segunda-feira, 8 de maio de 2017

Pedagogia Litúrgica para Maio de 2017: "Catequese litúrgica - Tempo Pascal".


O Tempo Pascal inicia-se na segunda-feira da Oitava da Páscoa e conclui-se no Domingo de Pentecostes. Alguns autores consideram o início do Tempo Pascal na conclusão da Oitava da Páscoa. De minha parte, proponho o período do Tempo Pascal a partir da segunda-feira da Oitava da Páscoa.

Oitava da Páscoa 

A Oitava da Páscoa é um período de oito dias, como sugerido pela terminologia, que, liturgicamente, é celebrado como um único dia de festa. Do ponto de vista celebrativo, a Oitava da Páscoa tem a finalidade de prolongar a alegria pascal por oito dias, um significado indicativo da alegria espiritual que invade a Igreja com a vitória da vida sobre a morte, na Ressurreição de Jesus. 

Segundo e terceiro Domingos do Tempo Pascal – A

Os dois primeiros Domingos do Tempo Pascal, no Ano A, depois da Oitava da Páscoa, proclamam o Evangelho que anuncia quatro dons pascais: o Espírito Santo, a fé, a Eucaristia e o anuncio evangelizador. Sobre as demais leituras e, igualmente, sobre os demais Domingos pascais, dos Anos B e C, tratarei em outra oportunidade.

No 2º Domingo da Páscoa - A, o inicio do Evangelho relata o dom do Espírito Santo, indicativo de que de ora em diante eles seriam guiados e orientados pelo Espírito do Ressuscitado. Na segunda parte, o Evangelho propõe o encontro de Jesus com Tomé e a bem-aventurança de crer sem ver. Uma catequese que coloca as condições existenciais para abrir-se à condução do Espírito Santo, que perdoa e reconcilia, que faz viver de modo novo com a luz da fé.  

Indo para o 3º Domingo da Páscoa – A, o dom pascal é a Eucaristia, relatada no belo episódio dos Discípulos de Emaús. No caminho até Emaús, Jesus fala das Escrituras; é a Liturgia da Palavra. Na chegada em Emaús, Jesus reparte o pão e toma o vinho; é a Ceia Eucarística, o local onde nos encontramos com o Ressuscitado. Desta ceia, decorre um quarto dom pascal: a missão evangelizadora, representada na volta dos discípulos a Jerusalém para testemunhar: “Jesus ressuscitou e partilhou a Palavra e o pão conosco”.

Quarto e quinto Domingos do Tempo Pascal – A

O 4º Domingo da Páscoa – A é denominado de “Domingo do Bom Pastor”. Em todos os Anos A – B – C, o Evangelho relata a figura do Bom Pastor com matizes diferentes. No nosso caso específico, do Tempo Pascal – A, o Bom Pastor é Jesus ressuscitado, aquele que se faz condutor por um caminho seguro, que é o caminho da vida nova, proposto pelo Evangelho. Não apenas conhece o caminho, mas conhece também o destino, o local para onde as ovelhas são conduzidas: um banquete de vida plena com mesa farta, preparada para banquetear a vida humana com a plenitude da vida divina, cantado no salmo responsorial, o Sl 22.

No 5º Domingo da Páscoa volta o tema do caminho, mas com dois acréscimos de Jesus: a Verdade e a Vida. Jesus se apresenta como “Caminho, Verdade e Vida”. O Evangelho da Ressurreição, portanto, não apenas tem em Jesus o condutor seguro de um Bom Pastor, mas o próprio Caminho por onde caminhar com a vida pessoal, a Verdade como segurança existencial inabalável e o dom da Vida plena, derramada por Jesus no seu lado aberto. 

Homilética: 5º Domingo de Páscoa - Ano A: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida".


