Dom Angélico Sandalo e o ex-presidente Lula |
Na manhã deste sábado, 07, em cima de um carro de som localizado em frente ao sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o ex-presidente Lula participou de uma “celebração da Palavra” em homenagem à sua falecida esposa que hoje cumpriria 68 anos, que vem recebendo críticas de leigos e sacerdotes católicos por ter se convertido em um ato político e que não obedeceu às diretrizes litúrgicas da Igreja.
Antes do seu início, meios de imprensa no Brasil e Portugal noticiaram que o evento seria uma missa em memória à falecida primeira-dama, depois do qual Lula faria um discurso e se entregaria à Polícia quase 48 horas depois de um mandato de prisão contra ele ter sido expedido pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-jato. Moro deu ao ex-presidente um prazo para entregar-se à justiça até às 17h da sexta-feira, 06, em Curitiba (PR), mas Lula decidiu entregar-se hoje, sábado, de manhã, após o ato religioso.
A cerimônia foi presidida pelo Bispo Emérito de Blumenau, Dom Angélico Sandalo Bernardino, de 85 anos, um amigo de décadas do ex-presidente e que desde o início de seu episcopado deu apoio a Lula, ao Partido dos Trabalhadores e é considerado um dos mais altos representantes da Teologia da Libertação no Brasil, a mesma condenada seguidamente pelos Papas São João Paulo II, Bento XVI e o Papa Francisco.
Segundo o próprio Dom Angélico o ato ia ser uma missa, mas depois de refletirem junto aos organizadores, decidiu-se fazer uma celebração da Palavra. Dom Angélico, e demais sacerdotes presentes estavam paramentados de alva e estola. Entretanto, manifestações políticas por parte dos celebrantes de dos participantes, levaram à indignação de católicos nas redes sociais pelo evidente desrespeito que estes atos comportam às normas litúrgicas.
Segundo a Rádio Jovem Pan, “Dom Angélico Sândalo Bernardino deu início à celebração e saudou “o nosso querido irmão Lula e a nossa presidente Dilma”. Ele disse que o evento tem “outros motivos” e pediu por “um Brasil e um mundo onde todos possam viver como gente””.
Comentando o fato, o sacerdote da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Pe. Augusto Bezerra, que recentemente dedicou um escrito contra abusos litúrgicos, afirmou: “O que ficou evidente no cerimonial é que a Palavra de Deus pouco importava para os presentes. O microfone passando de mão em mão, entre sacerdotes da teologia da libertação e militantes petistas, foi usado para falar de lutas partidárias”.
“Ao fim da proclamação do Evangelho, mais uma vez o povo aclamava: “Não se entrega! Não se entrega”! O sacerdote pedia silêncio porque ele ia fazer o sermão, o que em outros momentos o reclamou diante da agitação da massa, mas pouco se importavam com o seu pedido e gritavam: “Lula livre! Lula Livre”!”, criticou Pe. Augusto.
Também causou estranheza que durante a celebração tenha sido realizada a leitura, por parte do ex-ministro Gilberto Carvalho, de uma carta escrita pelo religioso Frei Betto na ocasião da morte de Marisa Leticia, amigo de Lula e Fidel Castro, conhecido ademais pelos seus livros em que elogia o comunismo. Este tipo de “homenagem” não está previsto em nenhum manual de liturgia consultado pela nossa redação nem corresponde às diretrizes litúrgicas aprovadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para celebração da Palavra sem a celebração da Eucaristia.