terça-feira, 3 de setembro de 2019

Bispo Schneider afirma que declaração de Abu-Dhabi “trai a Jesus Cristo como o único Salvador da Humanidade”




A decisão do Vaticano de implementar um documento afirmando que a “diversidade das religiões” é “desejada por Deus”, sem corrigir esta declaração, equivale a “promover a negligência do primeiro mandamento” e uma “traição do Evangelho”, disse o bispo Athanasius Schneider.

Em uma entrevista exclusiva com LifeSiteNews, em uma iniciativa apoiada pelo Vaticano para promover o “Documento sobre Fraternidade Humana para a Paz Mundial e Vivendo Juntos”, o auxiliar de Astana, Cazaquistão, disse que “nobres objetivos como ‘fraternidade humana’ e ‘ a paz mundial “pode ​​ser, eles não podem ser promovidos ao custo de relativizar a verdade da singularidade de Jesus Cristo e Sua Igreja”.

A disseminação deste documento em sua forma não corrigida “paralisará a missão ad gentes da Igreja ” e  “ sufocará seu zelo ardente para evangelizar todos os homens”, disse o bispo Schneider.

Ele acrescentou: “As tentativas de paz estão destinadas ao fracasso se não forem propostas em nome de Jesus Cristo”.

Um “Comitê Superior”

Na semana passada, o Vaticano anunciou  que um “Comitê Superior” de várias religiões foi estabelecido nos Emirados Árabes Unidos para implementar o “ Documento sobre Fraternidade Humana para a Paz Mundial e Vivendo Juntos ”, que o Papa Francisco assinou em 4 de fevereiro de 2019. em Abu Dhabi, junto com Ahmad el-Tayeb, o Grande Imam Al-Azhar, durante uma visita apostólica de três dias à Península Arábica.

Os membros da comissão de sete membros (católicos e muçulmanos) incluem o secretário pessoal do Papa Francisco, Pe. Yoannis Lahzi Gaid e o presidente do Conselho Ponfical para o Diálogo Inter-religioso, Dom Miguel Angel Ayuso Giuxot.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, 26 de agosto, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o papa Francisco “encoraja os esforços do Comitê para disseminar o conhecimento do documento; Ele agradece aos Emirados Árabes Unidos pelo compromisso concreto demonstrado em nome da fraternidade humana e expressa a esperança de que iniciativas semelhantes possam surgir em todo o mundo”.

Documento controverso

O documento de Abu Dhabi gerou  polêmica  por afirmar que um “pluralismo e diversidade” de religiões é “desejado por Deus”.

A passagem que incita a controvérsia lê:

A liberdade é um direito de toda pessoa: cada indivíduo desfruta da liberdade de crença, pensamento, expressão e ação. O pluralismo e a diversidade de religiões, cor, sexo, raça e linguagem são determinados por Deus em Sua sabedoria, através da qual Ele criou os seres humanos. Essa sabedoria divina é a fonte da qual deriva o direito à liberdade de crença e a liberdade de ser diferente. Portanto, o fato de as pessoas serem obrigadas a aderir a uma determinada religião ou cultura deve ser rejeitado, assim como a imposição de um modo de vida cultural que os outros não aceitam.

Em 1º de março de 2019, durante uma visita ad limina  dos bispos da Ásia Central a Roma, o Bispo Schneider, cuja diocese está localizada em uma nação predominantemente muçulmana, expressou preocupação com essa formulação ao Papa Francisco. O Papa disse que a frase em questão sobre a “diversidade de religiões” significava “a vontade permissiva de Deus”, e ele deu permissão explícita ao Bispo Schneider e aos outros bispos presentes para citar suas palavras.

O bispo Schneider, por sua vez, pediu ao papa que esclarecesse a declaração de maneira oficial.

O papa Francisco pareceu oferecer um esclarecimento informal em sua  audiência geral de quarta-feira em 3 de abril de 2019, mas nenhum esclarecimento ou correção oficial ao texto foi dado até o momento.

Nesta entrevista exclusiva, o bispo Schneider revela  novos detalhes  sobre seu intercâmbio direto com o Santo Padre na reunião de 1º de março. Ele também discute seus pontos de vista sobre o esclarecimento informal do Papa na audiência geral de 3 de abril, e a  gravidade  de um “Comitê Superior” sendo estabelecido para implementar o documento de Abu Dhabi, na ausência de uma correção oficial da controversa passagem.

