quarta-feira, 1 de agosto de 2018

A cultura indígena é prejudicada pela evangelização? Sabe de nada, inocente!


A partir da canonização de São José de Anchieta, veio mais uma vez à tona a discussão sobre os possíveis danos à cultura indígena provocados pela evangelização. Os defensores dessa tese cultivam a ideia romântica de que os índios seriam uma espécie de “povo intocável”, que não pode entrar em contato com outras culturas e nem ser influenciado por elas, para não se corromper.

Deem só uma olhada no nível dos twits sobre o tema:


Como piada esses comentários até que são úteis (confesso que ri do “espirro tuberculoso”), mas a pretensão de conhecimento de causa desse povinho faz tudo isso ser digno de lástima, assim como a matéria infame que saiu na “Carta Capital”. Eita mainha, quanta opinião ordináaaaaaria!

Ora, as interações culturais entre os povos são comuns em toda a parte. Nessa dinâmica, são absorvidas coisas boas e ruins, mas nenhum povo jamais achou bacana fechar-se numa bolha, de modo a isolar-se do resto do mundo para manter seus costumes eternamente imutáveis. Porém, o mito do bom selvagem, que ganhou força com Rousseau, difundiu entre os ocidentais a ideia de que os índios são ingênuos, puros e vivem em perfeita harmonia, e o contato com a civilização só pode lhes degenerar.

Basta um leve esforço de estudo para descobrir que a história é bem diferente. Canibalismo e guerras entre tribos eram muito comuns, já bem antes de os homens brancos chegarem por essas bandas (Hans Staden que o diga). E muitos índios resolveram abandonar a vida nas aldeias e adotar nomes de brancos, por livre e espontânea vontade, como descreve muito bem o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (saiba mais aqui).


Na verdade, nem precisa estudar história para saber que muitos índios desejam absorver a cultura dos brancos; é só olhar as notícias nos jornais. Cada vez mais indígenas cursam escolas e faculdades, têm acesso à internet, buscam assistência médica, jogam futebol, são usuários de telefonia celular e desejam morar em casas com TV e água quente no chuveiro. Ironicamente, quem zela por manter o povo indígena eternamente dependente do cuidado dos brancos e petrificado no tempo das cavernas são os brancos, não os índios.

Nos Estados Unidos, a coisa é bem diferente. Os índios mantêm muitos dos costumes de seus ancestrais, mas estão perfeitamente integrados à sociedade americana. Não são coitadinhos, não precisam que o Estado lhes sirva de babá nem que representantes de ONGs lhes prestem favores ou briguem pro seus direitos. Eles são independentes e, a seu modo, bem-sucedidos (saiba mais aqui).

“Esta ideia de que o guarani tem que ser o mesmo guarani de 1500 é absurda, na medida em que a gente pensa que a gente também não é igual aos nossos avós. Então porque esperar que os guaranis sejam iguais e seus antepassados?” - Letícia Bauer. Diretora do Museu das Missões (São Miguel das Missões-RS)


Voltando à questão histórica. A colonização das Américas e, portanto, o intenso contato entre índios e brancos era inevitável. A cultura indígena sofreria influências dos brancos e também os influenciaria, com ou sem a ação dos jesuítas. Porém, sem os jesuítas, o número de índios mortos e escravizados teria sido imensamente superior.

Os bandeirantes, inicialmente, acharam vantagem em atacar as missões, onde os índios se encontravam reunidos e pacificados. Mas os padres reagiram, não só conseguindo que Portugal reafirmasse com maior vigor a proibição da escravização de índios, como também metendo bala em sujeito folgado. Em 1638, o Padre Montoya foi a Madri, onde conseguiu a autorização do rei para que os índios se defendessem com armas de fogo. E, nas guerras guaraníticas, os jesuítas pegaram em armas para defender os índios contra o poder colonial português e espanhol, provando com sangue seu amor pelo povo indígena (duvido que você tenha aprendido isso na escola).

