“Escolhe, pois, a vida.” (Dt 30,19)
Prezados presbíteros, diáconos, religiosos(as)
e povo santo de Deus,
Que o Espírito Santo de Deus brilhe em vossos
corações e vos conceda os seus dons, para discernir sempre a mensagem do
Evangelho e que ela vos traga saúde e paz!
Diante dos fatos acontecidos na cidade de São
Mateus, estado do Espírito Santo, com grande repercussão nacional, onde uma
menina de 10 anos vinha sendo violentada sexualmente, há alguns anos,
resultando numa gravidez; diante dos diversos posicionamentos que tem gerado a
possibilidade do aborto; e ainda, diante da confusão de pensamentos ou
julgamentos de alguns cristãos favoráveis ao aborto, como Pastor desta Igreja
Particular de São Mateus-ES, “devo pregar e ensinar ao povo a fé e ainda estar
vigilante para afastar os erros que ameaçam a fé” (Vaticano II, Constituição
Lumen Gentium, n.25). Quero lhes dirigir através desta nota, umas palavras
orientadoras e firmes, que ajudem cada um a discernir com clareza a voz do
Espírito, através dos representantes do Senhor Jesus.
Minha tarefa, como defensor da vida, é
orientá-los sobre a Doutrina da Igreja e de seu Magistério a respeito. De
acordo com o Magistério da Igreja, segundo a moral católica, a defesa da vida
humana desde sua concepção é um princípio imprescindível.
Estas palavras do Papa Francisco, ilustram
claramente o que desejo lhes dizer: “É necessário reiterar a mais firme
oposição a qualquer atentado direto contra a vida, de modo especial a inocente
e indefesa, e o nascituro no ventre materno é o inocente por excelência”
(Discurso à plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina, em
28/02/14). E ainda nas palavras do Papa Emérito Bento XVI: “O aborto nunca pode
ser justificado, por mais difíceis que sejam as circunstâncias, que levam a
alguém a considerar uma medida tão grave” (No Vaticano, em 19/11/07).
Diz ainda o Magistério da Igreja: “A vida
humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento
da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser
reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o
direito inviolável de todo o ser inocente à vida (cf. Congregação para a
Doutrina da Fé, Instrução Donum vitae, 1, 1). “Antes de te formar no ventre
materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei”
(Jr 1, 5). “Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto,
quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da Terra” (Sl 139,
15).
No que se refere ao aborto provocado em
algumas situações difíceis e complexas, é válido o ensinamento claro e preciso
do Papa São João Paulo II: “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar
reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do
fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade,
mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria
saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes,
temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que
seria melhor para ele não nascer. Mas estas e outras razões semelhantes, por
mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão
deliberada de um ser humano inocente” (Evangelium vitae, 58).
A proteção da vida humana, desde a concepção,
não exclui de forma alguma uma atitude de compaixão, misericórdia e proteção
para com o drama da criança estuprada. Mas humanamente falando, não se repara
um mal com outro mal. O inocente não pode receber pena maior do que o culpado,
ou seja, não pode de forma alguma receber alguma pena.
Assim, pois, meus queridos irmãos e
irmãs, minha palavra hoje é que deveis
lembrar ao nosso povo que “o direito à vida de cada ser humano inocente,
nascido ou não nascido e que se aplica a todas as pessoas sem nenhuma exceção”,
como falou ainda o Papa Emérito Bento XVI aos bispos de Quênia, na África,
presentes no Vaticano para a Visita ad limina.