De acordo com o Bispo Schneider, ao implementar o documento de Abu Dhabi sem corrigir sua errônea afirmação sobre a diversidade das religiões, “os homens na Igreja não apenas traem Jesus Cristo como o único Salvador da humanidade e a necessidade de Sua Igreja para a salvação eterna, mas também cometer uma grande injustiça e pecar contra o amor ao próximo ”.

Aqui está nossa entrevista completa com o bispo Athanasius Schneider.

China: Igrejas em Hong Kong tocam sinos pelo fim da violência


Mais de 40 igrejas de diferentes denominações cristãs tocaram os sinos no domingo, 1º de setembro, pedindo o fim da violência em Hong Kong, uma importante cidade chinesa que nos últimos meses tem sido palco de protestos, alguns violentos, por causa de uma lei polêmica de extradição para a China.

No total, 44 igrejas tocaram seus sinos a partir das 13h, das quais 21 eram católicas, 16 anglicanas, 5 metodistas, e de outras confissões.

Segundo informa ‘UCAnews’, a campanha foi lançada por Theresa Lee, uma católica local, que disse estar "profundamente preocupada" com a situação atual.

Joseph Chan, católico da paróquia de St. John the Baptist, disse à ‘UCAnews’ que ofereceu suas orações pelo fim da violência através do diálogo construtivo. Em sua igreja, não usaram um sino, mas um instrumento que produz um som parecido, e depois, 300 fiéis cantaram “Sing Hallelujah to the Lord” (Canta Aleluia ao Senhor).

Em sua opinião, a campanha mostra que "embora haja muitas opiniões na sociedade, acho que a Igreja deve proclamar a mensagem de paz com os ensinamentos de Jesus".

Por outro lado, Joe Chan, da Holy Cross Church, comentou que participar da campanha o ajudou a "se sentir envolvido" com o que acontece através da oração. “Muitos fiéis estão tensos, desesperançados e até chateados. Sempre perguntam quando isso vai acabar e o que pode ser feito”.

O Cardeal John Tong, Administrador Apostólico de Hong Kong, e outros líderes religiosos pediram às autoridades que estabeleçam um "período de trégua" de dois meses.

Da mesma forma, o Colóquio dos seis líderes religiosos de Hong Kong, que inclui a Igreja Católica, protestantes, budistas, taoístas, muçulmanos e confucionistas, indicou, em 30 de agosto, que esse momento de trégua deveria ser usado pelo governo e pelos manifestantes para meditar e colaborar com o bem comum.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Papa Francisco cria 13 novos cardeais, consistório será em outubro


O Papa Francisco informou no domingo que, em 5 de outubro, haverá um Consistório para a criação de cardeais no Vaticano e anunciou o nome dos 13 novos purpurados.

Esse anúncio inesperado foi feito pelo próprio Pontífice no final da oração do Ângelus, em 1º de setembro.

Em concreto, são 10 novos cardeais eleitores em um futuro Conclave e mais 3 prelados que serão membros do Colégio Cardenalício, mas, por razões de idade, não votariam no próximo Conclave de eleição do Sumo Pontífice.

Os nomes dos novos cardeais eleitores em um futuro Conclave que o Papa Francisco anunciou são:

A orientação política da Igreja: A instituição deve assumir um lado?


Por trás de toda a rejeição a Francisco está a ideia de que o papa deva ser de direita para poder “governar como se deve”. E não só: está a ideia de que a Igreja deva apoiar e sustentar os governos de direita, considerando-os “o mal menor”. Porém, as atitudes de muitos contradizem tal intenção. Em vez de mal menor, parece que as pessoas acreditam ter escolhido um bem absoluto e quase personificado.

É nessas horas que vemos o quanto as ideologias nocivas, instrumentalizando a doutrina da instituição para fins políticos, são capazes de causar grandes estragos. Criou-se uma geração de católicos que atacam o papa gratuitamente, muitos dos quais influenciados por formadores de opinião cuja preocupação não é defender a fé, mas aproveitar-se dela para chegar ao sentimento das pessoas.

Ninguém quer ir para o inferno elegendo um “governo comunista”, não é mesmo? Sendo assim, elejamos um “de direita”, independente do que venha no pacote. O próximo se torna o inimigo a ser combatido, não as mentalidades corrompidas, presentes em todos os espectros políticos. Tudo o que esvazia o sentido de ser cristão deveria ser denunciado, independente da bandeira que eu, de acordo com minha consciência, tenha assumido.

