto, não devemos nos surpreender ao ver esse comportamento de alguma forma em cada um de nós.

O desrespeito à autoridade surge, muitas vezes, da preocupação de que a pessoa que ocupa cargos de autoridade está se comportando de forma imoral ou contrária ao Evangelho. Claro, isso às vezes pode ser verdade. E há momentos em que o Espírito Santo chama pessoas de todas as esferas da vida para se levantarem e comunicarem suas preocupações de forma clara e eficaz.

Mas, na maioria das vezes, especialmente em questões de fé e moral, somos chamados, mais do que qualquer coisa, à santidade, ao serviço e à confiança de que o Espírito Santo está no comando.

Na história da Igreja, houve muitas vezes em que tudo parecia estar perdido. Durante o Trinitarianismo, reinava a heresia, mesmo entre os bispos. São João Fisher foi o único bispo da Inglaterra a se opor ao rei Henrique VIII; todos os outros cederam. Mas, repetidas vezes, contra todas as probabilidades, o Espírito Santo prevaleceu (e ele nunca precisou da ajuda de blogueiros e ativistas de mídia social).

A história da Igreja e a revelação divina nos ensinam que podemos contar com a proteção do Espírito Santo em questões de fé e moral. Quando duvidamos do poder do Espírito Santo, nos voltamos para dentro e concentramos toda a nossa energia reformadora naqueles que têm autoridade.  Sentimos falta de nosso próprio chamado para nos reformarmos e trazer Cristo ao mundo.

Como dizia o Papa Bento XVI, os leigos são convidados a “fazer uma síntese gradual entre a sua ligação com Cristo (união com ele, a vida nele) e a dedicação à sua Igreja (unidade com o Bispo, serviço generoso à comunidade e ao mundo).”

Com isso em mente, estas são algumas perguntas que me ajudaram a definir o que é, realmente, uma leitura online espiritualmente benéfica: 

São Simplício I, papa


Simplício nasceu na cidade italiana de Tivoli e seu pai se chamava Castino. Depois disso, os dados que temos dele se referem ao período que exerceu a direção da Igreja, aliás uma fase muito difícil da História da Humanidade: a queda do Império Romano. Ao contrário do que se podia esperar, teve um dos pontificados mais longos do seu tempo, quinze anos, de 468 a 483.

Nessa época, Roma , depois de resistir às invasões de godos, visigodos, hunos, vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos hérulos, chefiados pelo rei Odoacro, que era adepto do arianismo e depôs o imperador Rômulo Augusto. A partir daí, conquistadores de todos os tipos se instalaram, depredaram, destruíram e repartiram aquele Império, tido como o centro do mundo. Roma, que era sua capital, sobreviveu. Nesse melancólico final, a única autoridade moral restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu, escondeu e ajudou a enfrentar o terror, foi a do Papa Simplício.

Ele fazia parte do clero romano e foi eleito para suceder o Papa Hilário. Tinha larga experiência no serviço pastoral e social da Igreja e uma vantagem: ter convivido com o Papa Leão Magno, depois proclamado santo e doutor da Igreja, que deteve a invasão de Átila, o rei dos bárbaros hunos. Ao Papa Simplício, nunca faltou coragem, fé e energia, virtudes fundamentais para o exercício da função. Ele soube manter vivamente ativas as grandes basílicas de São Pedro, São Paulo Fora dos Muros e São Lorenço, que a partir do seu pontificado passaram a acolher os católicos em peregrinação aos túmulos dos Santos Apóstolos. Depois construiu e fundou muitas igrejas novas, sendo as mais famosas aquelas dedicadas a São Estevão Rotondo e a Santa Bibiana. Trabalhou para a expansão das dioceses e reafirmou o respeito à genuína fé em Cristo e à Igreja de Roma.

Os escritos antigos registram suas várias cartas à bispos, orientando sobre a forma de enfrentar o nestorianismo e o monofisitismo, duas heresias orientais que na época ameaçavam a integridade da doutrina católica e vinham se espalhando por todo o mundo cristão. Mas o Papa Simplício se manteve ativo ao lado do povo, ensinando, pregando, dando exemplo de evangelizador, apesar dessas e outras dificuldades. Além disso mostrou respeito a todo tipo de expressão da arte; foi ele que ordenou para serem colocados à salvo da destruição dos bárbaros os mosaicos considerados pagãos, da igreja de Santo André. Morreu, amado pelo povo e respeitado até pelos reis hereges, no dia 10 de março de 483. Suas relíquias são veneradas na sua cidade natal, Tivoli, Itália.

Foi assim que Roma, graças à atuação do Papa Simplício, apesar de assolada por hereges de todas as crenças e origens, deixou de ser a Roma dos Césares passando a ser a Roma dos Papas e da Santa Sé. 


Pai todo-poderoso, quisestes que o bispo São Simplício servisse pela palavra e pelo exemplo aqueles a quem governava; dai-nos celebrar dignamente a sua festa e sentir sempre a sua intercessão. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.


