quinta-feira, 2 de abril de 2020

Uma Semana Santa vivenciada nas casas, nos hospitais, e na defesa da vida



Certamente, este ano, as solenidades litúrgicas não terão o brilho e a piedade popular que animavam o coração do Ano Litúrgico. Mas, a mudança de cenário ou das limitações a movimentos ou aglomerações, não prejudicará a vivência do grandioso mistério Pascal, que envolve toda pessoa, criatura e o cosmos inteiro.

Voltaremos às tradições familiares, à liturgia da memória do êxodo que guardava memória viva e atual da libertação do Egito. Hoje, os cristãos, em seus lares, ou participando do heróico mutirão sanitário-médico-solidário, estarão testemunhando, com gestos e ações, a passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, do ódio para o amor sem limites de um Deus que assume nossa carne, nossas dores e doenças, e nos soergue com Ele para uma Nova criação.

Sim, porque a luta pelo Reino de misericórdia, de perdão, justiça e de graça, e por isso mesmo da redenção humana, passa pela libertação dos laços da cultura da morte, da exclusão e do descarte das pessoas que não importam ao sistema e que devem ser sacrificadas pelo lucro e o dinheiro. 

Igreja no Brasil se mobiliza para ajudar no combate ao coronavírus



Atendendo a uma recomendação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) ou até mesmo através de ações voluntárias, a Igreja Católica em várias partes do Brasil se mobiliza para ajudar no combate ao coronavírus. A preocupação é com o pico da pandemia, quando, de acordo com as autoridades de saúde, o número de casos confirmados deverá aumentar muito.

A Arquidiocese de Campinas (SP), por exemplo, está montando um hospital de campanha em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC). O local contará com uma tenda para a triagem das pessoas com sintomas da Covid-19.

Além disso, as duas instituições se uniram para divulgar uma série de vídeos, áudios e textos com orientações para a preservação da saúde física e mental durante a quarentena. O material está disponível aqui.

Mais boas ações no nordeste do país. A Arquidiocese de Maceió (AL), em parceria com a prefeitura local e com a Pastoral da Juventude, está organizando abrigos destinados à população de rua. Um será específico para acolher os idosos e o outro as crianças, os adolescentes, jovens e adultos.

Em Londrina (PR), três prédios da Igreja também estão sendo usados para abrigar moradores de rua durante o período de isolamento social. 

Realizada há mais de 200 anos, procissão em PE acontecerá pela primeira vez sem cortejo de fiéis



Uma experiência de fé vivida há mais de dois séculos em Pernambuco será renovada, na próxima sexta (3), com a realização da tradicional Procissão dos Passos, em Olinda. A cerimônia acontecerá, pela primeira vez, sem a multidão seguindo a imagem de Jesus carregando a cruz em tamanho natural. Em vez disso, o Cristo a caminho do Calvário será conduzido em carro aberto acompanhado de um sacerdote, enquanto os fiéis deverão permanecer em suas casas podendo acompanhar das varandas, janelas ou dos terraços.

A proibição do público na cerimônia, que em 2020 está completando 248 anos, atende à recomendação de isolamento domiciliar feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o avanço do novo coronavírus. A medida também respeita os decretos dos governos estadual e municipal, e as determinações da Arquidiocese de Olinda e Recife em relação à aglomeração de pessoas. 

Presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB esclarece sobre confusões em relação à fé que circulam nas redes sociais a respeito da Covid-19


Na última sexta-feira, 27 de março, pela primeira vez, o mundo se uniu em oração ao Papa Francisco para acompanhar, direto da Praça São Pedro vazia, a bênção extraordinária Urbi et Orbi – que geralmente é feita apenas no Natal e na Páscoa. O momento de oração foi um pedido pelo fim da pandemia do novo coronavírus. Além disso, Francisco concedeu indulgência plenária – que é o perdão do mal causado como consequência do pecado – aos fiéis.

Desde o início da pandemia no Brasil, inúmeros momentos de oração, reflexão e pregação têm tomado conta das redes sociais. Muitos deles sem fundamento algum na Doutrina Católica, que é constituída pelo conjunto de dogmas, verdades de fé , ensinamentos, preceitos e leis que formam o magistério da Igreja Católica Apostólica Romana.
  
O professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Fernando Altemeyer Júnior, escreveu recentemente sobre amuletos e proteção. “Deus não escolhe uns e mata outros de forma sádica ou como algo inevitável da roda cíclica da morte”, disse.

Em um trecho do texto, o professor destaca que “essa maneira de ver a religião como amuleto da sorte, ou posse de objetos sagrados que me salvassem do mal que todos estamos submetidos é tremendamente defeituosa e caricata. Falsifica Deus e o faz ser um agente do mal”.

Ainda segundo o texto, o teólogo afirma que a oração não é vacina nem é antídoto. “Se fosse assim a dezena de padres mortos em Bolonha estaria viva! Fé é a força da esperança de quem crê e confia sem resultados aparentes. Pessoas de fé também morrem e às vezes mais que os incrédulos. Fé não salva uns e mata outros, protegendo uns e discriminando outros. Se fosse assim estaríamos dizendo que Deus detesta Itália e ama o Brasil”.

O professor Altemeyer destaca no texto que “Deus nos ama por igual, todos e cada um, crente ou ateu, mesmo se não rezássemos nem um pai-nosso. Deus que é Pai perdoa antes que abramos a nossa boca. Atenção para esse tipo de religião mágica de barganha e privilégios”.

Em uma rápida busca pela internet é possível ver que as pessoas têm escrito e compartilhado “explicações” sobre os desígnios de Deus a respeito da pandemia do coronavírus. Diante disso, o portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conversou com o bispo de Santo André e presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, que destacou que esta visão de que Deus castiga e pune não está de acordo com a revelação que Jesus nos fez do Pai que não quer a morte do pecador, mas que ele se converta de vida.