Estudo científico comprova que não existe “gene homossexual”


Um estudo científico do genoma de quase meio milhão de pessoas divulgado na revista científica Science concluiu que não há um gene específico para a orientação sexual, ou mesmo um conjunto de genes específicos. A predisposição para a atração por pessoas do mesmo sexo ou do oposto parece assim resultar de uma complexa associação entre fatores genéticos e ambientais — como a maioria das características humanas.

É impossível determinar o comportamento sexual de alguém a partir do seu genoma.” É a conclusão de um estudo efetuado a partir do material genético de 493 mil voluntários britânicos, americanos e suecos e divulgado esta quinta-feira na revista científica Science, sumarizada por um dos autores, o geneticista estatístico americano Benjamin Neale. 

Por desuso, igrejas na Holanda viram cafés, museus e até bares.

"Em Utretch, Holanda, igreja gótica foi transformada em cervejaria belga. Foto: divulgação/Belgian Beer Café Olivier"

"Mansões que viram cafés, fábricas que se transformam em espaços de eventos. Cada vez mais, espaços obsoletos ganham novos usos e aos poucos reconfiguram cidades inteiras. Na Holanda, esse conceito ganhou novas proporções: com a queda do número de pessoas religiosas no país, igrejas católicas e protestantes têm se reconfigurado para abrigar novos estabelecimentos, de cafés a cervejarias."

"É o caso da livraria Selexyz Dominicanen, na cidade de Maastricht, que funciona dentro de uma igreja dominicana do século 13. O projeto, realizado pelo escritório Merkx + Girod, mantém a arquitetura gótica ao mesmo tempo em que trouxe elementos contemporâneos para compor a livraria. Um café também funciona no local em que ficava o altar — que traz uma mesa em formato de cruz, para aprofundar o diálogo entre os dois tipos de arquitetura."

"Livraria Selexyz Dominicanen, em Maastricht, Holanda. Foto: divulgação"

"Outro exemplo é Mesquita de Fatih, em Amsterdã. A igreja que em séculos anteriores era da congregação jesuíta foi desativada em 1971. Dez anos depois, foi comprada e reformada pela Fundação Islâmica Fatih, que preservou a maior parte da arquitetura original. As mudanças mais significativas são relacionadas à própria religião muçulmana: as cruzes foram substituídas por meias-luas, e o culto é feito virado para a porta, em vez de para o altar."


Sobre a crise na Igreja, apostasia do clero e o Concílio Vaticano II


"A situação atual da inaudita crise da Igreja é comparável com aquela geral no século IV, onde o arianismo contaminou a esmagadora maioria do episcopado e foi reinante na vida da Igreja. Devemos procurar ver esta situação atual, por um lado, com realismo e, por outro, com o espírito sobrenatural, com um profundo amor para com a Igreja, que é nossa mãe, e que está sofrendo a paixão de Cristo por meio dessa tremenda e geral confusão doutrinal, litúrgica e pastoral.

Devemos renovar a nossa Fé de que a Igreja está nas mãos seguras de Cristo e que Ele sempre intervirá para renová-la nos momentos em que a barca da Igreja parece naufragar, como é o caso óbvio em nossos dias.

Quanto à atitude diante do Concílio Vaticano II, devemos evitar os dois extremos: uma rejeição completa (como o fazem os sedevacantistas e uma parte da FSSPX) ou uma “infalibilização” de tudo o que o Concílio falou.

O Concílio Vaticano II foi uma legítima assembleia presidida pelos Papas e devemos manter para com este concílio uma atitude de respeito. Contudo, isso não significa que não podemos exprimir dúvidas bem argumentadas e respeitosas propostas de melhoria, apoiando-se na Tradição integral da Igreja e no Magistério constante.

Pronunciamentos doutrinais tradicionais e constantes do Magistério durante um plurissecular período têm a precedência e constituem um critério de verificação acerca da exatidão de pronunciamentos magisteriais posteriores. Os pronunciamentos novos do Magistério devem, em si, ser mais exatos e mais claros, nunca, porém, ambíguos e aparentemente contrastantes com anteriores pronunciamentos constantes magisteriais.

Aqueles pronunciamentos do Vaticano II que são ambíguos devem ser lidos e interpretados segundo os pronunciamentos da inteira Tradição e do Magistério constante da Igreja.

