quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Recente pesquisa volta a confirmar: brasileiros não querem descriminalizar o aborto


A maioria dos brasileiros continua sendo contrário à legalização do aborto no país, indicam dados de uma recente pesquisa divulgada nesta semana, segundo a qual 59% dos entrevistados não concordam em alterar a legislação atual sobre esta prática.

O levantamento foi feito pelo Instituto Datafolha e ouviu 8.433 pessoas de 313 municípios, nos dias 20 e 21 de agosto, e se deu dias após o Supremo Tribunal Federal realizar em 3 e 6 de agosto uma audiência pública sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442), que propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

De acordo com a pesquisa, cuja margem de erro é de dois pontos percentuais, as pessoas favoráveis à manutenção das atuais regras em relação ao aborto passou de 67% em 2015 para 59%.

Entretanto, este recuo não representa necessariamente aumento dos que são a favor da descriminalização do aborto, pois a taxa de brasileiros que acreditam que o aborto deveria ser legalizado em qualquer situação passou de 11%, em 2015, para 14%.

Estes dados vêm ao encontro de outras pesquisas anteriores sobre o aborto no Brasil, como os levantamentos dos Institutos Locomotiva de Pesquisa e Paraná Pesquisas, divulgadas em dezembro de 2017.

A pesquisa domiciliar do Instituto Locomotiva ouviu 1.600 pessoas em 12 regiões metropolitanas de 27 de outubro a 6 de novembro do ano passado, indicando que 62% dos brasileiros são contrários a que “as mulheres possam decidir por interromper a gravidez”.

Por sua vez, Paraná Pesquisas fez um levantamento online com 2.056 pessoas nos 26 estados brasileiros, entre 28 de novembro e 1º de dezembro. Os dados mostraram que 86,5% dos brasileiros são contrários à “legalização do aborto em qualquer situação”.

Além disso, em março de 2017, pesquisa Ipsos “sobre apoio ao direito à interrupção de gravidez”, revelou que o Brasil é o segundo país que mais rechaça o aborto, entre 24 que participaram do estudo.

De acordo com este levantamento, apenas 13% dos brasileiros apoiam o aborto quando a mulher desejar. A pesquisa sinalizou ainda que, no Brasil, 17% são totalmente contra o aborto, independente do cenário; e 21% afirmam que o aborto não deve ser realizado, exceto em casos em que a vida da mãe esteja em perigo.

Bispos argentinos aderem ao Papa Francisco em luta contra abusos na Igreja




A Comissão Permanente da Conferência episcopal Argentina (CEA) agradeceu ao Papa Francisco por sua “Carta ao Povo de Deus” e expressou sua adesão e compromisso na luta contra os abusos sexuais dentro da Igreja.

“Queremos agradecê-lo por sua recente ‘Carta ao Povo de Deu’ do último dia 20 de agosto, na qual com sentidas palavras expressa a dor e a vergonha de toda a Igreja e também suas próprias, pelo sofrimento causado a menores e adultos vulneráveis pelos abusos sexuais, de poder e de consciência cometidos por um notável número de clérigos e pessoas consagradas”, expressaram os bispos em uma carta dirigida ao Santo Padre.

Presidente dos bispos dos EUA promete ação depois de carta do Papa sobre abusos


O Arcebispo de Galveston-Houston e presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), Cardeal Daniel DiNardo, agradeceu ao Papa Francisco pela sua "Carta ao Povo de Deus" na qual condena os abusos sexuais cometidos durante sete décadas pelos sacerdotes neste país.

“Agradeço ao Santo Padre pela sua Carta ao Povo de Deus, em resposta à investigação do grande júri da Pensilvânia e outras revelações que surgiram”, disse o Cardeal DiNardo em um comunicado emitido pela USCCB.

"O simples fato de começar a carta com as palavras de São Paulo: ‘Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele’, mostra que escreve a todos nós como pastor, pastor que sabe quão profundamente o pecado destrói vidas", acrescentou.

Em sua carta, o Papa Francisco chamou a Igreja universal a "um exercício penitencial de oração e jejum".

