Esta frase faz
parte de um longo diálogo de Jesus com a multidão que assistira ao sinal da
multiplicação dos pães. Aquelas pessoas seguiam-No, mas talvez só porque
esperavam receber d’Ele mais alguma ajuda material. Começando pela necessidade
imediata de saciar a fome, Jesus orienta, pouco a pouco, o seu diálogo para
falar da sua missão: foi enviado pelo Pai para transmitir aos homens a
verdadeira vida, a vida eterna, isto é, a própria vida de Deus, que é Amor.
Quando caminhava pelas estradas da Palestina, Jesus tornava-se próximo de todos os que encontrava, não se esquivando das exigências de alimento, de água, de saúde, de perdão. Pelo contrário, partilhava sempre das necessidades de todos, dando esperança a cada um. Por isso, podia exigir um passo mais em frente, podia convidar aqueles que O escutavam a receber a vida que Ele oferece, a entrar na amizade com Ele, a confiar e a ter fé n’Ele.
Comentando precisamente esta frase do Evangelho, Chiara Lubich escreveu: «Jesus responde aqui às aspirações mais profundas do ser humano, que foi criado para a vida e a procura com todas as forças que tem. Mas o seu grande erro é procurá-la nas criaturas, nas coisas criadas, que, sendo limitadas e passageiras, não podem dar uma verdadeira resposta às aspirações do ser humano. (…) Jesus é o único que pode saciar a fome do homem. Só Ele pode dar-nos a vida que não morre, porque Ele é a Vida» (1).
«Em
verdade, em verdade vos digo:
aquele que crê tem a vida eterna».
A fé cristã é,
acima de tudo, o fruto de um encontro pessoal com Deus, com Jesus, que nada
mais deseja do que tornar-nos participantes da sua própria vida.
A fé em Jesus consiste em aderir ao seu exemplo e não viver fechados sobre nós próprios, sobre os nossos medos, sobre os nossos programas limitados. Mas, pelo contrário, orientar a nossa atenção para as necessidades dos outros: necessidades concretas como a pobreza, a doença, a marginalização, e muito especialmente a necessidade de atenção, de partilha, de acolhimento.
Desta maneira, poderemos comunicar aos outros, com a nossa vida, aquele amor que recebemos como uma dádiva de Deus. E, para nos dar forças no nosso caminhar, Ele deixou-nos também o grande tesouro da Eucaristia, sinal de um amor que se oferece a si mesmo para que o outro possa viver.
«Em
verdade, em verdade vos digo:
aquele que crê tem a vida eterna».
Quantas vezes,
durante o dia, temos de confiar nas pessoas que nos rodeiam: na professora que
ensina os nossos filhos, no taxista que nos leva para onde queremos ir, no
médico que nos deve tratar… Não se pode viver sem confiança, que se consolida
com o conhecimento, com a amizade, com o relacionamento que se aprofunda com o
tempo.
Então, como vamos viver a Palavra de Vida deste mês?
Então, como vamos viver a Palavra de Vida deste mês?
Na continuação
do seu comentário, Chiara convida-nos a reavivar a nossa escolha e a nossa
adesão total a Jesus: «(…) E sabemos já qual é o caminho para chegar lá: (…)
pôr em prática, com um cuidado especial, aquelas suas palavras que as diversas
circunstâncias da vida nos lembram. Por exemplo: encontramos um próximo?
“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (cf. Mt 22, 39). Estamos a sofrer? “Se
alguém quiser vir comigo, (…) tome a sua cruz” (cf. Mt 16, 24), etc. (…) Então
as palavras de Jesus iluminar-se-ão e Jesus entrará em nós com a Sua verdade, a
sua força e o seu amor. A nossa vida será cada vez mais vivida com Ele, faremos
tudo juntamente com Ele. E até a morte física, que nos espera, deixará de nos
assustar, porque, com Jesus, já teve início em nós a verdadeira vida, a vida
que não morre» (2).
Letizia Magri
________________________________
1) C. Lubich, La
vera vita, Città Nuova, 35 [1991], 14, p. 32; 2) ibid., p. 33.
___________________________________________
Movimento dos Focolares Portugal
Nenhum comentário:
Postar um comentário