Na dúvida, os pronunciamentos do Magistério constante (os concílios anteriores e os documentos de Papas, cujo conteúdo demonstrava ser uma tradição segura e repetida durante séculos no mesmo sentido) prevalecem sobre aqueles pronunciamentos objetivamente ambíguos ou novos do Concílio Vaticano II, os quais, objetivamente, dificilmente concordam com específicos pronunciamentos do Magistério anterior e constante (por exemplo, o dever do Estado de venerar publicamente Cristo, Rei de todas as sociedades humanas; o verdadeiro sentido da colegialidade episcopal frente ao primado petrino e ao governo universal da Igreja; a nocividade de todas as religiões não-católicas e o perigo que elas constituem para a salvação eternas das almas).

O Vaticano II deve ser visto e aceito tal como ele quis ser e como realmente foi: um concílio primeiramente pastoral, isto é, um concílio que não teve a intenção de propor doutrinas novas ou propô-las numa forma definitiva. Na maioria dos seus pronunciamentos, o Concílio confirmou a doutrina tradicional e constante da Igreja.

Alguns dos novos pronunciamentos do Vaticano II (por exemplo, colegialidade, liberdade religiosa, diálogo ecuménico e inter-religioso, atitude para com o mundo) não são definitivos e por eles, aparentemente ou em realidade, não concordarem com os pronunciamentos tradicionais e constantes do Magistério, devem ser ainda completados com explicações mais exatas e com suplementos mais precisos de caráter doutrinal. Uma aplicação cega do princípio da “hermenêutica da continuidade” também não ajuda, pois se criam com isso interpretações forçadas, que não convencem e que não ajudam para chegar ao conhecimento mais claro das verdades imutáveis da Fé Católica e da sua aplicação concreta.

Houve casos na história onde expressões não definitivas de alguns concílios foram, mais tarde, graças a um debate teológico sereno, precisadas ou tacitamente corrigidas (por exemplo, os pronunciamentos do Concílio de Florença acerca da matéria do sacramento da ordenação, isto é, que a matéria fosse a entrega dos instrumentos, mas a tradição mais segura e constante dizia que era suficiente a imposição das mãos do bispo, o que Pio XII em 1947 confirmou). Se depois do concílio de Florença os teólogos tivessem aplicado cegamente o princípio da “hermenêutica da continuidade” a este pronunciamento específico do concílio de Florença (um pronunciamento objetivamente errôneo), defendendo a tese que a entrega dos instrumentos como matéria do sacramento da ordem fosse uma expressão do Magistério constante da Igreja, provavelmente não se teria chegado ao consenso geral dos teólogos sobre a verdade que diz que somente a imposição das mãos do bispo constituiria propriamente a matéria do sacramento da ordem.

Deve-se criar na Igreja um clima sereno de discussão doutrinal acerca daqueles pronunciamentos do Vaticano II que são ambíguos ou que criaram interpretações errôneas. Não há nada de escandaloso nisso, pelo contrário, será uma contribuiçao para guardar e explicar na maneira mais segura e integral o depósito da Fé imutável da Igreja.

Não se deve destacar demais um determinado concílio, absolutizando-o ou equiparando-o de fato, à Palavra de Deus oral (Tradição Sagrada) ou escrita (Sagrada Escritura). O Vaticano II mesmo disse, justamente (cf. Dei Verbum, 10), que o Magistério (Papas, Concílios, magistério ordinário e universal) não estão acima da Palavra de Deus, mas sob ela, submisso a ela, e somente ministro dela (da Palavra de Deus oral = Sagrada Tradição e da Palavra de Deus escrita = Sagrada Escritura).

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Catedrático expressa preocupação por mudanças no Instituto João Paulo II


No Pontifício Instituto Teológico João Paulo II, não havia apenas os cursos de Teologia Moral Fundamental, mas também uma Área de Pesquisa em Teologia Moral ativa desde 1990. Ainda não se sabe se esta área será incluída no novo instituto, mas se sabe que a Teologia Moral será “cortada”, gerando uma grande preocupação, adverte o professor Stephan Kampowski em uma entrevista.

Stephan Kampowski é professor de antropologia filosófica no Pontifício Instituto Teológico João Paulo II. Ao chegar a Roma como doutorando em 2000, uniu-se ao trabalho da Área de Pesquisa. Em três ocasiões, trabalhou como secretário organizador de um congresso ou colóquio. Desde que assumiu o cargo de professor do Instituto, foi convidado como palestrante em vários colóquios.

