sexta-feira, 27 de agosto de 2021

"Nova regulamentação em Cuba busca nos calar", afirma jornalista em Cuba


A jornalista Neife Rigau, da revista independente La Hora de Cuba, disse que o Decreto-Lei 35, que regula as telecomunicações é uma tentativa do regime comunista de “silenciar a sociedade cubana” após os protestos de 11 de julho. “Com esse decreto, eles tentam silenciar a sociedade cubana e o nosso papel como jornalistas. Nosso papel é fazer com que, tanto os cubanos como o mundo, saibam o que acontece nos povoados e bairros de Cuba. Se deixarmos que nos amedrontem, deixaremos a sociedade um pouco órfã, porque estes são momentos em que o jornalismo e a comunicação são fundamentais para conseguir mudanças na ilha”, declarou a jornalista católica de 22 anos em entrevista à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

O governo cubano publicou, na terça-feira, 17, uma série de regras que tipificam, pela primeira vez, crimes cibernéticos, podendo resultar em sanções penais. As redes sociais e a internet, que em Cuba chegou aos celulares em 2018, foram as ferramentas que permitiram à população se organizar em diversas localidades do país para se mobilizarem exigindo liberdade e melhores condições de vida. Em Cuba, o governo comunista controla os meios de comunicação de massa, como rádios, televisão e jornais impressos.

Através de fotos e vídeos das marchas compartilhadas nas redes sociais, foi possível difundir a repressão do regime aos protestos para outros países. Por causa desse fluxo de informação, o governo cortou o serviço de internet em toda a ilha durante quase uma semana enquanto respondia com violência, detenções arbitrárias e julgamentos sumários.

A ONG espanhola de defesa legal dos direitos humanos, Prisoners Defenders, reportou em 3 de agosto uma lista de 272 condenados e presos políticos, num período de 20 dias, após o início dos protestos.

“Não é novidade o fato deles terem agido de forma repressiva contra os cidadãos que se expressam através das redes sociais. Mas agora eles têm apoio legal para exercer esse tipo de ação” com o novo decreto, disse Rigau.

As novas regras estabelecem 17 delitos de “cibersegurança”, tipificados em níveis de “periculosidade” que vão de “média” a “muito alta”.

De acordo com a mídia independente El Diario de Cuba, agora é crime “compartilhar nas redes sociais notícias falsas, mensagens ofensivas ou ‘difamação com impacto no prestígio do país`, sendo este último caso algo bastante ambíguo”.

“Serão consideradas como ´difusão prejudicial` as publicações de conteúdos que ´violem os preceitos constitucionais, sociais e econômicos do Estado` ou que ´incitem à mobilização ou a outros atos que alterem a ordem pública; difundam mensagens que façam apologia à violência, acidentes de qualquer tipo que afetem a intimidade e dignidade das pessoas`”, continuou o jornal.

A jornalista Rigau, que mora em Camagüey, disse à ACI Prensa que “diante do Decreto-Lei 35 não nos resta outra opção a não ser continuar nos expressando, fazendo jornalismo e denunciando as injustiças e falsidades que o regime cubano tenta mostrar ao mundo”.

“As ações repressivas do governo contra os jornalistas, repórteres e comunicadores vão desde a prisão domiciliária ou prisão até coisas mais simples, como o corte da internet durante horas ou dias, como eles vêm fazendo há anos”, disse a jornalista, que também trabalhou para a Conferência dos Bispos Católicos de Cuba e na Pastoral Juvenil Inaciana da Companhia de Jesus.

Em Cuba, não há liberdade de imprensa porque a Constituição proíbe a propriedade privada dos meios de comunicação social. Embora existam alguns meios de comunicação independentes na internet, eles têm pouco alcance porque a internet é de má qualidade e cara. Além disso, o acesso público ao wi-fi gratuito é praticamente inexistente.

A ONG francesa, Repórteres Sem Fronteiras, afirmou que “Cuba continua sendo, ano após ano, o país com a pior qualificação em matéria de liberdade de imprensa na América Latina” e que a nomeação de Díaz-Canel em 2018 não gerou nenhuma mudança.