Hoje e sempre encontramos multidões que têm fome e sede de Deus.  O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar: Ensina o Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes, 19: O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com Ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador. Continuam a ser atuais as palavras de Santo Agostinho no início de suas Confissões: “Criaste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Ti. “O coração da pessoa humana foi feito para procurar e amar a Deus. E o senhor facilita esse encontro, pois ele também procura cada pessoa através de inúmeras graças, de atenções cheias de delicadeza e de amor. A sua sede de salvar os homens é tal que declara: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Tal declaração tem a sua origem na pergunta de Tomé o qual, ao não compreender tudo o que Jesus afirmara acerca de Seu regresso ao Pai, lhe perguntara: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como é que sabemos o caminho?”  (Jo 14,5). O apóstolo pensava num caminho material, mas Jesus indica-lhe um espiritual, tão sublime que se identifica com a Sua Pessoa: “Eu sou o caminho”; e não lhe mostra apenas o caminho, mas também a meta- “a verdade e a vida” - à qual conduz e que é também Ele mesmo. Jesus é o caminho que conduz ao Pai: “Ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14,6); é a verdade que O revela: “Quem Me viu, viu o Pai” (Jo 14,9); é a vida que comunica aos homens a vida divina: “Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo”, assim a tem o Filho e dá-a “àquele que quer” (Jo 5, 26. 21). “Eu estou no Pai e o Pai está em Mim” (Jo 14,11). Sobre esta fé em Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, caminho que conduz ao Pai e igual em tudo ao Pai, fundamenta-se a vida do cristão e a de toda a Igreja.

Jesus, com a sua resposta, está “como que a dizer: Por onde queres ir? Eu sou o caminho. Para onde queres ir? Eu sou a Verdade. Onde queres permanecer? Eu sou a Vida. Todo o homem consegue compreender a Verdade e a Vida; mas nem todos encontram o Caminho. Os sábios do mundo compreendem que Deus é vida eterna e verdade cognoscível; mas o Verbo de Deus, que é Verdade e Vida junto ao Pai, fez-Se caminho ao assumir a natureza humana. Caminha contemplando a Sua humildade e chegarás até Deus” (Santo Agostinho).

As palavras do Senhor continuam a ser misteriosas para os Apóstolos, que não acabam de entender a unidade do Pai e do Filho. Daí a insistência de Filipe. Por isso Jesus repreende o apóstolo porque ainda O não conhece, quando é claro que as Suas obras são próprias de Deus: caminhar sobre as ondas, dar ordens aos ventos, perdoar pecados, ressuscitar os mortos. Este é o motivo da repreensão: o não ter conhecido a Sua condição de Deus através da Sua natureza humana.

Em At 6, 1-7 temos a escolha dos diáconos para ajudarem os Apóstolos no atendimento da comunidade que crescia cada dia, pois a Palavra de Deus ia se espalhando cada vez mais. Disseram os Apóstolos: “Quanto a nós entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4).

Assim como o Mestre passava longas horas em oração individual, também o apóstolo reconhece a necessidade de alcançar forças novas na oração pessoal, feita em íntima união com Cristo, pois só assim será eficaz o seu ministério e poderá levar ao mundo a palavra e o amor do Senhor.

O apostolado é fruto do amor a Cristo. Ele é a luz com que iluminamos, a verdade que devemos ensinar, a Vida que comunicamos. E isto só será possível se formos homens e mulheres unidos a Deus pela oração.

A oração nunca deixa de dar os seus frutos. Dela tiraremos a coragem necessária para enfrentar as dificuldades com a dignidade dos filhos de Deus, bem como para perseverar no convívio com os amigos que desejamos levar a Deus. Por isso a nossa amizade com Cristo há de ser cada dia mais profunda e sincera. Sem oração, o cristão seria como uma planta sem raízes; acabaria por secar, e não teria assim a menor possibilidade de dar fruto. A oração é o suporte de toda a nossa vida e a condição de todo o apostolado. “Persevera na oração. - Persevera, ainda que o teu esforço pareça estéril.- A oração é sempre fecunda” (Caminho, nº 101). 

De onde veio o Diabo?


