Desde sempre, o homem se pergunta: mas
como é possível que num mundo tão maravilhoso, criado por um Deus tão bom,
poderia existir o diabo? Estragando o universo com a sua maldade?
São três as possíveis respostas.
A primeira resposta é aquela dada pelo
mundo da crítica, ao sustentar que a história do diabo nada mais é que um conto
mitológico criado pelo homem para explicar o mal, a doença e a morte que nos
rodeiam. Portanto, de acordo com os que assim pensam, o diabo não é existe como
um ser pessoal, mas apenas na mente dos ignorantes.
Outros pensam que o diabo sempre existiu
como um princípio oposto a Deus. Existem dois deuses: um Bom e outro Mau. Ambos
estão sempre se opondo um contra o outro, como se fossem o Governo e a Oposição
no Parlamento. Muitas religiões antigas sustentam esta teoria, mas está teoria
é contrária àquela que encontramos na bíblia, onde é excluído qualquer
dualismo. Tudo o que foi criado está sob o domínio de um único Deus.
A terceira possibilidade – que de fato é
a doutrina baseada na Bíblia e no Ensinamento da Igreja – é que Deus criou todo
o universo, tanto aquilo que é espiritual (os anjos ), como aquilo que é
material ( entre eles, o mundo e os homens).
No principio tudo era bom, pois nenhum
mal jamais pode vir de Deus.
O Diabo, que era um anjo repleto de dons
e beleza, mais tarde encheu-se de arrogância e de rebeldia e voltou-se contra
Deus. Por isso o mal começou a existir… foi criado o inferno… começou a
destruição…
Acertadamente Isaías diz:
“… a fim de que se saiba, do levante ao
poente, que nada há fora de mim. Eu sou o Senhor, sem rival; formei a luz e
criei as trevas, busco a felicidade e suscito a infelicidade. Sou eu o Senhor,
que faço todas essas coisas.” (Is 45,
6-7).
Esta é uma descrição que mostra que
somente Javé é o Senhor de tudo, e não existe ninguém competindo com Ele (Cf.
Amós 3,6).
Não é tão fácil sabermos como os anjos
bons se tornaram maus, ou melhor, se tornaram demônios.
Um dos textos mais claros talvez seja
aquele de Lucas 10, 18, no
qual Jesus exclama e diz: “Vi satanás cair do céu como um raio”. O que
significa isto?
Significa que Jesus estava se referindo
à queda do diabo, quando no céu ele se encheu de orgulho e revoltou-se contra
Deus?
Ou aqui Ele está dizendo aos Seus discípulos,
que retornavam felizes por que até os diabos os obedecia, que por isso
deveriam permanecer firmes na fé e se alegrarem, por que Ele via o diabo sendo
derrotado por aqueles a quem Ele havia dado o poder?
Como pode ver, é difícil interpretarmos
com certeza e exclamação de Jesus, se Ele está se referindo mais ao passado (a
queda do diabo) ou ao presente e ao futuro (à derrota dele).
Uma coisa é Fato: que certa época, a
moradia de Satanás foi o céu e, num estágio posterior, ele caiu de um estado de
alegria para um estado de sofrimento.
Um texto muito importante com certeza é
aquele dado por João no livro do apocalipse, onde temos um resultado da batalha
entre São Miguel e Lúcifer:
E houve batalha no céu; Miguel e os seus
anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas
não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o
grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o
mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
(Ap 12, 7-9)
Ou seja sua origem é o céu e depois foi
precipitado para a terra!
Outro texto que é apresentado para com
freqüência provar a origem de Satanás, é aquele que encontramos em Ezequiel.
Porém temos que tomar cuidado assim como no livro do apocalipse para não
focarmos o texto a dizer o que ele não diz, apesar de fazer menção a satanás os
textos se referem diretamente no apocalipse a os reinos políticos e em Ezequiel
ao Rei e ao Príncipe de Tiro que estão sob o domínio do maligno.
Eis como o texto se refere ao Rei de
Tiro:
“A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes
termos: filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre o rei de Tiro, e
dize-lhe: Eis o que diz o Senhor Javé: Eras um selo de perfeição, cheio de
sabedoria, de uma beleza acabada. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas
coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e
jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e
flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado. Eras
um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre
as pedras de fogo. Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que
foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti. No desenvolvimento do teu
comércio, encheram-se as tuas entranhas de violência e pecado; por isso eu te
bani da montanha de Deus, e te fiz perecer, ó querubim protetor, em meio às
pedras de fogo. Teu coração se inflou de orgulho devido à tua beleza,
arruinaste a tua sabedoria, por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra,
e dei com isso um espetáculo aos reis.” (Ez
28, 11-17).
Mesmo o texto se referindo ao Rei a
alusão a queda de Satanás é clara! A alusão à queda de Satanás, sendo um anjo
formoso e se transformando num diabo orgulhoso, lançado no abismo do inferno, é
algo claro.
Por exemplo, alguns pais da Igreja, como
Tertuliano, acreditam que as palavras de Jesus sobre a queda de Satanás do céu
são uma alusão clara a Isaías
14, 12, que assim como
Ezequiel faz alusão ao Diabo falando a respeito do imperador. Parece que também
São Judas se refere a este texto:
“…Os anjos que não tinham guardado a dignidade de sua classe, mas
abandonado os seus tronos, ele os guardou com laços eternos nas trevas para o
julgamento do Grande Dia.” (Jd 6)
Assim como São Paulo:
“Não
pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade,
venha a cair na mesma condenação que o demônio.” (
I Timóteo 3,6).
Estes textos bíblicos mostram que estão
se referindo ao texto de Isaías.
E para terminar sobre as origens do
diabo coloco o que Orígenes afirma:
“Com relação ao diabo e seus anjos e os inimigos poderosos, o
ensinamento da Igreja atesta que estes seres realmente existem; mas, como eles
são, não sabemos claramente. A opinião comum, no entanto, é a de que o diabo
era um anjo; e devido ao fato de haver se rebelado, atraiu atrás de si um
grande número que o seguiram e estes, mesmo hoje, são chamados de seus anjos”.
Rafael Rodrigues
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Apologistas Católicos
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