O regime cubano detém um monopólio quase absoluto da informação e tenta entravar, por todos os meios, o trabalho da imprensa independente com detenções arbitrárias, ameaças de prisão, perseguição, assédio, buscas domiciliárias ilegais, confisco e destruição de material jornalístico, afirmou a ONG.

Na entrevista com a ACI Prensa, Neife Rigau contou que também sofreu pessoalmente a repressão do regime contra a imprensa.

No dia 11 de julho, ela e seus colegas Henry Constantin e Iris Mariño foram detidos durante 10 dias e acusados de suposto delito de desordem pública, apesar de só terem feito a cobertura das manifestações para o seu jornal, La Hora de Cuba.

“Eles abriram um processo judicial contra nós, que durou 42 dias, até o dia 23 de agosto passado. A promotoria encerrou o caso e pôs fim à prisão domiciliar. Mas fomos obrigados a pagar uma multa de 1000 pesos cubanos”, contou ela.

Muitas pessoas “ainda estão sendo processadas ou condenadas por participar do 11 de julho ou por terem publicado vídeos sobre aquele dia”, disse Rigau. “Todos os casos foram julgados como crimes comuns, como desordem pública, desacato ou atentado”, juízo que o governo utiliza “contra opositores e ativistas pelos direitos humanos”, acrescentou.

Sobre o uso da internet na ilha, Neife Rigau explicou que, nos últimos meses e em anos anteriores, muitas pessoas foram citadas “pela segurança do Estado por fazerem comentários ou publicações nas redes sociais, sobretudo no Facebook, que é a rede mais utilizada em Cuba”.

“Em 2018 começou a haver uma certa abertura com a implementação das comunicações através de dados móveis. Desde aquele momento, as redes sociais desempenharam um bom papel ao denunciar tudo aquilo que não pode ser feito de forma presencial, porque é arriscado e porque finalmente os resultados não seriam os mesmos”, afirmou.

Padre exorcista adverte contra amuletos e superstição



Diante da popularidade do amuleto conhecido como olho turco ou olho grego, o padre Alberto Medel, do Colégio de Exorcistas da arquidiocese primaz do México fez uma advertência sobre o perigo espiritual de “aceitar no coração crenças absurdas”. “Nenhum amuleto é positivo e nenhum amuleto é capaz de dar proteção”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Um amuleto, “como qualquer outro objeto supersticioso, afasta a pessoa de Deus, porque é, sobretudo, uma expressão de desconfiança no poder de Deus e, mais ainda, de desconhecimento de seu amor”, disse o sacerdote. Só Deus tem uma força superior “e uma pessoa de fé, naturalmente, confia nesse poder de Deus”.

O sacerdote mexicano também descartou que se possa usar amuletos de forma puramente decorativa, pois “o problema é que esse tipo de objetos não deixa de ter uma forte carga simbólica”. “Quer dizer, eu posso até não acreditar no suposto poder que ele tem. No entanto, se alguém que visita minha casa ou vê que eu carrego isso pendurado, ainda que seja só de adorno ou porque eu gosto, certamente ficará confusa”, disse o padre. Para ele, usar um amuleto “é faltar com o testemunho, pois se alguém que me vê com essas coisas pode achar que eu acredito nisso”.

“Não convém usar esse tipo de coisas por causa do testemunho que devemos dar em nossas casas, em nossos locais de trabalho”, afirmou o padre Alberto.

Três perigos ao usar amuletos

O padre Alberto Medel disse que, quando um cristão usa amuletos, “enfrenta três perigos”.

“O primeiro, o mais importante”, afirmou, é que “o cristão se afasta de Deus, porque confia mais em uma coisa que no próprio Deus”.

“O simples fato de acreditar que isso poderia ter algum poder nos faz desconfiar de Deus e confiar em algo que não é Deus”, disse ele.

O segundo perigo do uso de amuletos, continuou, é que “aumenta em nós os medos e as ideias vagas, imprecisas, que vêm da ignorância de nossa fé, de que coisas ou pessoas fora de Deus têm algum tipo de poder sobre nós”. “O Senhor nos deu a liberdade e, com isso, a capacidade de poder escolher sobre nós mesmos. E como a liberdade é afetada pelo pecado, também nos enriqueceu com a graça da salvação que Cristo conquistou para nós na cruz e que aperfeiçoa a nossa debilidade”.