Desde sempre, o homem se pergunta: mas como é possível que num mundo tão maravilhoso, criado por um Deus tão bom, poderia existir o diabo? Estragando o universo com a sua maldade?

São três as possíveis respostas.

A primeira resposta é aquela dada pelo mundo da crítica, ao sustentar que a história do diabo nada mais é que um conto mitológico criado pelo homem para explicar o mal, a doença e a morte que nos rodeiam. Portanto, de acordo com os que assim pensam, o diabo não é existe como um ser pessoal, mas apenas na mente dos ignorantes.

Outros pensam que o diabo sempre existiu como um princípio oposto a Deus. Existem dois deuses: um Bom e outro Mau. Ambos estão sempre se opondo um contra o outro, como se fossem o Governo e a Oposição no Parlamento. Muitas religiões antigas sustentam esta teoria, mas está teoria é contrária àquela que encontramos na bíblia, onde é excluído qualquer dualismo. Tudo o que foi criado está sob o domínio de um único Deus.

A terceira possibilidade – que de fato é a doutrina baseada na Bíblia e no Ensinamento da Igreja – é que Deus criou todo o universo, tanto aquilo que é espiritual (os anjos ), como aquilo que é material ( entre eles, o mundo e os homens).

No principio tudo era bom, pois nenhum mal jamais pode vir de Deus.

O Diabo, que era um anjo repleto de dons e beleza, mais tarde encheu-se de arrogância e de rebeldia e voltou-se contra Deus. Por isso o mal começou a existir… foi criado o inferno… começou a destruição…

Acertadamente Isaías diz:

… a fim de que se saiba, do levante ao poente, que nada há fora de mim. Eu sou o Senhor, sem rival; formei a luz e criei as trevas, busco a felicidade e suscito a infelicidade. Sou eu o Senhor, que faço todas essas coisas. (Is 45, 6-7).

Esta é uma descrição que mostra que somente Javé é o Senhor de tudo, e não existe ninguém competindo com Ele (Cf. Amós 3,6). 

Nossa Senhora da Estrela


Dois monges beneditinos que moravam no convento de Monte Cassino, na Itália, resolveram fazer uma peregrinação até Jerusalém. Era o ano 1050. Eles saíram andando, ensinando e catequizando todas as pessoas que encontravam pelo caminho.

Nas suas andanças, já muito cansados, dormiram em uma praia. Estavam no litoral da Normandia, França, num lugar chamado Grand Champ. Um dormiu na praia e o outro dormiu em um pequeno barco que estava ali perto. A maré subiu e o barco foi arrastado para o mar sem que o monge percebesse, indo parar por milagre na costa da Inglaterra.

Em Salisbury todos ficaram maravilhados, dizendo que era um milagre o monge ter atravessado o mar da França para a Inglaterra numa pequena canoa e não ter morrido. Logo o monge foi eleito Bispo e seu governo foi brilhante, pois era um homem de oração e sacrifícios em nome de Deus.

 

O outro monge, Padre Rogério, que ficou na praia, não entendeu nada do que poderia ter acontecido ao seu amigo que havia sumido, mas entregando tudo nas mãos de Deus, continuou sua viagem. Certa noite, quando foi dormir, teve um sonho que começou a mudar a sua vida.

No sonho, ele viu uma grande estrela cair do céu, queimando todos os arbustos e árvores, e ouviu uma voz que disse: "Nossa Senhora quer que se construa uma igreja neste lugar." Quando acordou, viu o lugar que vira em seu sonho e o mesmo estava todo queimado. Assim, entendeu que, realmente, deveria construir ali uma igreja em honra a Nossa Senhora. Ele sentiu no coração o desejo de dar a Maria o título de "Nossa Senhora da Estrela", por causa da estrela que vira em seu sonho.

Por causa da pobreza dos moradores da região, o Padre Rogério construiu apenas um pequeno altar e uma pequeníssima capela, que seria a semente da grande Abadia de Nossa Senhora da Estrela de Monteburgo. Hoje, ela é imensa e abriga não só a Igreja como um convento bem grande.