Além disso, o professor Kampowski escreveu, juntamente com os professores José Granados e Juan José Pérez Soba, o volume “Amoris laetitia. Acompanhar, discernir, integrar”. No renovado Pontifício Instituto Teológico João Paulo II, ensinará “Antropologia teológica do amor” e o curso complementar “Quem é o homem? Indivíduo, mulher e comunhão ”.

Entre os docentes, segundo as primeiras divulgações, estarão também o professor Granados, que lecionará “Teologia do sacramento e do matrimônio” e que, em recente entrevista ao Grupo ACI, lamentou a eliminação dos cursos de teologia moral; e o professor Pérez Soba, que ensinará “Pastoral do matrimônio e da família”. Mas também estarão o professor Gilberto Marengo, que publicou um estudo imponente sobre a gênese da Humanae Vitae, e o professor Maurizio Chiodi.

Enfim, no novo instituto estarão representados teólogos com orientações opostas; mas não estará mais o professor Livio Melina, que foi presidente do Instituto durante anos e que não foi considerado na nova estrutura. Além disso, desapareceu a cátedra de Teologia Moral Fundamental que ele lecionava.

Nesse sentido, em entrevista ao Grupo ACI, o professor Kampowski advertiu que a cátedra de Moral Fundamental era “a mais importante na mente do fundador do instituto, São João Paulo II”, tanto que “a confiou ao primeiro presidente do Instituto, Carlo Caffarra, depois criado cardeal e Arcebispo de Bolonha”.

Mas não é só isso, porque essa cátedra é tão importante que “uma das iniciativas mais frutíferas em termos de eventos públicos, publicações e repercussão internacional é a ‘Área Internacional de Pesquisa em Teologia Moral’”, nascida para estar dedicada à “teologia moral fundamental”, uma orientação que “manteve também depois da mudança de denominação há alguns anos”.

Segundo o professor Kampowski, “os resultados acadêmicos dessa área de pesquisa são extraordinários e visíveis para quem quiser ver”, como “o grande número de colóquios e conferências organizados; sua qualidade confiável, entre outras coisas, pela ampla origem internacional de renomados conferencistas convidados e pelo alto número de participantes qualificados ao longo dos anos; a quantidade e a qualidade das atas de conferências, monografias e teses de doutorado publicadas em seu contexto”.

Nesse sentido, explicou que uma área de pesquisa está destinada a “dar uma forma mais definida à missão de pesquisa de uma instituição” e os professores são incluídos em um “projeto comum”, o que faz com que “o trabalho deles tenda a ser mais frutífero, porque é beneficiado pelo intercâmbio com colegas e pelas hipóteses norteadoras que são formuladas no contexto”.

Os temas das teses também “não são escolhidos aleatoriamente, mas se incluem em um marco mais amplo, no qual cada estudante de doutorado desenvolve um aspecto particular de um tema mais amplo que seria muito grande para uma pessoa desenvolver”. Enquanto isso, acrescenta Kampowski, “os colóquios e as conferências seguem diretrizes e servem para desenvolver essas teses”.

Em conclusão, uma área de pesquisa institucionaliza a missão de um instituto acadêmico, “tornando o estudo mais proveitoso”.

Recordou que a área de estudo foi estabelecida pelo então presidente do Instituto, Angelo Scola, que mais tarde foi criado Cardeal e Arcebispo de Milão, em 1997, e foi liderada por Livio Melina até 2013, que foi substituído por Pérez Soba.

Sobre o motivo da fundação desta cátedra, o professor Kampowski indicou que foi a publicação da encíclica Veritatis esplendor de São João Paulo II, “que é dedicada à moral fundamental e procura responder à crise da teologia moral após o Concílio Vaticano II”.

“Uma crise que, em última análise, não passou de uma consequência extrema do enfoque casuístico adotado após o Concílio de Trento. A casuística é uma forma centrada no ato de lidar com a moralidade que não olha a vida da pessoa como um todo”, assinalou.

Algo que leva ao “voluntarismo, que considera as normas morais como imposições de um bem superior sobre o inferior”.

Mas, assinala o professor Kampowski, a Veritatis splendor muda o paradigma, ressalta que a moral se refere à plenitude da vida e que “uma norma moral é a expressão da verdade sobre o bem e, em particular, sobre o bem da pessoa e sobre a verdadeira realização da pessoa humana” e, portanto, existe “uma relação íntima entre verdade e liberdade”.

A encíclica também enfatiza que “o centro da moral cristã é encontrado através do encontro com Cristo”, afirmando que “a fé não é extrínseca à moral”.