São
três as passagens mais citadas por gente de esquerda sobre este ponto. Porém,
cada uma delas tem sua explicação:
1
– Jesus expulsou a chicotadas os mercadores do Templo. Sim, mas é preciso ler corretamente os
evangelhos: Mateus 21, Marcos 11, Lucas 19 e João 2. Não eram simples
“mercadores”; eles comercializavam a religião. A cada festa da Páscoa, vendiam
as pombas e animais para os sacrifícios no Templo. E os cambistas trocavam o
dinheiro grego e romano dos peregrinos por moedas judaicas, as únicas
autorizadas para as oferendas. O templo, “Casa de Oração”, e não de negócios,
se encontrava tomado por todo esse ruído e desordem.
Jesus
nada tinha contra o trabalho e o comércio: ele e sua família eram carpinteiros;
boa parte de seus discípulos eram pescadores; e suas maiores lições sobre o
Reino de Deus são as “parábolas agrícolas”, com vinhas e propriedades, senhores
e trabalhadores: nada tinham contra o capitalismo nem a favor do socialismo. O
comércio com o sagrado é algo distinto; por isso aquele ato foi o equivalente a
hoje expulsar a chicotadas esses pastores que enriquecem com dízimos e ofertas,
“promessas” e “pactos”.
2
– E o “jovem rico”? Leia com atenção
Mateus 19, Marcos 10 e Lucas 18. Um camelo não passa pelo buraco de uma agulha;
é impossível. Não é como dizem, que “Agulha era o nome de uma porta da cidade”;
ou “uma corda, e a palavra se parecia com um camelo”, etc. A pergunta do jovem
rico nada tem que ver com riqueza, mas com vida eterna: “Mestre, que farei eu
de bom, para alcançar a vida eterna?” A resposta correta é: nada; porque a
salvação é pela graça. “Ao Senhor pertence a salvação”: Salmo 37.39, Isaías
33.22, Jonas 2.9. E o jovem o sabia. Porém, Jesus quis que ele pensasse
novamente sobre a questão, por isso repassou com ele os mandamentos; e o jovem
respondeu que os observava desde a infância. Então Jesus lhe mandou que desse
sua fortuna aos pobres, porém, não para ganhar o mesmo na eternidade com Deus,
nem para fazer “justiça social”, mas para desligar-se de seus afãs e negócios,
e se tornasse um discípulo: “segue-me”, tal como Mateus.
A
vida eterna com Deus não é algo que alguém faz por merecer cumprindo essa ou
aquela regra, como creem os “sinergistas” e a grande maioria das pessoas. Não é
algo que os ricos podem comprar com suas riquezas; nem tampouco “ganhar” dando
suas riquezas aos pobres, como dizem (mas não fazem) os socialistas. E o
discipulado? Bem, esse é outro assunto: para isso, sim, é necessário deixar
muitas coisas, e o jovem não estava pronto. Essas são as duas lições de Jesus
ao jovem — e aos discípulos que ali estavam. Quando disse que era mais fácil
passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que alguém entrar por seus
méritos na Salvação, os discípulos lhe fizeram outra pergunta: “Sendo assim,
quem pode ser salvo?”. Resposta de Jesus: “Isto é impossível aos homens, mas
para Deus tudo é possível”.