O Rei Guilherme, que era Duque da Normandia e que vencera a Inglaterra, sabendo da história de Nossa Senhora da Estrela, mandou seu médico particular visitar a capelinha e saber como tudo aconteceu. Chegando lá, o médico descobriu que era irmão do monge Rogério! O irmão médico contou ao irmão monge sobre seu amigo que se tornara o Bispo de Salisbury. Os dois irmãos, emocionados, agradeceram a Nossa Senhora por ter proporcionado este reencontro.

O Bispo de Salisbury, antigo amigo do monge Rogério, pediu para o Rei Guilherme ajudar seu irmão na fé, pois os dois foram abençoados por Nossa Senhora em sua peregrinação.

O Rei Guilherme, de bom coração, doou ao Padre Rogério toda a região de Monteburgo, juntamente com os recursos para que fosse construída ali uma grande Igreja e uma Abadia que se tornou um grande seminário. A obra foi terminada pelo filho do Rei Guilherme, chamado Rei Henrique. Este, assumindo o trono, continuou a obra. A Abadia de Nossa Senhora da estrela foi, por muitos séculos, um centro de referência da Igreja para toda a região.



Ó Nossa Senhora da Estrela, para vós se volta nosso olhar e nosso coração de filhos. Vós sois a Estrela da Manhã que anuncia a chegada do dia; Vós sois a Estrela da Tarde que brilha em nossa noite; Vós sois a Estrela do Mar que nos guia para um porto feliz. Como a Estrela, envia seu raio sobre a terra, envie-nos vosso filho Jesus, Luz eterna do mundo. Através da escuridão e das tempestades da vida, nas horas de dúvida ou de tentação. Na revolta ou na fraqueza, sede nossa Claridade e nossa Paz. Sede nossa Esperança e nossa Pureza. Sede nossa Doçura e nossa Força. Ó Nossa Senhora da Estrela, que em vós descanse para sempre nosso olhar e nosso coração de filhos. rogai por nós. Amém.

domingo, 7 de maio de 2017

Entendendo o Islã: A Farsa Maometana


I. Fundamento Bíblico

O Antigo Testamento nos diz que o glorioso plano de redenção de Deus foi iniciado através de Abrão. Com esse homem, Deus fez uma aliança eterna e Deus mudou seu nome para Abraão, o pai de muitas nações (Gênesis 17:5). Essa aliança deveria ser mais tarde cumprida através de um descendente de Abraão, o Messias prometido.

"A Escritura diz que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre." (Gálatas 4:22). Abraão teve dois filhos. Seu primeiro filho, Ismael, nascido de uma escrava egípcia chamada Agar. Seu segundo filho Isaac, que nasceu da esposa de Abraão, Sara. Deus colocou o fundamento do cumprimento da Sua aliança através de Isaac, filho de Sara, a mulher livre. Era através da descendência de Isaac que o Messias viria a aparecer (Gênesis 17).

Ainda que Ismael tenha sido o primeiro filho de Abraão, Deus escolheu cumprir a Sua aliança através de Isaac, seu filho mais novo. Todos os futuros profetas de Deus e o Messias só surgiriam a partir da linhagem de Isaac, o filho escolhido de Abraão, sem qualquer exceção.

Em favor de Sara e seu filho Isaac, Hagar e Ismael foram expulsos da casa de Abraão e, consequentemente, da herança e linhagem dos descendentes de Isaac (Gênesis 21:10). As nações árabes (os habitantes do deserto) são descendentes de Ismael, mas não de Isaac. Então, naquele dia, uma grande divisão nasceu entre os filhos de Ismael e os filhos de Isaac e o Messias.

II. A Arábia pré-islâmica

Os muçulmanos frequentemente argumentam que, tendo sido o Islã e o Alcorão (ou Corão: a Bíblia muçulmana - ed.) enviados dos céus, nenhuma fonte ou materiais terrestres poderiam ter sido usados para criá-los. Eles partem da suposição de que isso seja impossível. Mas a verdade é que a fé islâmica e o Alcorão em si podem ser completa e suficientemente explicados em termos da cultura, da religião e dos costumes árabes pré-islâmicos.

 O trabalho arqueológico e linguístico feito desde o final do século 19 trouxe à tona evidências esmagadoras de que Maomé construiu a sua religião e o Alcorão a partir de material pré-existente na cultura árabe como veremos a seguir.

a. O significado do Islã.

A própria palavra Islã não foi revelada do céu nem foi inventada por Maomé. É uma palavra árabe que originalmente se referia a um atributo de masculinidade e descrevia alguém que foi heroico e corajoso na batalha.

A palavra Islã originalmente não significava submissão, como muitos supõem. Em vez disso, ele se referia a essa força que caracteriza um guerreiro do deserto que, mesmo quando confrontado com o impossível, iria lutar até a morte para cumprir seu objetivo.

b. A vida tribal pré-islâmica

O aspecto da sociedade tribal da Arábia pré-islâmica explica muitas das coisas que podem ser encontrados no Islã hoje. Por exemplo, estava perfeitamente em consonância com a moral árabe atacar outras tribos a fim de obter riqueza, mulheres e escravos, e assim as tribos estavam constantemente em guerra umas com as outras. Essas tribos do deserto viviam pelo código do "olho por olho e dente por dente". A vingança era tomada sempre que algo era feito para prejudicar qualquer membro da tribo. Forçar pessoas à escravidão ou sequestrar mulheres, mantendo-as em um harém, e estuprá-las à vontade era considerado justo e adequado.

 O severo clima árabe produziu uma severa sociedade tribal em que a violência era a norma. E a violência ainda é um atributo das sociedades islâmicas. É muito interessante notar que a palavra portuguesa "assassino" é, na verdade, uma palavra árabe. Vem da palavra latinaassassinus, que vem da palavra árabe hashshashin. Hashshashin literalmente significa “fumante de haxixe” e foi usada como uma descrição dos muçulmanos que fumavam haxixe para chicotearem-se em um frenesi religioso antes de matar seus inimigos.

Ele entrou no vocabulário europeu por meio de uma seita muçulmana chamada "Os Assassinos", que acreditavam que Alá os havia chamado para matar pessoas como um dever sagrado.

c. A religião pré-islâmica

A população árabe era basicamente animista. Os espíritos masculinos e femininos existiam em árvores, pedras, rios e montanhas, e eles eram adorados e temidos. Acreditava-se que pedras mágicas sagradas protegiam as tribos. A tribo coraixita havia adotado uma pedra negra como a sua pedra mágica tribal e a tinha colocado na Caaba. Esta pedra mágica era beijada quando as pessoas vinham em peregrinação para adorar a Caaba. Era sem dúvida um asteroide que caíra do céu e, portanto, era vista como sendo divina, de alguma forma!  

 A tribo coraixita (tribo de Maomé) tentou colocar um ídolo de todas as religiões no templo pagão chamado Caaba. A palavra Caaba é o árabe para "cubo" e refere-se ao templo de pedra quadrado, em Meca, onde os ídolos eram adorados. O templo continha uma miscelânea virtual de divindades com alguma coisa para todos. Pelo menos 360 deuses eram representados na Caaba e um novo poderia ser acrescentado, se algum estrangeiro viesse à cidade e quisesse adorar o seu próprio deus, além de aqueles que já estavam representados.