“Um cristão deveria estar especialmente atento a esses dons de Deus. Se utiliza este tipo de objetos, ele despreza todos esses dons e praticamente vive na orfandade, confiante em que essas coisas podem lhe atrair aquilo que lhe disseram que pode lhe dar”, lamentou.

O terceiro perigo que enfrenta o cristão ao usar amuletos, acrescentou, “é o de dar um falso testemunho da sua fé”.

Cuidado com o uso supersticioso de imagens religiosas

Além dos amuletos, o sacerdote advertiu que os cristãos podem cair no “uso inadequado de imagens religiosas”. “Sabemos que, em nossa fé e em nossa prática cristã, é possível utilizar imagens sagradas, medalhas e outros tipos de objetos de devoção que servem como sinal de nossa pertença à fé”, disse o padre. “No entanto, há pessoas que também os usam como objeto supersticioso”, afirmou. “Uma pessoa supersticiosa usa esse olho turco da mesma forma como usa uma cruz: não com fé, não com devoção, mas com superstição, pensando que o crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, vão lhe dar algum tipo de proteção ou será uma espécie de amuleto que vai lhe trazer boa sorte”.

“O uso lícito dos sinais e dos símbolos sagrados é para ajudar a que a pessoa se aproxime de Deus, que saiba que está acompanhada por Ele e, sobretudo, para mostrar publicamente, através desses sinais, sua pertença à fé”, afirmou o padre.

Cristãos afegãos desesperados são barrados no aeroporto, dizem grupos de ajuda



Com o tempo para resgatar civis que fogem do Talibã acabando, cristãos afegãos estão sendo barrados no aeroporto da capital Cabul, disseram representantes de organismos de ajuda à CNA, agência em inglês do grupo ACI.

“Meus contatos em vários grupos que trabalham no resgate dos que ainda estão em perigo no Afeganistão _que devem ficar anônimos_ dizem que o Departamento de Estado (dos EUA) não está seguindo as listas que pediu que as organizações compilassem _mesmo tendo elas mandado as listas várias vezes.” Disse Faith McDonnell, da Katartismos Global, organização anglicana com sede na Virginia, EUA. “Parece que, no momento, ninguém tem prioridade, a não ser que tenha algum tipo de conexão especial dentro do aeroporto”, disse ela.

“Várias organizações relataram que, mesmo que os aviões dessas organizações tenham listas de passageiros, o pessoal do aeroporto está embarcando pessoas diferentes das que estão na lista nos aviões que estão partindo”, disse McDonnell. “Outros relataram que, às vezes, uma agência do governo rejeita pessoas que outra agência do governo aprovou e tentou trazer ao aeroporto”.

Rondando a crise humanitária que se aprofunda, há um prazo que expira na sexta-feira para as operações de retirada de civis no aeroporto de Cabul, para abrir caminho para o transporte dos 5,4 mil militares que ainda estão no país e têm que sair até 31 de agosto, data estabelecida meses atrás pelo presidente americano, Joe Biden, para a completa retirada dos EUA do Afeganistão.

Segundo a Casa Branca, os Estados Unidos retiraram e facilitaram a retirada em voos militares de cerca de 87,9 mil pessoas do Afeganistão desde o fim de julho. Dezenas de milhares ainda tentam sair do país por Cabul nos próximos dias.

CNBB dedica jornada de oração à paz no Afeganistão



No dia 1º de setembro, a jornada de oração e missão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) será dedicada à paz no Afeganistão, país que foi retomado pelos talibãs em 15 de agosto. A iniciativa, segundo a CNBB, atende ao pedido do papa Francisco e do padre barnabita Giovanni Scalese, à frente da missão católica no Afeganistão, para que se reze pelo país.

“Estamos vivendo dias de grande apreensão em antecipação aos acontecimentos”, disse padre Scalese à Vatican News, ao pedir: “rezem, rezem, rezem pelo Afeganistão”.