São Simplício, rogai por nós!

quarta-feira, 1 de março de 2017

Papa denuncia a “asfixia sufocante” do homem por seus egoísmos


SANTA MISSA, BÊNÇÃO E IMPOSIÇÃO DAS CINZAS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de Santa Sabina
Quarta-feira, 1° de março de 2017



«Convertei-vos a Mim de todo o coração, (...) convertei-vos ao Senhor» (Jl 2, 12.13): é o grito com que o profeta Joel se dirige ao povo em nome do Senhor; ninguém podia sentir-se excluído: «Juntai os anciãos, congregai os pequeninos e os meninos de peito, (…) o esposo (…) e a esposa» (Jl 2, 16). Todo o povo fiel é convocado para se pôr a caminho e adorar o seu Deus, «porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia» (Jl 2, 13).

Queremos também nós fazer ecoar este apelo, queremos voltar ao coração misericordioso do Pai. Neste tempo de graça que hoje iniciamos, fixemos uma vez mais o nosso olhar na sua misericórdia. A Quaresma é um caminho: conduz-nos à vitória da misericórdia sobre tudo o que procura esmagar-nos ou reduzir-nos a outra coisa qualquer que não corresponda à dignidade de filhos de Deus. A Quaresma é a estrada da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da morte à vida. O gesto das cinzas, com que nos colocamos a caminho, lembra-nos a nossa condição original: fomos tirados da terra, somos feitos de pó. Sim, mas pó nas mãos amorosas de Deus, que soprou o seu espírito de vida sobre cada um de nós e quer continuar a fazê-lo; quer continuar a dar-nos aquele sopro de vida que nos salva de outros tipos de sopro: a asfixia sufocante causada pelos nossos egoísmos, asfixia sufocante gerada por ambições mesquinhas e silenciosas indiferenças; asfixia que sufoca o espírito, estreita o horizonte e anestesia o palpitar do coração. O sopro da vida de Deus salva-nos desta asfixia que apaga a nossa fé, resfria a nossa caridade e cancela a nossa esperança. Viver a Quaresma é ansiar por este sopro de vida que o nosso Pai não cessa de nos oferecer na lama da nossa história.

O sopro da vida de Deus liberta-nos daquela asfixia de que muitas vezes nem estamos conscientes, habituando-nos até a «olhá-la como normal», apesar dos seus efeitos que se fazem sentir; parece-nos «normal», porque nos habituamos a respirar um ar em que a esperança é rarefeita, ar de tristeza e resignação, ar sufocante de pânico e hostilidade. 

Papa: "Quaresma, caminho de esperança"


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 1º de março de 2017


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Neste dia, Quarta-Feira de Cinzas, entramos no tempo litúrgico da Quaresma. E já que estamos desenvolvendo o ciclo de catequeses sobre esperança cristã, hoje gostaria de apresentar-vos a Quaresma como caminho de esperança.

De fato, esta perspectiva é logo evidente se pensamos que a Quaresma foi instituída na Igreja como tempo de preparação para a Páscoa e, portanto, todo o sentido deste período de quarenta dias é iluminado pelo mistério pascal para o qual é orientado. Podemos imaginar o Senhor Ressuscitado que nos chama a sair das nossas trevas e nós nos colocamos em caminho para Ele, que é a Luz. E a Quaresma é um caminho para Jesus Ressuscitado, é um período de penitência, também de mortificação, mas não com fim em si mesmo, mas sim finalizado a nos fazer ressurgir com Cristo, a renovar a nossa identidade batismal, isso é, renascer novamente “do alto”, do amor de Deus (cfr Jo 3, 3). Eis porque a Quaresma é, por sua natureza, tempo de esperança.

Para compreender melhor o que isso significa, devemos nos referir à experiência fundamental do êxodo dos israelitas do Egito, contada pela Bíblia no livro que leva este nome: Êxodo. O ponto de partida é a condição de escravidão no Egito, a opressão, os trabalhos forçados. Mas o Senhor não esqueceu o seu povo e a sua promessa: chama Moisés e, com braço forte, faz os israelitas sair do Egito e os guia pelo deserto para a Terra da liberdade. Durante este caminho da escravidão à liberdade, o Senhor dá aos israelitas a lei, para educá-los a amá-Lo, como único Senhor, e a amar-se entre eles como irmãos. A Escravidão mostra que o êxodo é longo e turbulento: simbolicamente dura 40 anos, isso é, o tempo de vida de uma geração. Uma geração que, diante das provações do caminho, é sempre tentada a lamentar-se pelo Egito e voltar atrás. Também todos nós conhecemos a tentação de voltar atrás, todos. Mas o Senhor permanece fiel e aquele pobre povo, guiado por Moisés, chega à Terra prometida. Todo esse caminho é cumprido na esperança: a esperança de chegar à Terra e justamente nesse sentido é um “êxodo”, uma saída da escravidão à liberdade. E esses 40 dias são também para todos nós uma saída da escravidão, do pecado, à liberdade, ao encontro com o Cristo Ressuscitado. Cada passo, cada cansaço, cada prova, cada queda e cada retomada, tudo tem o sentido interno do desígnio de salvação de Deus, que quer para o seu povo a vida e não a morte, a alegria e não a dor.