As lucrativas rotas de comércio e as ricas caravanas formaram um vínculo cultural entre África, o Oriente Médio, o Oriente e o Ocidente. Não é, portanto, nenhuma surpresa encontrar histórias no Alcorão, cujas origens podem ser traçadas até histórias religiosas da Babilônia, Egito, Índia, Pérsia e Grécia.

 d. Rituais pagãos

 Os pagãos da Arábia pré-islâmica ensinavam que todo mundo deveria se curvar e orar voltado para Meca (o centro religioso e comercial da Arábia com sua Caaba) durante certas horas do dia. Todo mundo também deveria fazer uma peregrinação a Meca para adorar a Caaba pelo menos uma vez na vida. Quando chegavam a Meca, os pagãos corriam ao redor da Caaba sete vezes, beijavam a pedra negra, e depois corriam cerca de uma milha até a Wadi Mina para atirar pedras no diabo. Eles também acreditavam que era bom dar esmola e condenavam a usura. Eles tinham até um determinado mês em que se devia jejuar de acordo com o calendário lunar. Que esses ritos pagãos compreendiam a religião em que Maomé foi criado por sua família é reconhecido por todos.

 A religião dominante que tinha se tornado muito poderosa pouco antes da época de Maomé foi a dos sabeus. Os sabeus tinham uma religião astral em que adoravam os corpos celestes. A lua era vista como uma divindade masculina e o sol como a divindade feminina. Juntos, eles produziam outras divindades, como as estrelas. O Alcorão refere-se a isso na sura 41,37 e em outros lugares.

Eles usavam um calendário lunar para regular seus ritos religiosos. Por exemplo, um mês de jejum era regulado pelas fases da lua. O rito pagão sabeu de jejum começava com o aparecimento de uma lua crescente e não cessava até que a lua crescente reaparecia. Isso viria a ser adotado como um dos cinco pilares da sabedoria do Islã.

Finalmente, a influência das religiões estrangeiras, como o judaísmo, zoroastrismo (da Pérsia), hinduísmo, budismo, mitologia grega e egípcia e o cristianismo, também estavam presentes na Arábia pré-islâmica. Não é nenhuma surpresa ao descobrir que o Alcorão contém restos de histórias religiosas que podem ser rastreadas até essas religiões.

Assim, as ideias e ritos religiosos encontrados no Islã e no Alcorão podem claramente ser rastreados até as influências da cultura, da vida religiosa e dos costumes pré-islâmicos. Os arqueólogos desenterraram muitos exemplos de arte pré-islâmica que incluíam os seus ídolos e símbolos de adoração. Meca continha um dos mais importantes, a Caaba, onde foi colocada a pedra negra, há muito tempo objeto de adoração. 

sábado, 6 de maio de 2017

O Desaparecimento dos adultos


Uma sociedade de eternos adolescentes?

Continua-se a estar sempre mais atingido pelo nivelamento das gerações que se vê em rapazes e moças, jovens e adultos unidos por uma mesma dinâmica: no modo de vestir, falar, se comportar, mas, sobretudo, nas relações e na afetividade revelam-se muitas vezes as mesmas dificuldades, até o ponto em que se torna difícil entender quem desses é realmente o adulto. Ao mesmo tempo, preocupa a sempre maior difundida fuga da responsabilidade, que leva a procrastinar indefinidamente as escolhas de vida, iludindo-se de ter sempre intactos, diante de si, todas as possibilidades.

Uma pesquisa da Istat[ii], realizada em 2008 (e, por conseguinte, anterior à grave crise que infelizmente levou ao desemprego milhares de jovens e de adultos), revelava que mais de 70% das pessoas com idade entre 19 e 39 anos vivem ainda com os pais. O motivo é também, mas não somente, econômico, já que nessa faixa há pessoas com trabalho estável e uma renda que permitiria viver de maneira independente.