“Uno-me à preocupação unânime com a situação no Afeganistão. Peço-vos que oreis comigo ao Deus da paz, para que cesse o som das armas e que as soluções possam ser encontradas na mesa do diálogo. Só assim, a martirizada população daquele país, homens, mulheres, idosos e crianças, poderá regressar às suas casas, viver em paz e segurança no pleno respeito recíproco”, disse o papa Francisco após a oração do Angelus no domingo, 15 de agosto.

Neste mesmo dia, o talibã retomou o poder no Afeganistão, após uma ofensiva contra as forças governamentais que durou apenas três meses. Depois de tomar a capital, Cabul, os talibãs renomearam o país como “Emirado Islâmico do Afeganistão”.

Na década de 1990, o grupo extremista teve plenos poderes no Afeganistão e impôs fortes proibições culturais e religiosas, restringindo o acesso das mulheres ao trabalho e obrigando-as a usar burkas, vestuário que, na melhor das hipóteses, permitem ver somente os olhos das mulheres. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), neste regime, todos aqueles “que não abraçam as opiniões muçulmanas radicais extremas dos talibãs estão em perigo”.

sábado, 21 de agosto de 2021

Afeganistão: ACN vê futuro sombrio para a liberdade religiosa



Quinta-feira, 19 de agosto, no 102º aniversário da independência do país do domínio britânico, Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, declarou o Afeganistão como o “Emirado Islâmico do Afeganistão” em sua conta oficial no Twitter.

Thomas Heine-Geldern, presidente executivo da ACN, expressa profunda preocupação com a tomada do poder e com a renomeação do país:

“Durante o governo do Emirado do Afeganistão anterior (1996 a 2001), o Talibã impôs uma versão estrita da lei sharia em todo o país. Podemos esperar que o islamismo sunita seja a religião oficial, a lei islâmica seja reimposta e as liberdades conquistadas a duras penas para os direitos humanos, incluindo uma medida relativa de liberdade religiosa, nos últimos 20 anos serão revogadas.

A ACN previu a deterioração da situação em seu recente Relatório sobre Liberdade Religiosa, publicado em abril de 2021. Ao longo dos 22 anos de história deste relatório, o Afeganistão sempre foi um dos países que mais violam esse direito fundamental. Especialmente nos últimos três anos, o relatório destaca os ataques repetidos e flagrantes contra locais de culto, líderes religiosos e fiéis.

Nossa análise, infelizmente, não deixa muito espaço para esperança. Todos aqueles que não defendem as visões islâmicas extremistas do Talibã estão em risco, mesmo os sunitas moderados. Os xiitas (10%), a pequena comunidade cristã e todas as outras minorias religiosas, já ameaçadas, sofrerão uma opressão ainda maior. Este é um grande revés para todos os direitos humanos e especialmente para a liberdade religiosa no país.

Infelizmente, vários países rapidamente declararam simpatia pelo novo emirado. Isso não apenas legitimará o Talibã, mas também incentivará regimes autoritários em todo o mundo, especialmente na região, estimulando crescentes violações das liberdades religiosas em seus próprios países. O reconhecimento internacional do Talibã também funcionará como um ímã para grupos islâmicos radicais menores, criando uma nova constelação de facções terroristas religiosas que poderiam suplantar formações históricas como a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico. Entre outras, as áreas de preocupação incluem Paquistão, Palestina e a província de Idlib, na Síria. A situação dos cristãos e de outras comunidades religiosas minoritárias que já sofrem opressão se deteriorará ainda mais.

O conteúdo das negociações que vêm ocorrendo em Doha desde 2020 entre o Talibã e o Ocidente, e entre o Talibã e o governo afegão, permanece relativamente secreto. Assim, não podemos fazer uma avaliação mais precisa do que os acordos alcançados significarão para os afegãos que não defendem as visões islâmicas extremistas do Talibã.

