terça-feira, 3 de outubro de 2017

Homilética: 30º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Amar de fato"


Os fariseus, em grupos, continuam preparando armadilhas para Jesus; querem provocar afirmações polêmicas de Jesus, para poder acusá-lo e condená-lo.

Os fariseus perguntam: “Qual é o maior dos mandamentos?” Alguns afirmavam que o maior de todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham o mesmo valor. Além disso, os Judeus tinham 613 mandamentos (a maioria proibições).

Jesus responde, buscando fundamentação em duas passagens da Bíblia: “Amarás o Senhor teu Deus com todas…” (Dt 6,5). E, “amarás o teu próximo como a ti mesmo…” (Lv 19,18).

Define o Amor de Deus e ao próximo como o centro essencial da Lei. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a Bíblia. Podemos dizer que Jesus convida à alegria, porque é um apelo ao amor. O mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude ensina São Tomás: “não é diferente da caridade, mas um certo ato e efeito seu”. Por isso, um dos elementos mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é verificarmos o nível de alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever, no trato com os outros, à hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades.

Quando os fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram qual era o principal mandamento da Lei, Jesus respondeu-lhes: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças. O segundo é semelhante a ele: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É disto que precisamos: de procurar o rosto de Deus com tudo o que temos e somos, e de servir o nosso próximo, abrindo-nos a ele e esquecendo-nos de nós mesmos, fugindo da preocupação obsessiva pelo conforto, abandonando a nossa vaidade e orgulho, colocando o olhar longe de nós mesmos…, amando.

Muitos pensam que serão mais felizes quando possuírem mais coisas, quando forem mais admirados…, e se esquecem de que só necessitamos de “um coração enamorado”. O nosso coração foi feito por Deus para alcançar a sua plenitude, a sua completa realização, nos bens eternos, no seu Criador! Portanto nenhum amor pode saciar o nosso coração, se vier a faltar o Amor com maiúscula! Os outros amores limpos –se não forem limpos, não serão amor- só adquirem o seu verdadeiro sentido quando se procura o Senhor sobre todas as coisas. É por isso que nem o egoísta, nem o invejoso, nem quem tem colocada a sua alma nos bens da terra… podem saborear a alegria que Jesus prometeu aos seus discípulos, porque não saberão amar, no sentido mais profundo e nobre da palavra. Ensina Santa Teresa: “Quando é perfeito, o amor tem esta força: leva-nos a esquecer o nosso próprio contentamento para contentar Aquele a quem amamos. E verdadeiramente é assim, porque, ainda que sejam grandíssimos os trabalhos, se nos afiguram doces quando percebemos que contentamos a Deus” (Fundações, 5,10).

Exorta S. Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quando a alma está alegre, abre-se e ganha asas para voar para Deus e para exceder-se no serviço aos outros; um coração alegre está mais perto de Deus, dispõe-se a levar a cabo grandes tarefas e é estímulo para os seus irmãos.

Quando se diz em linguagem figurada que esta ou aquela casa “parece um inferno”, vem-nos à mente um lar sem amor, sem alegria, sem Cristo. Um lar cristão deve ser alegre, porque nele está o Senhor que o preside, e porque ser discípulo seu significa, entre outras coisas, viver essas virtudes humanas e sobrenaturais a que está tão intimamente unida a alegria: generosidade, cordialidade, espírito de sacrifício, simpatia, empenho por tornar mais amável a vida de todos…

Fujamos da tristeza! A alma entristecida cai com facilidade no pecado e fica sem forças para o bem; caminha com certeza para a derrota. “Assim como a traça corrói o vestido, e o caruncho a madeira, assim a tristeza prejudica o coração do homem.” (São Bernardo). Se alguma vez sentimos que esta doença da alma nos ronda ou já se introduziu em nós, examinemos onde está colocado o nosso coração.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Homilética: 29º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "O Tributo a César"


“Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens” (Mt 22,16). Os homens que falam são aduladores! E Jesus não se deixa conquistar pela duplicidade da linguagem, nem pela malícia daqueles homens. O Evangelho descobre a falsidade deles logo no começo da narração; eram discípulos daqueles fariseus que tinham deliberado “sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras” (Mt 22,15).

A Palavra de Jesus afirma que o Reino de Deus e o de César não se excluem, como pensavam os judeus. Agora bem, Jesus deixa bem claro que o poder político e militar são radicalmente relativizados, enquanto que o Reino de Deus é absoluto. A pergunta que lhe fizeram os fariseus e os de Herodes não era um pergunta, mas uma armadilha para lobo: se Jesus disser que não paguem ao César, entra em jogo a sua cabeça; mas se disser que paguem, então entra em jogo o prestígio e, com ele, a sua campanha eleitoral pelo reinado dos céus. A pergunta era uma hipocrisia, uma tentação. Tentação de idolatria. A moeda do tributo era o denário, que levava a inscrição: “Tiberius divus et pontifex máximus” (Tibério, deus e sumo pontífice). E o segundo mandamento do decálogo dizia: “Não esculpirás imagem alguma, nada se pareça ao que existe lá em cima no céu…” (Ex 20, 4; Dt 4, 15-20). Por isso Jesus responde: a César o que é de César, que é a obediência para com a autoridade nas coisas que mandem respeitando a Lei de Deus, e o que é de Deus a Deus, que é a adoração. Prevê-nos do fanatismo, absolutismo e sacralização da política.