As mesmas pesquisas mostram, além disso, que na Itália, mas também em outros países da Europa, há um aumento preocupante de jovens/adultos que pararam numa espécie de “limbo”, sem escolhas e sem perspectivas. Essa situação abarca uma faixa etária sempre maior, ao ponto de ser agora classificada como categoria sociológica, “a geração nem-nem”[iii]. Mas, principalmente, tal condição, não é vista como problemática pela maioria das pessoas: “Há 270 mil jovens entre 15 e 19 anos que não estudam e não trabalham (9%): a maior parte porque não encontra trabalho; 50 mil porque fizeram de sua inatividade uma escolha; há ainda 11 mil que não querem saber de trabalhar ou estudar (“não me interessa”, “não preciso”, dizem). A mesma tendência ocorre nos dados relativos aos jovens entre 25 e 35 anos: um milhão e noventa mil não estudam e não trabalham; ou seja, quase um quarto deles (25%). Um milhão e duzentos mil desses gravitam no desemprego (mas entre estes últimos há quem diga que não procura bem porque está “desanimado” ou porque “de qualquer modo, o emprego não existe mesmo”). Setecentos mil são, ao contrário, os “inativos convictos”: não procuram trabalho e não estão dispostos a procurá-lo […]. Uma pesquisa espanhola recente, assinada pela sociedade Metroscopia, revela que 54% dos jovens da idade dos 18 aos 35 anos declara “não haver nenhum projeto sobre o qual desenvolver o próprio interesse ou os próprios sonhos”[iv].

A essa situação de impasse e confusão acompanha uma igualmente grave crise de autoridade e de normatividade que, como se verá, constituem um dever educativo irrenunciável. Tal dever é rejeitado por muitos motivos: porque esses que deveriam fazer valer a norma, os adultos, não possuem a força, têm medo de parecerem impopulares ou, muitas vezes, porque muitos não acreditam mais em ditas normas, vistas somente como uma fonte de conflito e dificuldade.

Mas o aspecto talvez mais triste dessa carência seja que a norma que o adulto deveria estabelecer, vem a faltar porque, às vezes, os mesmos educadores e pais se encontram perdidos em problemas afetivos, relacionais, até mesmo de dependência. E daí a crise profunda do adulto, com o risco de seu desaparecimento: “Se um adulto é alguém que tenta assumir as consequências de seus atos e de suas palavras […], não podemos deixar de constatar um forte declínio da sua presença na nossa sociedade […]. Os adultos parecem estar perdidos no mesmo mar onde se perderam os próprios filhos, sem qualquer distinção de geração”[v].

Uma motivação possível, na origem dessa amálgama indiferenciada, pode ser detectada no prolongamento da meia idade, própria das últimas décadas e agravada devido à crise econômica atual, a qual não encoraja a levar em consideração os custos e os esforços adicionais para comprometer-se numa situação futura incerta. Além disso, a nova cultura tecnológica contribui para confundir os limites entre a realidade e a fantasia, que é a característica típica da criança. Já o havia compreendido com lucidez Johan Huizinga no longínquo 1935: “[O homem moderno] pode viajar de avião, falar com pessoas do outro hemisfério, comprar guloseimas inserindo poucas moedas numa máquina automática […]. Aperta um botão, e a vida cai aos seus pés. Pode tal vida torná-lo emancipado? Ao contrário. A vida para ele tornou-se um brinquedo. É de se espantar que ele se comporte como uma criança?”[vi]. 

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Jesus também é Yahveh?


"Yahveh" é o nome próprio de Deus no Antigo Testamento, pois foi assim que Ele se identificou para Moisés na teofania da sarça ardente: 

- “Respondeu Moisés a Deus: "Se eu vou aos israelitas e lhes digo: 'O Deus de vossos pais me enviou a vós', quando me perguntarem: 'Qual é o seu nome?', o que lhes responderei?" Disse Deus a Moisés: "Eu sou aquele que sou". E acrescentou: "Assim dirás aos israelitas: 'Eu sou me enviou a vós'"” (Êxodo 3,13-14). 

Nesse momento Deus deu ao homem o único nome que poderia defini-lo de alguma maneira: "Yahveh", que em língua hebraica pode traduzir-se por “Eu sou o que sou”, “Eu sou aquele que é” ou “Eu sou o existente”, tal como o traduziram os tradutores da Septuaginta: "ego eimi ho on". Deus, por ser quem é, é o único verdadeiramente existente no sentido de que não é contingente, o que quer dizer que não precisa de nada nem de ninguém para existir, ao contrário do que ocorre com as criaturas. Ao não ser contingente Deus não foi criado por ninguém, mas é o Criador, princípio e fim de todas as coisas. 

