Um estudo científico do genoma de quase meio
milhão de pessoas divulgado na revista científica Science concluiu que não há
um gene específico para a orientação sexual, ou mesmo um conjunto de genes
específicos. A predisposição para a atração por pessoas do mesmo sexo ou do
oposto parece assim resultar de uma complexa associação entre fatores genéticos
e ambientais — como a maioria das características humanas.
É impossível determinar o comportamento sexual
de alguém a partir do seu genoma.” É a conclusão de um estudo efetuado a partir
do material genético de 493 mil voluntários britânicos, americanos e suecos e
divulgado esta quinta-feira na revista científica Science, sumarizada por um
dos autores, o geneticista estatístico americano Benjamin Neale.
Apresentado nos media como o estudo que prova
a inexistência de um “gene homossexual”, as suas conclusões não implicam no
entanto que não haja qualquer predisposição genética ou biológica para o
comportamento sexual, que se trataria então de uma opção individual. “Isso está
errado”, diz outro dos autores do estudo, o também geneticista Brendan Zietsch,
da Universidade de Queensland, Austrália, ao site LiveScience. “O que apuramos
é que há muitos genes que determinam o comportamento sexual e, no caso
específico deste estudo, a atração por pessoas do mesmo sexo. Cada um desses
genes tem individualmente pouco efeito mas juntos têm um efeito substancial.”
“Outra possível interpretação errada é de que
se a preferência por parceiros sexuais do mesmo sexo é influenciada
geneticamente, então é geneticamente determinada”, esclarece Zietsch. “Isso não
é verdade. Indivíduos geneticamente idênticos — gémeos — muitas vezes têm
orientações sexuais distintas. Sabemos que há fatores não-genéticos também, mas
não os conhecemos bem e o nosso estudo não diz nada sobre eles.”
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Via Diário de Notícias – Portugal.
Templário de Maria
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