Leia a aqui entrevista completa: 

Confirmado: Vigário do Papa é o primeiro cardeal do mundo com a Covid-19



A Diocese de Roma confirmou na segunda-feira, 30 de março, o resultado positivo para Covid-19 do cardeal Angelo De Donatis, de 66 anos. Ele é o Vigário do Papa Francisco para a diocese de Roma e está internado no Hospital Policlínico Universitário Fundação Agostino Gemelli. Trata-se do primeiro caso de um cardeal infectado pelo coronavírus.

Segundo a nota de ontem da diocese do Papa, o cardeal estava com febre, mas com boas condições gerais e em tratamento antiviral. Seus colaboradores mais próximos foram colocados preventivamente em isolamento.

O próprio cardeal divulgou esta breve declaração mediante o site da diocese de Roma:

“Também eu estou vivendo esta provação. Estou sereno e confiante. Confio-me a nosso Senhor e ao sustento das orações de todos vocês, queridos fiéis da Igreja de Roma! Vivo este momento como uma ocasião que a Providência me dá para compartilhar os sofrimentos de tantos irmãos e irmãs. Ofereço a minha oração por eles, por toda a comunidade diocesana e pelos habitantes da cidade de Roma”. 

sábado, 28 de março de 2020

"Não estão combatendo o vírus: estão arruinando o Brasil", diz jornalista J.R. Guzzo



O jornalista José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, ex-colunista da revista Veja, publicou uma matéria onde fez críticas contundentes ao governador de São Paulo, João Doria, e também outras autoridades do país, pelo que ele considera medidas extremadas no combate ao coronavírus.

"Com a ofensiva comandada pelo governador de São Paulo, João Doria, para eliminar a atividade econômica no estado, que responde por cerca de 40% do PIB nacional, está se armando uma tempestade-gigante: recessão brava, com diminuição de até 4% na economia brasileira. Nem Lênin, se quisesse destruir o capitalismo no Brasil, viria com uma ideia assim", escreveu Guzzo. 

CNBB reafirma recomendação de distanciamento social após decreto do presidente



A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou na quinta-feira, 26 de março, uma nota por meio da qual reafirma sua recomendação aos prelados para que seja mantido o distanciamento social como forma de prevenir a propagação do coronavírus, mesmo após decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro que inclui atividades religiosas como serviço essencial.

Em decreto publicado na quinta-feira no Diário Oficial da União, 12 atividades foram incluídas à lista de serviços considerados essenciais  e que, por isso, podem continuar funcionando durante a quarenta por causa do coronavírus. Entre essas, encontra-se a “atividade religiosa de qualquer natureza”, a qual deverá obedecer as “determinações do Ministério da Saúde”.

Após a publicação do decreto presidencial, a CNBB publicou a nota assinada por seu secretário-geral, Dom Joel Portella Amado, afirmando que, ao considerar “que as orientações emanadas pelas autoridades competentes do Ministério da Saúde indicam o distanciamento social, as igrejas, se os bispos assim o considerarem, podem permanecer abertas, porém, do modo como tem sido feito: orações individuais, transmissões online etc.”.

“Não há como entender que os instrumentos legais acima referidos possam obrigar a reabertura das igrejas, muito menos para a prática de qualquer tipo de aglomeração”, acrescentou.

A seguir, a íntegra da notada CNBB: 

Existe Santa Corona, mártir e padroeira das epidemias resistentes?



Várias agências de notícias, incluindo a Agência Alemã de Imprensa (DPA), informaram nos últimos dias que uma mártir da tradição cristã primitiva chamada "Corona" foi venerada no passado como a santa padroeira contra as epidemias resistentes.

Dizem que Santa Corona, de 16 anos, foi executada no século II por professar sua fé no Oriente, provavelmente na Síria. Suas relíquias foram mantidas na cidade de Aachen, no oeste da Alemanha, por mais de mil anos, mais precisamente desde 997 d.C.

Daniela Lövenich, porta-voz da Catedral de Aachen, disse à DPA: “Entre outras coisas, Santa Corona é considerada uma santa padroeira contra epidemias. É isso que a torna tão interessante neste momento”.

Na quarta-feira, 25 de março, a agência Reuters publicou um artigo no qual informou que a Catedral de Aachen decidiu retirar as relíquias da pouco conhecida Santa Corona para exibi-las quando a pandemia de coronavírus passar, como parte de uma exposição sobre artesanato em ouro.

Atualmente, os especialistas estão limpando meticulosamente o medalhão de ouro, bronze e marfim, que estava oculto à vista do público durante os últimos 25 anos.

Brigitta Falk, chefe do Tesouro da Catedral de Aachen, contou detalhes sobre a lenda do brutal martírio de Santa Corona. Dizem que a jovem cristã foi amarrada a duas palmeiras curvas que destroçaram a menina quando foram abertas novamente.

"Essa é uma história muito assustadora e fez com que ela se convertesse na padroeira dos lenhadores”, disse e acrescentou que foi pura casualidade que também se convertesse na santa padroeira para resistir às epidemias.

As relíquias de Corona, que teriam sido levadas a Aachen pelo rei Otto III em 997, foram guardadas em um túmulo debaixo de um piso na catedral, que ainda pode ser visto, até o ano 1911 ou 1912 quando foi colocada no relicário.

O relicário, que mede 93 centímetros de altura e pesa 98 kg, agora está sendo polido para os visitantes.

"Tiramos o relicário um pouco antes do planejado e agora esperamos mais interesse devido ao vírus", disse Daniela Lövenich à Reuters.