“O Brasil dos jesuítas era um Brasil onde os indígenas tinham um poder muito grande em comparação com o poder que têm hoje. Onde o idioma dos índios era falado pelas pessoas no cotidiano". - Edgar Leite Castro, professor de história da Uerj

Mas, bem pior do que os não-católicos desinformados acusando a Igreja de destruir a cultura indígena, são os próprios católicos apoiando a ideia herética de que os índios são tão perfeitos que não precisam ser evangelizados. Entretanto, a palavra de Cristo não poderia ser mais clara: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19). TODAS AS NAÇÕES, certo? Isso não parece deixar de lado as nações indígenas.

terça-feira, 31 de julho de 2018

De "gay" a fundador de uma comunidade de vida religiosa


Querida Igreja Católica, como um ex-homossexual que voltou para vós à procura de Deus, gostaria que soubésseis que não, vós não me deveis nenhum pedido de desculpas. Nunca, em nenhum momento, ao longos dos meus 43 anos levando um estilo de vida homossexual, eu me senti marginalizado pela Igreja. A Igreja nunca me abandonou. Jamais me senti como tivesse sido desamparado. Fui eu que me desamparei a mim mesmo. Nem por uma vez sequer eu me senti rejeitado pela Igreja, como se não tivesse lugar nela. Vossas portas sempre estiveram abertas para mim. Fui eu quem as atravessei e fui embora.

Vós tendes de saber que não houve um só dia, ao longo dos meus 43 anos, em que eu não reconhecesse o quão ofensivo a Deus era o meu comportamento. Olhando para trás, posso dizer honestamente que o obstáculo entre Deus e eu, posto por mim mesmo, constituiu um dos meus maiores sofrimentos. O que me manteve afastado da Igreja foi a minha estupidez e o meu sentimento de culpa. Vós me destes a verdade e eu a rejeitei.

Como isso pôde ter acontecido? Muito simples. Eu usava desculpas. Insistia em que não detinha nenhum autocontrole sobre o meu pecado. Entrei numa mentalidade de que talvez, por acaso, um Deus de Amor estivesse bem com tudo o que eu fazia. Qualquer que fosse a verdadeira razão para isto, achei muito mais fácil ocultar toda a minha culpa no recanto mais escondido da minha consciência. E, então, durante 43 anos, todo aquele pecado e toda aquela culpa permaneceram empoeirados e sem arrependimento algum.

Obrigado por me dar a coragem de proclamar o que me tendes ensinado há tanto tempo. Vós não me deveis nada. Sou eu que vos devo tudo.

Vós não me deveis nenhum pedido de desculpas. Fui eu quem ofendi a Deus, a Sua Igreja e os Seus ensinamentos. Fizestes a vossa parte. Proclamastes a verdade na caridade, mas eu ignorei-a. Eu tenho e assumo a total responsabilidade por meus caminhos pecaminosos. Fui eu quem rejeitei as muitas cruzes que o Senhor me deu. Fui eu quem enfrentei meus demónios. Fui eu quem rejeitei a salvação que vós me oferecestes.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

O inferno não é incompatível com o amor de Deus?


Não é incompatível porque Deus nos dá o poder de escolher, poder este essencial para a habilidade de amar. Escolher Deus implica em Céu; rejeitá-Lo implica em Inferno. Por quê? Porque Deus é a fonte de toda bondade, vida e felicidade. Se você se afasta Dele, estará se afastando destas coisas também.

Que espécie de Céu seria esse se Deus forçasse aqueles que não O amam a passar toda a eternidade com Ele? Isto seria amor? [Para os que O rejeitaram] isto seria menos tormentoso do que o Inferno?

domingo, 29 de julho de 2018

Por que os católicos costumam usar a cruz no peito?


Jesus morreu crucificado, e sua cruz, juntamente com seu sofrimento, seu sangue e sua morte, foram o instrumento de salvação para todos nós. A Cruz não é uma vergonha, mas um símbolo de glória, primeiro para Cristo e depois para os Cristãos. Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos? (1 Cor 1, 23). Jesus nunca diminuiu o escândalo da cruz, mas sim nos mostrou que sua crucificação ocultava um profundo mistério de vida nova.

Ademais, pelo sangue derramado na cruz, Deus reconciliou todos os homens? (Col 1,20) e suprimiu as antigas divisões entre os povos, causadas pelo pecado (Ef 2,14-18). Com efeito, Cristo morreu por todos (1 Ts 5,10) quando nós ainda éramos pecadores (Rm 5,6), dando-nos assim a prova suprema de amor (Jo 15,13) ( 1 Jo 4,10). Morrendo por nossos pecados (1 Cor 15,3) (1 Pd 3,18) reconciliou-nos com Deus por sua morte (Rm 5,10), de modo que já podemos receber a herança prometida (Hb 9,15).

A cruz de Cristo segundo o apóstolo Paulo, vem a ser o coração do Cristão. Por sua fé no Crucificado, o Cristão foi crucificado com Cristo no batismo e ademais morreu para a lei do Antigo Testamento para viver com Deus. Por minha parte, seguindo a lei, cheguei a ser morto para a lei a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo, e agora não vivo eu, senão Cristo que vive em mim? (Gl 2,19-20). Assim o Cristão põe sua confiança na única força de Cristo, pois do contrário, se mostraria inimigo da cruz?. Porque muitos vivem como inimigo da cruz de Cristo? (Fl 3,18).

Na vida cotidiana do Cristão, ?o homem velho é crucificado? (Rm 6,6) a tal ponto que fique plenamente livre do pecado. O cristão diariamente assumirá a sabedoria da cruz, se converterá, a exemplo de Jesus, em humilde e ?obediente até a morte e morte de cruz?.

sábado, 28 de julho de 2018

A Igreja Zumbi


Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. (Lv 19,2)

A Santa Igreja Católica ensina que através do Sacramento do Batismo, somos ingressados na vida sobrenatural da Fé, e consequentemente na comunidade dos Santos, a Igreja de Deus (cf. CIC 1236). Com efeito, foi o próprio Cristo que nos ensinou: Quem não nascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).

Porém, através do pecado somos afastados da vida de Graça, desta vida sobrenatural da Fé. E por esta mesma razão, Nosso Senhor instituiu o Sacramento da Reconciliação, para que através dele possamos voltar à comunidade dos Santos de Deus: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20,22-23).

Quantos católicos realmente se reconciliam com Deus através do Sacramento da Reconciliação? Infelizmente é notório notar que a grande maioria não. Se estão mortos para a vida sobrenatural da Fé, não passam de mortos que acreditam estar vivos.

O Sacramento da Reconciliação

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1446 ensina que: “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. E a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça”.

Como dissemos, é através dele que nós pecadores voltamos à vida de Graça no seio do redil do Senhor, que é a Igreja. A Santa Igreja com maternal amor nos lembra de que “Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. ‘Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero.” Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado’” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 982).

sexta-feira, 27 de julho de 2018

21 Razões pelas Quais Deus não Escuta as nossas Orações


Ainda que Deus seja um Pai amoroso e a sua misericórdia ultrapasse os nossos pecados (Salmo 86,15), e ainda Jesus nos diga: “Peçam e vos será dado; procurem e achareis; batam à porta e vos será aberta. Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e para quem chama, lhe é aberta a porta” (Mateus 7,7,8), da mesma forma, o Pe. Juan del Rizzo, famoso por sua Devoção ao Divino Menino, acertadamente diz que devemos “pedir milagres, ainda que não sejamos santos, pois o que faz obter milagres não é a santidade mas a fé”. E isto é verdade, pois o primeiro elemento da oração é a fé. No entanto, ocorre muitas vezes no Povo de Deus aquilo que costumamos ouvir: “Eu tenho muita fé, mas Deus não me escuta”. Ora, se há fé, por que não somos ouvidos? Simplesmente porque fé se traduz em obediência (cf. Mateus 7,21; Tiago 2,24). A Bíblia menciona pelo menos 21 casos em que o Senhor não responde à oração:

1) Se em nossa oração pedimos mal ou há razões pessoais ou egoísticas: “Se pedem algo, não o conseguem porque pedem mal; e não o conseguem porque o fazem para diversão” (Tiago 4,3). Muitas pessoas pedem coisas más: o amante pede “a morte do cônjuge do seu amante; o estuprador quer encontrar uma vítima; o delinquente deseja não ser descoberto”. Deus JAMAIS responderá a isso, porque Ele dá o melhor: “Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai Celeste dará espírito santo aos que o pedem” (Lucas 11,13).

2) Porque não chegou o momento certo: Abraão teve que aguardar 40 anos para receber a promessa que Deus lhe tinha dado (cf. Gênesis 18,14). “Pois para cada coisa há um tempo e um critério” (Eclesiastes 8,6).

3) Quando oramos sem fé: “Deve-se pedir com fé, sem vacilo, porque aquele que vacila se parece com as ondas do mar, que estão a mercê do vento. Essas pessoas não podem esperar nada do Senhor; são pessoas divididas e serão instáveis por toda a sua existência” (Tiago 1,6-8).

4) Se quando pedimos em oração, guardamos maldade no coração: “Se tivesse visto maldade no meu coração, o Senhor não teria me ouvido” (Salmo 66,18).

5) Porque mesmo orando, permanecemos no pecado: “Vossos pecados cavaram um abismo entre vós e vosso Deus. Vossos pecados fizeram com que Ele voltasse a Face para não vos atender” (Isaías 59,2); “É sabido que Deus não escuta os pecadores; mas aquele que honra a Deus e cumpre a sua vontade, Deus o escuta” (João 9,31).

6) A oração é feita por aqueles que não obedecem ou negam a Lei de Deus: “Aquele que se negar a ouvir a Lei, até a sua oração indispõe a Deus” (Provérbios 28,9); “Porém, eles não quiseram que eu lhes falasse; viraram as costas para mim e tapavam os ouvidos para não me escutar; e endureceram o coração como diamante. Rejeitaram a Lei e as mensagens que Javé dos Exércitos lhes enviava através dos antigos profetas, aos quais inspirava. Javé ficou irritado com isso e lhes disse: ‘Se vós não O atendeis quando vos chama, também gritareis sem que Ele vos venha a ouvir'” (Zacarias 7,11-13).

7) Se ao orarmos, servimos indignamente a Deus: “Olhai isto! Me apresentais alimentos impuros sobre o meu altar! Certamente me replicareis: ‘Em que profanamos?’. Profanastes quando pensastes que a mesa de Javé não merece respeito; quando trazeis um animal cego para sacrificar, ou quando me apresentais um [animal] coxo ou doente. Crês que agís bem? Levai tudo isso ao governador e vede se ele se alegra ou se vos recebe bem – diz o Senhor dos Exércitos. É assim que pedís favores a Deus. Crês ainda que Ele vos atenderá?” (Malaquias 1,7-9).

8) A oração provém de quem se afastou de Deus: “Isto diz Javé em relação ao povo: ‘Como eles gostam de correr de cá para lá! Não param momento nenhum! Javé não vos quer, pois se recorda agora dos vossos crimes e dos castigos que mereceis’. E Javé acrescentou: ‘Não rogueis pela felicidade desse povo. Ainda que jejuem, não ouvirei sua súplica; ainda que me apresentem sacrifícios e oferendas, não aceitarei. Pelo contrário: preparo-me para acabar com eles pela espada, pela fome e pela peste'” (Jeremias 14,10-12).

9) A oração provém de quem faz ouvidos surdos ao clamor dos pobres e sofredores: “Quem presta ouvidos surdos ao aflito, quando chamar não lhe responderão” (Provérbios 21,13).

10) A oração provém de quem é agressivo, assassino, mentiroso e caluniador: “Quando rezam com as mãos extendidas, Eu afasto meus olhos para não vê-los. Ainda que multipliquem suas orações, não as ouvirei, porque vejo sangue em suas mãos” (Isaías 1,15). “Vossos pecados cavaram um abismo entre vós e vosso Deus. Vossos pecados fizeram com que Ele voltasse a Face para não vos atender” (Isaías 59,2-3).

quinta-feira, 26 de julho de 2018

CNBB e Comissões Pastorais se unem em Mensagem Contra o Aborto


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família
Comissão Nacional da Pastoral Familiar - CNPF

ABORTO E DEMOCRACIA

Um perigo eminente

Nos últimos anos, apresentaram-se diversas iniciativas que visavam à legalização do aborto no ordenamento jurídico brasileiro.

Em todas essas ocasiões, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fiel à sua missão evangelizadora, reiterou a “sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, condenando, “assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil” (CNBB, Nota Pela vida, contra o aborto, 11 de abril de 2017).

Unindo sua voz à sensibilidade do povo brasileiro, maciçamente contrário a qualquer forma de legalização do aborto, a Igreja sempre assegurou que “o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas”, lembrando que “urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil” (Ibidem).

As propostas de legalização do aborto sempre foram debatidas democraticamente no parlamento brasileiro e, após ampla discussão social, sempre foram firmemente rechaçadas pela população e por seus representantes.

A desaprovação ao aborto, no Brasil, não parou de crescer nos últimos anos, mas, não obstante isso, assistimos atualmente uma tentativa de legalização do aborto que burla todas as regras da democracia: quer-se mudar a lei mediante o poder judiciário.

A ADPF 442

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 442, solicita ao Supremo Tribunal Federal – STF a supressão dos artigos 124 a 126 do Código Penal, que tipificam o crime de aborto, alegando a sua inconstitucionalidade. O argumento, em si, é absurdo, pois se trata de uma lei federal de 1940, cuja constitucionalidade jamais foi questionada.

O STF convocou uma audiência pública para a discussão do tema, a realizar-se nos dias 3 e 6 de agosto de 2018. A maior parte dos expositores representa grupos ligados à defesa da legalização do aborto.

A rigor, o STF não poderia dar andamento à ADPF, pois não existe nenhuma controvérsia em seu entendimento. Em outras palavras, em si, a ADPF 442 transcende o problema concreto do aborto e ameaça os alicerces da democracia brasileira, que reserva a cada um dos poderes da República uma competência muito bem delineada, cujo equilíbrio é uma garantia contra qualquer espécie de deterioração que degenerasse em algum tipo de ditadura de um poder sobre os outros.

O momento exige atenção de todas as pessoas que defendem a vida humana. O poder legislativo precisa posicionar-se inequivocamente, solicitando de modo firme a garantia de suas prerrogativas constitucionais. Todos os debates legislativos precisam ser realizados no parlamento, lugar da consolidação de direitos e espaço em que o próprio povo, através dos seus representantes, outorga leis a si mesmo, assegurando a sua liberdade enquanto nação soberana. Ao poder judiciário cabe fazer-se cumprir as leis, ao poder legislativo, emaná-las.

De novo, o aborto!


Com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) apresentou ao Supremo Tribunal Federal novo pedido de mudança no Código Penal, pela qual querem garantir às mulheres o direito de interromper a gestação, e dos profissionais de saúde de realizar o procedimento, ou seja, fazer aborto, nas 12 primeiras semanas de gravidez. Será que não estão pretendendo com isso obter a legalização do aborto, o que não conseguiram no Congresso Nacional, o único com poder de legislar? E dado que a Constituição (artigos 1º e 2º) estabelece que o Brasil se constitui em Estado Democrático de Direito, fundamentado na harmonia e independência dos Poderes, discute-se se essa Arguição e possível sanção do STF, cuja competência é a guarda da Constituição, não seria a invasão, por parte da Suprema Corte, da competência dos outros Poderes, em especial o Legislativo. Só uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo, tem o poder legal de modificar a Constituição nos seus preceitos fundamentais. 

A Constituição Federal, promulgada “sob a proteção de Deus”, já estabelece a inviolabilidade do direito à vida, no artigo 5º, no Título II que trata “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, cláusula pétrea, portanto. E como a nossa Carta Magna estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, o nascituro tem direito à tutela jurídica na sua vida. E quando a lei é clara, como é nesse caso, não há lugar para interpretações.

O direito inviolável à vida é o principal direito em qualquer ordenamento jurídico. Nada há a se garantir anteriormente a este, pela própria impossibilidade de qualquer consequência de usufruição de qualquer outro direito. Portanto, o direito inalienável à vida é o primaz o qual gera diversas outras garantias. Uma garantia fundamental, como o direito à vida, não pode jamais ficar desprotegida e ser discutida.