Respondendo a esse apelo, o Cardeal DiNardo disse que as palavras do Santo Padre pareciam especialmente úteis e, por isso, "devem provocar a ação, especialmente dos bispos".

"Os bispos precisamos, e devemos fazer isto, praticar com toda humildade a oração e a penitência", assegurou.

Cardeal Parolin fala sobre o "horror" dos abusos

 
A Igreja está devastada pelos casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero, assinalou o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, em uma entrevista publicada em Vatican News.

"Acho que ficamos e ainda estamos profundamente chocados por este fenômeno que teve um efeito devastador até mesmo sobre o testemunho da Igreja”, assegurou.

O Cardeal deu a entrevista por ocasião da próxima viagem do Papa Francisco à Irlanda para participar do Encontro Mundial das Famílias em Dublin.

"O Papa sempre insistiu e continua insistindo sobre o fato de que o nosso primeiro dever, o nosso primeiro compromisso é o de estar ao lado das vítimas, ajudando-as no que for possível a ‘reconstruir’ suas vidas”, assinalou o Purpurado.

Do mesmo modo, destacou que “a Igreja na Irlanda reconheceu as suas faltas, os seus erros, os seus pecados e, ao mesmo tempo, tenha adotado medidas eficazes para prevenir estas atrocidades, estes horrores”; em alusão aos escândalos de abusos denunciados neste país e que foram condenados por Bento XVI em 2010.

Nesse sentido, diante das profundas feridas abertas por causa desses crimes, o Secretário de Estado sublinhou que acredita “que a viagem do Papa à Irlanda aconteça sob o sinal da esperança, esta capacidade de esperança, e principalmente de confiança, exatamente como eu chamava de poder libertador, transformador e salvador do amor de Deus que se sente nas famílias”.

Portanto, a visita do Pontífice à Irlanda “também é uma mensagem de abertura para com o futuro que esta fé, que sempre foi uma característica da Irlanda e da população irlandesa, saberá renascer nos corações e dar frutos de paz e felicidade”.

Argentina: Três igrejas foram profanadas com frases abortivas



Ao completar duas semanas do rechaço do projeto do aborto no Senado da Argentina, três templos católicos em Buenos Aires foram atacados com tinta vermelha e frases abortistas.

Na segunda-feira, 20 de agosto, os fiéis perceberam os ataques ocorridos nas paróquias Santa Maria de Betânia e Nossa Senhora das Dores e no Santuário Jesus Sacramentado, todos localizados no bairro de Almagro.

Na paróquia Santa Maria de Betânia, os atacantes profanaram uma imagem da Virgem Maria com tinta vermelha e colocaram cabides nas entradas, além de deixar cartazes com frases em favor do aborto e contra a Igreja.

"Encontrei alguns cartazes e depois uma mancha de tinta, que achava que era sangue. Depois vi todo o caminho e a mancha no chão”, contou Pe. Salvador Gómez, vigário da paroquia, em declarações a ‘Todo Noticias’.

EUA: Bispo pede ódio ao pecado, jejum e abstinência para combater a subcultura homossexual que está causando grande devastação na Igreja



Caros irmãos e irmãs em Cristo da Diocese de Madison:

As últimas semanas trouxeram muito escândalo, cólera justificada e um apelo por respostas e ações de muitos fiéis católicos aqui dos EUA e do exterior, dirigidos à hierarquia da Igreja em relação aos pecados sexuais de bispos, padres e até cardeais. Cólera ainda maior é dirigida justamente àqueles que foram cúmplices em impedir que alguns desses pecados sérios viessem à luz.

De minha parte – e sei que não estou sozinho –, estou cansado disso. Estou cansado de pessoas sendo feridas, gravemente feridas! Estou cansado da ofuscação da verdade. Estou cansado do pecado. E, como alguém que tentou – apesar de minhas muitas imperfeições – entregar minha vida por Cristo e por Sua Igreja, eu me cansei da violação regular dos deveres sagrados por parte daqueles a quem o Senhor conferiu imensa responsabilidade para o cuidado de Seu povo.