Como deve se comportar então um cristão, um discípulo de Cristo diante do reino de César, isto é, diante do Estado e da ordem constituída? Obediência ou liberdade? Este é o dilema de sempre. O Novo Testamento resolve este dilema: o discípulo de Cristo fica livre não só para resistir ao Estado, mas também para obedecê-lo. O Estado não é um absoluto, um poder divino, como era antes da vinda de Cristo. Cristo modificou o conceito de poder e o substitui com o serviço. Os nossos césares ou governantes de hoje entendem isso? O discípulo de Cristo pode aceitar o poder estatal em liberdade, sem o medo de cair no Estado-latria, ou seja no culto ao estado ou ao imperador. Só dará o seu tributo ao César quando tem consciência de que será um compromisso justo para a transformação da sociedade, quando tem consciência de que a sua colaboração com as leis, os votos e os impostos será construtiva, e quando essas leis emanadas do poder civil concordem e respeitem a Lei divina.

Quando é que um discípulo de Cristo deve dizer “não” ao poder estatal e fazer resistência? Quando a liberdade deve prevalecer sobre a obediência? Também o Novo Testamento responde: quando está em jogo a própria fé, isto é, quando o Estado se desvia dos planos de Deus e se erige de novo como absoluto, como era antes de Cristo, e não permite mais “dar a Deus o que é de Deus”. Não devemos dar o nosso voto para políticos vivedores, insolventes, corruptos, golfos com dinheiro dos nossos impostos, governantes prepotentes, totalitários, antidemocráticos, que criam um Estado absoluto. Não demos o nosso voto para governantes que emitem ou propõem leis em contra do bem comum, que atacam o matrimonio, a família, a vida, a liberdade de ensino, a propriedade privada, o homem e Deus. Esta situação se repete hoje, em alguns regimes políticos, onde a Igreja é forçada a guardar silêncio e o cristão não pode – não deve- com toda a sua lealdade dizer um “sim” incondicional a tal Estado. O cristão se encontra num verdadeiro estado de perseguição. E às vezes até em situação de martírio.

domingo, 1 de outubro de 2017

Desaba parte do teto da capela do Santo Sepulcro


Parte do teto de uma capela do Santo Sepulcro, onde está o túmulo de Jesus, desabou e felizmente não causou nenhum ferimento nos fiéis que tinham terminado de fazer as suas orações.

O incidente ocorreu no dia 22 de setembro à tarde, na pequena capela usada pelos cristãos etíopes, a qual pode ser acessada do lado de fora.

“Parece que o teto desabou devido às obras que estão sendo realizadas no exterior”, disse à agência Efe o Pe. Samuel, da custódia armênia, que administra este importante templo da terra Santa, junto com a Igreja Grega Ortodoxa e com a Igreja Católica.

Semana Nacional da Vida aborda tema relacionado ao Ano Mariano


De 1º a 7 de outubro acontece a Semana Nacional da Vida, que nesta edição traz um tema em sintonia com o Ano Nacional Mariano, em razão do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, “Bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42).

De acordo com o presidente da Comissão para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Bosco Barbosa de Sousa, esta frase dita por Isabel a Maria serve para “nos orientar e dar muita importância àquele fruto que está no ventre das mães, que é o nascituro, que é a esperança, a vida que nasce, o dom de Deus”.

A Semana Nacional da Vida foi instituída em 2005 pela 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil e culmina no Dia do Nascituro, 8 de outubro, data escolhida pela proximidade com a festa de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro.

O objetivo é propor à sociedade o debate sobre os cuidados, proteção e a dignidade da vida humana, em todas as suas fases, desde a concepção até o seu fim natural.

Abusos Litúrgicos


“Parece-me que não havia coisa mais desagradável do que ver a diversidade das cerimônias com que se celebravam a Missa. Uns começavam o santo sacrifício pelo Pater noster; outros, enquanto se revestiam da casula, recitavam o Introibo. Lembro-me de que, um dia, estando em Saint-Germain-en-Laye, notei que sete ou oito padres celebravam a Missa de modo diferente: um fazia de um modo, outro de modo diverso; era uma variedade que provocava lágrimas”.

Assim descrevia São Vicente de Paulo (1581-1660) os abusos litúrgicos de sua época, que ele procurou corrigir. Estamos nos séculos XVI e XVII, portanto, depois da reforma litúrgica feita por São Pio V, em cumprimento do estabelecido pelo Concílio de Trento.

Nesse tempo, explica o livro da vida de São Vicente, também em consequência das guerras de religião demorou a entrar em prática a disciplina eclesiástica estabelecida pelo Concílio Tridentino. “O relaxamento do clero era deplorável... praticavam mal as cerimônias dos sacramentos... muitos padres não usavam batina, nem hábito eclesiástico para celebrar a Missa, e ministravam os sacramentos em traje secular”.