Sobre isto o Catecismo da Igreja Católica ensina: 

- “Ao revelar seu nome misterioso de Yahveh, "Eu sou aquele que é" ou "Eu sou aquele que sou" ou também "Eu sou quem sou", Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome revelado e como que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime, da melhor forma, a realidade de Deus como Ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer: Ele é o "Deus escondido" (Isaías 45,15), seu nome é inefável, e Ele é o Deus que se faz próximo dos homens. Ao revelar seu nome, Deus revela ao mesmo tempo a sua fidelidade, que é de sempre e para sempre, válida tanto para o passado ("Eu sou o Deus de teu pai", Êxodo 3,6) como para o futuro ("Eu estarei contigo", Êxodo 3,12). Deus que revela seu nome como "Eu sou" revela-se como o Deus que está sempre presente junto ao seu povo para salvá-lo” (CIC 206-207).

Como se pode observar, já aqui está implicitamente respondida a pergunta, pois o Catecismo ensina que Yahveh é o nome próprio de Deus, não só de Deus Pai. E se como católicos professamos a doutrina da Trindade - que existe um só Deus em Três Pessoas Divinas: Pai, Filho e Espírito Santo - é natural que cada uma delas possa ser identificada com o nome de Yahveh. 

Negar isto conduz inequivocamente a duas opções: 

a) ao Arianismo; ou 
b) a uma contradição com o que as Sagradas Escrituras ensinam.

Cai em Arianismo quem pensa que só o Pai é Yahveh, pensando que só Yahveh é Deus, porém nem o Filho nem o Espírito Santo o são. Esta posição foi rejeitada unanimemente desde a Igreja primitiva e igualmente por todos os Padres da Igreja; é isso o que professam hoje seitas como os Testemunhas de Jeová. Veja-se acerca disto: 

- A doutrina da Trindade na Igreja primitiva e os Padres da Igreja. 

Contradiz as Sagradas Escrituras quem sustenta que só o Pai pode ser identificado com Yahveh e ao mesmo tempo afirma professar a doutrina da
Santíssima Trindade. Vejamos o porquê: 
 

quinta-feira, 4 de maio de 2017

CNBB cria a Sociedade Ratzinger do Brasil para estudar o pensamento do Papa Emérito


Criada durante a 55ª. Assembleia Geral da CNBB, a Sociedade Ratzinger do Brasil (SRB) tem como finalidade traduzir a “Joseph Ratzinger Opera Omnia” e divulga-la; promover atividades de estudo e pesquisa sobre a obra de Joseph Ratzinger – Papa Bento XVI, obras a respeito do seu pensamento e sobre temas por ele tratados; Realizar congressos, seminários, e cursos de atualização teológica; organizar encontros periódicos de caráter regional, nacional e internacional; realizar trabalhos interdisciplinares com outras sociedade e instituições teológicas congêneres; publicar obras científicas e de divulgação sobre a teologia de Joseph Ratzinger – Papa Bento XVI, se seu Magistério Pontifício.

Os membros fundadores podem admitir a entrada de novos sócios mediante as condições do Estatuto Social da Sociedade. O interesse no estudo do pensamento de Joseph Ratzinger, naturalmente, é uma das condições básicas. A sede da Sociedade se localiza no Setor de Grandes Áreas Nortes, Quadra 601, Módulos E/F, em Brasília (DF).

O Conselho Diretor da Sociedade ficou constituído com os seguintes membros: Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (SP); dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS); Cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP); Cardeal Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ); dom Murilo Sebastião Krieger, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador (BA) e dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP).

Para a presidência do Comitê Científico da Sociedade foi eleito o cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB. Para esse mesmo comitê foi eleito na função de secretário Monsenhor Luiz Catelan Ferreira, subsecretário de Pastoral da CNBB e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé.