quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Centenas de argentinos fazem renúncia coletiva ao catolicismo



Quase duas semanas depois da rejeição da legalização do aborto pelo Senado argentino, centenas de cidadãos participaram de uma apostasia coletiva no último fim de semana em Buenos Aires. O objetivo dos manifestantes era não apenas recusar o catolicismo, mas também fazer um apelo em favor do Estado laico, contrariamente ao que prevê a Constituição do país.

"Você preenche esse formulário, coloca uma foto de sua carteira de identidade, outra de seu ato de batismo, e nos responsabilizaremos pelo resto." Na esquina das avenidas Callao e Corrientes, no coração da capital argentina, César Rosenstein dá as instruções aos futuros apóstatas.

Este membro da Coalizão Argentina por um Estado Laico (Cael) não esperava tanto sucesso na mobilização. "Faz dez anos que lutamos pela separação da Igreja e do Estado. Mas é a primeira vez que eu vejo tantas pessoas prontas a renunciar coletivamente à fé católica", diz.

O princípio é simples: com alguns documentos à mão, cada um pode exigir sua exclusão da Igreja Católica. "Isso quer dizer concretamente que a Igreja não pode mais contar conosco como um de seus membros. E que, nos registros paroquiais, ao lado de nosso nome, aparecerá a menção 'apóstata'. Mesmo se nós preferimos que nosso nome fosse simplesmente apagado desses registros", reitera Rosenstein. 

“É impossível obter dados precisos”, diz médico que expôs ao STF a fragilidade dos números pró-aborto



Durante sua exposição na audiência pública sobre o aborto, realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no início de agosto, o médico Raphael Câmara Medeiros Parente, explicou que, de fato, o aborto pode se tornar tema de saúde pública, mas isso ocorrerá porque sua possível legalização aumentaria o índice de mortalidade materna. Para ele, que é especialista em Gestão em Saúde, mestre em Saúde Pública e doutor em Ginecologia, além de médico ginecologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a redução no número dessas mortes depende principalmente da melhora de condições dos hospitais públicos no país, que há anos estão sucateados. Sua fundamentação está baseada em números divulgados pelo DataSUS, o departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, e em pesquisas, conforme pode ser visto na entrevista abaixo e no vídeo da audiência:

Sempre Família:  Um número que é bastante usado na defesa da legalização do aborto, é o de que no Brasil são feitos entre 500 mil e 1 milhão de abortos por ano. Qual a origem desses números?

Raphael Câmara: Esses números vêm do estudo da Revista Reprodução e Climatério, que foi baseado em estudo prévio de 1994, da ONG defensora da liberação do aborto, Guttmacher Institute. O que eles fazem nesse estudo é multiplicar o número de abortos por cinco ou seis para fazer uma estimativa. Como no Brasil o número que consta no DataSUS é de quase 200 mil, quando fazem essa multiplicação vem o número de 1 milhão. Já o outro dado, que é de 500 mil, sai de um estudo de 2016, da antropóloga Débora Diniz, feito com 2 mil mulheres e que mostra que de cada cinco, uma abortou. Então eles fazem uma multiplicação e resulta em algo em torno de 503 mil abortos.

SF: Os números que comumente são usados para apresentar a quantidade de abortos no país, não se referem somente ao ilegal, como você explicou na audiência pública. Pode nos explicar a que tipos de aborto se referem e porque é um equívoco usá-los para essa questão?

Raphael Câmara: O que acontece é que os números oficiais, do DataSUS, englobam todos os tipos de aborto: aquele que é natural, o que está previsto na lei, o ilegal, o de gravidez ectópica, etc. Não é possível saber quantos são ilegais, justamente pela ilegalidade do ato. E sendo ilegal a paciente comumente não relata que foi provocado o aborto. É por causa disso que não se pode dar crédito aos números usados pela Revista Reprodução e Climatério. Ao fazerem aquela multiplicação estão apenas chutando. 

Conflito de interesse ideológico



No momento polarizado ideologicamente em que o mundo se encontra, não é de causar espanto que isso também se reflita no mundo científico. As pessoas tendem a se preocupar somente com situações que envolvam aspectos econômicos, tais como: financiamentos de laboratórios ou trabalho para algum ente interessado. Mas existem outros importantes aspectos que também podem influenciar, dentre esses, o ideológico.

Conflito de interesse, de acordo com a definição clássica de Thompson, é um conjunto de condições nas quais o julgamento de um profissional a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado indevidamente por um interesse secundário. Dependendo da área temática, talvez esse seja um problema maior do que o conflito econômico. Esta questão é aflorada em pesquisas que chamam interesse da mídia, tais como: agrotóxicos (como imaginar alimentar sete bilhões de pessoas sem eles?), mudanças climáticas, violência (estudos que relatam um suposto genocídio de pretos jovens e pobres sem nem sequer citarem que o mesmo estrato também é o que mais comete crimes violentos), dentre muitos outros.

Seria inimaginável uma revista científica conceituada aceitar para publicação um estudo que não mostre os motivos óbvios para estes achados, salvo haja um “afrouxamento” no rigor da submissão pelo conflito ideológico favorável de revisores e editores. Por outro lado, é muito mais difícil ter aceito um trabalho se ele for contra o viés ideológico dos editores por melhor que seja o trabalho. Como sou médico ginecologista-obstetra, conheço bastante os problemas ideológicos envolvidos em pesquisas relacionadas ao aborto e à via de parto.

É notória uma dominância de pensamento de esquerda e progressista nas universidades públicas brasileiras. E estou absolutamente convicto de que este pensamento muitas vezes afeta todas as etapas das pesquisas que envolvam estes temas. E é importante que encontremos formas de mitigar este problema. 

O que Guilherme Boulos pensa sobre religião, aborto e casamento gay?



O paulistano Guilherme Boulos, professor e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), é o pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) para disputar a presidência da República nas eleições de 2018. Ele vai concorrer à vaga tendo como vice de sua chapa a líder indígena, enfermeira e professora maranhense Sônia Guajajara, de 44 anos.

Aos 35 anos, Boulos será o candidato à presidência mais jovem da história do Brasil. Ele é casado com a também ativista Natalia Szermeta, tem duas filhas, é formado em Filosofia e tem mestrado em Psiquiatria. Ele é recém-filiado ao PSOL, o que despertou críticas e resistências dentro do partido com a sua escolha para a disputa. Apesar disso, é um dos líderes da esquerda mais querido pelo ex-presidente Lula, o que tornou-se explícito no discurso que o petista fez antes de sua prisão, no dia 07 de abril.

Lula, que em março havia gravado um vídeo em apoio a Boulos, o chamou de “companheiro da mais alta qualidade”. “Vocês têm que levar em conta a seriedade desse menino”, disse. “Eu digo ‘menino’ porque ele só tem 35 anos de idade, e, quando eu fiz a greve de 78, eu tinha 33 anos e consegui, através da greve, chegar a criar um partido e virar presidente. Você tem futuro, meu irmão, é só não desistir nunca”.

Em mais uma matéria de nossa série sobre os pré-candidatos à presidência nestas eleições, entenda como Boulos vê questões como aborto, drogas e casamento gay. 

terça-feira, 21 de agosto de 2018

O que o Cabo Daciolo pensa sobre religião, aborto e casamento gay?



Se os debates presidenciais tivessem uma premiação de Candidato Revelação, o debate do último dia 9 na Band certamente daria o troféu ao Cabo Daciolo. Candidato do Patriota (ex-PEN) à presidência, o bombeiro e pastor de 42 anos passou do quase anonimato à estrela da internet de uma hora para a outra. Não passou despercebido para ninguém que Daciolo se alinha com religiosos e conservadores, mas qual é de fato a posição do deputado federal sobre temas de religião, moral e comportamento?

Nascido em Florianópolis, mas criado no Rio de Janeiro, Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos é formado em Turismo, mas fez carreira como bombeiro. Entrou na política em 2014, pelo PSOL – segundo ele, Deus mesmo pediu que entrasse no partido, porque “as pessoas que precisam ouvir a Palavra não são os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos”, como contou a Madeleine Lackso, da Gazeta do Povo. Eleito deputado federal, apresentou 56 projetos de lei – a maioria ligada a direitos dos militares –, mas nenhum foi aprovado.