Os relatos que vêm sendo trazidos à luz e exibidos em detalhes macabros a respeito de alguns sacerdotes, religiosos, e agora inclusive daqueles colocados em lugares de liderança mais alta, são repugnantes. Ouvir um só desses relatos literalmente basta para deixar alguém doente. Mas a minha própria doença em face desses relatos é rapidamente colocada em perspectiva quando eu me lembro de que muitas pessoas passaram por isso durante anos. Para elas, esses não são relatos mas, de fato, realidades. Para elas eu me volto, e digo novamente: sinto muito pelo que vocês sofreram e continuam a sofrer na mente e no coração.

Se ainda não o fez, peço-lhe que estenda a mão, por mais difícil que seja, e procure ajuda para começar a curar. Além disso, se você foi ferido por um padre da nossa diocese, eu o encorajo a se apresentar, a fazer um relatório à polícia e ao nosso Coordenador de Assistência à Vítima, para que possamos começar, com você como indivíduo, a tentar e definir as coisas direito na maior medida possível.

Não há nada sobre esses relatos que esteja bem. Essas ações, cometidas por mais do que alguns, só podem ser classificadas como mal, mal que clama por justiça e pecado que deve ser expulso de nossa Igreja.

Confrontado com relatos da depravação de pecadores no seio da Igreja, fui tentado a desesperar. E por quê? A realidade do pecado – até mesmo o pecado na Igreja – não é nova. Somos uma Igreja feita de pecadores, mas somos pecadores chamados à santidade. Então, o que é novo? O que é novo é a aparente aceitação do pecado por alguns na Igreja, e os aparentes esforços deles e de outros para encobrir o pecado. A menos e até que levemos a sério nosso chamado à santidade, nós, como instituição e como indivíduos, continuaremos a sofrer o “salário do pecado”.

Por muito tempo nós diminuímos a realidade do pecado – recusamo-nos a chamar um pecado de pecado – e temos desculpado o pecado em nome de uma noção equivocada de misericórdia. Em nossos esforços para nos abrirmos ao mundo, tornamo-nos todos muito dispostos a abandonar o Caminho, a Verdade e a Vida. A fim de evitar ofender, oferecemos a nós mesmos e a outras pessoas sutilezas e consolação humana.

Por que fazemos isso? É por um desejo sincero de mostrar uma sensação equivocada de ser “pastoral?” Nós encobrimos a verdade por medo? Estamos com medo de sermos antipatizados por pessoas neste mundo? Ou estamos com medo de sermos chamados de hipócritas porque não estamos nos esforçando incansavelmente pela santidade em nossas próprias vidas?

Possivelmente são essas as razões, mas talvez seja mais ou menos complexo do que isso. No final, as desculpas não importam. Nós devemos dar um basta no pecado. Ele deve ser erradicado e considerado novamente inaceitável. Ama os pecadores? Sim. Aceita o verdadeiro arrependimento? Sim. Mas não diga que o pecado está bem. E não finja que violações graves do ofício e da confiança não vêm sem consequências graves e duradouras.

Para a Igreja, a crise que enfrentamos não se limita ao caso McCarrick, nem ao Relatório do Grande Júri da Pensilvânia ou a qualquer outra coisa que possa vir. A crise mais profunda que deve ser enfrentada é a licença para o pecado ter um lar nos indivíduos em todos os níveis da Igreja.

Existe certo nível de conforto com o pecado que veio permear nosso ensino, nossa pregação, nossa tomada de decisão e nosso próprio modo de viver.

Se me permitirem, o que a Igreja precisa agora é de mais ódio! Como já disse anteriormente São Tomás de Aquino, o ódio à maldade pertence realmente à virtude da caridade. Como diz o Livro de Provérbios: “A minha boca meditará a verdade, e os meus lábios odiarão a impiedade” (Provérbios 8, 7). É um ato de amor odiar o pecado e chamar os outros a se afastarem do pecado.

