sábado, 29 de fevereiro de 2020

Em Aparecida, CNBB abre Campanha da Fraternidade



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, neste domingo (1º), às 8h, a missa de abertura nacional da Campanha da Fraternidade de 2020. A celebração acontece no Santuário de Aparecida (SP), templo que abriga a Imagem da Padroeira do Brasil. O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside a Eucaristia, concelebrada pelos representantes da coordenação executiva da Campanha e membros da presidência da Conferência.

"A Basílica de Aparecida é um Santuário Nacional. Por este motivo, o presidente da CNBB vem rezar junto da Padroeira do Brasil para abrir mais solenemente, de forma nacional, a Campanha da Fraternidade. Isso tudo quer dizer: Vamos abraçar essa Campanha da Fraternidade porque ela é vida plena e com sentido para todos", explica o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

Durante a celebração, acontecerá a leitura da carta enviada pelo Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade deste ano. Na missiva, o Pontífice chama a atenção para a necessidade de fortalecer o valor da vida. Além disso, recorda que a conversão não deve ser separada do serviço aos irmãos e irmãs, "sobretudo os mais necessitados", escreve Santo Padre. 

Tv Evangelizar estreia no canal 42.1 em São Luís (MA)



Desde o dia 14 de fevereiro de 2020 a cidade de São Luís do Maranhão bem como os municípios de Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar pode contar com mais um canal de evangelização, a Tv Evangelizar, que é geradora de conteúdo da Rede Católica da Igreja (RCI) cujo fundador é o Padre Reginaldo Manzotti.

O sonho é de Deus, o mandato é de Jesus Cristo e a missão é nossa. Este não é o sonho de um padre, é uma necessidade da Igreja”, afirmou o sacerdote. E reforçou: “Fique atento, porque novos transmissores serão ligados, novas antenas serão transportadas e a próxima cidade a ter a TV pode ser a sua”. Padre Reginaldo Manzotti também é Embaixador da Pastoral da Pessoa Idosa.

Atualmente, a Obra Evangelizar é considerada benfeitora nacional, pois oferece conteúdo católico gratuito para uma cadeia de mais de 130 TVs-irmãs espalhadas por todo o país, além de 37 canais abertos de televisão e repetidores 24 horas de sua programação. Além disso, 1.589 rádios-irmãs no Brasil e em outros países transmitem parte da programação da Rádio Evangelizar. Sendo assim, a Evangelizar - que já é a maior Rede de Rádios da América do Sul - torna-se agora umas das maiores emissoras Católicas de televisão do Brasil. 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Homilética: 10º Domingo do Tempo Comum - Ano A: “Eu não vim chamar os justos mas os pecadores”



A Palavra de Deus deste 10º Domingo do Tempo Comum repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. A expressão deve ser entendida no sentido de que, para Deus, o essencial não são os atos externos de culto ou as declarações de boas intenções, mas sim uma atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamamento, à sua proposta de salvação. É esse o tema da liturgia deste dia.

Na primeira leitura, o profeta Oseias põe em causa a sinceridade de uma comunidade que procura controlar e manipular Deus, mas não está verdadeiramente interessada em aderir, com um coração sincero e verdadeiro, à aliança. Os atos externos de culto – ainda que faustosos e magnificentes – não significam nada, se não houver amor (quer o amor a Deus, quer o amor ao próximo – que é a outra face do amor a Deus).

Na segunda leitura, Paulo apresenta aos cristãos (quer aos que vêm do judaísmo e estão preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, quer aos que vêm do paganismo) a única coisa essencial: a fé. A figura de Abraão é exemplar: aquilo que o tornou um modelo para todos não foram as obras que fez, mas a sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos seus projetos.

O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem excepção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Homilética: 9º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "As Obras da Fé"



Erram aquelas pessoas que pensam que basta com aceitar Jesus para serem salvos! Equivocam-se aqueles outros que pensam que é suficiente a mera fé para chegar à vida eterna! Está longe da verdade o individuo que proclama somente com a boca, “Senhor, Senhor”, sem aprofundar essas palavras no coração, tendo-as verdadeiramente como programa de vida.

No mesmo caminho do erro estão aqueles que pensam que para salvar-se basta com não fazer coisas más. Estão equivocados aqueles que confundem a filantropia com a caridade. Mas também estão longe da verdade os que insistem nas obras e diminuem importância à graça e à fé.

Em contra dessas visões parciais se opõe o maravilhoso equilíbrio do Evangelho. Por um lado: “tua fé te salvou” (Lc 8,48) e “tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23). Por outro: “nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21) e “Vinde, benditos do meu Pai, tomai posse do Reino (…) porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes (…)” (Mt 25,34-36). Poderíamos seguir apoiando as duas caras dessa moeda única com outros textos da Escritura Santa. O mesmo apóstolo que deixou escrito que “o justo viverá pela fé” (Rm 1,17) disse no capítulo seguinte da carta aos Romanos que o juízo de Deus “retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Rm 2,6).