Permanecem inúmeras questões diplomáticas espinhosas. A fuga inesperada e voluntária do poder pelo presidente Ashraf Ghani cria dificuldades éticas e morais para o Ocidente, já que os países que participam de negociações com o Talibã expressaram, semanas atrás, que nunca reconheceriam um regime que assumiu o poder pela força. Haverá uma resposta do Talibã sobre quaisquer reivindicações de direitos humanos sem canais formais? O fato de que a maioria das embaixadas ocidentais estão fechando e observadores internacionais estão saindo, como fizeram na Síria em 2011, não é um bom presságio.

Caritas Paquistão se prepara para receber refugiados afegãos



Após a rápida conquista da capital do Afeganistão, Cabul, a Caritas Paquistão se prepara para dar assistência humanitária aos refugiados afegãos em fuga dos Talibãs. A organização caritativa já mobilizou suas unidades nas fronteiras com o Afeganistão, de onde se espera um fluxo maciço de refugiados.

Segundo a mídia local, milhares de afegãos teriam entrado no Paquistão, passando por Chaman, uma das rotas comerciais e de viagens mais movimentadas entre os dois países. Porém, a notícia que foi negada pelo ministro do Interior paquistanês, Sheik Rashid.

No entanto, mais de 200 famílias chegaram à área metropolitana de Quetta, província de Baluquistão, como confirma à Agência UCA News o diretor executivo da Caritas Paquistão, Amjad Gulzar.

“Nossos escritórios em Quetta e Islamabad-Rawalpindi já se prepararam para enfrentar a emergência humanitária, colocando à disposição funcionários que conhecem o pashtu”, a língua da principal etnia do Afeganistão.

"As crises de refugiados – explica Gulzar - costumam prolongar-se ao longo do tempo e requerem estratégias para suprir as necessidades mais imediatas: água, primeiros socorros, vacinas, quer às exigências a médio e longo prazo como a saúde mental dos que sofreram traumas, o tratamento de doenças crônicas e a educação".

Os responsáveis da Caritas Paquistão reuniram-se com a equipe do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os refugiados afegãos, em Peshawar, capital da Província de Khyber Pakhtunkhwa, para coordenar as primeiros ajudas.

Padre sequestrado por talibãs se diz preocupado com o Afeganistão



O padre Alexis Prem Kumar, que em 2014 esteve sequestrado por 8 meses pelos talibãs, disse estar “muito preocupado com a súbita tomada do Afeganistão pelos talibãs”.

O sacerdote jesuíta foi sequestrado em 2 de junho de 2014 e libertado em 22 de fevereiro de 2015 por intervenção do governo da Índia. Ele foi diretor do Serviço Jesuíta de Refugiados (JRS) no Afeganistão durante 5 anos. Atualmente, o padre Alexis trabalha para o JRS no Sri Lanka.

“Estou preocupado com os trabalhadores, que têm que enfrentar terríveis consequências, e pelos dois jesuítas indianos do JRS que ainda não puderam regressar à Índia devido aos acontecimentos repentinos”, disse o padre Alexis ao jornal indiano Matters India. O padre disse temer pelos “estudantes, especialmente pelas estudantes e seu futuro, seus sonhos” e em geral “por todo o povo do Afeganistão, que é conhecido por sua grande cultura e tradição e que enfrenta agora assassinatos brutais, sofrimento, pobreza, analfabetismo e fundamentalismo”.

“Ouvi o porta-voz talibã Suhail Shaheen. Ele afirmou que os talibãs já anunciaram a anistia para as pessoas do país: as mulheres terão acesso à educação, incluindo a universidade, podem usar qualquer tipo de hijabe, não necessariamente burca, e os talibãs terão um governo inclusivo e se aproximarão da comunidade internacional para reconstruir a nação. Sua entrevista me dá esperança, mas dada a sua visão do mundo fundamentalista, a mudança não terá lugar imediatamente. Existe suspeita e temor entre as pessoas de que a democracia, a liberdade e a igualdade das mulheres não fazem parte da ideologia dos talibãs”, disse o sacerdote.

Ele também disse que espera “contra a esperança” e que sua esperança está “evoluindo” após o seu próprio cativeiro e libertação.

sábado, 14 de agosto de 2021

O que se sabe sobre o Anticristo? Cardeal Newman responde com 4 sermões proféticos



O que se sabe sobre o anticristo? O santo cardeal John Henry Newman abordou o tema em quatro sermões, baseado nos ensinamentos da Bíblia e dos padres da Igreja.