Não deve haver espaço, nenhum refúgio, para o pecado – seja dentro de nossas próprias vidas, seja dentro das vidas das nossas comunidades. Para ser um refúgio dos pecadores (que deveríamos ser), a Igreja deve ser um lugar onde os pecadores possam se voltar para se reconciliar. Nisso eu falo de todo pecado. Mas, para ser claro, nas situações específicas em questão, estamos falando de atos sexuais desviantes – quase exclusivamente homossexuais – praticados por clérigos. Também estamos falando de proposições homossexuais e abusos contra seminaristas e jovens sacerdotes por poderosos sacerdotes, bispos e cardeais. Estamos falando de atos e ações que não só violam as promessas sagradas feitas por alguns, em suma, sacrilégio, mas que também violam a lei moral natural para todos. Chamar isso de outra coisa seria enganoso e apenas ignoraria o problema.

O que Geraldo Alckmin pensa sobre religião, aborto, casamento gay e drogas?



Médico por formação, mas político durante a maior parte da vida, o atual governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, ocupa o cargo pela quarta vez e é um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 2006, ele foi o candidato do partido à presidência da república, perdendo para Lula no segundo turno, com 39,17% dos votos. Antes disso já havia sido vereador e prefeito em Pindamonhangaba, sua cidade natal, deputado estadual e federal, secretário estadual de Desenvolvimento de São Paulo, vice-governador e duas vezes governador, uma delas em ocasião do falecimento do titular, Mario Covas.

A longa carreira política e as várias eleições que disputou lhe deram muitas oportunidades para falar sobre suas convicções morais e religiosas, rendendo-lhe de modo geral o rótulo de político conservador – categoria à qual Alckmin jamais admitiu pertencer. Caso o tucano realmente concorra às eleições presidenciais em 2018, essa alcunha certamente será relativizada devido à participação praticamente garantida de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), um conservador assumido e bastante crítico ao partido do governador paulista.

Alckmin, aliás, tem dado sinais de que está otimista com a possível candidatura. As pesquisas de opinião, contudo, tem lhe dado percentuais de intenção de voto tímidos – 10% em pesquisa recente do Data Poder 360 –, inferiores, inclusive, aos números obtidos por seu colega de partido, o prefeito de São Paulo, João Dória (13%). 

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Abusos na Igreja: a carta do Papa aos fiéis



Carta do Papa Francisco ao Povo de Deus
Segunda-feira, 20 de agosto de 2018


«Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele» (1 Co 12, 26). Estas palavras de São Paulo ressoam com força no meu coração ao constatar mais uma vez o sofrimento vivido por muitos menores por causa de abusos sexuais, de poder e de consciência cometidos por um número notável de clérigos e pessoas consagradas. Um crime que gera profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na inteira comunidade, tanto entre os crentes como entre os não-crentes. Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado. Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas. A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a protecção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade.

1. Um membro sofre?

Nestes últimos dias, um relatório foi divulgado detalhando aquilo que vivenciaram pelo menos 1.000 sobreviventes, vítimas de abuso sexual, de poder e de consciência, nas mãos de sacerdotes por aproximadamente setenta anos. Embora seja possível dizer que a maioria dos casos corresponde ao passado, contudo, ao longo do tempo, conhecemos a dor de muitas das vítimas e constamos que as feridas nunca desaparecem e nos obrigam a condenar veementemente essas atrocidades, bem como unir esforços para erradicar essa cultura da morte; as feridas “nunca prescrevem”. A dor dessas vítimas é um gemido que clama ao céu, que alcança a alma e que, por muito tempo, foi ignorado, emudecido ou silenciado. Mas seu grito foi mais forte do que todas as medidas que tentaram silenciá-lo ou, inclusive, que procuraram resolvê-lo com decisões que aumentaram a gravidade caindo na cumplicidade. Clamor que o Senhor ouviu, demonstrando, mais uma vez, de que lado Ele quer estar. O cântico de Maria não se equivoca e continua a se sussurrar ao longo da história, porque o Senhor se lembra da promessa que fez a nossos pais: «dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 51-53), e sentimos vergonha quando percebemos que o nosso estilo de vida contradisse e contradiz aquilo que proclamamos com a nossa voz.

Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos. Faço minhas as palavras do então Cardeal Ratzinger quando, na Via Sacra escrita para a Sexta-feira Santa de 2005, uniu-se ao grito de dor de tantas vítimas, afirmando com força: «Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta autossuficiência!… A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)» (Nona Estação).