Que nada exista entre vós que vos
divida; mas uni-vos ao vosso bispo e aos que presidem a vós como prova da vossa
imortalidade.
– Santo Inácio de Antioquia
O
papa e os bispos são humanos. Como muitos de vocês, eu tive que lutar de
maneira pessoal e muito direta com a realidade da humanidade defeituosa dos
pastores da nossa Igreja.
Quando
eu deixei a Igreja, tive um profundo sentimento de rebelião contra toda e
qualquer autoridade. Senti que não havia razão para viver debaixo de ninguém –
nem de um papa, nem de um bispo e, certamente, de nenhum Deus imaginário.
Mas,
depois de viver as minhas próprias regras, voltei à Igreja. A vida sob minha
própria direção tinha deixado meu coração em farrapos. Vi que, como ser humano,
eu precisava aceitar a autoridade de Cristo. Eu quis unificar minha mente, meu
comportamento e meu coração em um modo de vida que me levaria à felicidade.
Santo
Agostinho escreveu certa vez: “Eu não acreditaria no Evangelho se a autoridade
da Igreja Católica não me obrigasse a fazê-lo”. Como Agostinho, encontrei
harmonia de vida e paz ao submeter-me à autoridade legítima da Igreja.
Desde
o meu retorno, o Senhor me ajudou a ver que ele está sempre trabalhando, não
apenas na hierarquia, mas em todos nós. Apesar de nossas falhas, de nossos
erros e, em alguns casos, de nossos terríveis pecados, ainda permanecemos, em
certo sentido, dentro da Igreja e do Corpo Místico de Cristo.
Felizmente,
Deus não espera até que a Igreja esteja cheia de santos para estar presente
entre nós. Ele trabalha em toda a Igreja, inclusive através da hierarquia,
apesar de nossos pecados. Jesus Cristo permanece sempre na sua Igreja.
Mas
nós rejeitamos Jesus na Igreja dele quando nós não respeitamos e não aceitamos
a legítima autoridade que ele colocou naquele lugar.
É
fácil observar essa rejeição da autoridade entre os católicos, que, facilmente,
ignoram o ensinamento da Igreja. Mas isso está presente em outros lugares
também. A rejeição da autoridade está enraizada no orgulho, o que o Livro de
Eclesiástico chamou de “o começo de todo pecado” (10,13). Portanto, não
devemos nos surpreender ao ver esse comportamento de alguma forma em cada um de
nós.
O
desrespeito à autoridade surge, muitas vezes, da preocupação de que a pessoa
que ocupa cargos de autoridade está se comportando de forma imoral ou contrária
ao Evangelho. Claro, isso às vezes pode ser verdade. E há momentos em que o
Espírito Santo chama pessoas de todas as esferas da vida para se levantarem e
comunicarem suas preocupações de forma clara e eficaz.
Mas,
na maioria das vezes, especialmente em questões de fé e moral, somos chamados,
mais do que qualquer coisa, à santidade, ao serviço e à confiança de que o
Espírito Santo está no comando.
Na
história da Igreja, houve muitas vezes em que tudo parecia estar perdido.
Durante o Trinitarianismo, reinava a heresia, mesmo entre os bispos. São João
Fisher foi o único bispo da Inglaterra a se opor ao rei Henrique VIII; todos os
outros cederam. Mas, repetidas vezes, contra todas as probabilidades, o
Espírito Santo prevaleceu (e ele nunca precisou da ajuda de blogueiros e
ativistas de mídia social).
A
história da Igreja e a revelação divina nos ensinam que podemos contar com a
proteção do Espírito Santo em questões de fé e moral. Quando duvidamos do poder
do Espírito Santo, nos voltamos para dentro e concentramos toda a nossa energia
reformadora naqueles que têm autoridade. Sentimos falta de nosso próprio
chamado para nos reformarmos e trazer Cristo ao mundo.
Como
dizia o Papa Bento XVI, os leigos são convidados a “fazer uma síntese gradual
entre a sua ligação com Cristo (união com ele, a vida nele) e a dedicação à sua
Igreja (unidade com o Bispo, serviço generoso à comunidade e ao mundo).”
Com
isso em mente, estas são algumas perguntas que me ajudaram a definir o que
é, realmente, uma leitura online espiritualmente benéfica:
1.Este
artigo / escritor / site dá mais benefícios à pessoa na sociedade (líderes
leigos, políticos, organizações católicas) do que os bispos ou o papa?
2. Este artigo faz
ataques pessoais de forma sutil ou aberta? Usa nomes ou apelidos
desrespeitosos? Ataca o caráter de uma pessoa (ou seja, julgamentos sobre
a vida interior de uma pessoa com base em ações externas)? Usa julgamentos
negativos sobre uma pessoa com condescendência, amargura ou desprezo?
3. Este artigo é baseado em opinião ou fato? Se for
uma opinião, o escritor compartilha seus pensamentos humildemente, dando às
pessoas envolvidas o benefício da dúvida? Ou o escritor compartilha sua opinião
como se fosse um fato?
4. Este artigo faz conjecturas sobre a vida interior
de uma pessoa, e baseia análises em suposições, não em fatos?
5. Este artigo
se apresenta como um compartilhamento de informação objetiva num estilo
jornalístico, enquanto, sutilmente, adiciona frases de opinião que semeiam
dúvidas e orientam o leitor a fazer certas conclusões?
6. Este artigo / escritor / site sustenta determinados
ensinamentos da Igreja com reverência e respeito, ao mesmo tempo em que admite
que outros ensinamentos não são essenciais ou são, simplesmente, errados? Ou
este artigo / escritor / site destaca certos ensinamentos da Igreja ou,
sutilmente, se rebela contra eles porque são vistos como impopulares ou não se
encaixam no mundo secularizado?
7. A manchete deste artigo é sensacionalista?
Sugere algo escandaloso sem clara prova? O que um não-católico poderia pensar
ao ler a chamada? Essa manchete retrata os eventos no pior sentido
interpretativo possível?
8. Este artigo usa citações para manipular leitores e
fazê-los absorver a informação de uma forma conveniente para o autor ou permite
que o leitor faça seus próprios julgamentos sobre o que foi dito?
9. Este artigo usa truques de discurso e pensamento
para enganar o leitor?
10. Este artigo / escritor / site se coloca contra a
hierarquia como um “guardião da ortodoxia” ou como um magistério alternativo de
fato? Ou este site se coloca contra a hierarquia como uma voz profética de
correção e senso comum mundano?
Espero
que estas questões sejam úteis para você.
Que
o Senhor esteja conosco quando, juntos, navegamos pelas águas turbulentas deste
mundo na Barca de Pedro.
Theresa Noble
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Aleteia
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