“Ele entregou esse olhar a um futuro não muito distante há mais de 180 anos, mas suas ideias soam como se tivessem sido escritas e pregadas nos tempos de hoje”, escreve Joseph Pronechen, autor do artigo publicado para o National Catholic Register.

Em cada um dos sermões, o cardeal Newman se refere ao que disse Jesus em várias passagens da Bíblia, que entrelaçam as profecias do fim dos tempos nas visões dos livros de Daniel e Apocalipse, além de algumas passagens das epístolas.

Ele também esclareceu que nenhuma das interpretações é sua.

Primeiro sermão: “Tempos do Anticristo”

Neste primeiro sermão, o cardeal começa descrevendo os sinais do segundo advento de Cristo. Ele diz que haverá “uma terrível apostasia e a manifestação do homem do pecado, o filho da perdição, ou seja, como é comumente chamado, o Anticristo”.

“Nosso Salvador parece acrescentar que esse sinal o precederá imediatamente, ou que Sua vinda a seguirá de perto; porque depois de falar de ´falsos profetas` e de ´falsos cristos`, ´fazendo sinais e prodígios`, ´abundância de iniquidade` e ´amor esfriando`, e coisas do tipo, acrescenta: ´Quando virdes todas estas coisas, sabei que está perto, às portas”, escreveu.

São Paulo, no capítulo 2 da sua segunda carta aos tessalonicenses, explica que há um poder restritivo que impede que o “adversário” seja revelado, mas que se manifestará no devido tempo.

Newman diz que os antigos consideravam que o Império Romano era o adversário, mas embora o império tenha sido aparentemente destruído ou desmantelado, pela profecia em tessalonicenses, o santo acreditava que o Império Romano ainda existia de alguma forma em seus tempos.

O seu sermão centra-se também numa dessas formas ligeiramente afastadas da sua época: a Revolução Francesa, que perseguiu a religião e consagrou e adorou a liberdade e o homem.

Mas o cardeal Newman disse que o anticristo será uma só pessoa.

“Diz-se que virá uma apostasia, e o homem do pecado será revelado. Em outras palavras, o Homem do Pecado nasce de uma apostasia, ou pelo menos chega ao poder através de uma apostasia, ou é precedido por uma apostasia, ou não o seria se não fosse por uma apostasia. Assim diz o texto inspirado: agora observe, como a explicação da Providência, como se vê na história, notavelmente comentou esta predição”, escreveu.

O cardeal Newman reconhece um afastamento da religião nas partes mais civilizadas do mundo, inclusive em sua própria época: “Não há uma opinião reconhecida e crescente de que uma nação não tem nada a ver com a religião; que é um assunto meramente da consciência de cada um? Certamente soa como o relativismo de nossos dias”.

Newman continua: “Não há um movimento vigoroso e unido em todos os países para derrubar a Igreja de Cristo do poder e do lugar? Não há um esforço febril e sempre atarefado para se livrar da necessidade da religião nos negócios públicos? Uma tentativa de educar sem religião? ... uma tentativa de substituir a religião completamente?”

O cardeal Newman diz que não nos deixemos enganar pelas iscas de Satanás: “Crês que ele é tão desajeitado em seu ofício para te pedir aberta e claramente que te unas a ele em sua guerra contra a Verdade? Não, ele está oferecendo-te uma isca, para te tentares. Te promete liberdade civil; te promete igualdade; te promete comércio e riqueza; te promete um perdão de impostos; te promete reforma... te promete iluminação -te oferece conhecimento, ciência, filosofia, ampliação da mente-. Zomba dos tempos passados; zomba de toda instituição que os venera”.

Finalmente, nos adverte sobre as Escrituras: “Que comunhão tem a justiça com a injustiça? E que comunhão a luz com as trevas? Saí, pois, do meio deles, e apartai-vos”... para que não sejais obreiros juntamente com os inimigos de Deus, e abram caminho ao Homem do Pecado, o filho da perdição”.