Todo cristão deve viver de fé. Mas a fé não é uma mera profissão da boca para fora, não é um mero ato de confiança na misericórdia de Deus, não é somente acreditar que Deus existe. A fé é algo que invade toda a nossa existência: o nosso ser, a nossa inteligência, a nossa vontade, os nossos sentimentos. Quase se poderia dizer que nós não temos fé, mas que a fé nos tem. Somos homens e mulheres de fé. Ao vivermos de fé, perceberemos as consequências da fé em todas as dimensões do nosso existir. O cristão nunca pode desassociar a sua fé da sua vida. Dizer “Senhor, Senhor” na Missa dominical é muito importante, mas é preciso continuar dizendo “Senhor, Senhor” nas vinte quatro horas de cada jornada, não necessariamente com a boca, mas com as nossas ações quotidianas. É preciso proclamar o senhorio de Jesus na família, no trabalho e em todas as demais relações. 

De onde vem o "evangelho" da Sapucaí*


  
1. Um falso evangelho

Existem questões em que não é possível transigir sem trair a própria consciência, assim como há ensinos que não se podem tolerar sem sacrificar a integridade da verdade. Para um cristão, o mais importante, aquilo que está acima de tudo, é a custódia da essência do Evangelho, pois dele depende a nossa salvação individual e a dos demais seres humanos.

Era esta clarividência que constrangia São Paulo a manifestar sem hesitação a sua tempestuosa repreensão à comunidade dos gálatas: “Admiro-me de que, tão depressa, abandonando aquele que vos chamou na graça de Cristo, tenhais passado a outro evangelho” (Gl 1,6). Ele acusa aqueles que tentam “corromper o Evangelho de Cristo” (Gl 1,7) e diz por duas vezes que quem o fizer, mesmo que seja um anjo do céu, “é anátema” (Gl 1,8), isto é, excomungado. O Apóstolo chega a repreender São Pedro por sua dissimulação (cf. Gl 2,11-15) e diz que os gálatas, depois de terem “começado no espírito, terminam na carne” (Gl 3,6).

Toda a Epístola é uma chuva de repreensões contra a leviandade de se passar a um outro “evangelho”.

2. Restrição seletiva dos conteúdos do Evangelho

Nos últimos dias, os cristãos do Brasil mais uma vez foram provocados através das manifestações blasfemas de uma escola de samba que usou a imagem Cristo identificando-a com aquilo que os marxistas chamam de lumpemproletariado, o extrato maltrapilho da sociedade, e tudo naquele conhecido contexto de sincretismo e sensualidade que caracterizam o carnaval. Até aqui, sem novidades. Infelizmente, a blasfêmia e o sacrilégio são bastante habituais nestes ambientes contestatórios das raízes cristãs da sociedade.

O problema real começa quando vemos pessoas cristãs que apresentam tais manifestações como expressão da Palavra de Deus, a tal ponto de atribuir-lhes a alcunha de “O Evangelho da Sapucaí”. Como isso é possível? Por que estas pessoas não conseguem enxergar que este não é o Cristo da Revelação? Qual a dificuldade de perceberem que Cristo não foi anunciado, mas usado para promover ideologias, num caldo de depravação e excessos que, antes de honrá-lo, o ultrajam, juntamente com todos os seus discípulos?

Deixando de lado a cegueira política de quem se esqueceu de Deus e o trocou por um partido, precisamos perceber que restringir o Evangelho a certos conteúdos humanistas, apresentando-os como se fossem o todo, é o modo mais fácil de pervertê-lo, ainda mais quando, com isto, se induz as pessoas ao pecado, à transgressão de todos os dez mandamentos. Escolhe-se dos conteúdos do Evangelho o que mais se adapta à própria ideologia e silenciam-se os conteúdos incômodos. Mas o problema fica ainda mais nítido quando nos confrontamos justamente com o todo do Evangelho. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Em lançamento da CF 2020, dom Joel chama a atenção para não naturalização das agressões à vida


“Será que não estamos nos acostumando com a agressão cotidiana à vida e com a morte em suas diversas formas?” Com essa pergunta provocativa o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado deu início à sua fala na cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade (CF) 2020 realizada hoje, dia 26 de fevereiro, na sede da entidade em Brasília (DF).

A Campanha da Fraternidade 2020 tem como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e o lema a bíblico, extraído de Lucas 10, 33-34, é: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.