Expulso do partido em 2015 ao propor uma emenda à constituição que trocasse a frase “todo poder emana do povo” para “todo poder emana de Deus”, Daciolo se filiou ao PTdoB (atual Avante) e depois seguiu os passos de Jair Bolsonaro e foi para o Patriota. O capitão saiu da sigla antes mesmo de entrar nela oficialmente, mas o cabo permaneceu por lá e acabou assumindo a vaga de candidato à presidência, acompanhado da vice Suelene Balduino, uma professora de ensino fundamental do Distrito Federal.

Daciolo, porém, não é exatamente uma cópia de Bolsonaro. No fim de junho, por exemplo, esteve nos Estados Unidos para conversar com o cônsul-geral do Brasil em Houston sobre “a situação em que se encontram as nossas crianças brasileiras que, de forma ditatorial, foram separadas de seus pais”, referindo-se ao tratamento dado aos filhos de imigrantes ilegais.

“Para o Bolsonaro, bandido bom é bandido morto. Para mim, bandido bom é bandido lavado e remido no sangue do Senhor Jesus”, explicou à Época. Ele contou também em um vídeo publicado na segunda-feira (13/08) que apoia totalmente o Bolsa Família, diferentemente de seu rival do PSL. Daciolo também se distanciou da bancada evangélica desde o início de seu mandato. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Mensagem para o Dia Nacional dos Catequistas 2018: "Ser Catequista"


Queridos e queridas Catequistas!

Já nos avizinhamos do Dia do Catequista. Será no próximo 26 de agosto. Foi grande a sabedoria que inspirou a inserção deste dia nos quadros do mês vocacional. As palavras ‘voz’ e ‘vocação’ vem da mesma raiz latina. E é assim que a Igreja os reconhece, queridos e queridas Catequistas. São evangelizadores que respondem a um apelo que lhes ressoa desde dentro, desde o coração.

Enquanto escrevo estas linhas recordo-me do diálogo de Jesus com seus discípulos apresentado por Mateus, o evangelista com grande sensibilidade catequética. “Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: a colheita é grande...” (Mt 9,36). Em seguida eles foram enviados quais missionários das boas notícias da parte de Deus.

Sei que se recorda, amigo e amiga Catequista, daquela pessoa que, pela primeira vez, lhe dirigiu o convite para colaborar com o Senhor na Catequese. Até os detalhes lhe afloram à memória. Era a comunidade que precisava. Alguém lhe falou desde fora, mas provocou aquela voz que vem de dentro. Era como se o Senhor Jesus já estivesse a compadecer-se dos catequizandos e, então, estaria a confiá-los a Você. Pois bem, hoje deixe-se ‘olhar” por ele. Tente imaginar o próprio Senhor, com os olhos cheios de compaixão, a voltar sua face para eles, os catequizandos, e depois para Você. O que ele lhe diria? Escute-o. Deixe-o falar.

sábado, 18 de agosto de 2018

Por que cometemos sempre os mesmos pecados?


O encontro pessoal com Cristo ressuscitado provoca uma transformação em nosso interior. O amor de Deus é responsável pelo nascimento de homens e mulheres novos, gerados na água e no Espírito (cf. Jo 3,3-5). Nossas aspirações passam a ser de enveredar pelo caminho da santidade, procurar o arrependimento dos pecados, para não ofender o Senhor, que revelou o quanto nos ama.

A esperança renasce, uma força contagia e, principalmente, um novo conceito de si, a partir da dignidade de filho de Deus, abrange nossos corações. Porém, decorrido algum tempo, pode acontecer de voltarmos a cometer alguns pecados. Mesmo com luta e vigilância, acabamos por cair, vez ou outra, nos mesmos erros. São os chamados “pecados de estimação”.

O que acontece conosco?

Temos a consciência e a inspiração de não pecar, então, por que nos percebemos fracos diante de certos impulsos? A primeira coisa a entender é que o Senhor criou o homem todo no bem, para o bem e pelo bem. “E viu (Deus) que tudo era muito bom” (Gn 1,31). São Tomás de Aquino diz que “o homem, ao seguir qualquer desejo natural, tende à semelhança divina, pois todo bem naturalmente desejado é uma certa semelhança com a bondade divina”. Ainda citando São Tomás de Aquino, ele diz: “O pecado é desviar-se da reta apropriação de um bem”.

O que leva o ser humano a pecar sempre será o desejo de alcançar o bem que nele foi constituído. Pecamos quando usamos esses bens – dons e talentos depositados em nós por Deus de forma incorreta. Esse anseio pelo bem nunca será extirpado, e ainda que a forma de buscar alcançá-lo seja errada “o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1865). O dom nunca morrerá, mesmo que o estejamos usando para o pecado. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).

Se todas as nossas faculdades humanas foram criadas para o bem, mas, por nossa livre iniciativa ou porque aprendemos as coisas de forma pecaminosa, nós ainda não conseguimos nos livrar de uma prática ruim, significa que estamos lidando com um traço da nossa personalidade– criada para o bem; –porém, durante a história pessoal, foi habituado na forma de pecado e não de virtude.

Aí entra satanás, o autor do pecado com suas artimanhas. A tentação será maior em uma área do que em outra, pois o demônio conhece nossas fraquezas, ou melhor, conhece nossos traços e quer acabar com o que temos de melhor. Jesus, no deserto, foi tentado justamente em Sua mais sagrada particularidade, naquilo que só Ele é: “Se és Filho de Deus!” (Mt 4,3-6). De Jó, o demônio pediu contas de seu maior mérito: a fé (cf. Jó 1,21; 2,9-10).

Também nossa maior luta será nas maiores características do nosso ser, no que diz respeito ao núcleo íntimo de cada um. É por isso que voltamos à prática do pecado, pois foi afetado um traço da sacra individualidade do ser, está selado em nós e não há como lançar fora o que somos. Exemplo disso: uma grande habilidade de comunicar-se, em vez de ser usufruída para levar a Boa Nova pode estar sendo desenvolvida para a maledicência.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

EUA: Santa Sé manifesta «vergonha e dor» sobre relatório de abusos sexuais na Pensilvânia


O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou que “vergonha e dor” são as duas palavras que “expressam os sentimentos” sobre os “crimes horríveis” que revela o relatório sobre os abusos sexuais na Pensilvânia.

“As vítimas devem saber que o Papa está do lado deles. Aqueles que sofreram são sua prioridade, e a Igreja quer ouvi-los para erradicar este horror trágico que destrói as vidas dos inocentes”, escreveu Greg Burke num comunicado publicado esta quinta-feira.

O Papa Francisco, desenvolve, “compreende bem o quanto esses crimes podem abalar a fé e o entusiasmo dos crentes” e reitera o apelo para que se façam “todos os esforços” para criar um “ambiente seguro para menores e adultos vulneráveis ​​na Igreja e em toda a sociedade”.

“A Santa Sé condena inequivocamente o abuso sexual de menores. Os abusos descritos no relatório são criminosos e moralmente repreensíveis”, afirma o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Neste contexto, realça que os atos cometidos “foram traições de confiança que roubaram os sobreviventes de sua dignidade e fé”.

“A Igreja deve aprender lições difíceis de seu passado, e deve haver responsabilidade tanto para os que abusam quanto para aqueles que permitem que o abuso ocorra”, acrescenta.

A Santa Sé informa que trata com “grande seriedade” o trabalho do Grande Júri Investigador da Pensilvânia e o longo Relatório Provisório que produziu.

“Ao não encontrar quase nenhum caso após 2002, as conclusões do Grande Júri são consistentes com estudos anteriores que mostram que as reformas da Igreja Católica nos Estados Unidos reduziram drasticamente a incidência de abuso infantil do clero. A Santa Sé encoraja a continuada reforma e vigilância em todos os níveis da Igreja Católica, para ajudar a garantir a proteção de menores e adultos vulneráveis”, desenvolve o comunicado.

Neste âmbito, a Santa Sé reforça a “necessidade de cumprir a lei civil”, incluindo os requisitos obrigatórios de denúncia de abuso infantil.