São Paulo apóstolo (1 Cor 11) invectivava contra os abusos litúrgicos que já havia entre os primeiros cristãos. Portanto, não são exclusividade da nossa época. Mas a fé e o respeito devidos à Eucaristia nos impelem a não nos conformarmos com esses desmandos.

sábado, 30 de setembro de 2017

Parlamentares saem em defesa de crianças erotizadas em exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM)


Um desrespeito sem precedentes. Onde estão as feministas, os defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente? Uma criança do sexo feminino de aparentes cinco anos conduzida por uma adulta a tocar em um homem nu? Quer dizer que isso é normal e ainda desclassificar e ridicularizar quem se chocou com a cena?

Os cidadãos de bem não podem deixar passar em branco aberrações como esta que tendem a se multiplicarem na tentativa de normatizar práticas doentias e que a maioria da população considera como excrescência. Associação de pais, representantes do povo na política, Igreja e demais setores da sociedade não podem se calar diante de horrores como este protagonizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM.

A “performance La Bête” que chocou brasileiros de bem no Museu da Arte Moderna- MAM de São Paulo recebeu o rechaço de alguns parlamentares que saíram em defesa das crianças. Em um vídeo que circula na internet observa-se uma criança de pouco mais de cinco anos sendo conduzida por uma adulta a tocar no corpo nu de um homem, que segundo o museu estaria em uma “performance cultural”.

O deputado Flavinho classificou o ato como “asqueroso e criminoso”. “Mais uma vez estamos chocados com a audácia dos que querem destruir a inocência de nossas crianças. Eles são na verdade animais insanos que estão à solta, disfarçados de ‘artistas’, ‘intelectuais’, ‘cantores’, ‘jornalistas’, ‘médicos globais’ e ‘políticos’”!

Papa Francisco nomeia Cardeal Burke juiz do Tribunal da Assinatura Apostólica


Boletim de Imprensa da Santa Sé deste sábado, dia 30, apresentou a nomeação de cinco novos juízes para o Tribunal da Assinatura Apostólica, entre eles o cardeal Raymond Burke. Completam a lista Cardeal Agostino Vallini, Edoardo Menichelli e os Monsenhores  Frans Daneels e Johannes Willibrordus Maria Hendriks.

Burke fora presidente do Tribunal de 2008 a 2014, donde saiu para assumir a  Ordem Soberana Militar de Malta. Para o Vaticanista Andrea Tornieli, em artigo ao jornal Italiano La Stampa, “a nomeação do cardeal americano atesta a estima do Papa Francisco sobre a sua competência canônica, já demonstrada ao dar-lhe o trabalho incômodo de colecionar os depoimentos sobre a complexa questão das acusações de pedofilia em relação ao arcebispo de Guam Anthony Sabran Apuron”.

Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica (Supremum Tribunal Signaturae Apostolicae), além de exercer a função de Supremo Tribunal, provê à reta administração da justiça na Igreja. 

A mudança da práxis relativa à recepção da Sagrada Comunhão


Até o século XIX, os critérios para comungar eram doutrinalmente tão exigentes que, na prática, poucas pessoas comungavam.

Considerava-se que, para além de uma preparação que eu chamaria de negativa — o fiel não deveria ter consciência de nenhum pecado grave –, era necessária uma cuidadosa preparação positiva: jejum eucarístico desde a meia noite, asseio e modéstia pessoais muito mais salientados que o normal, oração fervorosa com a repetição de inúmeros atos de fé, esperança, ADORAÇÃO, humildade, caridade etc. No dia-a-dia, as pessoas comungavam raramente, somente depois de se confessarem e fora da Santa Missa.

Essa prática era tão consagrada, que Santa Teresa foi considerada suspeita de heresia porque desejava comungar todos os domingos.

A propósito, o Concílio de Trento deixou muito clara a distinção entre o rito da Santa Missa (com a comunhão do sacerdote) e o rito da Santa Comunhão dos fieis, para salvar a Igreja do erro protestante de se considerar a Missa como somente uma Ceia e, portanto, a Comunhão como o momento essencial da ação litúrgica (e não a consagração).

Os santos sempre sofreram com essa dificuldade em receber o Santíssimo Sacramento, a tal ponto que a própria Santa Teresinha do Menino Jesus chegou a dizer que, quando chegasse ao céu, a primeira coisa que pediria a Deus seria a “comunhão diária” para toda a Igreja.

De fato, ela morreu em 1897 e, em 1903, foi eleito o grande São Pio X, que, em 1905, escreveu o Decreto “Sacra Tridentina Synodos”, oferecendo a todos os fieis a possibilidade de comungarem diariamente.

Isso foi uma grande graça! Um tremendo prodígio!

Contudo, a recepção diária não servia para afrouxar as exigências de uma preparação negativa e positiva para comungar. Antes, era instrumento para difusão de maior santidade na Igreja.