Segundo dados sistematizados no Texto-Base da CF 2020:

“No Brasil, 22,6% das crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos vivem em situação de extrema pobreza. 11,7 mil crianças e adolescentes foram vítimas de homicídio em 2017. Em 2016, houve no país 11.433 mortes por suicídio, uma média de 31 casos por dia.

Nos 6 primeiros meses de 2018, os acidentes de trânsito provocaram mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no país. Em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), o Brasil era 9º país mais desigual do planeta em distribuição de renda.”

O secretário-geral da CNBB disse ser necessário indagar se realmente são necessárias estatísticas para perceber que, em nossos dias, a vida vem sendo fortemente desrespeitada. Dom Joel citou, como exemplo, o tema da violência ostensiva – tema das Campanhas de 1983 e 2018. Para dom Joel, a lista de morte é grande e já a conhecemos: “mortes nas ruas através de balas perdidas, morte nas macas dos hospitais, morte por causa da fome, do desemprego, morte no campo, nas aldeias indígenas e morte entre os jovens”.

A Campanha da Fraternidade, destacou o secretário-geral da CNBB, quer alertar para duas atitudes a indiferença e a crença de que a morte só é vencida pela própria morte. “Essa é atitude de quem se esquece da Campanha da Fraternidade de 2018 e acaba pregando a superação da violência através da própria violência”, disse. 

Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2020


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
AOS FIÉIS BRASILEIROS POR OCASIÃO DA
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020


Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Iniciamos a Quaresma, tempo forte de oração e conversão em que nos preparamos para celebrar o grande mistério da Ressurreição do Senhor. Durante quarenta dias, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida, certos de que somente em Cristo e com Cristo encontramos resposta para o mistério do sofrimento e da morte. Não fomos criados para a morte, mas para a vida e a vida em plenitude, a vida eterna (cf. Jo 10,10).

Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja no Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Neste ano, o tema da Campanha trata justamente do valor da vida e da nossa responsabilidade de cuidá-la em todas as suas instâncias, pois a vida é dom e compromisso; é presente amoroso de Deus, que devemos continuamente cuidar. De modo particular, diante de tantos sofrimentos que vemos crescer em toda parte, que “provocam os gemidos da irmã terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo” (Carta Enc. Laudato Si’, 53), somos chamados a ser uma Igreja samaritana (cf. Documento de Aparecida, 26).

Por isso, estejamos certos de que a superação da globalização da indiferença (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium,54) só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano (cf. Lc 10,25-37). Esta Parábola, que tanto nos inspira a viver melhor o tempo quaresmal, nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem (cf. Sl 34,7), devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados (cf. Mt 25, 34-40). 

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2020: «Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2020
  
«Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)
  
Queridos irmãos e irmãs!

O Senhor concede-nos, também neste ano, um tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o grande Mistério da morte e ressurreição de Jesus, perne da vida cristã pessoal e comunitária. Com a mente e o coração, devemos voltar continuamente a este Mistério. Com efeito, o mesmo não cessa de crescer em nós na medida em que nos deixarmos envolver pelo seu dinamismo espiritual e aderirmos a ele com uma resposta livre e generosa.

1. O Mistério pascal, fundamento da conversão

A alegria do cristão brota da escuta e receção da Boa Nova da morte e ressurreição de Jesus: o kerygma. Este compendia o Mistério dum amor «tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que nos proporciona uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo» (Francisco, Exort. ap. Christus vivit, 117). Quem crê neste anúncio rejeita a mentira de que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade nasce do amor de Deus Pai, da sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Se, pelo contrário, se presta ouvidos à voz persuasora do «pai da mentira» (Jo 8, 44), corre-se o risco de precipitar no abismo do absurdo, experimentando o inferno já aqui na terra, como infelizmente dão testemunho muitos acontecimentos dramáticos da experiência humana pessoal e coletiva.

Por isso, nesta Quaresma de 2020, quero estender a todos os cristãos o mesmo que escrevi aos jovens na Exortação apostólica Christus vivit: «Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo» (n. 123). A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas passoas que sofrem.

2. Urgência da conversão

É salutar uma contemplação mais profunda do Mistério pascal, em virtude do qual nos foi concedida a misericórdia de Deus. Com efeito, a experiência da misericórdia só é possível «face a face» com o Senhor crucificado e ressuscitado, «que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta. De facto, o cristão reza ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave dentro de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à sua vontade.

Por isso, neste tempo favorável, deixemo-nos conduzir como Israel ao deserto (cf. Os 2, 16), para podermos finalmente ouvir a voz do nosso Esposo, deixando-a ressoar em nós com maior profundidade e disponibilidade. Quanto mais nos deixarmos envolver pela sua Palavra, tanto mais conseguiremos experimentar a sua misericórdia gratuita por nós. Portanto não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele.